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DO
CANTO
SUMÁRIO
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PROCESSO DO APRENDIZADO
Geralmente não gostamos de ouvir a nossa própria voz quando é gravada, mas é
exatamente essa voz que todos escutam quando falamos ou cantamos, menos nós
mesmos. Nós nos ouvimos através da audição óssea e isso é um fator preponderante
para que desconheçamos nossa voz. Precisamos ser mais ouvintes de nós mesmos
para reconhecermos nossa voz.
Na maioria das vezes, o(a) cantor(a) não tem consciência corporal do que está
realizando enquanto canta. Prefere cantar emocionalmente, sem domínio da técnica
vocal. O estudo do canto começa pelo “aprender a ouvir”. Só cantamos bem se
ouvimos bem. Não existe um bom cantor ou uma boa cantora sem um bom ouvido, pois
a audição e a percepção musical são aspectos fundamentais na execução de uma boa
voz.
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POSTURA
Ter uma postura para o canto significa usar o corpo de maneira que os músculos
empregados na respiração possam atuar com agilidade, assim como deixar o som fluir
com naturalidade:
• cabeça e pescoço: a cabeça deve ser mantida com o olhar paralelo ao chão e o
pescoço relaxado;
• ombros: relaxados para baixo e para trás;
• tronco: ereto, sem elevar o tórax;
• quadris: encaixados, para não forçar a coluna;
• pernas: esticadas, mas sem rigidez nos joelhos;
• pés: paralelos, podendo um ficar levemente à frente do outro.
Sempre que possível, o cantor deve ficar de pé diante de um espelho enquanto pratica,
a fim de poder observar-se de perto. O mais importante é manter o corpo sob controle,
isto é, permanecer quieto, evitando elevar a cabeça, pois se trata do nosso
“amplificador natural” e sua movimentação pode trazer alterações na projeção vocal.
Quanto mais calmo e tranquilo o cantor estiver, mais significativa será cada expressão
que ele usar; quanto menos movimentos fizer, mais importantes serão esses
movimentos. Exatamente o mesmo deve suceder com a voz. Todo mau hábito deve ser
eliminado, para que o cantor possa extrair dela aquilo que a correta interpretação
musical requer.
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INSTRUMENTO VOCAL
Fisiologia
1. Aparelho respiratório:
2. Aparelho fonador:
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• Pregas vocais:
• Articuladores:
- mandíbula inferior, língua, palato mole (véu palatino), lábios; alvéolos, dentes
e palato duro (articuladores passivos).
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• Articulação vocal:
- bilabiais: ex.: P, B e M.
- labiodentais: ex.: F e V.
- linguodentais: ex.: D, T e N.
- alveolares: ex.: S, Z e L.
- palatais: ex.: X, J, Lh e Nh.
- velares: ex.: K, G(u) e R.
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O giro da ressonância está associado ao movimento do palato ao constituir a cúpula de encontro a qual o ar se choca e um piso
extremamente elástico para o ar que ressoa acima dele de encontro ao palato duto (céu da boca) ou no nariz.
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3. Aparelho Ressonador:
Inspire profundamente;
Expire emitindo o fonema: mémmmmmmmmm;
Coloque as mãos no rosto para sentir a vibração.
Inspire profundamente;
Expire emitindo a vogal A (no grave);
Coloque as mãos no peito para sentir a vibração.
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EXTENSÃO, TESSITURA E REGISTRO
Extensão é o termo utilizado na técnica vocal para se referir ao limite de sons emitidos
por uma voz (do grave ao agudo).
Tessitura é o conjunto de notas onde o cantor emite a voz com maior facilidade, ou
seja, de forma mais homogênea. Esse conjunto de notas é formado, geralmente, por
uma oitava mais uma quinta.
{ EXTENSÃO }
[ TESSITURA ]
(REGISTRO)
Ao iniciar o trabalho com a voz no estudo específico do canto, é aconselhável iniciar os
vocalizes no registro, atingindo posteriormente a região da tessitura e, por fim,
envolvendo as notas mais agudas da extensão vocal, trabalhando o ataque e explosão
dos limites da emissão dos sons de determinada voz.
Importante salientar que a nossa voz requer descanso e limites, pois ambos são
fundamentais para o desenvolvimento técnico. É preciso conhecer a capacidade
máxima do aparato vocal e tirar o melhor deles sem danos. Toda iniciativa vocal que
provoca dor não é correta e muito menos saudável.
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CLASSIFICAÇÃO VOCAL
Voz mais forte; timbre suave. Voz mais forte e timbre metálico.
2º TENOR
Baixo profundo
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• Classificação vocal feminina:
Mezzo-soprano Contralto
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PREPARAÇÃO VOCAL
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Para demonstrar o movimento da respiração diafragmática, usamos o exemplo do
balão:
• Respiração Nasobucal:
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DINÂMICA VOCAL
A dinâmica vocal é utilizada para conseguir o efeito desejado de som vocal, tais como:
agressivo, alegre, melancólico, suave, forte, vigoroso, introspectivo, reflexivo, sensível,
etc. Saber como cantar e quando cantar é essencial para um vocalista. Aquele
backvocal que fica cantando o tempo todo, enchendo todo o espaço de frases bem
elaboradas e dobrando todas as notas da harmonia acaba se tornando maçante. Isto
porque ele colabora para poluir a música, deixando-a "suja". Às vezes, é necessário
suavizar. Nem sempre todos os vocais cantam ao mesmo tempo, fica muito bom
quando, de repente, soa apenas uma voz com a melodia, cantando mais forte, as
outras só dando um suporte. Use a criatividade e o bom senso.
A intensidade das notas pode variar ao longo de uma música. Isso é chamado de
dinâmica. A intensidade é indicada em forma de siglas que indicam expressões em
italiano sob a pauta.
Contraponto - A arte de combinar duas ou mais linhas musicais simultâneas. O termo deriva do latim,
contrapunctum, "nota contra nota".
Glissando- Aplicado ao piano e à arpa, refere-se ao efeito obtido através de um deslizamento rápido sobre as
teclas ou cordas.
p - Piano - Dinâmica na música que indica fraco, leve, o volume um pouco mais baixo que o normal .
pp - Pianíssimo - Dinâmica utilizada na partitura um pouco mais fraco que piano ( p ) .
ppp - Più pianíssimo - quase inaudível.
Piu mosso - Mais depressa
Poco a poco - Aos poucos.
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• Vibrato:
Ele tem um efeito estético evidente e um papel primordial porque ele dá a voz sua
riqueza expressiva, sua leveza e seu poder emocional. Ele se caracteriza por
modulações de frequência (na razão de cinco a sete vibrações por segundo),
acompanhadas de vibrações sincrônicas da intensidade de dois a três decibéis e da
altura ¼ de tom e ½ tom que tem uma influência sobre o timbre. Estas flutuações são
criadas pelo cantor e tem uma ação musical importante.
O vibrato só se adquire a medida que o cantor domina sua técnica e realiza da melhor
maneira possível a junção faringo-laríngea: seu mecanismo fisiológico corresponde a
finas tremulações do conjunto da musculatura respiratória e laríngea.
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AFINAÇÃO VOCAL
Só cantamos bem se ouvimos bem. Não existe um bom cantor sem um bom ouvido,
pois a audição e, principalmente, a percepção musical são as principais armas na
execução de uma boa voz. A musicalidade de um cantor também inclui elementos
importantes que levam tempo para serem adquiridos. Só com a disciplina de uma
intensa escuta musical e de pesquisa é que se adquire sentido melódico, rítmico e
harmônico. Essa prática consolida a chamada memória musical, o que torna um ouvido
sensível e respeitável, atento para uma boa projeção e afinação vocal. Ouvimos,
guardamos o som na memória e só então o emitimos.
Diz-se que o cantor é afinado quando ele atinge as alturas sonoras propostas de
maneira correta. Alguns fatores interferem na afinação. A falta de percepção é um
deles. Todos devem aprender a ouvir. Nenhuma técnica ou experiência ajuda o cantor a
afinar, se ele não é capaz de se ouvir.
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DESENVOLVIMENTO E EQUALIZAÇÃO
Existem vozes fortes, fracas e agudas por natureza, mas qualquer voz, por meio de um
estudo adequado, pode atingir determinado nível de força, flexibilidade e amplitude de
tessitura.
Tudo deve ser cantado com uma voz mista de tal modo que nenhum tom seja reforçado
às custas de outro. A fim de evitar a monotonia, o cantor deve ter à sua disposição uma
gama de meios de expressão em toda a tessitura de sua voz. Antes de mais nada, ele
deve conhecer as vantagens da ressonância de certos tons, e de sua conexão uns com
os outros.
A escala musical passa de um semitom para outro; cada um deles é diferente: à medida
que prosseguimos, cada um deles exige uma altura maior e, portanto, a posição dos
órgãos não pode ser a mesma para vários tons diferentes. Cada tom deve ser
imperceptivelmente preparado num canal elástico e produzir uma sensação de
facilidade para o cantor, bem como uma impressão agradável ao ouvinte.
A violação deste importante princípio leva geralmente ao esforço excessivo das pregas
vocais e dos músculos da garganta. O motivo pelo qual um tom soa muito agudo é um
excesso de ressonância nas cavidades da cabeça, nas quais o tom já deveria ter sido
misturado com ressonância palatal.
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EXPRESSÃO VOCAL
- volume;
- ritmo;
- afinação.
A conscientização melódica permite ao cantor ativar ainda mais sua expressão vocal.
Expressar a voz nada mais é do que revelar a própria personalidade. A voz mais bonita
é a mais verdadeira.
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ALGUNS EXERCÍCIOS BÁSICOS
Na mesma nota, bem ligadas, cantar as vogais i, iê, iá, io, iu. O ditongo ajuda o trabalho
do músculo tensor do nariz. Subir e descer em semitons bem lentamente.
BR forte – projetando os lábios para exercer a vibração entre eles, pode ser trabalhado
também através de graus conjuntos (no máximo três notas) para desenvolver o
relaxamento dos articuladores.
Saltos de oitava – De cima para baixo e debaixo para cima. Não esquecer a leve
contração dos músculos glúteos e pélvicos, tanto quando cai na nota de baixo, como
quando vai para a nota de cima. Não perca a tensão dos músculos do nariz e evite
portamentos.
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HIGIENE VOCAL
• beba bastante água em temperatura natural (no mínimo 2 litros por dia) para
manter as pregas vocais hidratadas e em boa condição de vibração;
• coma maçã; a maçã possui propriedades adstringentes que auxiliam na limpeza
da boca e da faringe, favorecendo uma voz com melhor ressonância;
• evite usar roupas apertadas, principalmente nas regiões do abdômen, cintura,
peito e pescoço, pois isso poderá dificultar a respiração;
• não use pastilhas, sprays, anestésicos sem orientação médica, pois para cada
caso existe uma medicação específica, portanto nunca se automedique;
• evite alimentos gordurosos e "pesados" antes das apresentações, pois dificultam
a digestão;
• dê preferência aos alimentos leves e de fácil digestão (verduras, frutas, peixe,
frango);
• durma bem; procure dormir, no mínimo, 8 horas por dia;
• não durma de estômago cheio, pois pode provocar refluxo gastresofágico que é
altamente prejudicial às pregas vocais;
• não cante se estiver doente! Quando cantamos envolvemos todo o nosso corpo
e gastamos muita energia, então recupere-se antes de voltar a cantar;
• evite ficar exposto por muitas horas em ambiente que utiliza ar-condicionado,
pois provoca ressecamento das pregas vocais. Em casos onde isso não for
possível, procure estar sempre lubrificando as pregas vocais com água ou suco
sem gelo;
• evite ambiente com mofo, poeira ou cheiros muito fortes, principalmente se você
for alérgico;
• evite a competição sonora, ou seja, falar ou cantar em lugares muito barulhentos;
• evite choques bruscos de temperatura;
• evite bebidas geladas;
• evite cochichar, pois ao contrário do que pensamos, no ato de cochichar
submetemos nossas pregas vocais a um grande esforço provocando um
desgaste muitas vezes maior do que se conversarmos normalmente;
• evite gritar, pigarrear, falar durante muito tempo sem lubrificar as pregas vocais,
fumar, ingerir bebidas alcoólicas antes de cantar para "melhorar" a voz.
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PROCESSO DE MUDA VOCAL
Por esse motivo, a voz do “rapaz” desce uma oitava, encorpa-se, aumenta de força e
adquire o timbre masculino; enquanto que nas meninas abaixa somente algumas notas,
uns três tons, e, embora as mudanças não sejam tão agressivas, o timbre da sua voz
ganha maturidade.
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ENVELHECIMENTO DA VOZ
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O MAU USO DA VOZ
Deve-se ter em mente que o mau uso da voz não começa ao cantar de maneira errada,
mas sim ao falar de modo errado. Os cantores estão duplamente expostos a ter
problemas nas pregas vocais como calos, fendas e nódulos. Por isso, é necessário
saber como preservar a voz tanto ao falar quanto ao cantar.
O início dos problemas nas pregas vocais pode ser sutil, com uma rouquidão
esporádica, uma fadiga vocal momentânea, entre outros sintomas. No entanto, este é
um assunto extremamente importante para ser ignorado, pois, às vezes, o descaso
pode levar à perda completa da voz.
Cantar e falar fora do próprio timbre natural pode provocar uma descaracterização da
voz e, com, isso, gerar a perda de qualidade da emissão vocal. Quando há excesso de
compressão, as pregas vocais ficam muito apertadas e isto pode ser devido a tensões,
falta de orientação técnica, e resulta em um som gutural, provocando tensão nos outros
músculos relacionados à produção vocal.
A maioria das pessoas acredita em certas formas de terapia para tratar a voz. Essa
crendices são infundadas, portanto, incorretas. Alguns métodos caseiros podem até ser
úteis, porém durante períodos limitados, apenas “mascarando” os sintomas verdadeiros
sem eliminar a causa do problema, que pode ser uma vocalização incorreta, o uso
abusivo da voz ou até mesmo problemas como a faringite.
Ao menor sinal de que algo não vai bem com as pregas vocais ou qualquer outro órgão
do aparelho fonador, é necessário procurar um especialista (otorrinolaringologista,
fonoaudiólogo).
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ENTOAÇÃO NA VOZ FALADA E CANTADA
ÇÃO
Durante a fala o tom de voz muda constantemente, tornando-se difícil construir a sua
linha melódica apenas através da percepção auditiva. Na voz falada praticamente não
existem situações em que o tom permaneça constante; ou sobe ou desce por intervalos
muito reduzidos, inferiores a ¼ de tom. Na voz cantada podem acontecer intervalos
maiores de tom, mas geralmente é mais fácil segui-los e reproduzi-los numa partitura.
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O FALSETE E A VOZ DE CABEÇA
O nome “falsete” vem de “som falso”. No entanto, ao longo dos anos, muitos cantores
demonstraram que não há nada de falso nisso. É uma técnica vocal muito útil que
possui uma qualidade delicada e emocional. As pregas vocais ficam ligeiramente
separadas quando cantamos o falsete; o ar passa por elas e as mesmas não se unem
integralmente. É fácil confundir a voz da cabeça e o falsete. Isso ocorre porque ambos
se encontram nas regiões mais agudas da voz e têm um som semelhante. Vejamos a
principal diferença: quando estamos cantando em "voz de cabeça", as pregas vocais se
unem e isso produz um som com maior profundidade e consistência do que o falsete;
quando cantamos em falsete, as pregas vocais ficam ligeiramente separadas e isso
permite uma passagem de ar que gera o som mais soproso.
A voz de cabeça e o falsete são qualidades vocais importantes a serem desenvolvidas
e ambos têm suas vantagens. O falsete é inegavelmente belo, mas se for usado
excessivamente, pode prejudicar a voz. Se usarmos muito falsete, com o tempo a voz
perderá qualidade. O falsete é uma maneira fantástica de adicionar nuances ao canto.
Tem uma bela qualidade arejada que pode realmente conectar com seu público. Para
fazer seu falsete funcionar, cante alto em seu alcance e encontre aquele lugar onde seu
tom fica suave e soando como uma flauta.
Portanto, se desejamos criar um som de falsete por longos períodos, podemos
desenvolver uma voz "mista" nas partes superiores da extensão vocal e teremos um
som muito semelhante. A longo prazo, isso é ideal, pois produzirá maior flexibilidade,
sem causar danos à saúde vocal.
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PARÂMETROS DO SOM
Sons são frequências, medidas em Hertz (o som do diapasão – nota Lá – por exemplo,
é 440 Hz) e contém as propriedades abaixo:
● DURAÇÃO – é o tempo de produção do som / pode ser mais longo ou mais curto;
● INTENSIDADE – é a propriedade do som ser mais forte ou mais fraco;
● ALTURA – é a propriedade do som ser mais grave ou mais agudo;
● TIMBRE – é a qualidade do som que permite reconhecer sua origem. É pelo timbre
que sabemos se o som vem de um piano ou um teclado, um baixo acústico ou elétrico e
etc. No meio musical, usamos o termo timbre para distinguir os diversos sons que um
mesmo instrumento pode produzir, por exemplo: existem vários tipos de “timbres” de
piano, inclusive com efeitos eletrônicos. Todo e qualquer som musical tem,
simultaneamente, os quatro parâmetros. Na escrita musical, os parâmetros do som são
representados da seguinte maneira:
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USO DO MICROFONE
Muitas pessoas ficam inibidas com a projeção de suas vozes no microfone, mas é
preciso colocá-lo como um grande aliado. Com ele utilizamos menos força física,
podemos lapidar a emissão da voz aplicando mais ou menos intensidade, controlando a
articulação e outros mecanismos da técnica vocal. O importante é, como foi falado
anteriormente, se ouvir e perceber o encaminhamento da nossa voz com a utilização
desse recurso.
Para isso, plugue o microfone e siga treinando, falando, cantando com ou sem o
acompanhamento de um instrumento musical, tentando equalizar os graves, médios e
agudos, utilizando ferramentas como o "reverb” para aprofundar a percepção do seu
timbre. Quando estiver cantando, afaste um pouco o microfone no momento em que
emitir agudos; não afaste demais ao ponto de quebrar abruptamente a intensidade, a
não ser que tenha muita potencia vocal. Nos graves ou aplicação de uma voz mais
airada em momentos de baixa intensidade, procure aproximar mais o microfone.
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Professor formado em Licenciatura em Música pelo Centro
Universitário Metodista do Sul, Porto Alegre, RS, em 2009.
NOÇÕES BÁSICAS
DO
CANTO
OSEIAS LEANDRO
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