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1. CHEGANDO À UNIVERSIDADE
fig.1.1
Mas para que isso aconteça, é necessário que o estudante tenha uma postura que se reveja
numa decisão pessoal firme de aproveitar tudo o que a universidade oferece. É preciso procurar
conhecer em profundidade a instituição, objectivo que pode ser alcançado, participando
intensamente de suas actividades.
Para que tudo isto aconteça, é necessário que se esteja motivado a cursar o nível superior,
pois caso contrário deve-se procurar fazer outra coisa. Deve ser frustrante estar na universidade,
estudando com a intenção de receber o diploma e futuramente ganhar salários altos; ou para
agradar os pais, que querem ver o “filho engenheiro”, assim como para comparar com alguém.
Para evitar futuros arrependimentos, deve ser feito um exame de consciência apurado. Todas as
profissões são honradas e não dependem de curso superior.
Ao passar do curso secundário para o universitário, muita coisa muda; talvez a forma de
abordar os ensinamentos recebidos seja a mais importante mudança. O estudante passa de agente
passivo para agente activo no processo educacional. Nesta nova fase, pode-se direccionar e
programar livremente o seu aprendizado, doseando-o de acordo com suas potencialidades e
interesses.
fig.1.2
Esta maior liberdade, deve ser usufruída com maturidade. É comum encontrar estudantes
que em nome desta liberdade, chegam tarde ou saem antes do final das aulas; ou mesmo
“gazetam” as mesmas – o que representa uma falta de seriedade indigna de futuros profissionais.
Outra mudança importante que os alunos notam é a relação professor – aluno. Nesta nova
fase, o professor passa a ser mais orientador do que fiscalizador. Também rapidamente percebem
que nem todos os professores correspondem ao modelo ideal que eles tinham de mestre de
ensino superior. Entretanto, devem aprender a enfrentar de forma madura estas questões e
contribuir na resolução deste tipo de caso.
Para quem tem domicílio no local de estudo e uma vida social mais estabilizada, este
problema é menos sentido. Pode parecer irrelevante, mas se esse aspecto não é tratado com a
devida atenção, pode prejudicar ao estudante que não consiga dosear equilibradamente as suas
actividades.
Etc.
Ao empregar uma metodologia de trabalho, o estudante poderá utilizar com mais eficiência
suas potencialidades, para aproveitar intensamente aquilo que a Universidade oferece.
Eis a pergunta que muitos de nós fazemos. Sua resposta será apresentada numa perspectiva
que se pensa justificar o estudo.
fig. 1.3
Em muitas empresas modernas, acredita-se que a meia-vida de um eng0. Seja de 10 anos, isto
é, metade do que ele aprendeu será considerado “conhecimento obsoleto” no decorrer de uma
década.
Assim, o que se sabe agora representará apenas 3% das informações dominadas daqui a 50
anos. Embora essas estimativas requeiram alguma reflexão, elas corroboram a idéia de que o
futuro da Humanidade estará calcado no domínio e manipulação da informação.
Considerando o facto de que está a iniciar um curso superior, deve ter tido pelo menos doze
(12) anos de estudo e que, se pretende ser um profissional activo, deverá actualizar-se
continuamente, nada mais lógico do que aprender a estudar com eficiência e com eficácia. Para
isso deve-se saber usar adequadamente os recursos disponíveis para conseguir uma boa
aprendizagem.
A transição do nível médio para o curso superior exige uma série de alterações no
comportamento do estudante, pois no ensino superior cada um deve assumir uma conduta
responsável, conciliando a sua vida social com os estudos, o que nem sempre é fácil de
conseguir.
Outro aspecto preliminar de se registar é que saber estudar com eficiência e eficácia não é
inato no ser humano, é algo que precisa ser aprendido. Aprender a estudar é necessário, pois o
indivíduo ao passar para o curso superior, deixou de ser aluno (aquele que é ensinado) e passou a
ser estudante (aquele que aprende e estuda porque quer, com motivação e sob orientação,
devendo ele próprio, agora, tomar muitas das iniciativas).
Estudar não é apenas captar um assunto, mas principalmente organizar na mente, com
fluidéz, continuidade e encadeamento lógico, diversos tópicos, formando uma postura crítica e
coerente. Não se deve confundir aprender com estudar. Estudar é uma faculdade particular do ser
humano; aprender é uma característica dos seres vivos, que o Homem pratica desde que nasce
aprendendo a falar, andar ou a usar utensílios.
Outro ponto importante é o facto de que a falta de tempo é inconciliável com os estudos;
quem pretende estudar deve criar o seu tempo para isto.
Outros pontos como a preparação psicológica – condição básica para viabilizar um estudo
que culmine numa aprendizagem substanciosa – e uma boa programação do tempo tanto para o
estudo, trabalho, como para o lazer, são aqui abordados como condições primordiais para se
aplicar qualquer técnicas de estudo.
O estudo eficáz é um processo que não pode ser compartilhado com outra actividade. Por
isso recomenda-se um verdadeiro isolamento quando se estuda, intercalando pequenos
intervalos, para evitar o cansaço prematuro.
fig. 1.4
a) Não há regras absolutas para um método de estudo; o que existe são recomendações, que
devem ser adaptadas a cada individuo e a cada assunto a ser estudado, por exemplo:
estudar Oficinas Gerais exige comportamentos diferentes dos necessários para estudar
Inglês.
b) O estudante deve estar ciente de que deve aprender a ver um determinado assunto sob
vários ângulos, compará-los e reflectir criticamente sobre o tema.
A primeira condição básica para viabilizar o estudo é a racionalização do tempo. Este aspecto
é preponderante, pois um estudante que se pretenda bem sucedido tem necessariamente que saber
determinar o que fazer em cada momento. A não programação, geralmente leva estudantes a
indecisões e adiamentos que o fazem preterir de determinadas actividades em favor de outras que
lhe são mais agradáveis, o que de certa forma acaba prejudicando o estudo. Para que isto não
aconteça, recomenda-se fazer uma boa programação de tempo, evitando assim que se deixem de
lado assuntos que mereçam mais dedicação, ou mesmo que se deixe de estudar com o pretexto de
que outras actividades extra-ensino também devam ser realizadas.
Uma boa programação deve contemplar, para além dos tempos de aula e trabalho, períodos
bem doseados de extra-classe para cada matéria, de acordo com o grau de dificuldade de cada
assunto, avaliado pelo próprio estudante. Assim, sugere-se o preenchimento de um quadro de
horários como apresentado na figura abaixo, em que destacam-se actividades a serem cumpridas
- aulas, trabalhos, lazeres, etc.
Na realidade, o importante na confecção de um horário é que este seja realístico, para uma
boa execução. Um horário não cumprido não é só inútil, como também nocivo, pois cria a ilusão
de que se está fazendo algo, quando na realidade isto não acontece.
Não raramente, estudantes que trabalham têm bom desempenho nos estudos. Isto deve-se,
primeiro ao facto de que ao custear o seu próprio estudo, estes dão-lhe muita importância. O
segundo aspecto é que para conciliar estudo com trabalho, terão que valorizar ao máximo todo o
seu tempo, pois sabem que dificilmente terão outra oportunidade. Assim, eles automaticamente
estarão valorizando o seu tempo.
Um último ponto a ressaltar é a dedicação de tempo para o descanso e lazer, o que é essencial
para a saúde física e mental. Para quem desenvolve actividades intelectuais, é importante
desenvolver em paralelo actividades que estimulam o sistema psicomotor ou cultivar um passa
tempo em áreas bastante diferente do trabalho usual. Ao estudar, deve-se lembrar que aproveitar
o tempo de estudo ao máximo é uma forma de dar sentido as horas de lazer.
Quadro de horários
o fornecer-lhe ferramentas básicas para enfrentar os problemas com que se vai deparar
na sua profissão;
Para um êxito favorável destes objectivos, o estudante deverá atender a uma série de
recomendações sobre como proceder para tirar o maior proveito dos seus estudos e trabalhos
durante a sua formação. Isto levá-lo-à, logo cedo, a perceber a existência de melhores maneiras
de se resolver problemas, sejam eles de que tipos forem.
A Seguir, é proposto em método de estudo que visa melhorar o desempenho nos estudos,
optimizando procedimentos de trabalho. Este método consiste em três (3) etapas que são:
preparação;
captação; e
processamento.
1.6.1. PREPARAÇÃO
Em geral, pode-se afirmar que para se trabalhar com eficiência, são imprescindíveis os
cuidados com a preparação para o estudo. Tais cuidados vão desde a escolha de um ambiente,
arejado, com boa iluminação, silencioso e agradável, até a preparação psicológica como
condição para viabilizar o estudo.
O ambiente pode-se tornar num ponto vital para se obter um bom desempenho, por
exemplo, em casos de assimilação de conhecimentos através de livros didácticos que exigem
uma atenção exclusiva e uma alta dose de compenetração.
Sugere-se ainda que o estudante esteja sentado numa posição cómoda, frente a uma mesa
para apoiar os demais instrumentos necessários para o tipo de assunto com que se esta lidando.
É necessário notar que o estudo de matérias diferentes exige logicamente materiais diferentes.
Para casos em que estes ambientes de estudo não são possíveis de serem conseguidos o
estudante deve, como medida prática utilizar de melhor forma possível o ambiente disponível.
Para um êxito efectivo nos seus estudos, o estudante deverá ter consciência de que o seu
árduo trabalho de formação está a serviço de uma causa maior, independentemente de suas metas
e da sua integração social.
Num currículo de um curso, não existem temas pelos quais a sua aquisição pelo estudante
seja inútil, pois todos assuntos tratados tem um papel bem definido. E a forma como estes
conhecimentos são repassados, não deve servir de justificação para considerá-los
desnecessários. Deve-se também lembrar que tais assuntos algum dia já mereceram um alto
interesse e dedicação de algum indivíduo, pela sua especialidade.
1.6.2. CAPTAÇÃO
Esta fase do processo do estudo pode ser identificada em termos gerais por três formas:
o Leitura;
o Audição; e
o Observação.
LEITURA
Para ler com eficiência não basta apenas ser alfabetizado, é necessário predisposição,
ambiente favorável, motivação e aplicação de uma técnica de assimilação compatível com o
tema da leitura. Através da leitura pode-se captar palavras, frases, idéias e fórmulas registadas
em anotações e em impressos.
AUDIÇÃO
Uma sugestão para melhor a absorção de conhecimentos com esta forma de captação, é
constantemente interrogar-se sobre o tema, procurando concatenar as idéias num todo ou com
outros assuntos. Tanto é importante esta forma de captação, que muitas pessoas conseguem fixar
melhor os assuntos de uma leitura quando a fazem em voz alta. Neste caso, estão sendo usados
simultaneamente a leitura e a audição.
OBSERVAÇÃO
Eis abaixo especificados os diferentes meios de captação, por forma a garantir uma
fiável eficiência no processo da captação:
captação extra-classe;
O grande momento de estudo que todos tem, é o tempo em sala de aulas. Por isso,
recomenda-se que este período seja aproveitado integralmente através de uma participação
activa. Não se deve levar para casa duvidas, que podem ser sanadas na sala de aulas. Para
entender uma aula, deve-se aprender a sua organização e objectivos, assimilar a idéia central do
professor em cada assunto à medida que o professor avança na sua explicação, o estudante deve
interrogar-se constantemente acerca do que já sabe sobre o assunto, ou sobre a ligação dos
tópicos estudados com outros.
Captar e anotar idéias com palavras próprias para uma análise posterior, ajuda em muito a
participar activamente na sala estimulando o processamento das informações. Se isto não for
conseguido, é porque o assunto não foi bem assimilado. A atenção deve estar sempre voltada
para aquilo que o professor diz, sem se deixar influenciar por situações de perturbações, tanto
directa (quando o colega fala consigo directamente) como indirecta (quando dois ou mais
colegas vizinhos conversam ao seu lado) proporcionadas pelos colegas na turma e incisivamente
CAPTAÇÃO EXTRA-CLASSE
Para garantir um equilíbrio em todas matérias, deve haver uma agenda de afazeres
particulares, onde possa estabelecer um tempo adequado para cada tarefa. Recomenda-se que se
estabeleça um tempo de revisão imediata depois de cada aula para recompôr e fixar a matéria.
Os livros didácticos, são as maiores fontes de pesquisa do estudante. Por isso, deve-se
dar uma atenção especial a bibliografia indicada pelo professor e consultá-la regularmente, de
preferência adquirindo os principais títulos. As bibliotecas das escolas, estão na maioria das
vezes razoavelmente bem aparelhadas para os cursos básicos de graduação. A selecção daquilo
que se vai ler é o primeiro aspecto a ser considerado, porque logicamente não se pode ler tudo o
que é publicado sobre um determinado assunto.
De forma geral, a escolha de textos para leitura pode ser baseada nos seguintes pontos:
Estando seleccionado o que ler, deve-se saber passar a leitura propriamente dita, acção
que encerra os maiores problemas de fase de captação. Deve-se saber diferenciar os
procedimentos da leitura. A velocidade de uma leitura informativa, principalmente a de
distracção, é mais rápida, enquanto que a de uma leitura formativa exige reflexão, anotações,
cálculos auxiliares e retornos constantes a trechos já lidos, sendo portanto mais lenta.
Não é recomendável tempo longo de leitura de textos didácticos, pois com o cansaço vem
a redução na fixação, e qualquer ponto que não seja bem esclarecido, pode prejudicar o
entendimento de um assunto.
Cada um deve procurar a sua própria velocidade de leitura, lembrando sempre que o
principal é a compreensão. De forma geral, deve-se procurar aumentar a velocidade, porque se
ganha tempo e aumenta-se a compreensão. A velocidade de leitura, representa algo em torno de
200 a 300 palavras por minuto. Para textos técnicos, este rítmo deverá baixar sensívelmente.
Num texto, cada capítulo procura transmitir uma idéia, da mesma forma que um
parágrafo. Assim, para que se consiga uma leitura eficiente, captando, retendo e integrando as
Introdução à Engenharia Página 14
Capítulo 1 2020
Engº Paulo J. Conselho,MSc
informações lidas, deve-se identificar e extraír as idéias principais, sabendo destacá-las das idéias
acessórias que gravitam a sua volta.
Uma das formas mais eficientes de se ler um livro, é estar constantemente procurando
pelas idéias principais, sublinhando-as ou fazendo anotações, quando for livro próprio. A técnica
de sublinhar, além de ser simples, é de extrema utilidade para as revisões, pois evita, nestes
casos, uma releitura completa, indo-se directo as idéias principais. Deve-se sublinhar – só o
essencial para destacar uma idéia- e sempre com a mesma convenção. Com um traço horizontal
sob as palavras para destacar idéias principais; com dois traços horizontais para marcar
exemplos; com um traço vertical ao lado do texto para evidenciar orações completas.
1.6.3. PROCESSAMENTO
É nesta fase do processamento das informações, que se interliga os assuntos vistos num
texto, e em demais disciplinas, para permitir uma boa visão de conjunto e um encadeamento
lógico.
Em relação a fase de captação, deve-se destacar, ainda, que procedimentos semelhantes aos
anteriormente recomendados devem ser postos em prática também em situações como as
descritas a seguir.
As aulas de laboratório devem ser encaradas não como meros artifícios didácticos, mas
como uma excelente oportunidade de se verificar a teoria. É importante anotar os resultados
obtidos, os equipamentos utilizados, etc., para confecção de um relatório técnico final, mesmo
que o professor não exija.
CORPO DOCENTE: