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O Piccolo na Orquestra Sinfónica: Análise de Excertos

Henrique Magalhães

Prova de Aptidão Profissional

Professor orientador: Mafalda Carvalho

30/11/2022
Índice

Índice de Figuras..............................................................................................................3

Agradecimentos...............................................................................................................4

Introdução....................................................................................................................... 5

Capítulo I – A História do Piccolo.....................................................................................6

O que é o Piccolo?................................................................................................... 6

Evolução do Piccolo................................................................................................. 7

Quando é que o Piccolo foi introduzido nas Orquestras Sinfónicas?.....................11

Barroco.................................................................................................................. 11

Classicismo.............................................................................................................11

Romantismo...........................................................................................................12

Neoclassicismo / Romantismo Tardio / Impressionismo.......................................12

Capítulo II – Justificação dos Excertos Escolhidos..........................................................14

Capítulo III – Excertos.................................................................................................... 16

Nome do Excerto e Compositor.............................................................................17

Análise................................................................................................................... 17

Sugestão Interpretativa.........................................................................................17

Conclusão...................................................................................................................... 18

Bibliografia.....................................................................................................................19
Índice de Figuras

Figura 1: Flautim Pearl PFP-165ES...................................................................................6

Figura 2: Figura de uma Flauta Transversal no relevo de um túmulo Etrusco.................7

Figura 3: Fife.................................................................................................................... 7

Figura 4: Fife com a chave de Ré#....................................................................................8

Figura 5: Theobold Boehm...............................................................................................9

Figura 6: Piccolo em Dó e em Réb.................................................................................10

Agradecimentos
Introdução
Capítulo I – A História do Piccolo

Neste capítulo será referida a história do Piccolo e da Flauta Transversal,


desde o período Neolítico até à atualidade. Ambos têm a mesma origem e
compartilham desenvolvimentos históricos bastante idênticos. A Flauta é um
instrumento favorecido de uma história bem documentada quanto ao avanço da sua
construção e à expansão do seu repertório, sendo a base para a construção e posterior
evolução do Piccolo. Inicialmente, o Flautim era utilizado como um instrumento militar
e visto como um instrumento auxiliar. Após algumas décadas, com várias melhorias
feitas neste instrumento, o Piccolo ganhou uma certa importância e integrou-se,
assim, nas orquestras sinfónicas.
O que é o Piccolo?

O Piccolo, ou em português, flautim, é um instrumento que pertence à família


da Flauta Transversal, que por sua vez pertence à família das madeiras, no grupo dos
sopros. Este instrumento está afinado em Dó, uma oitava acima da flauta transversal.

Figura 1: Flautim Pearl PFP-165ES

Evolução do Piccolo

O Piccolo surgiu primeiramente de flautas primitivas, feitas a partir de ossos


ocos de animais, compostos por vários orifícios. Através de vários estudos,
arqueólogos descobriram exemplos de instrumentos entre artefactos Greco-Romanos
no Egito. Um dos exemplos mais conhecido da figura de uma Flauta Transversal
encontra-se no relevo de um túmulo Etrusco com mais de 200 anos antes de Cristo.
(Sachs, 1940)
Figura 2: Figura de uma Flauta Transversal no relevo de um túmulo Etrusco

Durante a Idade Média (desde o século V até ao século XV), o Fife foi o
primeiro antecessor do Piccolo e desenvolveu-se na Europa como um instrumento
para a música militar. (Hanlon, 2017) Originalmente, este instrumento era considerado
uma pequena flauta cilíndrica de madeira, com apenas seis orifícios e com pequenos
componentes de metal, protegendo, assim, as extremidades. (Fitzgibbon, 1928)

Figura 3: Fife

No século XVI, o Fife foi introduzido pela primeira vez em bandas militares, na
Suíça, durante a Batalha de Marignano, no ano de 1515. No exército, o fife tinha como
objetivo produzir sons de comandos e códigos para alertar as tropas suíças de qual
seria o próximo movimento ou posição. (Wacker, 2000)
Através da publicação do tratado Orchesographie, o pseudónimo
anagramático de Jean Tabourot, Thoinot Arbeau, descreve os fifes usados pelos suíços
e alemães, dando uma descrição de um soldado a tocar este instrumento (Wacker,
2000):
“...a small transverse flute with six holes, which is
used by the Germans and Swiss, and which, as it has a very narrow
bore no bigger than a pistol bullet, gives a piercing sound… Those
who perform on this instrument, play according to their own
pleasure, and it is enough for them to keep time with sound of the
drum.” (Rockstro, The Flute, 1928), p. 213

Embora o Fife seja visto, maioritariamente, como um instrumento militar, o


compositor alemão Händel, decidiu "fugir ao estereótipo" e usa o Fife, em sintonia
com os pratos, na sua ópera Almira. (Fitzgibbon, 1928), p. 79
Ao longo do período Barroco (1700-1750), o Fife foi perdendo o seu valor
devido à adição de chaves ao instrumento, nomeadamente a chave de Ré#, e à
mudança do tubo cilíndrico para um tubo cónico, levando, assim, à origem do Piccolo.
(Carse, 1939), p. 102

Figura 4: Fife com a chave de Ré#

No fim do século XVIII e no início do século XIX, o Piccolo começou a ser


utilizado como uma extensão do registo dos instrumentos de sopros da orquestra
sinfónica. Consequentemente, foi necessário fazer algumas alterações a este
instrumento devido a uma certa agressividade do som no registo superior e como vista
a aumentar a “paleta de cores” do registo mais grave. Com estes fatores, o Piccolo
possuía um pequeno papel na orquestra sinfónica, servindo apenas para criar um
efeito militar ou semelhante a uma tempestade. (Piston, 1955), p. 142
Este foi o motivo pelo qual foi criado um sistema de chaves, usado nos dias de
hoje tanto na Flauta Transversal como no Piccolo. Theobald Boehm, responsável pela
construção deste, intitulado de Sistema Boehm, desenvolveu dois princípios, sendo
eles: os orifícios do instrumento devem ser iguais, em relação ao tamanho dos mesmos
e as chaves devem permanecer abertas, quando não estão a ser utilizadas. O
aperfeiçoamento do tubo cónico apenas no Piccolo, permitiu o melhoramento das
notas agudas e da projeção do som. (Welch, 1896), p. 4-14

Figura 5: Theobald Boehm

O Sistema Boehm é o sistema mais conhecido e o mais utilizado no Piccolo,


porém, existem outros sistemas que foram criados ao longo dos anos. No ano de 1914,
Nicholas Alberti desenvolveu um Piccolo transpositor, que pode ser tocado em Dó e
em Ré bemol. Á primeira vista, este instrumento é semelhante a um Piccolo normal,
mas as chaves mais longas que o constituem são a única diferença. (Wacker, 2000)
Figura 6: Piccolo em Dó e em Réb

Quando é que o Piccolo foi introduzido nas Orquestras Sinfónicas?

Barroco
A primeira vez que o Piccolo apareceu numa orquestra sinfónica foi na ópera
Rinaldo de Händel, no ano de 1711. Contudo, não se sabe ao certo se terá sido
utilizada uma flauta de bisel ou um Piccolo. Um facto que suportaria a ideia de que
seria o Piccolo a ser utilizado, é a tonalidade de Sol Maior. Durante esta época, a flauta
de bisel tocava, principalmente, nas tonalidades com bemóis, enquanto o Piccolo
tocava nas tonalidades com sustenidos. Inicialmente, na partitura original, estava
marcado como flageolet, sendo posteriormente alterado para flauto Piccolo, na
própria escrita de Händel. Em 1725, Johann Sebastian Bach também usou o Piccolo na
sua Cantata BWV 103, intitulada de ihr werdet wiennen und heilen. Mais tarde, no ano
de 1751, Jean-Philippe Rameau inseriu este instrumento na abertura para a sua ópera
Acanthe and Céphise (Fitzgibbon, 1928), p. 125

Classicismo
No período clássico, Mozart também utilizou o Piccolo, mas não nas suas
sinfonias. Entre 1771 e 1772, este instrumento aparece pela primeira vez nas suas Três
Danças Alemãs, em inglês Three German Dances (K. 104) e, mais tarde, nas suas
óperas, nomeadamente Idomeneo (1781), Die Entführung aus dem Serail (1782) e Die
Zauberflöte (1791). Na ópera Die Entführung aus dem Serail, Mozart utilizou o Piccolo,
juntamente com os pratos e com bombo (side drums) para anunciar a entrada do
exército militar turco. Mais tarde, este grupo de instrumentos, em conjunto com o
triângulo e com o bombo, foi usado por Christoph Willibald Gluck na sua ópera
Iphigénie em Tauride, no ano de 1779. No século XIX, o compositor de ópera italiano
Gioachino Rossini, escreve nas suas aberturas alguns dos solos mais importantes para
o Piccolo como, por exemplo, La Scala di Seta (1812), La Gazza Ladra (1817) e
Semiramide (1823). Ludwig van Beethoven foi o primeiro compositor a escrever para
este instrumento numa sinfonia, utilizando-o na sua 5ª e 9ª sinfonia. (Fletcher, 2008)

Romantismo

Piotr Ilyich Tchaikovsky e Hector Berlioz foram os dois primeiros compositores


do Romantismo a escreverem passagens solísticas para o Piccolo nas suas sinfonias.
Originalmente, Tchaikovsky revelou este instrumento como solista no terceiro
andamento, Scherzo, da sua 4ª Sinfonia. Durante este período, o Piccolo tinha como
objetivo reproduzir sons da Natureza, tais como o vento a assobiar ou o canto dos
pássaros:

“The Piccolo may have a very happy effect in soft


passages, and it is a mere prejudice to think that it should only be
played loud.” (Fitzgibbon, 1928), p. 125.
Para além disso, o Piccolo também representava, programaticamente, o
Diabo. A título exemplificativo, Heinrich Marschner, compositor alemão, utiliza dois
piccolos na sua ópera Der Vampyr. Berlioz faz uso do Piccolo para introduzir
Mefistófeles (personagem da Idade Média, conhecida como uma das encarnações do
mal) na sua ópera La damnation de Faust. Na sua cantata The Golden Legend, Arthur
Sullivan utiliza este instrumento para reproduzir o som de um trovão, anunciando,
assim, a aproximação de Lúcifer. (Fitzgibbon, 1928), p. 82-83

Neoclassicismo / Romantismo Tardio / Impressionismo

Durante este período, devido aos compositores do século XX, o uso do Piccolo
em obras orquestrais continuou a crescer com a escrita de solos para este
instrumento. Entre esses compositores, encontram-se Gustav Mahler (Sinfonia n.º 2 e
Das Lied von der Erde), Maurice Ravel (Schéhérazade (1903); Rapsodie espanole
(1907); Ma Mère l'oye (1911); Daphnis et Chloé, Suite No. 1 (1911) e Suite No. 2 (1912)
e Dmitri Shostakovich. Shostakovich foi o compositor mais importante para o Piccolo
na escrita orquestral, pois as suas sinfonias são compostas por vários solos deste
instrumento. As mais relevantes são a Sinfonia No. 6, 8, 9 e 10. Estas obras são
especiais para o reportório do Piccolo, uma vez que Shostakovich utiliza-o para a
execução de solos lentos e melódicos, assim como solos rápidos e técnicos na terceira
oitava. (Wacker, 2000)

Capítulo II – Justificação dos Excertos Escolhidos

Este documento é composto por duas partes práticas. A primeira consiste na


realização de inquéritos a flautistas profissionais portugueses e a segunda na descrição
da sugestão interpretativa dos excertos selecionados que apresentarei aquando da
defesa oral.

O procedimento da escolha dos excertos de Flautim a analisar nesta PAP,


iniciou-se através da consulta da investigação de Allison Marie Flores Fletcher de 2008,
na qual refere dez excertos como principais para a prática do Piccolo. Para além desta
tese, tomei a iniciativa de ir procurar nos editais de várias audições de Piccolo para
Orquestra Sinfónica que abriram nos últimos anos, quais os excertos mais pedidos e
elaborei uma lista de dezasseis excertos iniciais. Como dezasseis me parecem um
número elevado para um só ano de investigação no âmbito da PAP, optei por criar um
inquérito a músicos profissionais portugueses que ocupem ou tenham ocupado lugar
de Flautim numa Orquestra Sinfónica para, ao responderem ao questionário, poder
averiguar quais os excertos que devo selecionar, para analisá-los e interpretá-los e
aferir quais as maiores dificuldades em cada um dos mesmos. Os inquéritos serão
realizados aos seguintes Flautistas:

a) Paula Soares (Flauta II e Piccolo – Orquestra do Norte);


b) David Leão (Orquestra das Beiras, Orquestra do Norte, Orquestra
Metropolitana de Lisboa e Orquestra Sinfónica Portuguesa – Piccolo -> BSP);
c) Herlânder Sousa;
d) Mafalda Carvalho (Piccolo - Orquestra Filarmónica de Jalisco (México),
Orquestra Clássica do Centro);
e) Rossana Valente (Piccolo - Essener Philharmoniker · Hochschule für Musik und
Tanz Köln);
f) Flávia Valente (Piccolo - Orquestra Filarmónica de Roterdão);
g) Janete Santos (Piccolo - Orquestra Metropolitana de Lisboa);
h) Angelina Rodrigues (Piccolo - Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música);
i) Beatriz Baião (Piccolo – EUYO);
j) David Sousa (Piccolo - Koninklijk Conservatorium Brussel);
k) Ana Catarina Costa (Piccolo - Orquestra de Câmara Portuguesa);
l) Ana Baganha (Flauta II e Piccolo -Piccolo da Orquestra Sinfónica Portuguesa -
Étudiant(e) à Haute école de musique de Genève);
m) Carlos Araújo (Piccolo - Orquestra Filarmónica de Regensburg).
n) Alexander Auer (Piccolo - Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música)
Capítulo III – Excertos

A execução deste capítulo será feita através das respostas obtidas a partir dos
Inquéritos realizados no capítulo anterior. Dos resultados obtidos serão selecionados
apenas oito excertos considerados pelos inquiridos aqueles que são os mais
importantes no estudo do Piccolo.

Face às dificuldades mencionadas pelos inquiridos que cada excerto


apresenta, será realizada uma análise pormenorizada aos excertos selecionados, na
qual irei abordar vários aspetos, tais como: o contexto histórico da obra e o respetivo
compositor; utilização de alguns esquemas e estratégias que tornem a execução dos
mesmos mais simples e eficaz e a minha sugestão interpretativa para cada um dos
excertos orquestrais.

Excertos:

1. Shostakovich: Symphony no. 8 – II Andamento;


2. Beethoven: Symphony no. 9 – IV Andamento;
3. Delibes: Coppelia;
4. Rossisni: Overture – Semiranade;
5. Shostakovich: Symphony no. 6 – I Andamento;
6. Tchaikovsky: Symphony no. 4 – III Andamento;
7. Shostakovich: Symphony no. 9 – III Andamento;
8. Ravel: Bolero;
9. Bartók: Concerto for Orchestra (com partitura);
10. Ravel: Ma Mère L’Oye – II. Petit Poucet (com partitura);
11. Ravel: Ma Mère L’Oye – III. Laideronette, Impératrice des Pagodes;
12. Prokofiev: Des Sardars Feierliche Zug-Cortége du Sardar;
13. Berlioz: Sinfonia Fantástica;
14. Ravel: Concerto em Sol;
15. Rimsky-Korsakov: Scheherezade;
16. Stravinsky: Firebird;

Nome do Excerto e Compositor


Análise
Sugestão Interpretativa
Conclusão
Bibliografia

Baines, A. (1962). Woodwind Instruments and their History. Nova Iorque: W. W. Norton
and Company.

Carse, A. (1939). Musical Wind Instruments. Londres: MacMillan and Co., Ltd.

Fitzgibbon, H. M. (1928). The Story of the Flute. Londres: William Reeves Bookseller,
Ltd.

Fletcher, A. M. (2008). Ten Orchestral Excerpts for Piccolo: An Historical and Stylistic
Analysis. Carolina do Norte.
Hanlon, K. D. (2017). The Piccolo in the 21st Century: History, Construction, and
Modern Pedagogical Resources. Virgínia Ocidental.

Piston, W. (1955). Orchestration. Nova Iorque: Norton.

Rockstro, R. S. (1928). The Flute. Londres: Rudall, Carte and Co.

Sachs, C. (1940). The History of Musical Instruments. New York, London: W. W. Norton
and Company.

Sheperd, R. (1928). The Flute. Londres: Rudall, Carte and Co.

Wacker, T. (2000). The Piccolo in the Chamber Music of the Twentieth Century: An
Annotated Bibliography of Selected Works. Ohio.

Welch, C. (1896). History of the Boehm Flute. Nova Iorque.

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