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CANTO 1

2MUT087
EMENTA

Práticas para o desenvolvimento da consciência e


execução dos elementos construtores do gesto vocal:
postura corporal, respiração costo-diafragmática,
apoio, articulação e ressonância. Exercícios coletivos
gradativos de vocalizações; montagem de canções.
OBJETIVOS

Desenvolver os elementos construtores do gesto vocal para


aplicá-los na montagem de canções. Incorporar técnicas de
postura e respiração que favoreçam a execução de canções
populares. Desenvolver qualidades de articulação e
ressonância que facilitem a expressividade no canto.
PROGRAMA

Postura corporal. Respiração e canto. Apoio.


Articulação. Ressonância. Higiene da Voz.
Vocalizações. Classificação das vozes. Montagem
de canções.
PROCEDIMENTOS DE ENSINO

Aulas expositivas, discussões sobre textos lidos. Uso


de áudio e vídeos. Aulas práticas, realização de
exercícios vocais supervisionados.
FORMAS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Trabalhos práticos individuais e provas práticas.


BIBLIOGRAFIA BÁSICA

• FERREIRA, Leslie Picolotto. Trabalhando a voz. São Paulo: Summus editorial, 1988.
Número de chamada 616.89-008.434 T758

• MATHIAS, Nelson. Coral, um canto apaixonante. Brasília: Musimed, 1986. Número de


chamada 783.8 M431c

• COELHO, Helena Wohl. Técnica vocal para coros. São Leopoldo, RS, Sinodal, 1994.
Número de chamada 783.8 C672t

• Partituras de canções de diversas épocas e gêneros.


BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

• BEHLAU, Mara e Pontes, Paulo. Higiene Vocal. São Paulo, 1993, Lovise.
• EHMANN, Wilhelm. Choral Directing, Minneapolis, USA, 1968.
• MARSOLA, Mônica; BAÊ, Tutti. Canto – uma expressão. São Paulo: Vitale, 2000.
• MATOS, Cláudia Neiva e outros, orgs. Ao encontro da Palavra Cantada. Rio de Janeiro: 7 Letras,
2001.
• PACHECO, Claudia; BAÊ, Tutti. Canto – equilíbrio entre corpo e som. São Paulo: Vitale, 2006.
• PÉREZ-GONZÁLEZ, Eládio. Iniciação à Técnica Vocal. Rio de Janeiro: E. Pérez-Gonzalez,
2000.
• PINHO, Silvia; PONTES, Paulo. Músculos Intrínsecos da Laringe e Dinâmica vocal. Rio de
Janeiro: REVINTER, 2008.
MECANISMO DA VOZ:
FORMAÇÃO TÉCNICA E
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL
Helena Wöhl Coelho
Dentre os muitos conhecimentos e recursos necessários aos
‘profissionais da voz’ no bom desempenho de suas funções, um
dos mais importantes e no qual menos se investe é a sua voz.
Segundo estatísticas conhecidas, as disfonias se encontram
encabeçando a lista das causas de licenças de saúde e de
aposentadorias precoces entre eles. A carga horária excessiva, a
vida agitada e sem método, o mau uso e, sobretudo, a
ignorância sobre suas próprias potencialidades vocais tem
complicado a vida de muitos desses profissionais.
A voz é o resultado sonoro de um instrumento que exige cuidados:
nosso corpo. Antes de tudo, uma voz só é boa se provém de um
organismo sadio. A boa alimentação, o repouso equilibrado, os bons
hábitos, a ausência de vícios e a disciplina são fortes fatores
indispensáveis a quem deseja ter uma boa voz. Também a saúde e o
equilíbrio psicológico são fundamentais. Assim como a voz é o
resultado sonoro de nosso corpo, também é um código de expressão da
alma. A voz revela nossas impressões mais profundas através de seu
timbre, seu volume, sua forma de emissão enfim. Quando trabalhamos
com a voz de alguém, colocamos em jogo o seu esquema de valores,
toda a sua filosofia de vida e toda a sua cosmovisão.
Objetivamente falando, a voz é um som laríngeo, apoiado na respiração,
amplificado nos ressoadores e modelado nos articuladores.

A VOZ É UM SOM LARÍNGEO


APOIADO NA RESPIRAÇÃO
AMPLIFICADO NOS RESSOADORES
MODELADO NOS ARTICULADORES
Nem sempre o homem falou. Acredita-se que sua comunicação em
tempo remotos se desse apenas por ruídos rudimentares, à semelhança
dos animais. Conforme a civilização foi se desenvolvendo pela
evolução da inteligência, e com ela, as exigências de comunicação
foram ficando mais específicas, o homem percebeu que poderia
transformar aqueles ruídos primitivos em precioso fator de
comunicação.
Todos os elementos envolvidos no mecanismo da voz NÃO são
eminentemente vocais.
Faringe: canal condutor de alimento e ar (sem comer ou respirar a
vida fica difícil, sem emitir som, não)
Pulmões e vias aéreas: responsáveis pela respiração vital
Diafragma, músculos abdominais e intercostais, coluna e costelas:
funcionam na sustentação e estrutura do corpo, antes de serem apoio
para a fala e o canto.
Boca, língua, dentes e músculos faciais: responsáveis pela mastigação
dos alimentos, antes de serem os articuladores vocais.
Todos os elementos do mecanismo vocal são, primeiramente,
estruturas de manutenção do organismo do ser humano como algo
vivo.
A voz veio depois, acrescentando funções, aumentando
solicitações. É possível entender então, sua fragilidade, um fator
que denuncia qualquer desequilíbrio na saúde geral da pessoa.
Eliminar a voz é uma espécie de ‘corte de despesas’, uma
economia de esforços que o organismo faz em épocas difíceis.
MECANISMO VOCAL

Pode ser dividido DIDATICAMENTE em vários aspectos:

1. Postura

2. Respiração

3. Articulação

4. Ressonância

5. Expressividade
POSTURA

É o primeiro fator a ser trabalhado. Envolve diretamente a saúde óssea e muscular: a saúde
da estrutura de sustentação do corpo. A postura correta é aquele em que o indivíduo se
mantém com equilíbrio e elegância: coluna ereta, ombros descontraídos, pernas e bacias
formando uma base sólida, abdominais firmes, mãos e rostos livres e expressivo.
Devemos sempre entender que a postura também é um indicativo da posição da pessoa
frente a vida: timidez, medo, complexos de inferioridade e superioridade, entre outros, são
fatores psicológicos que modelam a apresentação do corpo.
O ser humano nasce respirando livremente, todo o seu ser pulsa de vida, todo o corpo
respira. Há uma integração harmônica entre cada célula e o meio que o cerca. A medida
que esse bebê cresce, as tensões que o cercam vai causando ansiedade e angústia, com o
afastamento da organicidade da vida, e a respiração aos poucos vai se alterando. Aos
poucos vamos respirando apenas para viver. A respiração se acelera e fica mais curta,
engaiolada entre as costelas superiores e a clavícula. Isso altera nossos batimentos
cardíacos e o nosso equilíbrio nervoso. Assim se forma um círculo vicioso, e quando
queremos cantar temos muitas dificuldades.

RESPIRAÇÃO
Os exercícios respiratórios, com o objetivo de redescobrir a respiração natural e
dominar a utilização dos músculos abdominais, intercostais e diafragma para
utiliza-los artisticamente passam também por um questionamento de cosmovisão,
por uma reestruturação filosófica e psicológica frente à vida.
A respiração correta é aquela cuja inspiração é feita pelo nariz, sem ruídos, e
cuja expiração pode ser controlada na velocidade e pressão pretendidas. O que
importa não é ter muito ar mas utilizá-lo com domínio.
Uma primeira noção importante: o ar não vai faltar!
Para adquirir uma respiração consciente, sentindo seu corpo como um fole elástico,
controlável pela vontade, há que ter perseverança e disciplina.
ARTICULAÇ
ÃO
Sobre o som que produzimos na laringe, usamos pontos de nossa
constituição para articulá-lo em vogais e consoantes, de forma a obter uma
linguagem. O grande desafio é a descoberta do equilíbrio, o ponto
exato de utilização muscular que combina o máximo de clareza
com o mínimo de movimento.
Lembrar que as pessoas possuem conformações físicas diferentes. A
facilidade articulatória tem relação direta com a perfeita conformação da
arcada dentária, da língua e dos músculos faciais. Também dependem do
treino desde a infância: se a solicitação linguística da criação foi limitada,
sua clareza articulatória será prejudicada.
As consoantes trazem a clareza de dicção.
As vogais trazem a qualidade da sonoridade.
RESSONÂNCIA
A RESSONÂNCIA se refere ao aproveitamento dos ressoadores.
Cavidades de ressonância do ser humano: ressoadores faciais: boca,
faringe, seios da face
Ressoadores do corpo: laringe, traqueia, interior do peito
Ao desenvolver o aproveitamento dos ressoadores melhoramos nosso
timbre, volume e projeção da voz, fatores que são próprios à voz de cada
pessoa, mas podem ser explorados até seu ponto mais belo e produtivo.
•A ressonância perfeita aproveita os ressoadores faciais, sem abandonar os
do corpo (especialmente na região grave da voz).

•A emissão se dá como se a voz saísse pelos olhos, queixo solto, rosto


descontraído e olhar muito expressivo.

•‘voz na máscara’ – a vibração que o cantor sente nas bochechas e na


testa, formando um desenho parecido com uma máscara. Para que o som
chegue aí, é necessário que a pessoa sinta com clareza as vibrações no céu
da boca e faringe. O cantor precisa percorrer todos os caminhos do som
dentro dele.
EXPRESSIVIDADE

• A comunicação expressiva faz parte do perfeito mecanismo vocal: saber o que está
cantando, dar um sentido específico a cada momento da emissão, envolver-se emocional
e afetivamente e não somente com a técnica. Para isso é necessário que a pessoa se
aperceba de que, obrigatoriamente, a pontuação gramatical não está exatamente junto à
pontuação expressiva; que as ‘entrelinhas’ falam mais do que as ‘linhas’; que o
derradeiro sentido será dado pelas inflexões e jogos tímbricos de sua voz e que isso tudo
diz muito mais que toda a técnica junta.

• A técnica deve ser treinada para servir a expressividade, e ambas devem servir a
comunicação.
Algumas pessoas são, naturalmente, expressivas; outras têm mais
dificuldade. Isso é uma questão de personalidade, de temperamento. No
entanto, se alguém escolhe falar ou cantar profissionalmente, precisa
considerar sua capacidade de ser vocalmente comunicativo, expressivo,
afável, simpático, enfim.
Se a pessoa não desenvolve fluência de expressão e de prática vocal
adequados poderá ter inúmeras profissões e ser bem sucedida; mas se é
um profissional da voz e carece destas qualidades pode ter muitos
problemas e sobrecarregará sua voz.

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