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SEQÜENCIAMENTO MIDI NO SONAR

As múltiplas utilidades da interface MIDI têm nos seqüenciadores sua mais


completa tradução. Em forma de programas de computador, de aparelhos dedicados ou
integrando teclados workstations (estações de trabalho), os seqüenciadores tornaram-se
tão imprescindíveis quanto os gravadores multipista. Os programas evoluíram tanto que
passaram a incorporar os próprios gravadores (e, de resto, todo o estúdio!) entre seus
recursos.
Um seqüenciador registra ao longo do tempo os comandos MIDI executados
pelo músico num instrumento controlador. Assim, ele pode executar esses mesmos
comandos (notas e outros) no mesmo ritmo em que foram tocados, funcionando como
uma ‘mão invisível’ que ‘toca’ os sintetizadores, todos de uma vez.
O seqüenciador não grava os sons, mas apenas comandos musicais. Quando
“gravamos”, ou melhor, seqüenciamos um arranjo, nós tocamos num controlador, que
pode ser um teclado ou outro instrumento. O seqüenciador registra todos os movimentos
do músico no instrumento, como as notas, a dinâmica, os pedais e outros controles.
Esses comandos são armazenados em pistas MIDI, exatamente como em um gravador
de áudio. Cada pista costuma ser associada a um canal MIDI. Tocando a pista, o
seqüenciador executa a música no sintetizador que estiver recebendo os comandos
através daquele canal.
Como o que é registrado são comandos e não sons, podemos executar a música
num sintetizador diferente daquele usado na gravação. Ou seja, gravamos com um
timbre e, querendo, ouvimos outro. Também podemos facilmente mudar o tom e/ou o
andamento da música. Passagens mais difíceis podem ser seqüenciadas mais devagar e
depois ser aceleradas. Com a edição, aperfeiçoamos a execução do músico, corrigindo
notas, copiando e colando trechos, além de muitas outras funções.
O processo de criação musical fica muito facilitado e enriquecido com o
seqüenciador. Editando cada nota ou cada trecho com relativa facilidade, compomos ou
arranjamos ouvindo nossas idéias na mesma hora já com os timbres desejados.
Selecionamos os timbres, após a gravação, ouvindo a música com sons diferentes até
escolher a sonoridade ideal. A cópia e a colagem dos trechos nos permite definir a
forma das canções enquanto ouvimos cada opção.
Os arquivos MIDI seqüenciados são levíssimos como um arquivo-texto. Já que
os sons são sempre gerados pelos instrumentos, mesmo depois de “gravados”, o
seqüenciador só arquiva comandos como, por exemplo, pressionar e soltar cada tecla.
Sem gravar o som, o seqüenciador só registra dois comandos simples: note on
(pressionar) e note off (soltar). A força do toque é definida por outro comando (velocity)
simultâneo ao note on. Depois os comandos são executados pelo seqüenciador sobre o
sintetizador, exatamente como o músico havia tocado.
Os instrumentos virtuais são uma outra história. Gigantescos, com suas livrarias
ou bibliotecas de sons, além de ocupar muito espaço em disco, exigem bastante da
memória RAM quando estão em uso.
Múltiplos sons de um arranjo musical podem ser seqüenciados quando usamos
vários sintetizadores ou um instrumento multitimbral, que toca vários canais MIDI ao
mesmo tempo. Nos dois casos, cada parte do arranjo é comandada por um diferente

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canal MIDI. Podemos, assim, registrar um arranjo com muitos “instrumentos” sem
gastar uma pista sequer de áudio.
Mais do que em estúdios de grande porte, o seqüenciador é imprescindível no
home studio. Todos aqueles instrumentos que sejam difíceis ou impossíveis de gravar,
como uma orquestra ou, em muitos casos, a bateria, ou qualquer outro, podem ser
substituídos por sons eletrônicos facilmente seqüenciados.
O estúdio MIDI. Para tocarmos os trechos que serão seqüenciados, usamos um
instrumento controlador. Pode ser um teclado, uma guitarra MIDI, pads de percussão
eletrônica ou outros formatos. Geralmente, tocamos no controlador e depois editamos os
detalhes no seqüenciador. Alguns músicos conseguem produzir toda a música
adicionando as notas passo-a-passo em vez de tocar, usando, por exemplo, o mouse.
Os sons são gerados por diversos tipos de instrumentos eletrônicos, aqui
chamados de escravos. Eles podem ter a forma de teclados, módulos, racks ou placas de
multimídia. Os geradores de sons, independente do formato do instrumento, podem ser
sintetizadores, samplers ou presets. Veja mais em MIDI.
Conexões. Seja usando um computador com interface MIDI ou um seqüenciador
em hardware, as ligações são idênticas. A saída MIDI out do controlador é conectada à
entrada MIDI in do seqüenciador ou placa MIDI. A saída MIDI out do seqüenciador ou
da placa é conectada á entrada MIDI in do escravo ou gerador de sons (sintetizador).
Se o seqüenciador ou a placa só tem um MIDI out e usamos vários sintetizadores
escravos, estes são ligados em série: do MIDI out do seqüenciador para o MIDI in do
primeiro escravo; do MIDI thru deste para o MIDI in do segundo escravo; do MIDI thru
deste para o MIDI in do terceiro escravo e assim sucessivamente.
Em muitas interfaces MIDI para computadores dispomos de várias portas MIDI
de saída, ou MIDI out. Cada uma se conecta por um cabo a diferentes instrumentos
escravos, transmitindo comandos por 16 canais. Várias portas permitem o uso de mais
canais e ainda evitam as ligações em série via MIDI thru dos sintetizadores. Com mais
canais MIDI, exploramos melhor os recursos dos instrumentos multitimbrais. Há
interfaces com duas até oito portas, alcançando a marca de 128 canais MIDI. Veja mais
em MIDI.
Local on/off. Existem vários controladores mudos, mas é comum o uso de
teclados sintetizadores para controlar o seqüenciamento de sons. Como estamos lidando
com múltiplos sons eletrônicos em diferentes canais MIDI, não convém que o teclado
controlador soe junto com um escravo quando estamos usando um som deste último. É
muito inconveniente, por exemplo, seqüenciar uma bateria usando as teclas de um
sintetizador e ouvir um piano repetindo a mesma nota toda vez que tocamos a tecla do
bumbo ou da caixa. Isto acontece porque estamos seqüenciando uma bateria
remotamente, usando as teclas do sintetizador, e este vai tocar junto com ela na hora de
gravar. Enquanto a bateria é acionada via MIDI, o sintetizador é acionado internamente
pelo próprio teclado. Para evitar este problema, usamos no sintetizador controlador a
função MIDI Local.
O instrumento fica sempre no modo Local off, para que só toque a si próprio
através das conexões MIDI, nunca internamente (localmente). No seqüenciador
determinamos em que canal MIDI estamos trabalhando, tanto faz se usamos naquele
instante um som do próprio controlador ou de um escravo. Com o controle Local na
posição off, só aquele canal soará quando tocamos o teclado. Ao mesmo tempo, o
seqüenciador toca todos os canais MIDI em uso, de quaisquer escravos.

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A função Local on é usada em apresentações e ensaios, ou seja, quando o


teclado está fora do estúdio MIDI.
Para seqüenciarmos músicas usando um teclado com sons próprios, este fica
sempre em Local off.
Quando todo o processo de seqüenciamento é feito em um único teclado
workstation, não há o que conectar, a não ser as saídas de áudio. Veja mais em MIDI.
Software. Esses programas apresentam várias telas de edição gráfica. A música
tocada aparece instantaneamente, por exemplo, numa partitura, que pode ser editada
com o mouse. A tela conhecida como “piano roll” permite uma edição intuitiva das
notas e de outros eventos.
Os seqüenciadores em software mais usados no PC são o Sonar (da Cakewalk) e
o Cubase (da Steinberg).
No Macintosh a concorrência entre os programas é maior. O mesmo Cubase
disputa o mercado com os tradicionais Logic (da própria Apple), Performer (da MOTU)
e Vision (da Opcode).
Todos esses seqüenciadores apresentam hoje riquíssima implementação de
recursos para gravação de áudio multipista em HD.
Existem seqüenciadores dedicados como o Reason e outros, alguns muito úteis.
Apesar de terem menos recursos, podem complementar o trabalho de qualquer dos
programas citados, bem como o de gravadores como o Pro Tools (da Digidesign).
Interfaces. As placas e interfaces MIDI usadas pelos programas seqüenciadores
nunca interferem na qualidade do som: ela é determinada pelos sintetizadores que
estamos usando. As diferenças entre elas aparecem sobretudo, em dois quesitos: o
número de portas MIDI de entrada e saída e a presença ou ausência de recursos para
sincronismo.
Cada porta MIDI in de entrada permite a conexão de um diferente instrumento
controlador. Podemos, assim, usar, por exemplo, um teclado e uma guitarra MIDI para
seqüenciar arranjos, simultaneamente.
Também usamos as entradas MIDI da interface para operações de salvamento no
computador das programações de diversos instrumentos e outros aparelhos, recurso
conhecido como system exclusive (sys ex).
Com várias portas de entrada, podemos deixar todos os instrumentos, inclusive
os escravos, conectados permanentemente ao computador. Quando a transferência de
dados se fizer necessária, todos já estarão plugados ao micro.
Podemos ainda usar uma porta de entrada para sincronizar um gravador digital a
um programa seqüenciador através de MIDI Time Code (MTC).
As portas MIDI out de saída enviam os comandos MIDI para serem tocados nos
geradores de som. Cada saída da interface controla 16 diferentes canais MIDI através de
um cabo.
Os instrumentos virtuais “criam” no seqüenciador suas próprias portas MIDI
internas, assim que são abertos pelo programa. Isto vale para conexões de instrumentos
por rewire e para os plug-ins.
No seqüenciador, além de determinarmos o canal MIDI de cada pista, temos que
indicar sua porta de saída. Se tivermos duas portas na interface MIDI, isto significa que

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poderemos usar 32 canais MIDI ‘externos’. Uma interface com oito portas MIDI out
permite ao seqüenciador usar até 128 canais MIDI de instrumentos ‘físicos’.
Se usarmos só uma porta de saída num sistema com vários sintetizadores
externos teremos que definir em cada um deles os canais MIDI a que irão responder,
dentro do limite total de 16 canais. Ou seja, com um única porta, mesmo dispondo de
dois ou mais sintetizadores multitimbrais, não poderemos usar todos os canais
disponíveis em cada um. Desabilitamos alguns canais nos próprios instrumentos para
que compartilhem os 16 canais sem sobrepor os seus timbres em indesejáveis uníssonos.
Placas simples para multimídia também podem interfacear sintetizadores ao
computador. Com um cabo adaptador, ligado à entrada para joystick de jogos da placa,
temos um MIDI in e um MIDI out.
Conecte a saída MIDI out de seu instrumento controlador à entrada MIDI in da
interface ou placa MIDI. Conecte a(s) saída(s) MIDI out da interface à(s) entrada(s)
MIDI in do(s) instrumento(s) escravo(s). Se tivermos vários sintetizadores e apenas uma
saída MIDI na interface, ligamos essa saída ao MIDI in do primeiro sintetizador. Da
saída MIDI thru conectamos outro cabo ao MIDI in do segundo sintetizador e assim por
diante. Veja mais em MIDI.
Pistas de gravação. O seqüenciador armazena os comandos MIDI em pistas ou
trilhas (tracks), como se fosse um gravador de áudio. Nesse sentido, a operação é muito
semelhante à de um gravador multipista, já que usamos uma pista para “gravar” um
piano, outra para a bateria, enquanto ouvimos as pistas já gravadas. Escolhemos um
instrumento (eletrônico ou virtual), uma pista, uma porta, um canal MIDI e o programa
(patch) do sintetizador que vamos seqüenciar. Depois, é só acionar a tecla RECORD e
tocar o sintetizador através do controlador.
Podemos usar várias pistas para seqüenciar um mesmo canal MIDI. Dois
exemplos típicos: um piano em que gravamos primeiro a mão direita numa pista e
depois a mão esquerda em outra, ambas no mesmo canal; uma bateria, usando um único
canal MIDI, pode ser seqüenciada peça por peça, pista por pista, tocando primeiro o
bumbo, depois a caixa, os tambores e os pratos, cada um em uma pista.
Exemplos como esses tornam mais fácil a execução musical nos instrumentos
controladores. O som desses canais independe de eles terem sido seqüenciados em uma
ou em muitas pistas. A diferença é a praticidade da operação. Se quisermos, após
editarmos cada pista, podemos reuni-las numa só, sem prejuízo da sonoridade.
Num seqüenciador em software, como o Sonar, as pistas aparecem na tela em a
forma de faixas horizontais, uma abaixo da outra. Nelas costuma haver dois setores. O
da esquerda contém diversas informações de configuração que determinamos, como o
canal e a porta MIDI, o volume, o pan, o programa (patch) do sintetizador e outros. No
setor direito, vão surgindo gráficos referentes ao material musical que estamos
registrando, para visualizarmos os trechos que serão editados em seguida. Visualmente
temos uma boa noção do conteúdo de cada pista, sem necessidade de ouvi-la para
identificar o material ali registrado.
Podemos gravar trechos numa pista sobre outros trechos já gravados na mesma
pista. Quando fazíamos isto num gravador de fita, já conhecíamos bem o resultado: o
material anterior era apagado, dando lugar ao novo. Uma importante diferença do
seqüenciador de MIDI ou de áudio para os gravadores de fita é que podemos “gravar
por cima” do material já seqüenciado sem perder o que já existia, acrescentando notas

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que tinham sido omitidas, por exemplo. O seqüenciador nos dá a opção de substituir ou
acrescentar o material novo sobre o antigo.
Processos de gravação. Antes de começarmos a seqüenciar precisamos escolher
o compasso, o andamento e acionar o metrônomo do seqüenciador. Assim, o material
que gravamos é sempre organizado segundo o tempo musical, em compassos. Qualquer
mudança de andamento ou divisão deve ser indicada no seqüenciador. Toda a edição
posterior do material, como a quantização e a própria localização dos diversos trechos e
mensagens, depende da correta configuração do projeto.
Podemos, contudo, alterar todos esses ajustes a qualquer momento, no decorrer
do trabalho. Por exemplo, gravar devagar e mixar mais rápido (no mesmo tom ou em
qualquer outro) ou gravar num só andamento e criar um rallentando depois.
Na realidade, o termo gravação é usado aqui de forma figurada, já que ao
seqüenciar comandos MIDI não estamos registrando nenhum som, apenas a
performance ou o desempenho do músico. Mas a forma de atuarmos costuma ser muito
parecida com uma gravação de áudio, tanto no instrumento como no seqüenciador. No
instrumento porque podemos tocá-lo normalmente; no seqüenciador porque o operamos
com comandos play, stop, record, rewind, trabalhando nas diversas pistas.
As semelhanças acabam aí: em tudo o mais, o processo é totalmente distinto de
uma gravação real. Por isso, damos preferência ao verbo “seqüenciar”, em vez de
“gravar”.
Podemos seqüenciar pistas MIDI de várias formas. Tocando normalmente ou em
loops (trechos que se repetem continuamente) ou ainda adicionando as notas uma a uma
com o instrumento ou com o mouse. Com um seqüenciador, um trecho de difícil
execução pode ser gravado num andamento mais lento, ou mesmo numa tonalidade
mais cômoda para o instrumentista. Depois mudamos o andamento ou o tom do material
seqüenciado.
As telas de edição gráfica como a partitura (staff ou score) ou o piano-roll
também podem servir para gravarmos músicas ou trechos acrescentando nota por nota.
Todos esses modos podem ser usados em diferentes momentos da produção de uma
mesma música, de acordo com a necessidade.
Como o seqüenciamento é um processo digital, todos os eventos são registrados
segundo uma determinada resolução do contador de tempo. Assim como as imagens na
tela do computador ou num scanner têm um certo número de pontos por área, as notas e
outras mensagens MIDI são seqüenciadas segundo um número de pontos ou pulsos (ou
ticks) por semínima (PPQ = pulses per quarter note).
Os primeiros seqüenciadores MIDI usavam a resolução de 96 PPQ. Dessa forma,
uma colcheia vale 48 PPQ e uma semicolcheia, 24, enquanto uma mínima tem 192 PPQ
e assim por diante. Os seqüenciadores de hoje trabalham com essas e outras resoluções,
ultrapassando a marca de 960 PPQ, que dá maior precisão ao registro rítmico da
performance instrumental. Um ritmo de bateria pop não obtém vantagens em altas
resoluções se for quantizado, mas um piano erudito com certeza perderá nuances de sua
divisão rítmica com um baixo número de pulsos por semínima.
Gravação linear. Este modo de seqüenciamento é o mais natural. Tocando num
instrumento controlador e ouvindo um ou vários sintetizadores, o músico se comporta
como numa gravação de áudio tradicional. Escolhida a pista e determinado o canal
MIDI e alguns outros parâmetros, acionamos a tecla RECORD e tocamos o trecho ou

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toda a música. Depois a ouviremos com o comando PLAY. Cada timbre dos
sintetizadores faz o papel de um diferente instrumento, registrado numa pista através de
um canal MIDI. Em cada pista, vamos registrando a performance desses
“instrumentos”, um a um. Ouvindo os demais sons enquanto gravamos, acrescentamos
pouco a pouco todo o arranjo, tocando normalmente as notas e os controles (pedais e
outros) num sintetizador.
Antes de começar, é preciso determinar no seqüenciador o andamento e o
compasso do trecho. Ao dispararmos a tecla RECORD, ouvimos um metrônomo ou
‘clique’ que marca os tempos dos compassos. Ele soa através de um dos canais MIDI do
sintetizador ou é gerado pelo próprio programa no computador. Seu uso é fundamental
para a posterior edição do material. Para localizarmos um trecho que tem que ser
editado ou para realizarmos certos tipos de edição rítmica, como a quantização, é
necessário que a pulsação da música corresponda ao contador de tempo do
seqüenciador. Quando as pistas rítmicas de percussão ou harmonia já estão prontas
podemos desligar o metrônomo e nos guiar pelo ritmo delas.
Cada trecho mal executado pode ser instantaneamente apagado através do
comando “desfazer” (undo). Usando o controlador MIDI mais adequado à sua técnica
instrumental, todo instrumentista, profissional ou iniciante, pode seqüenciar pelo
processo linear. Os trechos mais difíceis de executar podem ser gravados em outros
andamentos e tonalidades. Basta mudar o andamento do seqüenciador ou o tom das
diversas pistas, gravar e depois fazer o seqüenciador retornar ao andamento ou à
tonalidade inicial.
Gravação passo-a-passo. Em muitas ocasiões, precisamos acrescentar eventos,
sejam notas ou outros controles, um de cada vez. Em vez de tocar, podemos acrescentar
esses dados com uma atenção específica. Alguns músicos usam estes recursos
eventualmente, em certos trechos das músicas. Outros nunca, preferindo sempre tocar.
Compositores e arranjadores que não tocam ou não dispõem de um teclado ou um outro
controlador podem recorrer o tempo todo ao modo step by step.
Nos seqüenciadores, este modo consiste em determinarmos as durações das
notas manualmente, tocando-as uma a uma e acionando os controles do instrumento um
de cada vez. Alimentado com estas informações, o seqüenciador está apto a tocar a
música em tempo real.
Nos computadores, podemos usar as diversas telas de edição gráfica para
acrescentar notas e eventos um por um. Com esses recursos, até uma sinfonia pode ser
seqüenciada pelos dois botões de um mouse. A qualidade do som depende dos seus
sintetizadores e samplers e a expressão, do talento musical de quem opera o
seqüenciamento.
Na tela com a partitura, por exemplo, onde vemos cada pista em forma de um
pentagrama isolado ou em sistemas (grades) com várias pistas, acrescentamos e tiramos
notas com o botão esquerdo, enquanto determinamos sua dinâmica e duração com o
botão direito. De acordo com a duração indicada, os comandos MIDI note on e note off
surgem na tela em forma de figuras musicais como semínimas e colcheias.
No piano-roll, em dois gráficos cartesianos x/y, as notas e os controles têm o
aspecto de traços ao longo do tempo. O gráfico das notas mede a relação altura
(‘afinação’) x tempo. Um teclado desenhado na vertical mostra a posição de cada altura
numa linha horizontal. Numa analogia com a pauta musical, em que os compassos se
sucedem no tempo com as figuras das notas intercaladas em diferentes alturas no papel,

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as notas do piano-roll têm suas durações medidas com grande exatidão pelo
comprimento dos traços. Barras de compasso e de tempo ajudam a localizar o início e o
fim de cada nota. Com o mouse acrescentamos e tiramos notas, mudamos suas alturas e
durações.
O gráfico dos controles, com curvas e traços verticais, mede a intensidade de
cada controle MIDI (volume, pedal de sustain, modulação e outros) ao longo do tempo.
Escolhido o controle que vamos visualizar numa pista, o seu gráfico pode ter diferentes
aspectos, como traços verticais isolados ou consecutivos, em curvas, que sempre
medem as variações desses controles.
Com o mouse desenhamos os movimentos deles ao longo do tempo. Um
exemplo de seu emprego é a correção da dinâmica (velocity) de cada nota, representada
pelo comprimento de uma linha vertical.
A linha vertical da dinâmica coincide com o início do traço horizontal da nota no
gráfico. Seu comprimento significa maior ou menor velocity. Modificá-lo desenhando
um corte horizontal com o mouse torna a nota mais forte ou suave.
A curva de volumes também pode ser “desenhada” em tempo real na tela com a
mesa de som virtual. Com a música tocando, segurando e arrastando o mouse, gravamos
o movimento do fader do canal desejado.
A lista de eventos é outra tela que usamos para acrescentar notas e controles
passo-a-passo. É a tela mais tradicional, presente em todos os formatos de
seqüenciadores.
Gravação em loop. Parecida com a gravação linear, esta modalidade permite
que toquemos um trecho de maior ou menor duração repetidas vezes sem interrupção,
acrescentando os toques pouco a pouco. É ideal para a produção de padrões rítmicos. O
trecho marcado fica tocando sem parar, enquanto vamos escolhendo o tempo exato para
acionar cada nota ou controle.
Quando o seqüenciador permite gravar cada take ou tomada numa diferente
pista, podemos tocar inúmeras vezes seguidas sem parar e só depois escolher a melhor
versão.
Edição e processamento de trilhas. A mais importante inovação trazida pelo
seqüenciador são os poderosos recursos de edição do material musical. Recortar, copiar
e colar trechos, quantizar tempos, mudar as durações, alturas, timbres, intensidades e
outros parâmetros de cada som representam em si uma verdadeira revolução na Música.
A própria criação, antes limitada pela técnica instrumental e pela escrita musical
do compositor, encontra a partir da edição dos eventos MIDI novas fronteiras rumo à
sua constante expansão.
Nivelados agora pela habilidade em dominar recursos tecnológicos cada vez
mais acessíveis, compositores, arranjadores e instrumentistas ocupam um mercado antes
restrito a virtuoses, maestros, engenheiros de som e executivos, ainda por cima tendo (a
maioria) um cômodo da casa como estúdio. Barreiras tradicionais como capital,
erudição cultural e relacionamentos sociais dão lugar à multiplicidade de culturas, à
segmentação de mercados e á democracia na produção musical. Com a internet vêm as
novas tecnologias para distribuição de fonogramas e arquivos MIDI que trazem grandes
expectativas de total pluralização do setor. O resto, a partir daí, é a música de cada um.

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A edição dos sons eletrônicos como eventos MIDI é tão rica em recursos que, se
realizada com persistência e ousadia, leva uma produção caseira até um nível altamente
profissional.
Cada pista MIDI, nota ou grupo de notas do seqüenciador pode sofrer inúmeros
processos de edição. A quantização torna os ritmos mais homogêneos e menos
imprecisos. Ela também permite definir as durações das notas. Com comandos de
alteração de velocity podemos mudar a dinâmica dos trechos sem alterar o volume,
apenas a expressão mais forte ou suave dos toques. Marcamos com o mouse as notas,
pistas e trechos que serão editados.
Associando diferentes comandos podemos criar recursos interessantes. Se
copiamos um trecho de melodia, colando-o em outra pista, e depois transportamos o
tom dessa cópia, criamos uma “segunda voz” para a frase melódica. Se em vez de
transportar o tom arrastamos a cópia para que soe atrasada em relação à original,
criamos um excelente “eco”.
Todos esses recursos de edição devem ser usados com criatividade,
experimentalismo, ousadia, persistência e disciplina. Qualquer semelhança com a
gravação e a edição de áudio é mera coincidência. A edição do seqüenciador pode ser
uma arte como executar uma composição num instrumento ou dirigir uma orquestra.
Quantização. Sempre que tocamos um instrumento, por mais precisa que seja a
execução, alguns sons são sutilmente adiantados ou atrasados. No início imperceptíveis,
essas imprecisões rítmicas tendem a tirar o peso dos arranjos e tornar confuso o discurso
musical à medida em que outros instrumentos vão sendo adicionados à gravação.
Se quisermos que um trecho tenha um ritmo absoluta ou relativamente preciso,
recorremos à quantização. Ela consiste em uma alteração dos eventos MIDI no tempo,
aproximando-o de frações de tempo estabelecidas. Por exemplo, se quantizarmos um
trecho em compasso 4/4 com semínimas, colcheias e semicolcheias temos que escolher
a menor figura, no caso a semicolcheia, como a fração ou a resolução da quantização.
No caso, o seqüenciador divide cada compasso em 16 partes iguais (semicolcheias),
carregando cada nota que estiver fora de tempo para a fração de tempo mais próxima.
O trecho quantizado é absolutamente preciso em relação ao seu ritmo. Isto ajuda
muito a programação de baterias, percussões, baixos e instrumentos de harmonia. Nos
solos e melodias, pode ser melhor, em certos estilos, evitar a quantização para que a
execução não soe muito “mecânica”.
A quantização também pode ser relativizada. No modo percentual ou
“humanizado” estabelecemos uma margem de imprecisão rítmica tolerável. As
variações em torno do tempo absoluto são aleatórias, dentro dessa margem. Na
quantização por “groove”, outra pista gravada serve de modelo para a realocação dos
sons no tempo. Isto faz com que uma pista seqüenciada se comporte ritmicamente com
o mesmo estilo da outra.
A quantização sempre divide o compasso numa “grade” em que cada ponto
corresponde à fração de tempo escolhida. Esta fração pode ser uma figura musical,
como a colcheia e a semifusa, ou uma certa quantidade de PPQ (pulsos por semínima).
Toda nota que não coincide com um ponto da grade é transportada até o ponto mais
próximo, por isso é que temos que escolher como fração a menor figura do trecho.

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Se uma nota tocada estiver tão adiantada ou tão atrasada que seja quantizada
para o tempo errado, só temos duas opções: corrigir este erro manualmente numa tela de
edição ou tocar de novo.
Edição gráfica. A maior vantagem dos seqüenciadores em software são as telas
de edição gráfica. Podermos ver um grande trecho das pistas a editar, ou um detalhe
delas, facilita e agiliza o processo. Com habilidade podemos mesmo escrever a música
na tela com o mouse e ouvir imediatamente o resultado. Visualizar a música nesses
gráficos e interagir com eles permite identificar e remover erros com rapidez e conforto.
Partitura, staff ou score. Como as notas MIDI são registradas com suas
posições no tempo e no compasso, o seqüenciador imediatamente escreve essas notas
numa pauta ou pentagrama. A tela mostra uma pauta ou um sistema (grade) com várias
delas, de acordo com as pistas marcadas ao ser aberta. Ao acionarmos a tecla PLAY, as
notas mudam de cor enquanto são tocadas, facilitando sua identificação.
Além de acrescentar e retirar notas, podemos mudar suas durações, alturas
(afinações) e posições no tempo diretamente dessa tela. As pistas de percussão podem
aparecer em pautas de cinco linhas ou de uma linha, como as melódicas e harmônicas
podem ser escritas em qualquer clave e mesmo em sistemas de duas pautas (piano),
automaticamente. Indicando o tom do trecho ao seqüenciador, as armaduras de clave a
alterações acidentais como sustenidos, bemóis e bequadros são corrigidas
automaticamente.
Essa tela também se aplica à impressão de partituras. Se um trecho não é
quantizado, podemos quantizar apenas sua visualização na pauta para um melhor
resultado na impressão.
As indicações de expressão, pedal de sustain e dinâmica também podem ser
inseridas na tela staff.
Piano-roll e controles. Essas são as telas mais úteis dos seqüenciadores.
Permitem uma edição precisa da maioria dos parâmetros dos eventos MIDI. Gráficos
com linhas, colunas e curvas ao longo do tempo, essas telas podem ser usadas pelos que
não lêem partituras, embora sejam mais úteis ainda aos que lêem, por serem mais
completas que a própria tela staff.
As duas telas, o piano-roll e a curva de controles, costumam vir juntas, uma
sobre a outra, para vermos a atuação dos controladores alternativos (pedais e outros) ao
mesmo tempo que as notas.
O piano-roll é um gráfico cartesiano do tipo x/y, com valores verticais e
horizontais. Na vertical estão as alturas ou o pitch das notas, cada uma numa linha
horizontal. Um teclado desenhado verticalmente na borda da tela serve para
identificarmos a altura certa de cada nota no gráfico. O eixo horizontal representa o
tempo. Cada nota aparece como um traço ou barra horizontal, cujo comprimento
representa sua duração. Notas de mesma afinação, portanto, aparecem sempre como
traços numa mesma linha, enquanto as notas de afinação mais alta ficam mais para o
alto da tela e as mais baixas para baixo.
Com o mouse, além de acrescentarmos e retirarmos notas com um simples
clique, temos ainda as opções de modificar suas alturas, durações, intensidades e
posições no tempo, bastando clicar e arrastar, com muito mais precisão que na tela staff.
A curva de controles permite acrescentar, retirar e modificar valores dos demais
controles MIDI, como o bend ou wheel, velocity, modulation, after touch, volume, pan e

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todos os outros. Situada abaixo ou acima do piano-roll para podermos ver as notas que
tocam junto com a ação dos controles, a curva de controles também tem o aspecto de
um gráfico x/y, onde o eixo horizontal determina igualmente o tempo musical. Na
vertical temos a intensidade do controle escolhido, em forma de uma linha. Quanto mais
longa, mais alto o valor daquele parâmetro.
Na curva de controles escolhemos um parâmetro de edição de cada vez. Se
quisermos editar a intensidade das notas, escolhemos a função velocity. Quanto mais
longa a linha vertical associado ao início de cada nota do piano-roll, maior a intensidade
ou a força (velocidade) do toque. Na função volume, podemos indicar um nível, pelo
comprimento do traço, ou uma sucessiva variação (fade in ou fade out), em que os
múltiplos traços aparecem lado a lado formando uma curva. Tudo isso é feito ao
clicarmos e arrastarmos o mouse, em poucos segundos.
Alguns parâmetros podem ter uma curva em torno de um eixo central. O pitch
bender ou wheel, como sempre retorna ao centro, aparece aqui como uma linha
horizontal central quando em repouso. Acionado para cima, tem a forma de uma curva
sobre essa linha, enquanto com o bender para baixo faz uma curva abaixo da linha.
Controles que só têm as posições on e off, como o pedal de sustain, aparecem
como uma linha vertical de comprimento máximo (valor MIDI = 127) quando
acionados e um ponto na parte de baixo da tela (valor MIDI = 0) quando os soltamos.
Em alguns programas, como o Sonar, essa tela de controles pode estar oculta
após a instalação. Na tela piano-roll aparece uma barra horizontal na parte de baixo, que
deverá ser arrastada para cima com o mouse, permitindo a visualização dos controles.
Lista de eventos. O mais tradicional recurso de edição dos seqüenciadores
aparece como uma lista, em que cada evento e seus parâmetros ocupam uma linha. Nos
seqüenciadores em hardware com um pequeno visor podemos ver, em geral, um evento
de cada vez, não toda a lista. Nos softwares visualizamos muitas linhas ao mesmo
tempo, como numa folha de caderno, em que cada linha contém um diferente evento,
seja uma nota ou um controle.
Cada linha contém diversos parâmetros de um evento MIDI, como o momento
em que se inicia e em que acaba, escrito tanto em tempo musical (compasso, tempo e
frações de tempo em PPQ) quanto cronológico (horas, minutos, segundos e quadros ou
frames por segundo). Aparecem ainda o número ou nome do evento (note on, note off,
volume ou sustain, por exemplo), seu valor (qual nota ou quanto volume) e outras
indicações, como velocity das notas.
Podemos acrescentar, eliminar ou mudar valores dos eventos nessa lista, usando
o mouse e o teclado. Embora trabalhosa de consultar, a lista de eventos é útil para
editarmos certos controles, como o program change, que muda o som do sintetizador no
meio da música.
Arquivos MIDI (Standard MIDI Files). Os arranjos MIDI podem ser
arquivados no hard disk ou em disquetes. São arquivos levíssimos, como um texto
simples, já que só contêm comandos de ativação e desativação dos recursos dos
sintetizadores. Não contendo som (gerado externamente pelos instrumentos eletrônicos
ou internamente por outros programas, que são instrumentos virtuais), são os arquivos
musicais de menor consumo de memória.
Usamos o formato de arquivo nativo do programa quando só trabalhamos com
aquele seqüenciador. Cada software tem o seu próprio formato, identificável pela

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extensão (.wrk, .sng e outras) do arquivo. Quando pretendemos rodar o arquivo em


outro programa, ou num seqüenciador em hardware, usamos um formato universal de
arquivos MIDI. Os Standard MIDI Files (SMF) são reconhecidos pela extensão .mid.
Assim como arquivos-texto no formato ASCII podem ser executados por
diferentes programas e tipos de computador, os SMF são abertos por todos os
seqüenciadores MIDI. Com menos parâmetros que os formatos nativos dos programas,
esses arquivos são perfeitamente capazes de tocar num seqüenciador a música que foi
produzida em outro.
Para arquivar um MIDI file, escolha a opção “salvar como...” ou “save as...” e
escolha MIDI Format 0 ou MIDI Format 1.
Se trabalharmos no computador um arranjo que será mixado no próprio estúdio
através daquele programa, não precisaremos salvar esse arranjo como SMF (.mid). Ele
é salvo no formato nativo do programa. Porém, arranjos feitos para a internet ou
multimídia, além de arquivos que serão abertos em outros programas, têm que ser
salvos como arquivos .mid. Um arquivo desses roda até no Windows Media Player,
enquanto um arquivo em formato nativo só toca no programa que o gerou, mantendo
todas as suas edições, o que nem sempre acontece quando usamos os arquivos .mid.
Tesouros escondidos. Os arquivos “CAL” permanecem, há anos, discretamente
guardados dentro do Sonar, mas poucos conhecem a sua riqueza e o seu poder.

Existem algumas ferramentas formidáveis, mas pouco conhecidas, nos


seqüenciadores MIDI da família Cakewalk, como o Sonar. Algumas delas estão nos
arquivos “CAL”, iniciais de Cakewalk Advanced Language. Esta linguagem ‘de
macros’ exige alto conhecimento de programação, ou seja, é inacessível aos pobres
mortais como nós. Porém, alguns arquivos programados na linguagem CAL, incluídos

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em todas as versões desses programas, são facílimos de usar e podem resolver


problemas muito sérios. Especialmente dois desses arquivos, chamados “Split Channel
to Tracks.cal” e “Split Note to Tracks.cal”, são verdadeiros tesouros para um arranjador.
Os arquivos CAL são acessíveis, no Sonar, pelo menu <Process...> na opção
<Run CAL...> buscando, a pasta "Sample Content". Quase todos esses arquivos ali
encontrados são de utilidade discutível, como macros para montar acordes a partir de
uma nota.
Porém, os dois arquivos “splits” citados são muito úteis para todos os usuários.
Separando canais MIDI. O primeiro arquivo se chama “Split Channel to
Tracks.cal” e serve para separar canais MIDI em diferentes pistas. Às vezes, um arquivo
MIDI, como uma música seqüenciada baixada da internet, pode vir com uma única pista
que contém todos os canais MIDI utilizados, do piano à bateria. Embora cada evento
MIDI (notas etc.) esteja associado a um canal, todos vêm guardados na mesma pista.
Como fazer para editar o baixo ou o piano, separados uns dos outros?
O procedimento consiste em recortar todos os eventos relativos ao canal 1 e
colá-los em outra pista, depois recortar todos os eventos do canal 2 e colá-los noutra
pista e assim por diante, até termos tantas pistas quanto canais MIDI utilizados naquele
arranjo musical. Daí pra frente, teremos a pista do piano, a pista do baixo, a pista da
bateria e as outras, já que cada canal ganhou sua própria pista, em vez de uma pista
única com as notas de todos os canais.
Para não termos que recortar as notas e outros eventos de cada canal MIDI e
colá-los nas pistas subseqüentes, a Cakewalk criou este arquivo, que realiza todas as
tarefas por nós. “Split channel to tracks” significa “separar os canais pelas pistas”. Ele é
realmente muito fácil de operar. Com uma música aberta que contenha numa mesma
pista vários canais MIDI, primeiro nós selecionamos a pista. Em seguida, clicamos em
“Process...”, depois “Run CAL...” e seguimos o caminho citado acima.
Selecionamos o arquivo “Split Channel to Tracks.cal” e clicamos em “Abrir”. O
programa pergunta qual será a primeira pista de destino, aquela onde ele vai
acondicionar as notas e outros eventos do primeiro canal MIDI utilizado no arranjo.
Escolha o número da pista e clique em OK. Aguarde alguns instantes e o programa
criará as novas pistas, cada uma com o conteúdo associado a um diferente canal MIDI.
É a nossa vez de brincar à vontade com cada pista em separado, mudar timbres, oitavas
e copiar pistas ou trechos delas para aproveitar nesse e em outros arranjos.
Separando tambores e pratos. Uma única pista seqüenciada de bateria ou
percussão pode conter muitos "instrumentos" diferentes. Cada um desses instrumentos é
acionado por uma diferente nota MIDI. Muitas vezes precisamos editar cada
instrumento em separado, para dosar sua dinâmica através do controle de velocity ou
para endereçá-lo para outras portas ou canais MIDI, entre outros procedimentos. Com
vários tambores e pratos tocados ao mesmo tempo numa mesma pista, fica difícil
executar essas ações. O ideal é ter um ‘instrumento’ registrado em cada pista.
Para separar as peças da bateria, pista por pista, depois de seqüenciadas,
teríamos que realizar uma verdadeira operação de guerra. Confira: na pista da bateria,
abrimos a tela piano-roll, selecionamos todos os toques na nota dó1 e os recortamos e
colamos numa nova pista, endereçando-a para uma porta e um canal MIDI. Esta seria,
por exemplo, a nova pista do bumbo. Voltamos à pista da bateria e selecionamos todos
os toques na nota dó#1 e os recortamos e colamos numa terceira pista, endereçando-a
também para uma porta e um canal MIDI. Poderia ser a pista do aro da caixa. Em

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seguida, voltamos à pista da bateria e selecionamos todos os toques na nota ré1 e os


recortamos e colamos numa quarta pista, da caixa... Provavelmente, já teríamos
desistido, a esta altura.
O arquivo “Split Note to Tracks.cal” separa as notas pelas pistas. Para cada nota
MIDI utilizada, ele cria uma pista. Na prática, cria uma pista para cada tambor, prato ou
outro instrumento de percussão, já que cada peça da bateria é acionada por uma
diferente nota.
Acionamos este arquivo chegando a ele pelo mesmo caminho citado acima para
os demais comandos “CAL”. Após selecionarmos “Split Note to Tracks.cal”, clicamos
em OK. Uma janela se abre e pergunta qual a pista de origem. Indicamos o número da
pista da bateria e clicamos em OK. Outra janela pergunta qual será a primeira pista de
destino. Escolhemos o número e, novamente, OK. Respondemos quais serão as portas e
os canais MIDI das novas pistas de bateria. Clicamos mais uma vez em OK e
aguardamos. Em instantes, aparecerão tantas pistas quantos tambores, pratos e demais
percussões que tenham sido usados no arranjo.
Reparemos que o contratempo, também chamado de hi-hat, soa diferente quando
tocado aberto, fechado ou com o pedal. Usam-se três notas MIDI para representar estes
três principais timbres do contratempo. É comum o uso do fá#1 para o contratempo
fechado, do sol#1 para o pedal fechando o contratempo e do lá#1 para o contratempo
aberto. Neste caso, é natural que o “split note...” crie três pistas para o contratempo. Se
preferirmos, podemos fundi-las novamente, arrastando o conteúdo de uma sobre a outra
e misturando os conteúdos. Ou trabalhar com as três pistas, mesmo.
Neste ponto, faz-se necessário um esclarecimento. A Música também tem sua
teoria e suas convenções. Uma delas reza que a nota dó3 é o dó central do teclado do
piano. Fica, então, estabelecido que o primeiro dó de um teclado de cinco oitavas é o
dó1, como sempre se convencionou. Por exemplo, em diversos padrões de bateria MIDI
a nota dó1 aciona o bumbo, ré1 aciona a caixa e fá#1 toca o contratempo fechado. (É
verdade que a Roland fala em dó2, ré2 e fá#2, respectivamente, mas a Cakewalk, por
incrível que pareça, chama essas mesmíssimas notas de dó3, ré3 e fá#3, e essa espantosa
divergência entre as duas empresas, só prova que ambas estão erradas!). Não importa
que a Cakewalk chame o dó central de dó5, aqui para nós ele será sempre o dó3. Como
tem sido chamado pelos músicos há séculos! Com a compra da Cakewalk pela Roland,
há alguns anos, será que elas vão passar a chamar o dó central de dó quatro e meio?
Renomeando as pistas. Uma vez separadas as pistas dos diversos instrumentos,
convém escrever seus nomes para não desperdiçarmos tempo e atenção durante o
trabalho. As pistas criadas pelo comando “Split Note to Tracks.cal” vêm com nomes
como “Split Note C1”, “Split Note F#4” etc. As criadas pelo arquivo “Split Channel to
Tracks.cal” são batizadas automaticamente como “Split Chan 1”, “Split Chan 2” e
assim por diante. Escrevemos, na área denominada Name, nomes como “Baixo”,
“Piano”, “Bumbo”, “Caixa”, “Crash” e “Contratempo aberto” em cada uma das pistas
para rápida identificação posterior de cada uma delas.
Podemos separar pelas pistas as notas MIDI de todo tipo de instrumento de
percussão ou de qualquer programa de sampler em que timbres diferentes sejam
acionados por notas diferentes.
Uma vez separadas as pistas, podemos agora editar cada uma delas, escolher
canais ou portas MIDI diferentes para misturar peças de diferentes baterias, gravar o
áudio de cada peça numa pista separada, solando uma a uma das pistas MIDI e

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gravando o seu som. Enfim, podemos editar e mixar, um a um, os diversos instrumentos
do arranjo, como num grande estúdio.
Mais tesouros escondidos: "fit improvisation". O Sonar traz um outro recurso
ainda menos conhecido que é uma ferramenta fantástica, muito útil e poderosa. Adapta
o andamento do programa a qualquer interpretação instrumental, por mais livres que
sejam os tempos executados pelo instrumentista. Seu nome, fit improvisation, pode ser
traduzido como "ajuste da improvisação".
Mesmo que o músico toque sem se apoiar nos tempos de um "clique" ou
metrônomo, esta função ajusta o programa de modo que os andamentos sempre estarão
de acordo com o que ele tocou, ainda que variando o número de batidas por minuto a
cada instante. Assim, podemos quantizar os tempos, localizar as notas nos compassos
com rapidez e realizar as demais operações da edição MIDI. Inclusive tornar o
andamento inalterado, com quantas batidas por minuto quisermos.
Todos os usuários dos
seqüenciadores MIDI sabem que uma de
suas funções mais interessantes é a
quantização ou quantize.
Automaticamente, torna as pistas
MIDI totalmente precisas no tempo,
mesmo que tenham sido tocadas um
pouco "frouxas", digamos assim.
Democrática, a utilíssima ferramenta de
quantização faz soar bem tocadas aquelas
pistas MIDI que, originalmente, não
foram tão bem executadas assim. Com
isso, o próprio compositor ou arranjador
pode tocar e gravar as partes de seu
arranjo, mesmo que ele não seja um
exímio instrumentista.
Alguns acham que as partes
quantizadas de uma música soam muito
"mecânicas" ou artificiais, quando, na verdade, é a dinâmica que executamos no
instrumento que dá a característica mais "humana" à música. Ninguém quer tocar fora
do ritmo. O ‘suingue’ aparece na acentuação dinâmica, a cada toque, não na imprecisão
rítmica.
Só que a quantização exige que
toquemos junto com um metrônomo ou
clique, que é gerado pelo próprio
programa na hora de gravar. Assim,
cada nota tocada já fica próxima de seu
tempo real. Com isso, a quantização tem condições de aproximar cada nota tocada do
seu tempo exato, tornando a execução perfeita quanto ao seu ritmo.
O problema é que nem todos os músicos estão dispostos a tocar com um clique.
E aí, como quantizá-los? A historinha a seguir exemplifica bem a situação.
Um pianista clássico foi gravar sua composição de 42 minutos num estúdio
MIDI. O produtor preparou a pista de gravação do seqüenciador, escolheu o canal
MIDI, o som do teclado e o andamento da música com a quantidade exata de batidas

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por minuto (BPM) que seu cliente pediu. Assim que ele acionou Record, ouviu do
cliente:
– Desligue esse metrônomo! Não consigo tocar ouvindo este clique!
Ele retrucou:
– O clique é necessário para localizar rapidamente qualquer compasso da música
para fazer correções e também para quantizar o seu ritmo depois!
O pianista devolveu:
– Sei de tudo isto, mas só uso metrônomo para estudar, nunca para gravar!
E ouviu do produtor:
– Mas esta não é exatamente uma gravação, estamos seqüenciando um sampler
com som de piano. Assim, poderemos ajustar seu ritmo depois, quantizar o seu piano
para ele ficar bem preciso...
– Não importa, vamos sem metrônomo – cortou o pianista.
Em seguida, foi feita a gravação, ou melhor, o seqüenciamento da pista MIDI do
piano.
Assim que terminou de tocar e o produtor teclou Stop, o pianista saiu-se com
esta:
– Agora, me quantize!
Não é piada, é uma história real, ocorrida no Rio de Janeiro na década de 1990,
em plena era do Cakewalk Pro Audio. E o problema foi resolvido, graças ao comando
"Fit improvisation", que já existia no pai do Sonar. O material foi devidamente
quantizado e, ainda por cima, foram corrigidas até a perfeição todas as variações de
andamento, acelerando ou retardando o tempo, que o instrumentista involuntariamente
executou.
Como usar o fit improvisation? A palavra fit significa encaixar, ajustar ou
adaptar. Adaptar a pulsação do Sonar ao ritmo ‘improvisado’ do músico. Digamos: se a
montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha. Então, se o instrumentista não se
adapta ao andamento do Sonar, o Sonar se adapta ao andamento do instrumentista!
Vejamos, passo a passo, como fazer isto.
Primeiro, desligamos o metrônomo. Clicamos no menu <Options>, nos
comandos <Project> e <Metronome> e desabilitamos a caixa <Recording>. Então,
gravamos o instrumentista sem clique. Ele vai tocar livremente, sem se ater à pulsação
do programa nem à contagem interna de tempos e compassos.
Em seguida, temos que gravar um clique com a mesma pulsação utilizada pelo
músico numa outra pista MIDI. Tocamos uma única nota, batendo os tempos. O ideal é
que o próprio músico toque, marcando o tempo que ele tinha em mente quando gravou a
pista anterior. Afinal, este é um "tempo pessoal" daquele instrumentista. Ele deve gravar
as batidas, sempre na mesma nota, incluindo um compasso em branco antes e outro
depois da pista do piano.

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Às vezes, convém corrigir


algumas dessas batidas na tela piano-
roll, arrastando-as com o mouse para
adiantar umas e atrasar outras. O
objetivo é que as batidas sempre
coincidam com os tempos gravados do
piano.
Não dá para bater os primeiros
tempos, antes do piano começar a soar.
Então, grave a partir do segundo ou
terceiro tempo e, depois da ‘gravação’,
crie as primeiras batidas escrevendo-as
com o mouse na tela piano-roll.
Agora, selecionamos esta
segunda pista, a que contém as batidas,
e acionamos no menu <Process> do Sonar o comando <Fit improvisation>. O
programa, então, ajusta cada tempo do seu contador interno aos tempos da música como
foi gravada. Assim, mesmo que a cada instante mude o andamento da música, ora mais
rápido, ora mais lento, todos os tempos do programa coincidirão com os tempos do
piano.
A música, até aqui, permanece inalterada. O Sonar é que fica correndo atrás
dela.
A pista do piano já pode, então, ser quantizada, afinal ela agora sempre coincide
com os novos tempos do Sonar. Quantizados, os acordes soarão bem precisos, embora o
andamento ainda possa estar num vaivém, acelerando e retardando a toda hora.
Ajustando o andamento com a janela Tempo. Podemos, no entanto, fazer o
andamento permanecer o mesmo, contínuo, ou desenhar variações de andamento como,
por exemplo, um rallentando ao final da música. Para isso, usamos a janela Tempo,
acionada através do menu <View> e do comando <Tempo>.
À primeira vista, temos um ziguezague, com o andamento se acelerando e
retardando sucessivamente.
Isso se deve ao uso do Fit
improvisation, que fez o andamento
ficar variando assim. Se apagarmos
essas variações, passando com o mouse
a ferramenta borracha sobre o gráfico
dos tempos, ficaremos num andamento
constante desde o início da música. Se
quisermos, podemos agora desenhar
variações no andamento.
Nunca é demais lembrar que
todos esses procedimentos se aplicam a
projetos que contenham, até então,
somente pistas MIDI. Se realizarmos
essas operações sobre pistas com áudio
gravado, os resultados serão

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provavelmente desastrosos. Deixemos para gravar as pistas de áudio depois de todas


essas definições de andamento.
Seqüenciadores de MIDI e áudio para PC e Mac. Entre os recursos e as
finalidades de cada um desses programas estão a gravação multipista de áudio, a
produção de arranjos com instrumentos eletrônicos ou virtuais através de MIDI, o
seqüenciamento de loops e trechos maiores de áudio, diversos modos de edição, o
processamento de efeitos em tempo real ou não, a mixagem, a automação dos controles,
a masterização e a conversão de arquivos.
Cada programa tem sua vocação, o que costuma implicar numa ênfase maior em
certos recursos. Por exemplo, programas para gravação multipista ou para produção de
música eletrônica. Uns serão mais úteis para compositores, outros para técnicos de
gravação ou para DJs. Alguns buscam atender de uma vez a todas as necessidades. Aqui
estão os mais usados nos estúdios mundo afora.
Ableton Live (PC/Mac). Seqüenciador de
áudio que podemos tocar como um instrumento.
Permite tocar simultaneamente áudio de várias
fontes distintas, ajustando o andamento em tempo
real sem mudar a afinação, tudo perfeitamente
sincronizado. Podemos tocar sons de sampler com
o teclado, o mouse ou um instrumento controlador
MIDI. Podemos arrastar arquivos de áudio e
inseri-los na seqüência sem interromper a
audição. Tudo o que fazemos é gravado e pode
ser editado mais tarde. www.ableton.com
Adobe Audition (PC). Até 128 pistas de
gravação de áudio em até 32 bits e 192 kHz. Os
novos recursos incluem uma nova coleção de
efeitos em tempo real, a habilidade de adicionar ao
vivo todo tipo de efeitos DirectX e VST, mais de
40 processadores de sinal, composição musical
baseada em loops, queima de CDs e outros. O
antigo CoolEdit, agora da Adobe, é também um
poderoso editor, muito querido em estúdios de
gravação, emissoras de rádio comerciais e
comunitárias, laboratórios de áudio em
universidades e outros. www.adobe.com/products/audition

Apple Logic Pro (Mac). Um


dos mais antigos e completos
sistemas de gravação e
seqüenciamento de áudio e MIDI,
renomado por seu tempo firme, sua
flexibilidade e sua edição em tempo
real. Alguns recursos: ferramentas de
automação, mais de 50 plug-ins
incluídos, vários níveis de undo/redo,
até 32 sintetizadores virtuais e um
novo editor de partituras. Suporta

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plug-ins de efeitos e instrumentos VST e TDM e drivers ASIO. www.apple.com/logic


Arturia Storm Music Studio (PC/Mac).
Programa para composição que permite ao
usuário personalizar um estúdio completo na tela.
Modular, o Storm contém sintetizadores, baterias
eletrônicas, seqüenciadores ou gravadores de
samplers, efeitos, mesas de scratch e mais. Inclui
um assistente com um passo-a-passo para você
compor canções em diversos estilos.
www.arturia.com

Cakewalk Sonar (PC). A última versão


do premiado sistema de gravação multipista de
áudio e seqüenciamento MIDI incorpora um
conjunto completo de ferramentas avançadas para
gravação, edição e mixagem de áudio digital (em
64 ou 32 bits) estéreo ou surround e para a
produção de arranjos MIDI inteiramente no PC.
Os recursos foram aperfeiçoados, como a edição
completa dos eventos MIDI e a mesa de mixagem
do áudio com automação de todos os recursos.
Os recursos incluem envelopes de volume, de pan e de efeitos, diversos
sintetizadores e efeitos virtuais, suporte a dois monitores, plug-ins VST, DirectX, VSTi
e DXi, a habilidade de extrair informações sobre os tempos do áudio para criar mapas
de tempo, uma tesoura para cortar trechos dos loops de áudio em tempo real,
sincronização de loops com diferentes andamentos para mixagem de música eletrônica e
ferramentas do Acid. A latência foi bastante reduzida com o suporte ao driver ASIO.
Todos esses recursos num só programa fazem do Sonar uma das mais completas
estações de trabalho em software. Ele roda num grande número de placas de som.
www.cakewalk.com
Digidesign Pro Tools (incluído com o
hardware Digi HD), Pro Tools LE (incluído com
hardware Digi 002 ou M-Box), Pro Tools M-
Powered e Pro Tools Free (PC/Mac). Quase todos
os produtores de áudio atuando nos últimos anos já
ouviram falar do Pro Tools, o sistema de produção
de áudio digital líder do mercado. Ele é um gravador
multipista com mixagem surround, recursos
avançados de edição, seqüenciador MIDI, análise
para ajustes rítmicos e mais.
Enquanto outros programas gravadores de áudio são baseados em recursos
tecnológicos da interface MIDI, o Pro Tools é um programa que prioriza o áudio,
buscando a simplicidade com suas duas janelas, Mix e Edit. Realize a mixagem na
janela Mix e a edição na janela Edit.
O Pro Tools HD permite o processamento simultâneo de muitos plug-ins de
áudio simultaneamente e com grande estabilidade graças ao seu hardware que, devido
ao custo, não é muito compatível com o orçamento dos home studios brasileiros.

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O Pro Tools LE se parece bastante com o irmão maior, mas é limitado a 32


pistas de áudio e não utiliza os plug-ins TDM nem as placas Accel da Digidesign, com
um exército de processadores DSP, que são as grandes fontes de poder do Pro Tools
HD.
Dependendo somente do computador, o Pro Tools LE é compatível com plug-ins
RTAS e Audio Suite. O Pro Tools LE é desenvolvido para as interfaces Digi 002 e M-
Box e é fornecido com elas.
Já o Pro Tools M-Powered tem a mesma aparência e funcionalidade dos irmãos
maiores e usa os mesmos plug-ins que o Pro Tools LE, mas grava somente com as
placas da M-Audio, sendo vendido em separado. www.digidesign.com

Imagine-Line FruityLoops (PC). Esta


popular ferramenta de criação de loops e música
seqüenciada permite criar loops de MIDI, MP3 ou
WAV em minutos. O Fruityloops toca sons de
sampler (WAV), Fruitiloops softsynth, DXi, VSTi
ou outros instrumentos MIDI. www.flstudio.com

RML Labs SAW Studio (PC). Gravador


multipista com mais de 10 anos no mercado de
áudio para Windows, o Saw Studio toca até 72
pistas de 24 bits num Pentium 4 de 2.0 GHz,
dependendo somente do HD utilizado.
www.sawstudio.com
Magix Samplitude Professional (PC).
Programa para gravação, edição, mixagem,
autoração e masterização, incluindo queima de CDs
compatível com “red book”, o padrão usado nas
fábricas de CD.
A renomada qualidade de som baseada em
algoritmos digitais altamente desenvolvidos,
absoluta estabilidade de fase e uso consistente de
cálculos de ponto flutuante garante que o som
mantenha suas nuances mesmo sob as mais intensas
condições de processamento digital.
A edição não destrutiva em tempo real habilita o Samplitude a assumir
produções profissionais em todas as etapas, desde a gravação até a finalização do CD.
Ele tem 999 pistas, 64 subgrupos e 64 conexões auxiliares. Suporta drivers ASIO, MME
e WDM, bem como plug-ins DirectX e VST com compensação automática da latência.
Suporta também instrumentos VST e tem alguns recursos de seqüenciamento MIDI. A
mesa de mixagem tem fluxo de sinal variável e mixa em surround 5.1.
www.samplitude.com

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MOTU Digital Performer


(Mac). Outro popular seqüenciador MIDI
e gravador multipista de áudio. Grava
áudio com qualidade de CD num
PowerMac sem necessidade de nenhum
hardware adicional. Seus recursos
incluem gravação, edição, mixagem,
processamento e masterização em
qualquer formato de surround. Seu tempo
preciso se deve ao MTS MIDI Time
Stamping. Outros recursos: gravação em
24 bits, processamento de efeitos nativos em 32 bits, níveis ilimitados de Undo/Redo,
dezenas de plug-ins de 32 bits de alta qualidade. Suporta as interfaces de áudio da
própria MOTU e o Pro Tools Mix HD. www.motu.com

Sony/Sonic Foundry Acid Pro (PC). Ferramenta


de produção musical baseada em loops que permite
ao usuário criar canções, remixar pistas,
desenvolver arranjos musicais, sonorizar vídeos e
produzir música para websites e animações em
Flash. O Acid é uma ferramenta revolucionária,
intuitiva e fácil de usar. Usa ilimitadas pistas de
áudio e sincroniza loops de diferentes andamentos
em instantes. mediasoftware.sonypictures.com

Sony/Sonic Foundry Vegas (PC). Uma opção


de nível profissional de última geração para
edição de vídeo, produção de áudio,
composição e conversão de arquivos no PC.
Com sua interface intuitiva e ferramentas
poderosas de produção de vídeo e áudio, o
Vegas é uma solução completa e integrada para
vídeo digital, gravação de áudio, edição e
mixagem, criação de trilhas sonoras para TV,
de conteúdo para streaming na web, rádio e TV
e produção de som surround.
http://mediasoftware.sonypictures.com
Steinberg Cubase SX (PC/Mac). Um
dos mais populares sistemas de produção
musical, desde o seu lançamento em 1989,
ainda na plataforma Atari ST. Gravador
multipista, seqüenciador MIDI, mesa de
mixagem, o Cubase tem muitos instrumentos
virtuais e processadores de efeitos. Mais
processadores e sintetizadores podem ser
adicionados pelo usuário. Principais recursos:
total integração do estúdio (todas as peças do
sistema VST trabalham com todas as outras),
dezenas de instrumentos virtuais, edição gráfica de todos os parâmetros em tempo real,

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ferramentas de edição e de impressão de partituras. O mais poderoso e intuitivo Cubase


já feito pela Steinberg, o SX inclui ferramentas de processamento e entrada inteligente
de MIDI, novos instrumentos e efeitos virtuais, edição fácil, surround 5.1, edição de
partituras, mixagem e masterização com interface e programação novos. A interface
com o usuário foi integralmente redesenhada. Os recursos incluem edição gráfica em
tempo real, VST System Link (uma rede com vários computadores rodando programas
VST), automação gráfica de todos os parâmetros, processamento MIDI em tempo real,
níveis ilimitados de undo/redo, um conjunto de novos instrumentos e processadores de
áudio virtuais, entre outros. www.steinberg.net
Steinberg Nuendo (PC/Mac). Esta
estação de trabalho consiste no programa
Nuendo e várias opções de hardware. O
programa apresenta poderosos recursos de
edição, som surround, processamento e
mixagem. São 200 canais de áudio
simultâneos com diversas taxas de
amostragem, suporte aos plug-ins VST e
DirectX, diversos efeitos, compressão
dinâmica e equalização, algoritmo de dither
Apogee UV-22, mixagem surround automática de todos os parâmetros, auto-fades e
auto-crossfades. www.steinberg.net
Propellerhead Reason (PC/Mac). Um estúdio MIDI
virtual completo, composto de samplers, sintetizadores com jeito
de analógicos, mesas, baterias eletrônicas, efeitos e um
seqüenciador que atua em tempo real. A aparência do programa é a
de um rack de teclados, com os diversos módulos um em cima do
outro. Teclando <Tab>, viramos o rack para trás e vemos os cabos
balançando. Conectamos os diversos módulos com o mouse como
se estivéssemos plugando os fios nas entradas e saídas de um
estúdio analógico. Cada um dos dispositivos do Reason tem o
visual e o sentimento do objeto real, mas o mais importante é que
eles têm o som, o desempenho e a atitude igualmente reais. E você
pode repetir o uso de cada dispositivo quantas vezes sua CPU
agüentar. Ele é um programa modular, o que implica em maior
consumo do processador quanto mais módulos são requeridos. O
Reason interage com diversos gravadores de áudio, como Pro
Tools e Sonar, através do recurso conhecido como ReWire.
www.propellerheads.se
Além destes, podemos citar os seguintes programas desta
categoria: DDclip Pro, Intuitive MX, Musicator, N-Track Studio,
PowerTracks Pro Audio, Sek’d Sequoia, Sound Studio Pro 2,
Tracktion e U&I Software MetaTrack.

Nestas mais de duas décadas desde o seu lançamento, o


padrão MIDI se manteve inalterado, com as mesmas
características, embora para muitos ainda seja uma grande
novidade. E é. Afinal, editar tudo o que tocamos num instrumento
eletrônico, depois de gravado, até hoje parece milagre.

© Curso de Home Studio® Sergio Izecksohn


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A edição dos eventos MIDI, simples como um videogame, tem uma


incomparável gama de recursos. Afinal, não estamos mexendo diretamente com os sons,
mas com a forma deles serem tocados. O que simplifica tudo, embora por muito tempo
ainda, para muita gente, vá parecer milagre.

© Curso de Home Studio® Sergio Izecksohn


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