Você está na página 1de 3

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO


COLEGIADO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Campus CCA/Petrolina-PE

Disciplina: Antropologia e Sociologia


Docente: Maria Ester Oliveira
Discente: Gizele Augusta Lemos da Silva

1.Como é possível a educação representar tanto um caminho para oportunidades


quanto um instrumento para manutenção da desigualdade? Onde, em sua experiência
você já viu ambos em ação?
Resposta:
Segundo GIDDENS (2005), os indivíduos e os grupos usufruem de um acesso diferente
(desigual) às recompensas, com base em sua posição dentro do sistema de estratificação.
Assim, a estratificação pode ser definida, de um modo mais simples, como as desigualdades
estruturadas entre diferentes agrupamentos de pessoas.
Está estratificação também estende-se ao nível da educação. É certo que uma boa
escolaridade, somada de um ensino superior e especializações, levam o indivíduo a
conquistar diversas áreas da sociedade que antes, sem ela, não poderia alcançar. Por outro
lado, aqueles que não possuem a oportunidade de frequentar a escola ou a faculdade, por
diversos motivos, como a necessidade de trabalhar cedo e ajudar financeiramente a família,
permanecem no mesmo nível de estratificação inicial.
Minha experiência com esta desigualdade está relacionada a escolaridade dos meus pais.
Meu pai, possui formação em Engenharia e Direito, exercendo o cargo somente de
engenheiro. Vindo de uma família pobre, sempre estudou, pois sabia que esse seria o único
caminho para usufruir de condições melhores. Em contrapartida, minha mãe, por ter
engravidado aos 20 anos, não conseguiu concluir seu curso de Direito, visto que cuidava do
lar e dos filhos. Hoje, seu empreendimento é uma Loja de Açaí, que comparado ao salário
do meu pai, é significativamente menor, já que não possui carteira assinada ou uma empresa
prestando assistências adicionais, como plano de saúde, seguro de vida, dentre outros
benefícios.
Desta forma, é possível concluir que o acesso à Educação pode mudar realidades e
perspectivas de vida, como também, a falta de acesso, cria mais um nível de estratificação
na sociedade, com pessoas ganhando mais por ter a oportunidade e o tempo de estudar,
enquanto outras, não possuem este mesmo privilégio.

2.Quais as fontes da desigualdade social? Existem determinados padrões sociais que


constituem a base e dão forma a essa distribuição de vantagens e desvantagens?
Explicite, após estudos em sala de aula e leitura dos textos indicados, quais seriam.
Resposta:
Em nossa sociedade, as fontes da desigualdade social podem ser diversas. Há desigualdade
entre aqueles que obtiveram a oportunidade estudar e outros não, entre homens e mulheres
(gêneros), entre distintivas raças e etnias, entre famílias popularmente conhecidas, de
‘’sobrenome’’, e aquelas famílias sem heranças ou grandes nomes. Desta forma, existem
padrões sociais que constituem a base e dão forma a essa distribuição de vantagens e
desvantagens. O ideal, o padrão, é sempre ditado por quem está no topo da estratificação
social: se vestir com determinada marca, dirigir o carro do ano, frequentar os ambientes mais
caros, com pessoas influentes, dentre outros aspectos que constituem e confirmam quem tem
o domínio das consideradas melhores posições em nossa sociedade.

3.Que fatores influenciaram suas chances na vida? Quais os tipos de recursos que você
herdou de outros? Que recursos podem ter lhe faltado? Como seria sua vida se você
tivesse tido mais recursos e como seria se você tivesse tido menos recursos do que
tem/teve?
Resposta:
Meus pais vieram de famílias humildes, pobres, sem muitas oportunidades, mas sempre
acreditaram na Educação como meio de se criar novas oportunidades e de ter diferentes
perspectivas de vida. Desta forma, desde muito nova, fui influenciada a estudar, e escutava
que não existiria herança melhor que eles pudessem me dar, a não ser o acesso a uma
educação de qualidade, visto que dinheiro ou status, simplesmente poderiam acabar,
enquanto o conhecimento adquirido ao longo do tempo, não.
Poucos recursos básicos me faltaram nesta caminhada, sempre pude estudar em colégios
particulares, comprar material escolar e demais necessidades, mesmo que com algumas
dificuldades em determinados anos. Com a base que tive, ingressei em um curso que
desejava na Universidade e a cada dia, as oportunidades aumentam para um futuro melhor.
Com isso, acredito que recursos adicionais nestas condições, não mudariam muito a minha
realidade. Talvez, eu conseguiria estudar fora, fazer intercâmbio e conhecer outras
universidades, fatos que não consigo com a situação atual da minha família ou sem depender
de alguma bolsa estudantil e assistencial.
Com menos recursos, certamente a minha situação seria completamente diferente. É inegável
dizer que a educação básica no Brasil é escassa. Alunos de uma mesma série, mas em escolas
particulares e públicas, não possuem a mesma educação. Escolas públicas, por diversos
motivos, possuem poucos professores, greves e demais problemas. Enquanto em escolas
particulares, salvo exceções, o ano letivo ocorre normalmente, sem interrupções e com
qualidade. Esta desigualdade é tão evidente, que alunos de escolas públicas possuem cotas
nas Universidades Públicas. Além disso, a falta de recurso para se comprar material escolar,
ou necessidades básicas como alimentação e saúde, poderiam dificultar ainda mais a minha
ascensão social.
Concluo que a minha educação, herdada pelo esforço dos meus pais que não obtiveram tantas
oportunidades, fez com que a minha situação de vida fosse diferente, caso eu não tivesse
acesso a esses recursos.

4.Como a raça e etnia influenciam as oportunidades que você tem e os obstáculos que
você enfrenta? Como o racismo atua nesse processo? Até onde você é consciente de sua
raça e sua etnia, e das possíveis influências que elas podem ter em sua vida?
Resposta:
Apesar de me considerar preta, nunca senti nenhum obstáculo ao decorrer da minha vida,
em relação a isto, nem em relação a etnia que me considero encaixar. No Brasil, pelo reflexo
da escravatura e tudo o que esse período nos trouxe de herança, é evidente as desigualdades
sociais. É mais difícil ver um preto e pobre estar sentado na cadeira de uma Universidade,
assistindo a uma aula do curso de Medicina, e isto por diversos motivos, como a falta de
acesso à educação, a indispensabilidade de se trabalhar cedo, visto que os responsáveis não
podem custear todas as suas necessidades, do que um branco que teve acesso durante toda a
sua vida, a escolas particulares e cursos preparatórios.
Sou completamente consciente da minha raça e etnia, me considerando uma exceção neste
meio, pois tive acesso à educação e não precisei trabalhar cedo, para ajudar financeiramente
em casa. Apesar de ser preta, não precisei de cotas para ingressar na Universidade, pois meu
estudo foi completamente em escolas particulares, o que atualmente, considero uma grande
vantagem.
Desta forma, é inegável inferir que raça e etnia influenciam diretamente nos rumos que
determinado indivíduo irá seguir, muitas vezes, não por sua própria vontade, mas pelo o que
está enraizado na sociedade. Felizmente, está realidade vem mudando aos poucos e o desejo
de muitos é que não sejam apenas exceções, como eu fui, mas que as oportunidades, a
educação, acesso a saúde e alimentação de boa qualidade, seja para todos.

5.O que casos corriqueiros de assassinatos ou violência contra mulher por seus
parceiros nos dizem sobre a desigualdade de gênero e sobre o que é ser mulher no
Brasil? E como o gênero influencia nosso acesso aos recursos?
Resposta:
Apesar dos visíveis avanços que ocorreram no Brasil, como a aprovação da Lei Maria da
Penha, o feminicídio ainda é uma realidade. Seja de forma física, verbal ou moral, a violência
traz significativas consequências para a mulher na sociedade em que vive.
A sociedade brasileira é marcada por costumes patriarcais e machistas que contribuem para
a ideologia que o sexo masculino é considerado superior, e o feminino, inferior e frágil,
muitas vezes tratado como um objeto e sentimento de posse.
A violência, que pode levar a morte, é o auge de toda a desigualdade que as mulheres vem
sofrendo ao longo do tempo. Mas ainda aquelas que estão fora da realidade de serem
agredidas por seus parceiros, certamente já enfrentaram desigualdade em afazeres
domésticos, por exemplo, na Universidade, em cursos de especializações ou até no mercado
de trabalho. Mulheres com o mesmo nível de formação de um homem, muitas vezes,
recebem salário e recursos inferiores que os mesmos, pelo fato de serem mulheres.
Desta forma, é possível concluir a evidencia da desigualdade de gênero presente na
sociedade brasileira. No âmbito da problemática, encontra-se a diferença de afazeres, a
desconsideração de um trabalho feito por uma mulher, e em casos extremos, a agressão
física, moral e verbal, as inferiorizando, no lugar da valorização de tudo que elas, assim
como homens, podem oferecer para o crescimento da sociedade.

Você também pode gostar