Desde quando eu nasci nunca vivi em uma família rica, meu
nome é Maria Capitolina Santiago, desde criança até minha adolescência, vivi em uma rua nomeada de Matacavalos, sempre falavam que eu tinha " olhos de cigana obliqua e dissimulada, meio especifico, mas quando criança você acha que tudo voltado mais para um elogio. Nesta rua morava uma família rica, e lá morava um menino chamado Bento Santiago. Ele e sua mãe foram visitar sua vizinhança em 1853 dia 12 de abril, o tinha em conheci bento. Eu gostava muito dele na minha adolescência, porem sua família sempre desconfiou muito de mim pois eu vinha de uma família muito pobre. Durante a visita em sua casa eu conheci a sua família entre eles: seu empregado José Dias, sua prima Justina, seu tio Cosme e Dona Glória que é sua mãe. Durante a minha visita eu pode conhecer melhor seus familiares, entre eles especificamente Dona Glória (mãe de Bento) ela sempre foi uma senhora que acreditou muito em Deus, por isso durante sua gravides fez uma promessa para Deus onde se Bento nascesse, ele se tornaria se um padre. Então, Dona Glória começou a me contar a história onde Bentinho nasceu. -Lá estava eu, com Bentinho na minha barriga, no hospital, estávamos em uma situação complicada, Bentinho estava com bastante falta de ar, e eu estava desesperada, logo orei a Deus para que se ele nascesse, honraria sua vida ao Senhor, sendo um padre, disse dona Glória. -Nossa que emocionante! Realmente uma história muito bonita, e tudo indica que ele vai se tornar um grande padre, eu falei! -Isso eu não tenho dúvidas, exclamou dona Glória. -Mãe, sinto que padre não é o meu propósito de vida, respeite minhas decisões, Bentinho irritado disse. -Mas filho, você terá um grande testemunho, e eu fiz uma promessa no dia do seu nascimento, dona Glória falou. Sua prima Justina era a que mais não gostava de minha presença, sempre quando via nós dois juntos iam separar Bento falando que ele precisava fazer alguma coisa. Mesmo assim conseguimos nos encontrar as vezes para conversarmos. -Prima Justina, por que sempre que nos encontramos, você fica de um jeito diferente comigo e com Bentinho, eu perguntei? -Bom, como não conhecemos você, ficamos com um receio, pense se estivesse no nosso lugar, falou Prima Justina. -A, sem problemas! Você tem razão, não tinha parado pra pensar isso, mas sinto que não é só isso, eu falei. -Não, não é isso, pode acreditar em mim, um dia ainda seremos grande amigas, animada falou prima Justina. Tio Cosme nunca gostou da ideia de Bentinho se tornar um padre, pois ele sabia que não era essa a vontade de Bento, ele já avia tentado conversar com Dona Glória sobre isto e não mandar ele para o seminário, porém ele não conseguiu convence-la. Tentei falar com tio Cosme, porém percebi que ele não era um homem muito de conversa. Pedro de Albuquerque Santiago pai de Bento morreu quando ele era pequeno, por isso foi necessário alguém para ficar como um pai de família, que foi José Dias, que era um agregado da família, que conheceram a muito tempo. Nunca me falaram muito sobre o pai de Bento, a família parece ter em segredo a vida de Pedro de Albuquerque Santiago, não gostam de falar do assunto. José Dias era uma pessoa como diziam “tipicamente brasileiro” e ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo, que já era um agregado a um grande tempo. Eles se conheceram quando ainda vivam na fazenda em Itaguaí. Nesse dia conversei com José Dias sobre a possível ida de Bentinho ao seminário, e ele me respondeu. -Eu posso tentar conversar com dona Glória, mas não posso garantir nada, pois ela acredita muito nisso, falou José Dias. -Mesmo assim tente convence-la, ficarei muito grata, exclamei a ele. Eles me contaram a história de José Dias, lá estavam em sua fazenda, em Itaguaí, quando ali passou um médico, que logo entrou e tratou dos doentes, após isso o pai de Bento pediu para que ele ficasse porém, ele recusou. Mas então, o pai de Bento insistiu para que ele nos visitasse e cuidasse dos outros doentes ali a fora. Passou-se um tempo, e José Dias voltou a casa deles, e aceitou a moradia. Um tempo se passou, e se iniciava uma nova epidemia dentre os escravos, e ali então, ele revelou que não era médico e falou que estava somente obedecendo o que estava escrito em seu livro, e não conseguiria curar os doentes. Mesmo assim, ele foi aceito, como agregado na casa, e que ajudaria nas tarefas cotidianas. Com o tempo, José Dias adquiriu autoridade na casa. Bento tinha essa vontade de eu conhecer sua casa como ele conhecia a minha, mas sempre achei que não gostariam de minha presença. Porém, sua família me recebeu de uma forma muito agradável, melhor do que eu imaginava, foi muito legal conhecer um pouco a vida de cada um. No dia que Bento partiu para o seminário fiquei muito abalada e triste e logo fui tirar satisfação com José Dias para falar com Dona Glória sobre a inda de Bento ao seminário, porém ele não me deu uma resposta sobre quando seria a volta dele. Durante a minha visita, ouve uma discussão entre a família de Bento, e então Bentinho começou a discutir com sua mãe sobre a ida ao seminário, durante a discussão, eu fingi ter ido embora, mas fiquei escondida atrás de um folhagem escutando a conversa. -Mãe, por favor, eu não quero ir ao seminário! Eu não quero isso para minha vida, imploro, muito nervoso e tenso Bentinho falou. -Filho, escute sua mãe, compreendo-o, porém você tem que entender que só está aqui pela promessa que fiz ao Senhor em prantos, no momento que os médicos achavam que você não sobreviveria, disse a mãe de Bentinho. -Mãe, você fez isso em um momento que estava nervosa, eu nem nascido era! Você fez uma promessa muito dura, que abalaria minha vida inteira, você nem ao menos pôde me consultar, exclamou Bentinho. -Filho, mas tente entender, não seja penoso, sua mãe estressada falou. -D. Glória, você tem que entender que não pode força-lo a fazer uma coisa que ele não quer. Já conseguimos entender que ele não quer fazer isso de jeito nenhum, isso só está o atrapalhando, temos que decidir isso de uma vez por todas, se pronunciou José Dias. -Vocês tem que decidir logo o futuro desse garoto, se ele não quer, respeitem, disse tio Cosme de forma curta e grossa. -Por mim deixe que ele vá, para não criar laços com Capitu, exclamou prima Justina. Eu então, para não ser vista, saí do lugar, e fui de forma sorrateira até minha casa. Pensei em tudo o que falaram sobre o acontecido, e de uma vez por todas vi que a prima de Bentinho não gostava de mim. Durante a noite, eu não consegui dormir por consequência de tudo o que escutei da família de Bento, não sabia o que poderia acontecer nos próximos dias. No dia seguinte, fui ver Bentinho, e ao chegar em sua casa encontrei ele muito chateado, pois não conseguiu convencer sua mãe para não ir ao seminário, então perguntei. -O que aconteceu Bentinho, indaguei. -Tive uma briga feia com minha família ontem, triste Bentinho falou. -Mas me conte mais! -Eu e minha mãe, começamos a discutir sobre a minha ida ao seminário. -E você está bem? Porque me parece cansado. -Estou bem, respondeu. Então, depois da breve conversa com Bentinho, lhe desejei melhoras e nos despedimos. Após todo o acontecido Bentinho tentava se acostumar com a ideia de ir ao seminário mesmo contra sua própria vontade. Passaram-se alguns dias e chegou o dia de sua mãe fazer a matricula de Bentinho para ida ao seminário. Bentinho durante todo o trajeto reclamou com a sua mãe, sobre a ida dele, junto com os dois estava José Dias que queria deixar Bentinho no seminário por seis meses, porem Bentinho sugeriu ficar apenas três meses. Durante a matricula Bentinho foi convidado a conhecer a instalação do lugar e na visita Bento começou a se acalmar um pouco, pois achou muito interessante o lugar e também tranquilo e aconchegante. Enquanto estava na ida ao seminário fiquei muito preocupada já que achei que não nos veríamos tão cedo. Fiquei pensando nele durante o dia todo, pois a cada minuto que passava eu imaginava como seria ficar longe dele por um grande período pois nada seria como antes. Após a volta do seminário Bentinho ficou aborrecido com sua família e passou o resto do dia no seu quarto sem a presença de ninguém, pensando em como sua vida seria daquele momento a diante. E durante o dia eu olhava de forma sorrateira, eu olhava Bentinho pensando em seu quarto, até fui a janela do quarto de Bentinho para ver como ele se sentia. -Bentinho como você está? Perguntei a ele. -Estou me sentindo um pouco mal. Respondeu Bentinho. -Estive muito preocupada com você, você não está mais falando nada comigo e sua família, você está comendo muito pouco, e também anda muito estressado. Falei a Bento. -Não, estou bem. Respondeu Bento. -Você tem certeza? -Absoluta, apenas fiquei muito decepcionado com minha família por me obrigarem a ir ao seminário. -Mas não se preocupe com isso, pois ainda poderemos nos encontrar. Exclamei. -Porém Capitu nós não nos encontraremos tanto quanto antes. Falou Bentinho. -Mesmo assim ainda vamos nos encontrar, não é? -Se nos encontrarmos, provavelmente será por acaso. Falou Bento. -Ora, não se desanime, porque podemos estar sendo muito pessimistas, pois eu tenho certeza de que nos encontraremos mais vezes do que imaginamos. -Você tem certeza disso? Lamentou Bento. -Sim, com certeza. -Bem já esta tarde, acho melhor nos recolhermos. Comentou Bento -Então boa noite. Respondi a ele. Capítulo 2 O seminário Logo chegou o dia da ida de Bento ao seminário. Ao chegar lá ele se depara com um ambiente peculiar, durante o começo do dia ele estava muito triste e pensativo em um canto do seminário, até que ele escuta passos se aproximando dele, quando ele se vira para ver quem estava ali, se depara com um rapaz magro com cabelos pretos que aparentava ter a mesma idade que ele, esse rapaz se chamava: Escobar. Então, naquele momento se iniciava uma conversa, que eles não sabiam, mas iria mudar suas vidas. -Prazer, meu nome e Bento. -E o seu? -Olá, me chamo Escobar. -O que você está fazendo ai sozinho? Indagou Escobar. -Estou aqui pensando sozinho, pois não conheço ninguém aqui. Disse Bentinho. -Ora então acabou de conhecer um amigo. Retrucou Escobar. Então, após essa conversa eles acabaram revelando verdades, como se fossem velhos conhecidos. -Vou revelar uma coisa pra você, eu não queria estar aqui, a minha verdadeira vontade é o comércio, mas não é que eu não seja religioso, porém a minha paixão é realmente o comércio, disse Escobar. -Entendo, é uma situação muito complicada mesmo, sofro com o mesmo problema, pois a minha mãe, fez uma promessa, no dia de meu nascimento, eu tenho certeza que nunca foi e nunca será ser padre. -Seria uma moça? indagou Escobar. -Sim, uma moça muito bela e aliás, acredito que ela possa ser a paixão de minha vida, disse Bentinho. -Eu sabia que tinha mulher nessa história, riu Escobar. Bentinho e Escobar estavam pegando certa intimidade, suas idades batiam muito, até que chegaram em um consenso. -Devemos planejar uma fuga! Exclamou Escobar. -Acho uma ideia sensata, pois nós dois concordamos e afirmamos que não queríamos estar aqui, Bentinho falou. Após esse diálogo, os dois tiveram em mente, que a partir daquele dia, eles tentariam a todo custo sair do seminário. Escobar e Bentinho planejaram cada passo para seu plano, pensaram em tudo antes de realizar a fuga. Então decidem botar seu plano em ação, esperaram a noite cair, andaram sorrateiramente pela ponta do pé para não fazer barulho. Caminharam até a porta de entrada do seminário, mas ao chegarem lá, perceberam que tudo o que fizeram não passou de uma grande perda de tempo, pois não conseguiriam continuar pondo o plano em prática. Os dois então, nervosos com a situação, decidiram voltar para seus quartos, porém foram pegos pelo inspetor, e começaram uma discussão. -O que vocês estão fazendo aqui? Deveriam estar dormindo! O inspetor irritado disse. -Estávamos apenas dando uma volta para esfriar a cabeça, falou Escobar. -Vou deixar passar dessa vez, mas que essa situação não se repita! -Pode deixar, não vai se repetir. Após logo o acontecido, Escobar e Bentinho então voltaram para o quarto muito tensos, e decidiram dormir e esquecer tudo isso, ou pelo menos tentar esquecer toda essa história. Na manhã seguinte, eles estavam conversando, então Escobar estava recordando sobre os acontecidos da noite passada. -Então, como havia me falado sobre aquela moça muito bela, vocês têm algum tipo de relacionamento? -Infelizmente apenas amigos, mas as vezes tento me imaginar com ela. -Do jeito que está indo não vai rolar, pois para ser padre não se pode casar. Lembrou Escobar. De repente eles ouviram alguns passos se aproximando deles, quando eles viraram, se depararam com uma menina que lembrava Capitu. Os dois ficaram muito assustados e intrigados com a chegada desta menina. -Olá, quem é você? Perguntou Escobar. -Essa menina parece muito com Capitu. Pensou Bentinho. -Meu nome é Sancha, Capitu pediu para que eu lhe trouxesse uma coisa. -Mas o que é essa coisa? Perguntou Bento. -É um bolo de sua mãe feito para você, ela está muito orgulhosa de você. -E como vou saber que foi realmente a minha mãe que enviou você? -Pode perguntar para sua mãe, Dona Glória, ela me pediu para eu entregar este bolo de chocolate pois diz ela que é o seu preferido. Falou Sancha. -Então foi realmente ela que me enviou, desculpa por suspeitar de você, muito obrigado pelo bolo e pelo favor que fez a minha mãe. Após Sancha ir embora, Escobar pediu a Bento um pedaço do bolo, pois não resistiu a tamanha gostosura. Então os dois comeram o bolo.