Você está na página 1de 1

17/07/2020 CRONÓTOPO - E-Dicionário de Termos Literários

U
Introduza aqui Pesquisar

A B C D É F G H Í J K L M N O P Q R S T Ü V W Z Pesquisa

Ca Ce Ch Ci Cl Co Cr Cu Cy
Artigos recentes
CRONÓTOPO Génese e Desenvolvimento

by Isabel Fernandes | Dez 30, 2009 | C | 0 comments


Comentários recentes

Reporta-se à relação entre as categorias de espaço e tempo. Composto pelas palavras gregas cronos: tempo e topos: Arquivo
lugar, por ele se enfatiza a indissociabilidade destes dois elementos tal como se manifesta nas representações Dezembro 2017
literárias. É neste sentido geral que o conceito aparece em M. M. Bakhtin, num estudo monográfico de 1937-38 (com
conclusão acrescentada em 1973), intitulado “Forms of time and of the chronotope in the novel”. O subtítulo, “Notes
Categorias
toward a Historical Poetics” sugere a importância que o autor atribui ao papel do cronótopo como operador da
assimilação pela literatura do tempo e do espaço históricos. O cronótopo está, pois, na base do diálogo entre a destaque

literatura e a história. O modo como Bakhtin aborda a questão suscita que consideremos o cronótopo: 1) em sentido
restrito,como unidade de análise narrativa que permite a aplicação a textos literários concretos, encarados na sua Meta
singularidade; 2) em sentido lato, como unidade de estudo susceptível de detectar estruturas invariantes e
Iniciar sessão
transhistóricas. Esta dupla operacionalidade é possível dada a natureza “bifocal” (Holquist, Dialogism, Routledge,
Feed de entradas
1990, 113) do cronótopo que (como a maior parte dos termos característicos do dialogismo) permite que ele seja
utilizado como uma lupa reveladora do pormenor característico do texto único ou como o óculo adequado à visão Feed de comentários
distanciada. Por este motivo
motivo,, tanto podemos apreender e caracterizar o cronótopo de um texto concreto, já que ele é WordPress.org
“o lugar onde os nós da narrativa se fazem e se desfazem” (Bakhtin, The Dialogic Imagination, University of Texas
Press, 1981, 250), como podemos falar do cronótopo característico de um autor (Tolstoi, Dostoievski, Rabelais), ou de
About Me
um género, dado que: “cronótopo em literatura tem uma significação intrínseca de natureza genérica. (…)
[É]precisamente o cronótopo que define género e distinções genéricas” (Bakhtin, op. Cit., 84/85). Bakhtin começa por http://fcsh.unl.pt/faculdade

analisar concretamente os três cronótopos correspondentes a três tipos de romance antigo: romance de aventuras /docentes/ccfm

com provas, romance de aventuras da vida quotidiana e romance biográfico. Relativamente ao primeiro destes (caso
de Etiópica e Dafne e Cloé), caracteriza-o por abrir com uma catástrofe (rapto da noiva por piratas, por exemplo) a
que se sucedem uma série virtualmente infinita de aventuras que põem à prova o herói nas suas múltiplas tentativas
para salvar a rapariga de diversos tipos de opositores (monstros, malfeitores, etc), terminando com a reunião dos
amantes. O tempo é “vazio” na medida em que os acontecimentos centrais não estão ligados causalmente nem
deixam marcas nas personagens; o espaço é “abstracto” no sentido em que a acção poderia desenrolar-se em
qualquer lugar. Depois deste tipo de análise pormenorizada e concreta, Bakhtin aproveita para mostrar como a
produtividade e flexibilidade daqueles três tipos de texto e das respectivas configurações cronotópicas haveriam de
permitir o desenvolvimento ulterior do romance de aventuras tal como viria a ser praticado na Europa até meados do
séc. 18. Por outro lado, nas páginas finais do ensaio (escritas em 1973) o autor preocupa-se em enumerar tipos
recorrentes de cronótopos: o cronótopo da estrada, do castelo, do salão, da cidade de província, do limiar. Esta
oscilação constante entre a detecção de invariantes e a atenção a textos singulares sugere que: “mesmo a forma mais
elementar de cronótopo, a aventura abstracta, está sujeita a condições intertextuais e históricas que transformam
qualquer apropriação das suas características repetíveis numa elocução, isto é, num texto com um significado
particular numa situação específica” (Holquist, op. Cit., 118). Na base de um tal tratamento do cronótopo parece estar
uma poética histórica de natureza intertextual e comparativística.

{bibliografia}

Mikhail Bakhtin, “Forms of time and of the chronotope in the novel”, The Dialogic Imagination (1981); Michael
Holquist “The Dialogue of History and Poetics”, Dialogism (1990).

Últimas entradas Links Pesquisa


Amiúde FCT – Fundação para a Ciência Search… Search

Sinalefa e a Tecnologia

Apossínclise CETAPS

ILNOVA
SAGA
FCSH/UNL & FLUP
IMAGOLOGIA LITERÁRIA
Nota Positiva
ANÁBASE
Site do Escritor

Financiado por fundos nacionais


através da FCT – Fundação para a
Ciência e Tecnologia, I.P.,  no
âmbito dos projectos :
UID/ELT/04097/2013;
UID/ELT/04097/2016;
UID/ELT/04097/2019;
UIDB/04097/2020 /
UIDP/04097/2020.

2018 © E-Dicionário de Termos literários de Carlos Ceia | Powered by componto.com

https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/cronotopo/#:~:text=Por este motivo%2C tanto podemos,um autor (Tolstoi%2C Dostoievski%2C 1/1

Você também pode gostar