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A arte
de
improvisar

por Carol Panesi

Todos os direitos relativos a esta obra, como reprodução, alteração, comercialização e


distribuição pertencem à autora e só podem ser utilizados com sua prévia autorização.

A Arte da Improvisação
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Sobre a autora:
Vencedora do Prêmio Profissionais da Música - PPM
2019 como Autora e Instrumentista Feminino,
vencedora do Prêmio MIMO Instrumental 2018, a multi-
instrumentista carioca Carol Panesi tem como formação
a música universal difundida por Hermeto Pascoal.

Foi integrante, por 13 anos, do Itiberê Zwarg & Grupo (antiga Itiberê Orquestra
Família), com quem viajou e se apresentou por vários lugares do Brasil e do
mundo.

Dividiu o palco com grandes nomes do cenário musical brasileiro e


internacional, entre eles Hermeto Pascoal, Daniela Spielmann, Quinteto da
Paraíba, Léa Freire, Nicolas Krassik, Ricardo Herz, Clarice Assad e Jongo da
Serrinha.

Com 3 álbuns autorais lançados, ministra oficinas de cordas populares e


improvisação pelo Brasil e mundo, buscando uma pedagogia própria com base
nos princípios da Música Universal.

Introdução:
Improvisar é uma ARTE.
É abrir mão do controle para deixar o inesperado chegar. Deixar fluir a alma,
comunicar. É arriscar, ficar cara a cara com nossos medos, superando-os. É
sintonizar com a intuição. É celebrar. Sentir a brisa do imprevisto causar um
frio na barriga. É acessar esse ponto mágico de conexão com uma imaginação
criativa que não passa pelo racional. É ter a cabeça leve, ser flexível, estar
preparado para mudar de direção a qualquer momento. É ser o que somos:
a liberdade do que quisermos criar.

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10 dicas para te ajudar a improvisar


1 - Expanda seus conhecimentos nos três pilares da música:
ritmo, melodia e harmonia.

2 - Estude as escalas e os arpejos de forma livre e criativa.

3 - Conheça seus limites, para então superá-los.

4 - Estude cantando.

5 - Trabalhe a intuição e a razão como aliadas.

6 - Crie seus próprios exercícios.

7 - Escute improvisadores.

8 - Saiba aonde você quer chegar.

9 - Arrisque-se e supere o medo de errar!

10 - Permita-se e Pratique!

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1 - Expanda seus conhecimentos


nos 3 pilares da música: ritmo,
harmonia e melodia
Um aspecto fundamental é a visão da música como um todo.
Necessitamos ampliar nossa consciência harmônica e rítmica, além da
melódica.

Pensando o improviso como um discurso, a melodia é o narrador


principal. É quem nos conta a história. Nosso grande comunicador. A
melodia trabalha a relação intervalar entre as notas horizontalmente,
assim como as palavras, que uma após a outra vão formando frases.

A Harmonia traz os coloridos, a paisagem. Aqui há uma chave de


conexão com a intuição, tão almejada e necessária à arte da
improvisação. A harmonia trabalha verticalmente a relação intervalar
entre duas ou mais notas tocadas ao mesmo tempo.

O Ritmo faz com que a história se passe em um tempo-espaço. É quem


organiza nossas ideias e pensamentos. Devemos trabalhar para
internalizar a subdivisão, fortalecendo nosso ritmo interno. É o ritmo
que nos conecta, que possibilita tocarmos juntos.

Considero importante que cada instrumentista toque um


instrumento harmônico e um instrumento de percussão. E quem
toca instrumento melódico deve ampliar sua visão sobre ele e enxergá-
lo também como instrumento harmônico e rítmico.

Para você alçar voos cada vez mais altos na arte de improvisar,
é necessário que expanda sua consciência nesses 3 pilares.

Assista aqui a palestra sobre os 3 pilares da Música:


https://www.youtube.com/watch?v=d9VrjMZqc3s

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2 - Estude as escalas e os arpejos


de forma livre e criativa
As escalas e os arpejos são a base fundamental da melodia, trazem o sustento
do fraseado, são o começo de tudo.
Porém, muitas vezes os utilizamos de maneira puramente técnica, tornando o
estudo enfadonho e pouco musical.
Costumo chamar as escalas de conectores universais. São as palavras do
nosso discurso: artigos, substantivos, adjetivos, verbos.
Os arpejos são ferramentas fundamentais de expansão da visão harmônica,
além de proporcionar o desenvolvimento técnico no instrumento. São de
extrema importância para a improvisação. O estudo criativo desses
elementos abre infinitas possibilidades.
Gravei uma série de vídeos de dicas, disponíveis em meu canal no youtube, ensinando
escalas e arpejos. No final de cada vídeo sempre deixo um exemplo de exercício criativo.
Assista a este exemplo: https://www.youtube.com/watch?v=opIMGzR0I0s

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3 - Conheça seus limites, para


então superá-los
Autoconhecimento é a chave de muitas portas da consciência. Assim é na vida,
assim é na música. Se não identificamos onde está o problema, não
conseguimos solucioná-lo. É necessário um diagnóstico de nossa evolução.
Em qual aspecto da música tenho menos facilidade? Harmonia? Ritmo? Parte
técnica do instrumento? Não consigo cantar os estudos? Faça essas perguntas
para você diariamente e direcione seu estudo para onde seu desafio é maior.

Lembrando sempre que nossos limites são temporários e podem ser impostos
ou quebrados apenas por nós mesmos. Não somos, estamos. E amanhã
poderemos estar mais conscientes. Foco, disciplina e entusiasmo são uma
excelente combinação para superá-los.
Deixo para vocês esse minicurso, da professora Lúcia Helena Galvão, sobre como superar
os limites internos: https://www.youtube.com/watch?v=Vnc0TX6Vias

4 - Estude cantando
A voz é a expressão do nosso espírito, da nossa alma. É um poderoso conector
direto com a Fonte Intuitiva. Além disso, ela escancara a verdade dos nossos
processos. É um excelente termômetro. Conhecer, aceitar e trabalhar a voz
fazem parte da busca pelo autoconhecimento e auto acolhimento necessários
à nossa evolução musical. Considero essencial estudar cantando. Foi o cantar
que trouxe a conexão com minha intuição. É o cantar que direciona meus
estudos e é a bússola que aponta o próximo passo.

Assista este bate-papo com Bianca Hermanny sobre a voz como recurso intuitivo:
https://www.instagram.com/tv/CHDpE9UHIR6/?utm_source=ig_web_copy_link

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5 - Trabalhe a intuição e razão


como aliadas
A intuição é responsável pela magia da improvisação. Sabe quando estamos
tão entregues, que tocamos uma melodia que nos surpreende? Nesses
momentos sentimos que somos um canal para a música fluir! Isso é a
sintonia com a intuição.

É necessário desenvolver e ampliar essa conexão, assim como usar a razão


para trazer sustentação para esse processo. A razão traz discernimento,
raciocínio lógico e é uma importante aliada.

Assista aqui uma palestra sobre Música: Intuição x Razão.


https://www.youtube.com/watch?v=JKKCnQZP63k&t=2008s

6 - Crie seus próprios exercícios


Quanto mais trabalhamos a criatividade, mais nos afinamos com essa fonte,
mais nos sentimos aptos a criar, a interpretar. Quando formatamos nossos
próprios exercícios, podemos direcionar exatamente o que precisamos “atacar”
para quebrar os limites e superar bloqueios.

Além disso, faz com que, ao longo do tempo, um vocabulário seja criado. É o
primeiro passo para desenvolver uma identidade musical própria.

Criar os próprios exercícios também traz autonomia para o processo evolutivo


musical.

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Somos responsáveis por nossa evolução: tanto nos instrumentos,


desenvolvendo a capacidade de criar, improvisar e a técnica, quanto como seres
humanos, expandindo valores. Mas, muitas vezes, sem perceber, delegamos
ao outro essa função. Professores e mestres são muito importantes para nos
guiar, nos inspirar, compartilhar caminhos já desbravados por eles. Mas é
fundamental termos a autonomia do nosso caminho, afinal somos os
mestres de nós mesmos e temos todas as chaves dentro de nós.

7 - Escute improvisadores
A improvisação é uma linguagem muito ampla. Mas é uma linguagem, e possui
códigos. E como tudo na vida, referência é muito importante. Ouvir grandes
improvisadores nos ajuda a perceber as estruturas do improviso, a observar
como começam e terminam um solo, como conduzem o discurso, os
"assuntos" que causam interesse em quem está tocando e em quem está
ouvindo. Importante: Não é para copiar ninguém, mas sim usar de
referência.

Deixo aqui alguns nomes que são para mim referências de improvisadores:
Hermeto Pascoal, Itiberê Zwarg, Léa Freire, Hamilton de Holanda,
Dominguinhos, Sivuca, André Marques, Vinícius Dorin, entre muitos outros.

8 - Saiba onde você quer chegar


Há muitas maneiras de se conectar com a improvisação. São inúmeros
caminhos e possibilidades. Por isso, buscar a clareza de onde está seu
entusiasmo é fundamental.

Qual estilo você quer dominar para improvisar? O que você deseja com esse
conhecimento? Aonde você quer chegar musicalmente? São perguntas que te
levam a escolhas de acordo com sua afinidade, e que devem direcionar sua
meta e plano de ação.

Trabalhe em você essa clareza de qual improvisador você quer ser, crie metas
e caminhe diariamente.

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9 - Arrisque-se e supere o medo


de errar
Sabe o famoso ditado “Quem não arrisca não petisca”? Pois bem, é muito real.
Ousadia é um ingrediente que não pode faltar no caldeirão de uma boa
improvisadora, ou improvisador.

Mas…temos um verdadeiro pavor de errar, não é mesmo? Quantas vezes


ouvimos em nossa infância que é feio errar? Que é vergonhoso equivocar-se
na frente das pessoas?

O medo de errar em público, de se expor e de ser julgado, é causa de muito


bloqueio de criatividade. Esse medo nos impede de arriscar e bloqueia a aliança
com a intuição. Nos privamos do inesperado.

Pergunte a você mesmo: De que eu tenho medo? Qual a pior coisa que pode
acontecer?

Lembre-se de que os grandes improvisadores já erraram muito. E continuam


errando, mas aprenderam a fazer arte com o “erro”. Ninguém,
absolutamente ninguém nasce pronto, tudo é construção.

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10 - Permita-se e Pratique
A auto permissão é tudo. Ela está aliada à fé. Se não acreditamos no nosso
poder de criador, não abrimos este canal. O que não concebemos na mente,
não conseguimos manifestar. Precisamos nos dar permissão para voar,
arriscar, e o mais mágico, para nos surpreendermos conosco!

Outro fator essencial para ampliarmos as ferramentas de improvisação


adquiridas nos estudos e aulas é a experiência. Quanto mais praticamos, mais
ganhamos robustez no discurso e confiança em nossa capacidade intuitiva
e criativa. Tocar sempre e cada vez mais arriscar-se em rodas, canjas, estudar
com amigos, tudo isso vai ajudar muito, pois tudo é prática.

Assista a “Um filósofo não é só teórico.” A mesma ideia vale para o músico.
https://www.instagram.com/p/CPdCC1lJAag/

“Degrau a degrau, a natureza não dá saltos.”


Professora Lúcia Helena Galvão

©2021 by Carol Panesi


Desenho por Manuela Weller
Revisão, diagramação e arte por Ana Eliza Colomar

Santo Antônio da Serra – RJ.


Primeira Edição

A Arte da Improvisação

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