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1. INTRODUÇÃO
Quando uma pessoa manifesta interesse numa aula de canto, provavelmente ela já teve
algum contato com o instrumento vocal, mesmo que por vias amadoras. Existem alguns casos
de pessoas que se interessam pelo estudo do canto sem nunca ter cantado a não ser em casa ou
enquanto toma banho ou realiza algum trabalho. Comumente encontramos pessoas
interessadas pelo canto, mas que não se interessam pelo estudo dele. As que se interessam e
procuram uma aula apresentam na maioria das vezes um contato inicial, como apresentações
em comunidades religiosas, bares, bandas de amigos, pequenas apresentações para familiares e
até mesmo performances artísticas feitas na escola, num grupo de teatro ou dança ou coisas do
tipo.
Esse artigo se discorrerá sobre as formas de abordagens possíveis numa aula de canto,
pensando como devem ser conduzidos os primeiros encontros e como podemos planejar as
aulas de modo que os principais assuntos relacionados ao canto sejam abordados e
compreendidos de modo reflexivo intelectual e também experimental prático pelos alunos.
Pelo fato do canto ser uma prática que usa um instrumento presente no corpo do
instrumentista, os primeiros momentos de contato com o estudo do canto na sala de aula
precisam ser feitos de modo a possibilitar que o aluno conheça sua própria corporeidade. O
som que produz e a visão que cada um tem de si é sempre mediada pela visão que o outro tem
de nós mesmos. Nas primeiras aulas de canto, entretanto, o aluno precisa começar a ouvir seu
próprio corpo e identificar componentes em si mesmo que antes eram despercebidos.
Nesse primeiro momento de aula é possível então que o professor conduza as aulas de
modo a demonstrar para o aluno as importâncias que a voz tem para o profissional que a
utiliza freqüentemente. Professor, jornalista, cantor, apresentador, atendente de telemarketing,
relações públicas, e outras profissões, usam a voz profissionalmente e fazem dela seu meio de
trabalho. Para que não incorramos em problemas vocais acarretados pelo mal uso, as primeiras
quatro aulas precisam ser direcionadas a saúde vocal, cuidados com a voz, fatores de risco
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para a voz, o que fazer quando se está com problemas vocais, conhecimentos fisiológicos do
som, um estudo mais aperfeiçoado sobre as partes do corpo que estão envolvidas no processo
da fala e, conseqüentemente, do canto.
Enquanto o aluno começa a conhecer os cuidados que precisa ter com a voz, o
professor apresentará os principais assuntos que serão estudados ao longo do curso de canto.
São eles: preparação, postura, respiração, articulação, ressonância e vocalises. Podemos
utilizar também alguns testes de saúde vocal como por exemplo, os testes “DESCUBRA SEU
PERFIL DE COMPORTAMENTO VOCAL” (Adaptado de VILLELA & BEHLAU, 2000) e
“IDENTIFIQUE UM POSSÍVEL PROBLEMA DE VOZ” (Adaptado de BAHLAUL &
REHDER, 1997). Ambos os testes são possíveis de utilização em contexto de aulas de canto e
demais atividades que façam uso freqüente da voz. Com os resultados obtidos neles,
poderemos começar as aulas sobre cuidados com a voz e higiene vocal e ter pontos de partida
para traçar os objetivos do semestre ou de todo o curso de canto.
Acima falamos dos principais assuntos que serão estudados durante todo o curso de
canto. Muitos alunos não conseguem experimentar logo de imediato as transformações que
propomos durante as aulas ou máster classes. Isso se dá porque o canto é um instrumento que
utiliza músculos que ainda não estão treinados e ativos para o trabalho consciente do cantor.
Outros instrumentos também utilizam músculos para serem executados e essa é a principal
característica da ação musical: exercício da performance muscular refinada sobre um
instrumento feito de material especial para que o som seja produzido musicalmente. No caso
do canto, o instrumento está interno ao corpo e isso então impossibilita que o professor toque
o instrumento do aluno da mesma forma que um professor de violão pode fazê-lo ao perceber
a dificuldade do aluno em formar determinado acorde. Ao professor de canto resta apenas a
demonstração do exercício no próprio instrumento, sua própria voz, e a busca por maneiras
didáticas para demonstrar ao aluno o caminho que ele precisa percorrer para que chegue a
sonoridade pretendida.
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3.1. Preparação
3.2. Postura
3.3. Respiração
3.4. Articulação
A articulação é a forma como os sons são emitidos pelos articuladores, que são órgãos
ou músculos que atuam na formação das vogais e consoantes de uma determinada língua. Há
alguns grupos de letras que são articuladas de modo parecido, como o caso do /p/ e do /b/ e
para que a emissão deles seja feita corretamente é preciso que o aluno treine a articulação de
cada uma das letras, começando pelas vogais nas suas formas mais comuns (/a/, /é/, /ê/, /i/, /ó/,
/ô/, /u/) e posteriormente as consoantes.
Bons exercícios de articulação e dicção para os alunos praticarem são frases chamadas
de trava línguas que contém dificuldades articulatórias por usarem consoantes de difícil
emissão quando são colocadas juntas, como é o caso da frase “três pratos de trigo para três
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tigres tristes”. Existem outras frases que podem ser musicadas, aumentando o grau de
complexidade da mesma para que os desafios musicais do cantor sejam vencidos e treinados
durante suas aulas.
3.5. Ressonância
3.6. Vocalises
adicionando também outros dois muito importantes: aquecimento e desaquecimento. Para que
a voz seja aquecida, poderá o professor utilizar-se de vocalises simples com notas que ficam
mais agudas gradativamente. A intenção desses exercícios é treinar o esticamento e o
relaxamento das pregas vocais de modo sistemático, automático e preciso. Por se tratar de uma
ação muscular, não há necessidade de o aluno apresentar perfeição logo no início, sendo então
uma construção que levará tempo.
Os vocalises são a base do aperfeiçoamento vocal, pois nele podem ser executados
trechos complexos ou simples, dependendo do que se pretende treinar, em diversos tons, de
diversas formas, conquistando sonoridade diferenciada ao longo de sua execução. Com esses
vocalises, podemos trabalhar exercícios de ressonância, respiração, articulação, extensão
vocal, dentre outros.
4. CONCLUSÃO
O canto como estudo possui metodologias e abordagens que podem variar de escola
para escola, porém os principais aspectos abordados acima são os que de comum existem entre
a maioria delas. O professor em conversa com o aluno deverá buscar compreender as
motivações que o levaram ao estudo de canto e buscar desenvolver metodologias que
possibilitem o alcance desses objetivos, pois isso está diretamente ligado à motivação do aluno
em freqüentar as aulas.
A aula de canto deve sempre passar por avaliações de todos os envolvidos no processo
educativo. O professor deve avaliar os alunos, os alunos devem avaliar uns aos outros e a si
mesmo bem como também devem avaliar seu professor. Uma forma de possibilitar a avaliação
técnica do aluno é através de questionários preenchidos em todas as aulas ou sempre que se
encerrar um ciclo de aprendizados para que seja possível a visualização dos resultados e
também das dificuldades que ainda precisam ser superadas.
Cada profissional terá sua abordagem quanto à avaliação do processo de aprendizagem,
porém também deve se submeter à avaliação do aluno, uma vez que o processo de ensino está
ligado à aprendizagem e não é apenas uma via de mão única, por isso preferimos chamar o
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professor de canto de facilitador, pois o aluno é responsável pelo aprendizado que obteve
assim como o professor também aprenderá muitas coisas com o aluno.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo. Higiene Vocal: cuidando da voz. 3. ed. Rio de Janeiro:
Revinter, 2001.
BEHLAU, Mara, REHDER, Maria Inês. Higiene Vocal Para o Canto Coral. Rio de Janeiro:
Revinter, 1999.