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Dicas para: Fluência & Conexão & Flexibilidade &

Articulação Destacada
(Autor: Fábio Souza Pinto) – Redigido em Maio 2010 – Campo Grande MS
E-mail: souzatrump@ibest.com.br

Ø Como estudar? R. Os estudos devem ter focos específicos para cada


abordagem, abaixo a forma resumida de cada item esboçado.

Ø 1º Passo: Articulação Ligada, todos os exercícios devem ter como base a forma
ligada, servindo de estrutura técnica para o instrumento. A coluna de ar deve se
comportar de forma fluente, com velocidades proporcionais a extensão
trabalhada, esse movimento do ar deve ser natural, explorando toda a
capacidade do pulmão em armazenagem do ar, dessa forma potencializando a
articulação ligada e posteriormente as demais a serem exercitadas. O ato de
respirar deve ser o mais natural possível, o processo é divido em 2 etapas:
inspiração e expiração.
Ø Inspiração: Mantenha o corpo relaxado e aberto, para que possa fazer uma
respiração profunda e ampla, armazenando a maior quantidade de ar possível.
Dessa forma, teremos maior amplitude de armazenagem de ar, explorando a
elasticidade das paredes pulmonares (pulmão), expandindo o tórax como um
todo, dessa forma não pensando em direcionar o ar para determinada parte do
tórax (barriga, peito, etc.). Uma boa maneira de representar os pulmões é o
enchimento de uma bexiga, a mesma se expande quando cheio por todos os
ângulos e por inteira. Devemos também dar importância à garganta que deve
estar livre e aberta, uma forma de observarmos esse processo seria através de
um bocejo ou uma conexão de tubos ¾, acopladas à boca, fazendo o movimento
de inspiração e expiração de forma lenta.
Ø Expiração: O ar armazenado deve ser projetado no instrumento de forma
contínua. Porém, (administrando a expiração, para que não haja desperdícios
desnecessários quando me refiro ao ar, independente da extensão trabalhada.)
Uma das formas proposta para está extensão (região grave, Dó 3 ao Sol b 2),
seria pensar no processo de um “Bocejo” (garganta aberta → foneticamente
soar com a voz essa sílaba: ÃH), onde o ar é projetado de forma lenta, quente e
volumoso, proporcionando leveza e amplitude de ressonância, entretanto esse
conceito pode mudar, quando se trabalha com as dinâmicas e outras tessituras,
podendo por exemplo, em uma dinâmica forte e no registro agudo mais
velocidade no ar. Talvez fique um tanto complexo falar no papel o processo, na
prática isso fica mais evidente. Por sempre a importância de um professor
capacitado para orientar.
Ø Resumindo: Muito ar armazenado, conduzindo o mesmo de forma fluída e
contínua pelo instrumento, dando homogeneidade aos sons, ou seja, igualando
os mesmos, não deixando o grave soar em desequilíbrio com o agudo ou vice-
versa, é coerente que soem por um plano (a seta esboçada reforça essa idéia).
Ø 2º Passo: Devemos dar foco também a parte da pulsação rítmica, aliada à
valorização de cada figura exposta na pauta (fórmula de compasso), evitando
assim retirar valores desnecessários dos sons, principalmente nos finais dos
mesmos, onde é comum acontecer isso. O som se divide em três partes:
Começo: focando a precisão e dando formas aos sons → articulações, Meio:
conduzindo cada som por meio de uma coluna de ar contínua, sabendo que
som conecta som e o Fim: concluindo o valor exigido e dando o arremate ao
som, fazendo com que não haja sobras e nem formas de som, diferentes da que
iniciou. Ex: É comum em alguns alunos fazer um crescendo ao final dos sons de
fraseado, pois quando se trabalha com grandes valores de figuras ou grandes
fraseados e não se inala o suficiente de ar ao iniciar a fluência, cria-se uma
tensão abdominal a fim de empurrar o resto de ar nos pulmões,
descaracterizando o trecho tocado e dando outras formas, da qual não foi
proposto pela notação. Entretanto em términos de frases, pensando em música
como primeiro plano é comum fazer um decrescendo sutil, sem descaracterizar
a afinação e ressonância do som (nota musical).

Ø 3º Passo: Outro passo importante para o executante é: dar foco na afinação,


concentrando-se para o centro da nota, evitando dessa forma tensões
musculares demasiadas, conforme a oscilação de intensidade da tensão
muscular, a afinação poderá ficar baixa ou alta. O instrumento deve adequar-
se ao corpo, como a forma mais indicada para a afinação (uso dos gatilhos
para compensar os sons altos) aliando-se ao movimento da coluna de ar, e não
o inverso, que comumente acontece utilizando o corpo como instrumento na
afinação (tensões musculares em geral, fazendo com que a afinação fique em
desequilíbrio). Outro fator importante a ser considerado diz respeito ás cores
do som. Além do favorecimento do equipamento, há também o gosto de como
queremos soar, um som mais claro, escuro, brilho, etc., para esse propósito,
precisamos sempre educar nossos ouvidos a ouvir boa música, dependerá das
nossas referências, se quero tocar música sacra de qualidade, não há porque
ouvir só jazz, pois a sonoridade foge dos padrões sacros, o jazz soa com muito
mais brilho (o cérebro memoriza aquilo que se ouve).

Ø 4º Passo: As conexões são também de suma importância, pois são elas que dão
efeito melódico, pois um som dever ser carregado, conduzido com o
movimento de ar contínuo para um próximo som. Com essa idéia, serão
reduzidas sensivelmente as falhas por toda a extensão do instrumento, dando
fluência e flexibilidade de soar em equilíbrio (homogeneidade) nos registros:
grave, médio e agudo. Dentro desse tópico posso ainda ressaltar, o exercício
físico feito pelos músculos da face, exercitando a contração e relaxamento
gradativo dos mesmos, conforme a extensão em que se trabalha (ninguém corre
sem um dia ter aprendido a andar).
Ø 5º Passo: Por fim, execute todo o processo na articulação destacada, soando de
forma eficiente e clara. É coerente o uso da consoante “D”, (se concentre e
imagine o movimento que a língua faz para pronunciar essa consoante) para
dar formas aos sons utilizados em música sacra, pois além de suavizar, não
perde em uma eficiente precisão, clareza e leveza, quanto ao seu deslocamento
para a entrada e saída do ar. Associada a essa consoante utilizaremos a vogal
“A”, vogal com poder fonético maior (som aberto), formando assim a sílaba
“DA”, já abordada em artigos anteriores.

Ø Considerações finais: No final dos exercícios, está exposto um trabalho no


registro grave com articulação destacada. Saliento que, no registro grave exige-
se um pouco mais de controle da saída de ar, não deixando que isso
influencie na leveza da língua (velocidade e coordenação – cinestesia). Se
tiver dificuldades, pode usar a pronuncia de “Dhat” ou “Dhot”, aumentando a
velocidade e leveza da língua em seu deslocamento do céu da boca ao passar o
ar pela mesma, o “t” deve ser pronunciado de forma muda (subconsciente).
Não tenha pressa em alcançar os resultados, estude de forma lenta e
gradativamente vá aumentando a velocidade conforme o desempenho,
passando por cada divisão rítmica de forma criteriosa, ou seja, só passe
adiante para outra subdivisão, quando estiver fluente e convicto na anterior.
Bons estudos! “A qualidade de um vencedor é nunca desistir de seus ideais”.

Ø Dicas diárias para análise dos estudos:

Ø Não tenha pressa para avançar nos estudos, tenha paciência e a certeza que pretere sempre a
“qualidade dos estudos” e não “quantidade de estudos praticados com má qualidade”.
Ø Se errar, pare! Analise! (o que está errado?) Corrija! (o que deixei de fazer?) Corrigido!
(prossiga).
Ø “Seja seu próprio professor”, procure através das coisas que se ouve e vê (referências de
trompetistas, com diversos vídeos na internet (Youtube), CDs e DVDs), se avaliar a todo o
momento que estiver tocando.
Ø Não quero aqui dizer, que com isso a orientação de um bom professor não é importante, é muito
importante, no entanto ele nem sempre estará por perto, para nos assistir.
Ø A cada vez que for estudar o instrumento, pense em como tem que fazer as coisas acontecerem
(som, articulações, afinação, respiração, etc.) e não o que fazer (estudos), o fazer está presente em
níveis diversos, desde um músico estudante ao que atua como profissional, a diferença está pelos
quais meios se chegarão aos fins. Evite desgastes desnecessários tocando por impulso, sem foco
(propósito musical), valorize seu tempo!

Revisão do texto: 15 Novembro 2013.

Autor: Fábio Souza Pinto - Curitiba PR


Colaborador: Fernando Lopez – São Paulo SP

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