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Capítulo 1 2020

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1. CHEGANDO À UNIVERSIDADE

Para este tema serão abordados os seguintes assuntos:

1.1. Alerta aos iniciantes.

1.2. Uma nova fase.

1.3. Porque estudar?

1.4. Considerações sobre um método de estudo.

1.5. Condições para viabilizar o estudo.

1.6. Fases do estudo.

1.1. ALERTA AOS INICIANTES

Chegar a Universidade representa um acontecimento marcante na vida de todos que têm o


privilégio de por ela passar, pois a expectativa de adquirir novos conhecimentos e novas
amizades renova as esperanças de um futuro melhor, de um futuro promissor.

fig.1.1

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Mas para que isso aconteça, é necessário que o estudante tenha uma postura que se reveja
numa decisão pessoal firme de aproveitar tudo o que a universidade oferece. É preciso procurar
conhecer em profundidade a instituição, objectivo que pode ser alcançado, participando
intensamente de suas actividades.

Aguardar que os professores entreguem os conhecimentos previamente elaborados é uma


atitude muito comodista e deste modo se desperdiça oportunidades de crescimento intelectual.

A qualidade de um curso de engenharia, não depende apenas do corpo docente e dos


apetrechos de que a universidade dispõe; depende também da qualidade do estudante que nele
ingressa. Mas ainda, depende de um clima geral que favoreça os estudos, que estimule a
criatividade e que instigue os estudantes a progredir. Para que o estudante faça parte deste
ambiente de progresso, este deve participar activamente do processo de formação, que começa
por conhecer a instituição.

Para que tudo isto aconteça, é necessário que se esteja motivado a cursar o nível superior,
pois caso contrário deve-se procurar fazer outra coisa. Deve ser frustrante estar na universidade,
estudando com a intenção de receber o diploma e futuramente ganhar salários altos; ou para
agradar os pais, que querem ver o “filho engenheiro”, assim como para comparar com alguém.
Para evitar futuros arrependimentos, deve ser feito um exame de consciência apurado. Todas as
profissões são honradas e não dependem de curso superior.

1.2. UMA NOVA FASE

Ao passar do curso secundário para o universitário, muita coisa muda; talvez a forma de
abordar os ensinamentos recebidos seja a mais importante mudança. O estudante passa de agente
passivo para agente activo no processo educacional. Nesta nova fase, pode-se direccionar e
programar livremente o seu aprendizado, doseando-o de acordo com suas potencialidades e
interesses.

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fig.1.2

Esta maior liberdade, deve ser usufruída com maturidade. É comum encontrar estudantes
que em nome desta liberdade, chegam tarde ou saem antes do final das aulas; ou mesmo
“gazetam” as mesmas – o que representa uma falta de seriedade indigna de futuros profissionais.

Outra mudança importante que os alunos notam é a relação professor – aluno. Nesta nova
fase, o professor passa a ser mais orientador do que fiscalizador. Também rapidamente percebem
que nem todos os professores correspondem ao modelo ideal que eles tinham de mestre de
ensino superior. Entretanto, devem aprender a enfrentar de forma madura estas questões e
contribuir na resolução deste tipo de caso.

Para se adaptar a vida universitária, o estudante deve procurar se colocar a par de


inúmeras novas situações que irá enfrentar. Os aspectos de moradia, alimentação e assistência
médica, geralmente afectam mais aqueles que se deslocam de seus lugares de origem e tem que
se adaptar a nova situação. Neste caso, deve-se estar preparado para coabitar em “ residências ”,
o que exige um comportamento social mais equilibrado para harmonizar a convivência. Nessas
condições, aparecerão com mais frequência programas extra-estudos, que poderão colocar em
segundo plano a dedicação aos estudos.

Para quem tem domicílio no local de estudo e uma vida social mais estabilizada, este
problema é menos sentido. Pode parecer irrelevante, mas se esse aspecto não é tratado com a
devida atenção, pode prejudicar ao estudante que não consiga dosear equilibradamente as suas
actividades.

A saúde física é fundamental para o pleno desenvolvimento das actividades intelectuais.


Por isso, deve-se ter cuidados constantes com a alimentação, repouso e actividades físicas.

Outros recursos que a Universidade tem a disposição do estudante são:

 Áreas de lazer, actividades desportivas, bibliotecas;

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 Cursos extra-curriculares, directórios académicos, laboratórios;

 Moradia estudantil, promoções culturais, restaurante do campus;

 Etc.

Os comentários acima apresentados são muito importantes, porém o fundamental é fazer o


melhor uso dos conhecimentos adquiridos durante a permanência na Universidade.

Ao empregar uma metodologia de trabalho, o estudante poderá utilizar com mais eficiência
suas potencialidades, para aproveitar intensamente aquilo que a Universidade oferece.

1.3. PORQUÊ ESTUDAR?

Eis a pergunta que muitos de nós fazemos. Sua resposta será apresentada numa perspectiva
que se pensa justificar o estudo.

fig. 1.3

Em muitas empresas modernas, acredita-se que a meia-vida de um eng0. Seja de 10 anos, isto
é, metade do que ele aprendeu será considerado “conhecimento obsoleto” no decorrer de uma
década.

No ritmo da evolução da ciência e da tecnologia, calcula-se que dentro de 25 anos, o


montante de conhecimentos no mundo será quatro vezes (4x) mais que actualmente, em 50 anos
acerca de trinta vezes (30x) maior e então 97% de tudo aquilo que for conhecido terá sido
descoberto ou inventado a partir de hoje.

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Assim, o que se sabe agora representará apenas 3% das informações dominadas daqui a 50
anos. Embora essas estimativas requeiram alguma reflexão, elas corroboram a idéia de que o
futuro da Humanidade estará calcado no domínio e manipulação da informação.

Considerando o facto de que está a iniciar um curso superior, deve ter tido pelo menos doze
(12) anos de estudo e que, se pretende ser um profissional activo, deverá actualizar-se
continuamente, nada mais lógico do que aprender a estudar com eficiência e com eficácia. Para
isso deve-se saber usar adequadamente os recursos disponíveis para conseguir uma boa
aprendizagem.

1.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE UM MÉTODO DE ESTUDO

A transição do nível médio para o curso superior exige uma série de alterações no
comportamento do estudante, pois no ensino superior cada um deve assumir uma conduta
responsável, conciliando a sua vida social com os estudos, o que nem sempre é fácil de
conseguir.

Outro aspecto preliminar de se registar é que saber estudar com eficiência e eficácia não é
inato no ser humano, é algo que precisa ser aprendido. Aprender a estudar é necessário, pois o
indivíduo ao passar para o curso superior, deixou de ser aluno (aquele que é ensinado) e passou a
ser estudante (aquele que aprende e estuda porque quer, com motivação e sob orientação,
devendo ele próprio, agora, tomar muitas das iniciativas).

Estudar não é apenas captar um assunto, mas principalmente organizar na mente, com
fluidéz, continuidade e encadeamento lógico, diversos tópicos, formando uma postura crítica e
coerente. Não se deve confundir aprender com estudar. Estudar é uma faculdade particular do ser
humano; aprender é uma característica dos seres vivos, que o Homem pratica desde que nasce
aprendendo a falar, andar ou a usar utensílios.

Com esta proposta, pretende-se apresentar uma metodologia de trabalho, visando a um


melhor e mais sólido processo de aprendizagem. Ressalta-se que o primeiro objectivo deste
tópico é o de desmistificar a idéia de que existe uma maneira de estudar pouco e aprender muito,
cujo método dispense o trabalho que não se quer ter.

Outro ponto importante é o facto de que a falta de tempo é inconciliável com os estudos;
quem pretende estudar deve criar o seu tempo para isto.

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Outros pontos como a preparação psicológica – condição básica para viabilizar um estudo
que culmine numa aprendizagem substanciosa – e uma boa programação do tempo tanto para o
estudo, trabalho, como para o lazer, são aqui abordados como condições primordiais para se
aplicar qualquer técnicas de estudo.

O estudo eficáz é um processo que não pode ser compartilhado com outra actividade. Por
isso recomenda-se um verdadeiro isolamento quando se estuda, intercalando pequenos
intervalos, para evitar o cansaço prematuro.

fig. 1.4

Devem nortear o estudante nas suas actividades, as seguintes observações:

a) Não há regras absolutas para um método de estudo; o que existe são recomendações, que
devem ser adaptadas a cada individuo e a cada assunto a ser estudado, por exemplo:
estudar Oficinas Gerais exige comportamentos diferentes dos necessários para estudar
Inglês.

b) O estudante deve estar ciente de que deve aprender a ver um determinado assunto sob
vários ângulos, compará-los e reflectir criticamente sobre o tema.

c) Saber fazer perguntas é uma ferramenta bastante útil para a orientação.

1.5. CONDIÇÕES PARA VIABILIZAR O ESTUDO

A primeira condição básica para viabilizar o estudo é a racionalização do tempo. Este aspecto
é preponderante, pois um estudante que se pretenda bem sucedido tem necessariamente que saber
determinar o que fazer em cada momento. A não programação, geralmente leva estudantes a
indecisões e adiamentos que o fazem preterir de determinadas actividades em favor de outras que
lhe são mais agradáveis, o que de certa forma acaba prejudicando o estudo. Para que isto não

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aconteça, recomenda-se fazer uma boa programação de tempo, evitando assim que se deixem de
lado assuntos que mereçam mais dedicação, ou mesmo que se deixe de estudar com o pretexto de
que outras actividades extra-ensino também devam ser realizadas.

Uma boa programação deve contemplar, para além dos tempos de aula e trabalho, períodos
bem doseados de extra-classe para cada matéria, de acordo com o grau de dificuldade de cada
assunto, avaliado pelo próprio estudante. Assim, sugere-se o preenchimento de um quadro de
horários como apresentado na figura abaixo, em que destacam-se actividades a serem cumpridas
- aulas, trabalhos, lazeres, etc.

Na realidade, o importante na confecção de um horário é que este seja realístico, para uma
boa execução. Um horário não cumprido não é só inútil, como também nocivo, pois cria a ilusão
de que se está fazendo algo, quando na realidade isto não acontece.

Um horário deve permitir correcções e adaptações constantes, para satisfazer as necessidades


do período. P.ex. numa semana de testes, deve-se dedicar um tempo maior as revisões globais da
disciplina, não podendo deixar-se de lado os tempos dedicados as recomposições das aulas, lazer,
etc.

O aproveitamento de pequenos períodos é também uma sábia medida. Façamos as contas: 15


minutos de estudo diário representam mais de 100 minutos por semana, 450 minutos (7,5 horas)
mensais e mais de 5400 minutos (+ de 90 horas) anuais. Estes tempos não podem ser
desperdiçados.

Não raramente, estudantes que trabalham têm bom desempenho nos estudos. Isto deve-se,
primeiro ao facto de que ao custear o seu próprio estudo, estes dão-lhe muita importância. O
segundo aspecto é que para conciliar estudo com trabalho, terão que valorizar ao máximo todo o
seu tempo, pois sabem que dificilmente terão outra oportunidade. Assim, eles automaticamente
estarão valorizando o seu tempo.

Um último ponto a ressaltar é a dedicação de tempo para o descanso e lazer, o que é essencial
para a saúde física e mental. Para quem desenvolve actividades intelectuais, é importante
desenvolver em paralelo actividades que estimulam o sistema psicomotor ou cultivar um passa
tempo em áreas bastante diferente do trabalho usual. Ao estudar, deve-se lembrar que aproveitar
o tempo de estudo ao máximo é uma forma de dar sentido as horas de lazer.

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Quadro de horários

Hora Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sabado

1.6. FASES DE ESTUDO

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Num curso de engenharia destacam-se os seguintes objectivos:

o estimular a criatividade do indivíduo;

o fornecer-lhe ferramentas básicas para enfrentar os problemas com que se vai deparar
na sua profissão;

o estimulá-lo a adoptar uma postura crítica e consciente para com a sociedade.

Para um êxito favorável destes objectivos, o estudante deverá atender a uma série de
recomendações sobre como proceder para tirar o maior proveito dos seus estudos e trabalhos
durante a sua formação. Isto levá-lo-à, logo cedo, a perceber a existência de melhores maneiras
de se resolver problemas, sejam eles de que tipos forem.

A Seguir, é proposto em método de estudo que visa melhorar o desempenho nos estudos,
optimizando procedimentos de trabalho. Este método consiste em três (3) etapas que são:

 preparação;

 captação; e

 processamento.

É importante ressaltar que as recomendações aqui colocadas, tem como compromisso


sintetizar procedimentos adequados para o estudo da engenharia, o que diferirá de outras
recomendações, que talvez sirvam para o processamento de formação de profissionais de outras
áreas. O estudo das ciências, para a formação do eng0., difere em relação a outras áreas, pois o
eng0., lidará mais com a tecnologia do que com o processo científico, que lhe serve de base e
fundamento e não necessariamente propósito.

1.6.1. PREPARAÇÃO

Em geral, pode-se afirmar que para se trabalhar com eficiência, são imprescindíveis os
cuidados com a preparação para o estudo. Tais cuidados vão desde a escolha de um ambiente,
arejado, com boa iluminação, silencioso e agradável, até a preparação psicológica como
condição para viabilizar o estudo.

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O ambiente pode-se tornar num ponto vital para se obter um bom desempenho, por
exemplo, em casos de assimilação de conhecimentos através de livros didácticos que exigem
uma atenção exclusiva e uma alta dose de compenetração.

Sugere-se ainda que o estudante esteja sentado numa posição cómoda, frente a uma mesa
para apoiar os demais instrumentos necessários para o tipo de assunto com que se esta lidando.
É necessário notar que o estudo de matérias diferentes exige logicamente materiais diferentes.

O hábito de estudar, de preferência nos mesmos locais e horários de costume, facilita em


muito a aprendizagem pois, por estarem vários aspectos sendo cumpridos automaticamente, tem-
se menos barreiras a transpor, permitindo maior concentração naquilo que é novo, ou seja, no
assunto de estudo.

Para casos em que estes ambientes de estudo não são possíveis de serem conseguidos o
estudante deve, como medida prática utilizar de melhor forma possível o ambiente disponível.

A atitude psicológica deve-se tornar numa característica fundamental para se alcançar


objectivos. O estudante deve ser perseverante na resolução de problemas, reconhecer os seus
erros, usá-los para proceder novas tentativas, através de novo estudo ou novo enfoque.

Para um êxito efectivo nos seus estudos, o estudante deverá ter consciência de que o seu
árduo trabalho de formação está a serviço de uma causa maior, independentemente de suas metas
e da sua integração social.

Num currículo de um curso, não existem temas pelos quais a sua aquisição pelo estudante
seja inútil, pois todos assuntos tratados tem um papel bem definido. E a forma como estes
conhecimentos são repassados, não deve servir de justificação para considerá-los
desnecessários. Deve-se também lembrar que tais assuntos algum dia já mereceram um alto
interesse e dedicação de algum indivíduo, pela sua especialidade.

1.6.2. CAPTAÇÃO

A captação de conhecimentos, se dá basicamente por iniciativa de alguém interessado


em aprender algo que se utilize em alguma técnica de trabalho que possa levá-lo a alcançar os
seus objectivos.

Num processo de ensino - aprendizagem a captação ocorre essencialmente:

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o Aquando da apreensão de conhecimentos transmitidos por um professor na sala


de aula;

o Quando os conhecimentos são adquiridos através da leitura de livros didácticos;


ou

o Através da participação em experiências e observações.

A captação depende da individual atitude psicológica favorável, de onde nasce a


necessidade ou motivação para o estudo.

1.6.2.1. FORMAS DE IDENTIFICAÇÃO DA FASE DO PROCESSO DO ESTUDO

Esta fase do processo do estudo pode ser identificada em termos gerais por três formas:

o Leitura;

o Audição; e

o Observação.

LEITURA

Para ler com eficiência não basta apenas ser alfabetizado, é necessário predisposição,
ambiente favorável, motivação e aplicação de uma técnica de assimilação compatível com o
tema da leitura. Através da leitura pode-se captar palavras, frases, idéias e fórmulas registadas
em anotações e em impressos.

AUDIÇÃO

Uma sugestão para melhor a absorção de conhecimentos com esta forma de captação, é
constantemente interrogar-se sobre o tema, procurando concatenar as idéias num todo ou com
outros assuntos. Tanto é importante esta forma de captação, que muitas pessoas conseguem fixar
melhor os assuntos de uma leitura quando a fazem em voz alta. Neste caso, estão sendo usados
simultaneamente a leitura e a audição.

OBSERVAÇÃO

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É o meio de captação de conhecimentos. Se utilizada de uma forma sistemática, e com


critério, constitui um útil instrumento de captação. Observar é entendido aqui como um estágio
de processo de captação de ocorrências, factos, que surgem naturalmente no decorrer de um
trabalho. Esta forma de captação do trabalho é especialmente relevante nos estudos de
engenharia porque deve-se estar sempre a identificar sistemas, fenómenos físicos, processos e
variáveis para execução dos trabalhos.

1.6.2.2. APRESENTAÇÃO DE DIFERENTES MEIOS DE CAPTAÇÃO

Eis abaixo especificados os diferentes meios de captação, por forma a garantir uma
fiável eficiência no processo da captação:

 captação na sala de aulas;

 captação extra-classe;

 captação pela leitura.

CAPTAÇÃO EM SALA DE AULA

O grande momento de estudo que todos tem, é o tempo em sala de aulas. Por isso,
recomenda-se que este período seja aproveitado integralmente através de uma participação
activa. Não se deve levar para casa duvidas, que podem ser sanadas na sala de aulas. Para
entender uma aula, deve-se aprender a sua organização e objectivos, assimilar a idéia central do
professor em cada assunto à medida que o professor avança na sua explicação, o estudante deve
interrogar-se constantemente acerca do que já sabe sobre o assunto, ou sobre a ligação dos
tópicos estudados com outros.

Captar e anotar idéias com palavras próprias para uma análise posterior, ajuda em muito a
participar activamente na sala estimulando o processamento das informações. Se isto não for
conseguido, é porque o assunto não foi bem assimilado. A atenção deve estar sempre voltada
para aquilo que o professor diz, sem se deixar influenciar por situações de perturbações, tanto
directa (quando o colega fala consigo directamente) como indirecta (quando dois ou mais
colegas vizinhos conversam ao seu lado) proporcionadas pelos colegas na turma e incisivamente

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ao seu redor aquando da explicação do professor. A figura do professor, é importante porque


acaba sendo um exemplo para o estudante.

CAPTAÇÃO EXTRA-CLASSE

É indiscutível a necessidade de uma dedicação extra-classe para recomposição dos


assuntos vistos na aula complementando-os com leituras e discussões com os colegas, ou através
de consultas ao professor. Duas horas de dedicação extra-classe para cada hora de aula, acredita-
se ser uma dose suficiente para recomposição e a fixação dos assuntos.

Para garantir um equilíbrio em todas matérias, deve haver uma agenda de afazeres
particulares, onde possa estabelecer um tempo adequado para cada tarefa. Recomenda-se que se
estabeleça um tempo de revisão imediata depois de cada aula para recompôr e fixar a matéria.

CAPTAÇÃO PELA LEITURA

Os livros didácticos, são as maiores fontes de pesquisa do estudante. Por isso, deve-se
dar uma atenção especial a bibliografia indicada pelo professor e consultá-la regularmente, de
preferência adquirindo os principais títulos. As bibliotecas das escolas, estão na maioria das
vezes razoavelmente bem aparelhadas para os cursos básicos de graduação. A selecção daquilo
que se vai ler é o primeiro aspecto a ser considerado, porque logicamente não se pode ler tudo o
que é publicado sobre um determinado assunto.

De forma geral, a escolha de textos para leitura pode ser baseada nos seguintes pontos:

o título da obra – que normalmente indica o assunto abordado no texto, ou a qual


área pertence o trabalho;

o nome e currículo do autor – nomes proeminentes e cientificamente respeitáveis


são bons indícios para a selecção da leitura, pois devem produzir trabalhos
consistentes;

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o leitura do prefácio e da “orelha” da obra – isto fornece uma idéia razoável da


abordagem do texto, podendo-se, assim, verificar se confere com o que se deseja
estudar;

o leitura do sumário – tem-se um panorama geral do conteúdo da obra, além de se


conferir com facilidade se os tópicos procurados, estão contemplados no trabalho.

Estando seleccionado o que ler, deve-se saber passar a leitura propriamente dita, acção
que encerra os maiores problemas de fase de captação. Deve-se saber diferenciar os
procedimentos da leitura. A velocidade de uma leitura informativa, principalmente a de
distracção, é mais rápida, enquanto que a de uma leitura formativa exige reflexão, anotações,
cálculos auxiliares e retornos constantes a trechos já lidos, sendo portanto mais lenta.

Não é recomendável tempo longo de leitura de textos didácticos, pois com o cansaço vem
a redução na fixação, e qualquer ponto que não seja bem esclarecido, pode prejudicar o
entendimento de um assunto.

Cada um deve procurar a sua própria velocidade de leitura, lembrando sempre que o
principal é a compreensão. De forma geral, deve-se procurar aumentar a velocidade, porque se
ganha tempo e aumenta-se a compreensão. A velocidade de leitura, representa algo em torno de
200 a 300 palavras por minuto. Para textos técnicos, este rítmo deverá baixar sensívelmente.

Alguns sintomas comuns que identificam maus leitores são:

o leitura de palavra por palavra. O movimento dos olhos durante a leitura, é


intermitente e a leitura propriamente dita só se dá durante as paradas. Esta será
tanto mais rápida quanto maior o grupo de palavras fixado em cada parada;

o movimentação dos lábios ou vocalização. Enquanto se lê. Isto diminui a


velocidade. Numa leitura eficiente deve-se olhar um conjunto de palavras e
interpretar o significado, sem necessidade de pronunciá-las, nem mesmo
mentalmente;

o retornos constantes ao que se acabou de ler. Isso é sintoma de desatenção. Não


confundir com retornos feitos com o objectivo de integrar os assuntos de um
texto.

Num texto, cada capítulo procura transmitir uma idéia, da mesma forma que um
parágrafo. Assim, para que se consiga uma leitura eficiente, captando, retendo e integrando as
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informações lidas, deve-se identificar e extraír as idéias principais, sabendo destacá-las das idéias
acessórias que gravitam a sua volta.

Uma das formas mais eficientes de se ler um livro, é estar constantemente procurando
pelas idéias principais, sublinhando-as ou fazendo anotações, quando for livro próprio. A técnica
de sublinhar, além de ser simples, é de extrema utilidade para as revisões, pois evita, nestes
casos, uma releitura completa, indo-se directo as idéias principais. Deve-se sublinhar – só o
essencial para destacar uma idéia- e sempre com a mesma convenção. Com um traço horizontal
sob as palavras para destacar idéias principais; com dois traços horizontais para marcar
exemplos; com um traço vertical ao lado do texto para evidenciar orações completas.

No estudo da engenharia, é comum a utilização de gráficos, tabelas e fórmulas


matemáticas como auxílio a compreensão. Por isso, recomenda-se o hábito de interpretar os seus
significados. Uma fórmula matemática, nada mais é do que representação de uma situação física
real – normalmente, no estudo da engenharia, um fenómeno físico -, através de uma linguagem
de significado imutável e universal. Gráficos e tabelas, na verdade, não passam de recursos para
mostrar alguma relação entre variáveis ou a evolução de algum fenómeno. Deve-se, então,
garantir a perfeita interpretação destes recursos e a compreensão dos seus significados.

1.6.3. PROCESSAMENTO

Feita captação de um conhecimento, deve-se processá-lo para reter e integrar os assuntos.


São fundamentais alguns procedimentos posteriores para uma boa absorção de conteúdos. Cita-
se como exemplo a realização de revisões imediatas que podem ser feitas confeccionando-se
esquemas e resumos dos assuntos aprendidos, depois de uma aula ou leitura de um livro, o que
permitirá além da fixação, uma forma rápida de consulta.

Esquema – é uma representação organizada das idéias motores (principais) acerca de um


determinado assunto, o qual representa o fio principal do pensamento do texto original.

Resumo – é a extracção de idéias chaves de um texto, é a compactação, com frases completas,


do assunto lido. A consequente revisão de um resumo breve, claro e objectivo irá levar menos
tempo de revisão e de maneira dinâmica e a fixação da matéria por parte do estudante.

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A revisão no final do estudo de um volume de tópicos, ajuda na integração de todos


temas estudados para se obter um todo homogéneo e concatenado, que ajudarão o estudante a
obter maior rendimento nas avaliações no decurso do seu curso.

É nesta fase do processamento das informações, que se interliga os assuntos vistos num
texto, e em demais disciplinas, para permitir uma boa visão de conjunto e um encadeamento
lógico.

Disciplina – é a parte de uma estratégia de aprendizagem pré-estabelecida, com planos, metas e


técnicas de transmissão de conhecimentos.

Em suma: As revisões imediatas tornam o estudo mais eficáz e garantem um maior


aproveitamento nos estudos.

1.7. OUTRAS RECOMENDAÇÕES

Em relação a fase de captação, deve-se destacar, ainda, que procedimentos semelhantes aos
anteriormente recomendados devem ser postos em prática também em situações como as
descritas a seguir.

1.7.1. AULA DE LABORATÓRIO

Com os constantes aperfeiçoamentos de medição e com o aparecimento de novos e


modernos equipamentos industriais, é de vital importância que o estudante de graduação tenha
contacto com a instrumentação e aprenda a realizar ensaios de laboratórios; isto lhe conferirá
maior versatilidade, o que será de grande valia na sua vida profissional.

As aulas de laboratório devem ser encaradas não como meros artifícios didácticos, mas
como uma excelente oportunidade de se verificar a teoria. É importante anotar os resultados
obtidos, os equipamentos utilizados, etc., para confecção de um relatório técnico final, mesmo
que o professor não exija.

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1.7.2. AULAS PRÁTICAS

As aulas práticas, com o desenvolvimento de experiências em laboratórios ou em campo,


tem como objectivos:

a) Permitir melhor fixação dos conhecimentos abordados nas aulas teóricas;

b) Desenvolver a sensibilidade na avaliação dos parâmetros da engenharia;

c) Contribuir para o desenvolvimento do estudante na aplicação dos princípios;

d) Familiarizar o estudante no uso da instrumentação empregada na engenharia;

e) Desenvolver a habilidade para a execução de relatórios técnicos, bem como a


apresentação de resultados através de gráficos , tabelas e equações;

f) Ensinar a tirar conclusões, a partir dos resultados experimentais;

g) Contribuir para desenvolver a capacidade criativa.

CORPO DOCENTE:

Eng0 Paulo J. Conselho, MSc- Regente

Eng0 Inácio L. Jonas - Assistente

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