DECISÃO
Vistos etc.
Trata-se de agravo em recurso especial interposto por BB LEASING
S.A.ARRENDAMENTO MERCANTIL, em face da decisão que negou seguimento a
recurso especial, aviado pela alínea "a" do inciso III do art. 105 da Constituição
Federal, ao fundamento de ausência de violação ao art. 535, inciso II, do CPC/1973,
bem como de incidência das Súmulas 83 e 211/STJ (e-STJ fls. 617-622).
Em suas razões, infirmou especificamente as razões da decisão agravada (e-STJ
fls. 626-639) .
No recurso especial, alega a parte recorrente violação aos arts. 20, §§ 3º e 4º,
267, inciso IV, 295, inciso II, e 535, inciso II, todos do Código de Processo Civil de
1973, aos arts. 113, 421, 422 e 473, todos do Código Civil, e aos arts. 22 e 23, ambos
da Lei nº 8.906/1994, sustentando, em síntese, omissão do v. acórdão quanto ao fato
de que o contrato firmado faz lei entre as partes e dispõe que somente é cabível o
arbitramento judicial de honorários na falta de estipulação ou acordo; que o Tribunal
de Origem não se manifestou quanto à questão de que a condenação está determinando
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o pagamento antes do sucumbente quitar o débito, configurando antecipação de
honorários; que mesmo diante da resilição contratual, o contrato é válido até onde
cumprido, devendo ser mantido na forma acordada; ausência de interesse processual
do recorrido; que restou estabelecido no contrato de prestação de serviços advocatícios
que o advogado será remunerado exclusivamente pelos honorários de sucumbência;
bem como que o contrato expressamente prevê a proporção devida em caso de rescisão
durante o trâmite da ação. Aduz, pois, que deve ser excluída a sua condenação aos
honorários, de forma a manter o que foi acordado.
Apresentadas contrarrazões (e-STJ fls. 611-614).
É o relatório.
Passo a decidir.
Inicialmente, esclareço que o juízo de admissibilidade do presente recurso será
realizado com base nas normas do CPC/1973 e com as interpretações dadas, até então,
pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (cf. Enunciado Administrativo n.
2/STJ).
Ato contínuo, percebe-se que a irresignação não merece acolhida.
O recorrente, em sede de recurso especial, alega ofensa aos arts. 20, §§ 3º e 4º,
267, inciso IV, 295, inciso II, e 535, inciso II, todos do Código de Processo Civil de
1973, aos arts. 113, 421, 422 e 473, todos do Código Civil, e aos arts. 22 e 23, ambos
da Lei nº 8.906/1994, sustentando, em síntese, omissão do v. acórdão quanto ao fato
de que o contrato firmado faz lei entre as partes e dispõe que somente é cabível o
arbitramento judicial de honorários na falta de estipulação ou acordo; que o Tribunal
de Origem não se manifestou quanto à questão de que a condenação está determinando
o pagamento antes do sucumbente quitar o débito, configurando antecipação de
honorários; que mesmo diante da resilição contratual, o contrato é válido até onde
cumprido, devendo ser mantido na forma acordada; ausência de interesse processual
do recorrido; que restou estabelecido no contrato de prestação de serviços advocatícios
que o advogado será remunerado exclusivamente pelos honorários de sucumbência;
bem como que o contrato expressamente prevê a proporção devida em caso de rescisão
durante o trâmite da ação. Aduz, pois, que deve ser excluída a sua condenação aos
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honorários, de forma a manter o que foi acordado.
O acórdão recorrido, por sua vez, negou provimento ao agravo regimental,
mantendo a decisão monocrática, a qual assim assentou (e-STJ fls. 538-539):
As partes firmaram contrato de prestação de serviços de advocacia
em que foi convencionado na cláusula sétima o seguinte: (...)
Como visto, a remuneração se refere ao período de vigência do
contrato.
No entanto, não há menção alguma sobre como ela se dará caso
ocorra rescisão. E é nesse ponto que reside o interesse do apelante, já
que essa situação aconteceu.
Diante disso, o arbitramento dos honorários tem lugar, sem, contudo,
revogar a cláusula que definia a forma de pagamento enquanto a
avença estava em vigor, somente acrescentando como será depois da
rescisão.
Ademais, é imperioso que seja arbitrada a verba, caso contrário, o
cliente enriqueceria indevidamente às custas do trabalho exercido
pelo advogado, o que não se admite.
Com efeito, quanto à alegada violação ao art. 535, inciso II, do Código de
Processo Civil de 1973, vislumbra-se a não ocorrência de nulidade por omissão,
obscuridade, ou contradição, tampouco de negativa de prestação jurisdicional, no
acórdão que decide, de modo integral e com fundamentação suficiente, pela
viabilidade do arbitramento dos honorários, sobretudo pelo fato de que, "conforme
posicionamento do STJ, na avença rescindida por só uma das partes "não se aplica a
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regra pela qual apenas seria remunerado o serviço ao final e por conta do devedor,
uma vez que o mandante revogou o mandato e extinguiu o contrato de prestação de
serviços, impedindo a obtenção do resultado" (REsp 402.578/MT, Rel. Min. Ruy
Rosado de Aguiar, DJ de 12/8/2002."
O juízo não está obrigado, ainda, a se manifestar a respeito de todas as
alegações e dispositivos legais suscitados pelas partes.
A propósito:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE
COMPRA E VENDA DE TERRAS, FLORESTAS E DE CESSÃO DE
DIREITOS. OFENSA AOS ARTS. 458 E 535 DO CPC.
INDEFERIMENTO DA PROVA ORAL. CERCEAMENTO DE
DEFESA. SÚMULA Nº 7 DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Não há que se falar em violação dos arts. 458 e 535, ambos do
CPC, quando o acórdão resolve fundamentadamente as questões
pertinentes ao litígio, mostrando-se dispensável que venha examinar
uma a uma as alegações e fundamentos expendidos pelas partes.
2. O Tribunal de origem concluiu que a produção de prova oral era
desnecessária ao julgamento da lide porque eram suficientes as já
constantes nos autos.
3. No caso, infirmar a conclusão a que chegou o Tribunal de origem
em relação à necessidade de produção de novas provas para o
julgamento da lide é providência inviável neste âmbito recursal, à luz
da Súmula nº 7 do STJ. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no
AREsp 702.273/RJ, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 06/10/2015).