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Análise Vocal, Acompanhamento e Ensino de Canto

Por Jefferson Lessa

Trabalho apresentado à Prof. Kátia Figueiredo


como parte da avaliação da disciplina de Canto 3
Da Faculdade Batista do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro
2017

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INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por finalidade fazer análise vocal, acompanhamento e ensino de
quatro alunos de canto com descrição das aplicações e procedimentos com as devidas
justificativas, para correção e auxílio na execução do canto. Os alunos em questão são de idades
variadas, oriundos também de contextos diferentes uns dos outros. Cada um deles apresentará
uma perspectiva da abordagem nas aulas de canto, entretanto podemos observar que comumente
se faz presente os mesmos aspectos gerais a serem trabalhados, tais como postura do cantor,
higiene vocal, respiração, apoio e impulso, dentre outros.

CASO DO ALUNO 1
O aluno 1 é do sexo feminino, na terceira idade, e faz parte de um grupo coral com
pessoas de idade similar. Não fazia uso da voz profissionalmente e nunca fez aulas de música ou
musicalização. Ao entrar no trabalho de canto coral, foram feitos algumas séries de exercícios de
técnica vocal com a finalidade de tornar sua voz um instrumento trabalhado. Foram identificados
alguns aspectos que precisavam ser trabalhados com a aluna e dentre elas estão presente:
respiração, tessitura e extensão vocal, apoio e impulso. Foram feitos cerca de oito meses de aulas
com a aluna sempre com exercícios vocais, aquecimento, relaxamento muscular e aplicação em
músicas.
Os aspectos foram assimilados aos poucos no decorrer dos meses à medida que as aulas
foram acontecendo, porém ainda poderia ser percebida uma grande dificuldade em alcançar
notas musicais mais agudas em relação à tessitura da aluna quando chegou nas aulas. Ao ser
assimilado o conceito de apoio e impulso, muito se conseguiu de progresso visto que estas notas
não aparentavam mais ser tão impossíveis de ser executadas.

CASO DO ALUNO 2
O aluno 2 é do sexo masculino, com a idade de 20 anos e desenvolveu algumas
habilidades musicais já na igreja, porém tardiamente, não tendo participado de coro quando
estava na infância, mas apenas em sua adolescência. Os estudos de técnica vocal começaram há
pouco mais de um ano, entretanto com aulas esporádicas, dedicadas quase que exclusivamente à
situações de apresentação de canto, seja em participações musicais ou em coros.

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O aluno apresenta uma pequena dificuldade de afinação em decorrência fisiológica do
canto e também por questões de estilo e forma musical. Em decorrência fisiológica do canto, sua
desafinação se dá por não dominar muito bem os mecanismos de apoio e impulso, com isso a
altura de nota fica comprometida. Mediante trabalhos em aulas de canto, isto é perceptivelmente
possível de permitir chegar à afinação. Entretanto, à despeito do domínio destes conceitos, o
aluno aprecia um estilo de música jovem que faz uso de sub afinações em cada música que
apresenta e este trabalho não é somente da área de canto e técnica vocal, mas de educação
musical e também de educação e higiene vocal. Diante de algumas reflexões que tem acontecido
costumeiramente por parte da liderança musical ao qual o aluno faz parte em sua comunidade
eclesiástica, alguns preconceitos começaram a ser discutidos e desmistificados. Percebeu-se com
isso que há alguns aspectos vocais que não dependem exclusivamente do domínio da técnica do
canto, sem antes passar por um trabalho de reflexão e esclarecimento musical.

CASO DO ALUNO 3
O aluno 3 é uma mulher de 30 anos, vida adulta, que possui alguma vivência musical e
começou há alguns meses as aulas de técnica vocal, introduzindo com algumas reflexões acerca
da saúde vocal. Percebia-se que a aluna tinha uma voz soprosa e não fazia uso de impulso ao
cantar, tendo tal ato justificado pela condição de que suas preferências de estilo musical
corroboravam para que não houvesse necessidade de tal esforço. Mediante alguns trabalhos de
técnica vocal com exercícios vocais, percebeu-se uma diferença na característica soprosa da voz.
Por se tratar de uma questão de pouco tônus muscular e não de patologia vocal, alguns exercícios
de fortalecimento da musculatura foram feitos, dentre eles os de respiração e de controle na
emissão de ar com vogais cantadas. Foram feitos exercícios vocais voltados à este fortalecimento
da musculatura involuntária. Muitas reflexões acerca disto foram introduzidas com a finalidade
de esclarecer que a musculatura das pregas vocais é autônoma e passa por comandos não tão
ligados à vontade mas ao costume muscular.
Mediante continuação das aulas de canto, cremos que algum progresso sonoro poderá ser
alcançado, principalmente com o auxílio do impulso em notas que necessitem dele para que não
haja comprometimento do aparelho vocal ao sobrecarregar-se de esforços desnecessários. Por se
tratar de uma aluna ainda em fase de estudo e em processo de execução, não se alcançou ainda o
objetivo esperado, mas espera-se conseguir mais tonicidade muscular, altura de nota e afinação.

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CASO DO ALUNO 4
O aluno 4 é do sexo feminino, da terceira idade, tem o costume de cantar em eventos à
noite em bares e bingos para terceira idade. Faz uso freqüente de bebidas alcoólicas e fumo.
Começou a integrar um coro da terceira idade há aproximadamente quatro meses e em conjunto
a esta atividade coral faz exercícios de técnica vocal. Sua sonoridade vocal é bastante
comprometida em decorrência do uso freqüente de bebidas alcoólicas e fumo, entretanto os
exercícios de técnica vocal tem colaborado para sua saúde vocal. Alguns exercícios de respiração
foram utilizados para auxiliar na compreensão de canto correto fisiológico, onde não seja
necessário a utilização de ar residual. A aluna é apresentadora de um bingo para terceira idade e
faz uso freqüente de do aparelho vocal em situações indevidas, como grito, pigarreio, ambiente
muito ruidoso, com muita fumaça e com uso de bebidas que desidratam muito. As aulas de
técnica vocal começaram com exercícios de respiração, apoio e impulso e algumas reflexões
acerca de cuidados vocais.
A aluna ainda está em processo de aulas, entretanto já compreende a importância de
cuidar da voz deixando os hábitos freqüentes de fumo e ingestão de bebidas alcoólicas em
excesso, principalmente estando desatenta aos esforços vocais mediante sua prática vocal. Estas
atividades de exercícios vocais acontecem semanalmente e já se percebe uma sensibilidade
quanto ao uso da voz em dinâmicas mais suaves, sem necessidade de grito; a percepção da
necessidade de apoio e impulso já começou a ser percebida e as aulas de técnica vocal serão
conduzidas com base nestas características de educação vocal, uso correto da voz, hábitos vocais
saudáveis e canto individual ou em grupo sem agredir as condições e potencialidades corporais.

CONCLUSÃO
Notamos que nestes quatro alunos há contextos diferentes. Entretanto, em todos os casos
se fez necessário o uso de conversas e reflexões acerca dos cuidados vocais, o canto fisiológico
saudável além de exercícios vocais que trabalhem as dificuldades de cada aluno. Os exercícios
de respiração acontecem para potencializar a respiração e a consciência do ar planejado para
cada frase. Alguns alunos apresentaram algumas dificuldades iniciais por se tratar de pessoas na
fase adulta sem nenhuma experiência com aulas de técnica vocal anteriormente. Concluímos
considerando que cada análise foi tomada como tendo por base a literatura presente nas
referências bibliográficas abaixo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo. Higiene Vocal: cuidando da voz. 3. ed. Rio de Janeiro:
Revinter, 2001.

BEHLAU, Mara, REHDER, Maria Inês. Higiene Vocal Para o Canto Coral. Rio de Janeiro:
Revinter, 1999.

OITICICA, Vanda. O Bê-a-bá da Técnica Vocal. Brasilia: MusicMed, 1992.

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