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MIXAGEM ANALÓGICA
Imagem sonora de um quinteto de jazz, extraída do clássico livro “The Art of Mixing” de David Gibson
Mas, quem tem a música na cabeça não é o arranjador? Quem realmente pode ter uma
idéia mais precisa de como aquele monte de instrumentos e vozes gravados em separado soam
juntos é o músico (ou os músicos), ou seja, quem concebeu a obra como um todo.
Um operador de estúdio que está sendo apresentado hoje à sua música não é,
provavelmente, a pessoa mais indicada para decidir a importância de cada parte, os diversos
planos, as ambiências e a presença de cada som. A não ser que ele freqüente todos os ensaios
da banda.
Como justificar certas frases que, infelizmente, ouvimos e até lemos por aí, como "os
palpites dos músicos atrapalham a mixagem", "na hora da mixagem, pode ir todo mundo
embora" ou "o problema é que agora todo músico pensa que é produtor ou engenheiro"?
Eu mesmo cheguei a travar o seguinte diálogo certa vez, quando aluguei um estúdio
comercial para gravar e mixar um rock no estilo do Van Hallen:
– Por favor, você pode aumentar o teclado e abaixar a guitarra? − pedi ao operador e
sócio do estúdio.
– De jeito nenhum! A guitarra tem que ficar na frente e o teclado atrás! − ele quis
ensinar.
– Mas nesta música, não, porque o sintetizador toca sozinho os acordes, bem forte,
enquanto a guitarra só está apoiando o baixo. − insisti.
Ele parou a música, girou 180 graus na cadeira, fixou os olhos nos meus e encerrou:
– Isto não existe! Guitarra é na frente e teclado é atrás!
Lembro que foi nesse dia, lá pelos anos 80, que decidi montar meu home studio.
Os operadores (engineers) e seus auxiliares conhecem áudio e o equipamento utilizado
numa produção. O produtor musical e o arranjador são as pessoas que conceberam aquela
versão da música que está sendo gravada. O perfeito entrosamento entre as idéias musicais e
as possibilidades das máquinas, para se chegar ao melhor som, depende da boa sintonia entre
os músicos e os técnicos. Estes vão traduzir aquilo que aqueles criaram para a língua da
máquina.
Isto não tem nada a ver com um ou outro bicão que aparece às vezes, na frente ou atrás
da mesa, fazendo lobby para seu instrumento ficar só um pouquinho mais alto...
É preciso saber separar as coisas. Senão, caímos numa questão delicadíssima que
termina por influenciar os destinos da música e do áudio. O senso crítico acaba, o
conhecimento e a experimentação são substituídos por procedimentos-padrão. Todo mundo
gravando igual, com o mesmo equipamento, regulado do mesmo jeito. Quando a arte vira
indústria, é grande a chance de não ser mais arte.
Enquanto o músico precisa conhecer áudio para saber fazer soar aquilo que concebeu,
o profissional de áudio precisa entender que ele também é um músico e buscar dominar
também as ferramentas musicais. Mais de noventa por cento do que se grava e do que se
sonoriza é música.
Após gravarmos todas as partes do
arranjo, sejam pistas de áudio com vozes
e instrumentos, sejam pistas MIDI de
instrumentos eletrônicos ou as duas coisas
juntas, é chegada a hora de preparar o
produto final. Mixar significa misturar,
juntar todos os sons numa nova gravação
estéreo. Dosar a presença e a posição de
todas as partes gravadas é uma arte que
leva em conta os estilos musicais, o
“ouvido interno” do compositor, do
arranjador e do intérprete, as tendências e
necessidades mercadológicas e as
características acústicas da mídia de
gravação. Uma big band
Construção da “imagem” sonora. Antes da mixagem o produtor deve procurar
imaginar a sonoridade que ele busca. Tendo a mesa de som como um palco imaginário, com os
monitores posicionados simetricamente nos dois lados da mesa e na altura dos ouvidos,
visualizamos a distribuição dos instrumentos e vozes nesse cenário. Depois, com os controles da
mesa, dos programas e dos processadores, “posicionamos” todos os sons até atingirmos o
resultado pretendido e o gravamos em estéreo. A opinião do arranjador é fundamental para
embasar as ações do produtor musical durante a mixagem. Afinal, só ele tem em mente a
sonoridade que pretende para sua instrumentação.
Cada gênero musical tem sonoridade totalmente distinta de cada outro. A mixagem busca
otimizar os espaços sonoros, para que as várias freqüências e posições espaciais sejam
preenchidas com equilíbrio. Porém, o gênero musical e a opinião dos responsáveis pela criação,
como o compositor e o arranjador, são fatores determinantes para que esse equilíbrio seja
condizente com o estilo.
Não sem razão, a mixagem é a fase mais delicada e subjetiva de todo o processo de
gravação.
É nela que todo o material gravado adquire personalidade, mais valorizado quanto maior
for o talento e a experiência do produtor. Mas ninguém deve se iludir com a lenda de que é
possível compensar uma má gravação na hora da mixagem. A mixagem dá sentido e até mesmo
valoriza a gravação, mas não a corrige.
Bem gravado (e bem escrito), um bom arranjo tende a ser mixado com mais facilidade. O
arranjador, no momento da criação, deve ter em mente a sonoridade geral do trabalho como um
todo, não a soma das partes. De qualquer modo, devemos gastar na mixagem de cada música o
tempo que for necessário, podendo chegar a muitas e muitas horas ou até mesmo vários dias.
Conectadas as saídas da placa de áudio e dos sintetizadores MIDI aos canais de entrada
da mesa, seus sons são tratados pelos processadores de efeitos e de dinâmica e pelos
equalizadores externos ou incorporados aos próprios canais da mesa.
Posicionamos os sons
na imagem estéreo com os
controles da mesa e dos
efeitos. Trazemos um som
mais para a frente, como a
voz, ou o levamos para o
fundo, como uma orquestra
de apoio ou uma “cama”
(base harmônica contínua)
sintetizada. Para isso,
contamos com os controles
de volume, com os
compressores (que ajudam a
fixar o volume de um canal
ao longo da música) e com os
efeitos de reverberação e eco
(que dão profundidade e
ambiência).
Solo de guitarra de heavy metal
Conexões e endereçamento. Os sons a serem mixados vêm das saídas da placa de som e,
quando trabalhamos com um seqüenciador MIDI, podem vir também dos sintetizadores de
teclado ou rack. Além dos controles da mesa “física”, também controlamos a mixagem das pistas
MIDI seqüenciadas no programa e até mesmo nos próprios instrumentos que elas acionam. O
áudio gravado no HD do micro pode também ser controlado tanto pela mesa real quanto pela
virtual. De acordo com a necessidade, podemos escolher qualquer das três frentes de operação, a
mesa, o software e os instrumentos MIDI.
No passado, toda a mixagem era feita na mesa de som. Hoje, podemos usar a mesa, o
computador e os instrumentos MIDI.
Com múltiplas saídas de som nos sintetizadores, samplers e baterias eletrônicas, mais
comuns nos modelos em rack do que nos teclados, podemos mixar as partes em separado,
enviando vários canais do módulo para os canais da mesa, um por um. Cada som dos
sintetizadores é controlado por um diferente canal MIDI e pode ser endereçado individualmente a
um ou a vários canais de áudio da mesa por uma ou por várias saídas do instrumento. Igualmente,
com vários instrumentos de percussão acionados por diferentes canais MIDI, podemos controlá-
los em separado pelo seqüenciador.
Enviados todos os sons à mesa e conectados os efeitos, realizamos a mixagem, fazendo
tocar a gravação multipista e/ou a seqüência MIDI inúmeras vezes, enquanto vamos ajustando os
canais da mesa, os processadores e, se for o caso, os canais MIDI e a automação. Mandamos os
sons para os canais máster estéreo ou para um par de subgrupos e dali para o computador ou
mesmo para um gravador estéreo, como o tape deck cassete, o MiniDisk, o DAT (Digital Audio
Tape), o rolo estéreo e o CD/R. O ideal é primeiro enviar o material para o computador, de onde
os sons, já mixados e armazenados, poderão ser transferidos para qualquer outro meio.
Podemos fazer várias gravações da mixagem com diferentes ajustes ou equalizações para
escolher depois. Na masterização, fazemos a seleção entre as várias versões mixadas de cada
música, definindo o produto final.
Todos os sons que vamos mixar são ligados à mesa. Da placa de som, todas as saídas
com o áudio das pistas gravadas são conectadas aos canais principais. Também são enviadas
aos canais principais as saídas dos
instrumentos MIDI seqüenciados.
Essas conexões se dão por cabos
analógicos XLR (Cannon), P10 ou 1/4”
(banana) ou coaxiais (RCA), ou por
multicabos específicos para certos
gravadores. Se a placa usa um tipo de
conector, o efeito outro e a mesa um terceiro
formato, use cabos com plugues diferentes
em cada extremidade. Os adaptadores para
esses diversos formatos, facilmente
encontráveis nas lojas de componentes
eletrônicos, costumam acrescentar ruídos.
Blues
Quando a mesa e os gravadores são digitais, podemos optar entre o uso de cabos
analógicos ou digitais. Com os primeiros, sempre que o áudio transitar de um aparelho para
outro, haverá duas conversões: digital/analógica (DA) e analógica/digital (AD). DA na saída e
AD na outra entrada, após o sinal elétrico passar pelo cabo. Com cabos digitais, sejam
elétricos ou óticos, os sons circulam entre os equipamentos sem novas conversões AD ou DA.
A conexão de cabos digitais entre a mesa e os gravadores deve atentar para os diversos
formatos. Se, por exemplo, sua placa de som tem entradas ADAT lightpipe, a mesa deverá
Dois SENDs mono enviados para as entradas estéreo; a volta usa um par estéreo de RETURNs
Se, em nosso exemplo, o pan do canal da voz está na posição central, ouvimos a voz
no centro. É natural querermos a reverberação em torno do centro. Basta abrir os botões
auxiliares 1 e 2 do canal da voz em níveis idênticos. Mas, se o violão está com o botão pan
virado um pouco para a esquerda, e queremos que a reverberação acompanhe a posição
espacial do violão, abrimos mais o botão auxiliar 1 do que o auxiliar 2 no canal do violão. Isto
fará com que mais sinal do violão entre pela esquerda do que pela direita do efeito. O efeito,
igualmente, sairá mais forte pela esquerda, soando ao mesmo tempo em torno do violão (à
esquerda) e da voz (ao centro). Para adicionar o efeito a um som que esteja mais para a direita,
giramos o botão auxiliar 2 com mais nível que o auxiliar 1. O efeito também soará mais à
direita. O mesmo processador de efeitos, desta forma, atua na voz, no violão e em quaisquer
sons, respeitando suas posições no panorama estéreo.
No canal 1, com o PAN no centro, os auxiliares 1
e 2 têm a mesma intensidade; no canal 2, com o PAN
mais à esquerda, o auxiliar 1 tem mais nível que o 2; no
terceiro canal, o PAN para a direita demanda um nível
mais alto no auxiliar 2 do que no 1.
Mesmo usando duas “mandadas” auxiliares (AUX
SEND 1 e 2), o efeito retorna com dois cabos para um
mesmo par de retornos (p/ ex., AUX RETURN 1 LEFT e
AUX RETURN 1 RIGHT). O outro par de retornos
auxiliares, no caso, fica vago, disponível para a conexão
de um outro equipamento estéreo à mesa.
Com estas conexões, o ouvido determina, em cada canal, a quantidade de efeito que
dosaremos para a esquerda e para a direita. Podemos experimentar efeitos especiais, como
uma guitarra tocando de um lado e o seu eco respondendo do outro. Com os sons dos efeitos
mais perceptíveis, por estarem posicionados corretamente, a mixagem se torna mais clara e a
criatividade do produtor corre mais solta.
Lembre-se: na maioria das aplicações, reverberador não é pra criar efeitos, mas antes
de tudo para criar a ambiência que sons armazenados a seco nunca teriam sem ele. Exagerada,
a reverberação dilui os sons, tirando a sua presença e inteligibilidade. A exceção é para o uso
da reverberação como efeito especial, onde terá intensidade maior que a normal.
Com maior quantidade de aparelhos conectados aos canais auxiliares, podemos usar
distintas programações de reverberação, ajudando a realçar cada instrumento.
Compressor. O mais importante processador de dinâmica reduz a variação de
intensidade (volume) ao longo de uma pista gravada. Com isso, os exageros de interpretação
(ou mesmo de captação) são atenuados, permitindo-nos aumentar o volume de todo o trecho
sem causar distorções no som. Em outras palavras, ajuda a manter o volume constante.
Variações excessivas de dinâmica não permitem uma boa audição dos trechos musicais
com baixos níveis de sinal. No áudio digital, convencionou-se que o limite máximo de volume
é zero dB. Ultrapassar essa marca é acrescentar um ruído (clip) insuportável que inutiliza todo
o trabalho. O compressor segura os picos de volume próximo a esses limites enquanto
aumenta os trechos de menor intensidade para que fiquem mais audíveis.
Ao mesmo tempo, alguns instrumentistas e vocalistas interpretam suas partes com um
rigor nem sempre igual ao pretendido pelo arranjador ou pelo regente. Na mixagem, isto pode
soar como se o músico tocasse movimentando-se para a frente e para trás. Para “segurar” os
sons na mixagem, dosamos com cuidado o limiar (threshold) e a taxa (ratio) de compressão.
Comprimidos os picos de volume, podemos nivelar o canal num plano mais definido. Assim,
podemos “levar” o cantor para a frente sem que pareça que ele às vezes se esconde atrás da
bateria ou do baixo.
Para comprimirmos vários canais, usamos um compressor para cada canal. Ele se
conecta através do insert do canal. Conforme o caso, a gravação mixada em estéreo também
pode ter sua dinâmica atenuada por um compressor estéreo, conectado aos dois inserts dos
canais máster de saída da mesa.
Equalizador. Durante a
mixagem, os sons de certas fontes
podem ter sua presença ofuscada por
outros. O reforço de certas freqüências
em um ou a atenuação no outro podem
garantir a sonoridade do arranjo.
Com o equalizador do canal da
mesa ou outro inserido nele, de
preferência um paramétrico, podemos
atingir timbres mais próximos do ideal.
Ocupamos assim, com mais equilíbrio,
o espectro de freqüências audíveis.
Contudo, quanto mais alteramos o
timbre pelo EQ, mais artificial fica o
som, pela deformação das ondas sonoras. Representação de diversas faixas de freqüências
É preciso poupar os sons do excesso de equalização artificial, especialmente através de
uma boa captação. Sons naturais bem microfonados e bem armazenados tendem a reduzir a
necessidade do uso do EQ.
A acentuação das altas freqüências pode dar mais transparência, enquanto nas médias
acentuamos a inteligibilidade e nas baixas (graves) reforçamos o peso do som.
Sempre que possível, deixamos a equalização para a mixagem, quando podemos
mexer nos timbres levando em conta todos os sons gravados.
Noise gate. Na gravação multipista simultânea de vários instrumentos ou vozes através
de vários microfones, são inevitáveis os vazamentos dos sons dos instrumentos entre os
diversos canais. Na mixagem, fica difícil controlar cada som, já que ele aparece em vários
canais ao mesmo tempo. O noise gate é o recurso usado para amenizar esse problema. Bem
regulado o nível do limiar de atuação, o gate corta os sons de nível abaixo deste ponto, de
modo a que o canal só soe quando o instrumento está atuando e silencie com as pausas, não
reproduzindo os sons vazados. Isto é, o canal soa ou não soa. Serve apenas para eliminar os
vazamentos durante as pausas (silêncio) do instrumento ou voz que realmente pertence ao
canal. Quando o instrumento está tocando, os sons vazados não são atenuados pelo noise gate.
Usamos um gate para cada canal captado por microfone.
Ideal para cortar vazamentos de sinais que se alternam, como as peças da bateria e as
percussões, o gate, não tem tanta eficácia para corrigir erros de captação. Na falta de um
isolamento e um tratamento acústico, evitamos ruídos de fundo na hora de gravar fechando
portas e janelas, desligando ventiladores e ar condicionado, posicionando corretamente
músicos, instrumentos e microfones e, sempre que possível, gravando uma fonte sonora por
vez.
O noise gate é conectado a cada canal pelo insert. Muitos compressores contêm um ou
dois gates incorporados. Podemos usar cada um em separado ou os dois recursos ao mesmo
tempo.
Mixagem de pistas de áudio. Se primeiro tentamos construir uma “imagem” dos sons
em nossa mente, com suas posições no espaço auditivo, é válido rabiscarmos essas posições
no papel. Isto servirá de roteiro para que não percamos de vista nossas intenções durante o
longo processo da mixagem de uma música. Agora só resta controlar a mesa até que o som
corresponda a essa imagem desenhada.
Para nivelar e processar os sons, posicionando-os no campo estéreo esquerdo/direito,
agimos em etapas semelhantes à construção de uma casa: primeiro os alicerces, depois a
estrutura, com colunas e vigas, em seguida as paredes, lajes, acabamento e por último a
decoração. Em música, isso corresponde aos instrumentos percussivos e o baixo (estrutura),
instrumentos da base harmônica como o violão, a guitarra ou o piano (paredes e lajes), solos e
efeitos (acabamento), deixando as vozes e instrumentos solistas para o final.
Evitamos excessos reduzindo níveis em vez de aumentá-los, sempre que isso for
possível. Exemplos: se precisamos de médios, tentamos primeiro abaixar graves e agudos; se a
voz está baixa, abaixamos os demais sons em vez de aumentá-la. Evitamos assim uma
mixagem muito saturada.
Se dois instrumentos “brigarem” pela mesma faixa de freqüências, experimentamos
afastar um do outro pelos controles de
pan. Podemos também realçar
freqüências mais altas de um e mais
baixas do outro. Convém nessa hora
conferir como soa esta mixagem em
modo mono, para ouvirmos se os dois
instrumentos não estão se cancelando.
Se for o caso, invertemos a polaridade
de um dos canais, usando o botão
phase (fase), caso exista na mesa, ou
um cabo com as ligações invertidas.
Nos programas como o Sonar ou o
Sound Forge, esta inversão é bem
simples.
Panorama estéreo natural de uma bateria
Se a mesa dispuser de subgrupos de canais, podemos agrupar aqueles canais que temos
que aumentar ou abaixar coletivamente, como a bateria, seções instrumentais (“naipes”),
vozes ou toda a base instrumental. Ao enviar o som de um canal para um subgrupo, tire-o do
máster e envie apenas o subgrupo ao máster.
Verificamos sempre os indicadores luminosos ou LEDs dos canais de entrada,
subgrupos e máster, para evitar distorções, assim como os LEDs do gravador.
Se formos alterar o volume de um canal durante a música e não dispusermos de
automação, é útil colar uma pequena fita adesiva de papel paralelamente ao fader, logo ao lado
deste, para marcar a lápis as posições botão que vão se alternar. Assim, saberemos mover o
fader até o ponto exato, adiantando o serviço.
A automação é a solução ideal para quando temos que fazer muitas alterações de
volume, já que em vez de anotarmos esses volumes nas fitas adesivas e movermos os faders
manualmente, um computador “anota” as posições e seus momentos, além de mover os
controles automaticamente.
Gravando o áudio num HD de computador através de um programa e usando a mesa
externa, podemos aproveitar também a mesa virtual do software para automatizar as
alterações. O som sempre chegará à mesa real já com as mudanças feitas pela mesa virtual.
Se não formos
usar fontes externas na
mixagem, como efeitos e
sintetizadores “físicos”
ou “reais”, poderemos
mixar tudo dentro do
computador. Ajustamos
os sons dos canais na
mesa virtual do
programa, selecionamos
todas as pistas e
mandamos o programa
criar um arquivo de som
estéreo, que levará em
conta todos os ajustes
feitos na mixagem. Esse
arquivo estéreo será
depois copiado ou
convertido para qualquer
formato. Veja mais em
Mixagem Virtual.
A seção de despertadores em “Time” do Dark Side of the Moon do Pink Floyd
Mixando numa mesa analógica, podemos gravar o resultado em uma pista estéreo do
próprio programa de computador. Depois, convertemos essa gravação estéreo para um arquivo
WAV (PC) ou AIFF (Mac), que poderá ser copiada em seguida para um CD ou qualquer outro
meio.
Automação. O controle das pistas de áudio é tradicionalmente feito na mesa, com auxílio
dos processadores. Nas mesas automáticas podemos gravar nossos movimentos no computador
ou na própria mesa, conforme o modelo. Automatizar a operação da mesa na mixagem é muito
útil, já que temos que repetir a música inúmeras vezes em busca do equilíbrio ideal entre os sons.
Muitos deles têm que ser alterados na mesa em tempo real, como quando um cantor se afasta do
microfone num trecho, o que nos obriga a aumentar o volume do seu canal toda vez que
passamos por aquele trecho da música. Outro exemplo é quando queremos fazer variar a
dinâmica de um fundo orquestral. Sem a automação, só nos resta mover os faders desses e de
outros canais todas as dezenas ou centenas de vezes em que repetirmos a execução da música.
O áudio gravado no HD do computador pode ser mixado nas mesas virtuais dos diversos
programas de gravação multipista. Ali registramos comandos que são automatizados. Podemos
operar os controles de todos os canais com o mouse, ou usar uma superfície de controle. Mixar
tudo através do mouse pode ser tarefa um tanto exaustiva.
Finalização. Refazemos a mixagem quantas vezes forem necessárias até atingirmos a
sonoridade mais próxima da ideal em todos os momentos da música. Gravamos a música
mixada em estéreo, podendo gravar várias vezes, a fim de escolhermos a melhor versão
durante a masterização. Experimentamos diversas mixagens, como a voz mais alta ou mais
baixa. Após um intervalo, selecionamos a versão ideal para ser masterizada. Remixamos o
material quando é necessário, aproveitando a disponibilidade de tempo no estúdio caseiro.
Devemos ouvir o resultado em todos os equipamentos de áudio possíveis, do mais
modesto ao mais sofisticado: outros estúdios, micro-system da casa dos amigos, som do carro,
P.A., igrejas, boates, caixas do kit multimídia do PC, alto-falantes da TV, som portátil, todos
os fones de ouvidos disponíveis e o que mais aparecer. A mixagem tem que soar bem em
todos. Não adianta um equilíbrio perfeito que só dá para ouvir nos monitores do estúdio. O
disco bem feito soa bem em qualquer lugar. Refaça a mixagem até que isto aconteça.
O arranjo bem feito, bem interpretado por todos os músicos, bem captado e bem
armazenado costuma ser mais fácil de mixar. Os objetivos da mixagem são nivelar e
ambientar os diversos sons, criando o
material estéreo, e não corrigir erros e
imprecisões das fases anteriores da
produção.
O início e o fim da mixagem de uma
música devem ser bem cortados, para que
não restem ruídos no produto final. Para
isto, podemos usar um programa de edição
como o Sound Forge ou o Wave Lab.
Todos os cortes dão melhores resultados
quando o movimento do operador
acompanha o ritmo ou a pulsação da
música.