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“ECONOMIA VERDE” E AS TENSÕES DENTRO DO CAMPO AMBIENTAL

“GREEN ECONOMY” AND TENSIONS IN THE ENVIRONMENTAL FIELD

Diogo Loibel Sandonato – UFF


mphsto@gmail.com
Alexandre Henrique Asada – UFF
alexhenrisda@gmail.com
Luiz Henrique Gomes de Moura – UFG
zarref@gmail.com
RESUMO
No final da década de 60, período de surgimento do debate da crise ambiental que revelou os
limites do desenvolvimento e mostrou o lado oculto da racionalidade econômica dominante,
tivemos grandes mobilizações sociais pelo mundo que colocaram críticas ao nosso modelo de
civilização. Desde então, se conformou um “campo ambiental” em que tensões e disputas
políticas se se desenvolveram. No seu interior, temos aqueles que questionaram o
desenvolvimento e todas as suas implicações e que estão relacionados à contracultura e toda a
tensão com a ciência e técnica. Mas também estão aqueles que deslocaram a questão
ambiental para lógica técno-científica, reforçando, por exemplo, como fez o Clube de Roma
(que financiou o estudo Limites do Crescimento), que a capacidade suporte do planeta estava
se esgotando e articulava os interesses do grande capital multinacional aos técnicos e
cientistas e teve grande influência na Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, realizada
em Estocolmo, em 1972, onde a questão ambiental passou a ser institucionalizada em
mecanismos governamentais, principalmente em instituições supranacionais e a ganhar
importância nas relações internacionais. A força do discurso da eficiência técnica deslocou a
questão ambiental para a busca de tecnologias alternativas associadas à restruturação
produtiva da acumulação do capital. O debate ambiental se aproximasse da ideia de
desenvolvimento, no conceito de “desenvolvimento sustentável” em que a racionalidade
econômica induz, o discurso da sustentabilidade, onde o equilíbrio ecológico e a justiça
ambiental seriam conseguidos pelo crescimento econômico orientado pelos mecanismos do
livre mercado. Hoje temos uma hegemonia da lógica mercantil, inclusive com a progressiva
consolidação do termo “Economia Verde” que substitui o desenvolvimento sustentável, como
sustentação ideológica desse ambientalismo de mercado. Isso não suprime as tensões e outras
perspectivas dentro do campo ambiental que se visibilizam nas lutas sociais pela
reapropriação da natureza.

ABSTRACT
At the end of the years 60s, emergence period for the debate of the environmental crisis that
revealed the limits of development and showed the dark side of the dominant economic
rationality, great social movements occurred around the world that criticized our model of
civilization. Since that, a "field environment" was consolidated in which tensions and political
disputes are developed. Inside, those who have questioned the development and all its
implications and that are related to the counterculture and all the tension with science and
technique. But also those who are moved to the environmental technical-scientific logic,
strengthening, for example, as did the Club of Rome (which funded the study Limits to
Growth), the carrying capacity of the planet was running out and articulated the interests of
large multinational capital to technicians and scientists and had great influence in the World
Conference on the Environment held in Stockholm in 1972, where the environmental issue
has become institutionalized in government mechanisms, especially in supranational
institutions and gaining importance in international relations. The strength of the discourse of
technical efficiency shifted the environmental issue in the search for alternative technologies
associated with the restructuring of productive capital accumulation. The environmental
debate to approach the idea of development, the concept of "sustainable development" in
which economic rationality induces the discourse of sustainability, where the ecological
balance and environmental justice would be achieved by economic growth driven by free
market mechanisms. Today, we have a hegemony of the market logic, including the
progressive consolidation of the term "green economy" that replaces the sustainable
development as ideological support for this market environmentalism. This does not eliminate
the tensions and other perspectives within the environmental field that is visualized in social
struggles re-appropriation of nature.

Palavras chaves: ECONOMIA VERDE; CAMPO AMBIENTAL; NEOLIBERALISMO


AMBIENTAL; DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL;

Keywords: GREEN ECONOMY; ENVIRONMENTAL FIELD; ENVIRONMENTAL


NEOLIBERALISM, SUSTAINABLE DEVELOPMENT;

Eixo de inscrição/debate: Teorias Agrárias e Teorias Geográficas


Formação do Campo Ambiental
No final da década de 60, período de surgimento do debate da crise ambiental que
“[...] revelava o mito do ‘desenvolvimento’ e mostrava o lado oculto da racionalidade
econômica dominante” (LEFF, 2009, p. 289), tivemos grandes mobilizações sociais pelo
mundo, protagonizadas por movimentos de libertação nacional, jovens, operários, mulheres,
negros, camponeses, indígenas e ambientalistas, que colocaram críticas ao modelo
civilizatório do capitalismo ocidental: hierarquias na família, na escola, nas fábricas, no
Estado, nas relações internacionais; ao colonialismo; à desigualdade social; ao racismo; ao
machismo; ao eurocentrismo e seu racismo, sua razão técnica, sua ciência reducionista, seu
materialismo economicista; ao militarismo; ao consumismo; ao produtivismo (PORTO-
GONÇALVES, 2006). Essas mobilizações tinham perspectivas emancipatórias, e segundo,
afirma Leff “[...] desencadeando o reconhecimento da diferença, da outridade, da diversidade
e da autonomia; as reivindicações de gênero, a participação e a expressão da cidadania, os
direitos dos povos índios” (LEFF, 2008, p. 405-406), tornaram a natureza objeto de disputa e
apropriação social (LEFF, 2008).
Desde então, vem se consolidando um campo ambiental (CARVALHO, 2001;
COSTA; 2005), em que tensões e disputas entre forças sociais, com graus diferentes de
visibilidade e poder, se desenvolvem. No seu interior, temos aqueles que questionam o
desenvolvimento e todas as suas implicações e que estão relacionados, segundo Porto-
Gonçalves:

[...] a origem do ambientalismo na contracultura e toda a tensão que se estabelece com o


modo de produção de verdades no interior da sociedade moderno-colonial, onde a ciência e
técnica ocupam um lugar de destaque. Afinal, se por cultura entendemos um conjunto de
saberes e valores que empresta sentido às práticas sociais, a contracultura indica,
exatamente, a busca de outros sentidos para vida. Ora, o discurso científico e técnico se
constituía exatamente como o discurso de verdade (de Verdade, com maiúscula, prefere-se)
no mundo moderno-colonial e, com isso, trouxera a desqualificação de outros saberes, de
outros conhecimentos de outras falas (PORTO-GONÇALVES, 2006, p. 68).

Mas também estão aqueles que deslocam a questão ambiental para lógica técno-
científica, como por exemplo, o Clube de Roma (grandes empresas mundiais como Fiat,
XEROX, Ollivetti, Remington Rand, IBM), que articulava os interesses do grande capital
multinacional aos técnicos e cientistas. Esse Clube financiou o estudo Limites do Crescimento
(1971) que argumentava que a “capacidade suporte” do planeta estava se esgotando (PORTO-
GONÇALVES, 2002; 2006).
Esse trabalho foi influenciado pelas ideias de um pensamento neomalthusiano do final
da década de 60, que na época era embasada principalmente em duas publicações
importantes: em 1966, Paul Ehlich publicou “The Population Bomb”, com argumento central
defendendo que a capacidade humana de produção alimentos só seria maior a custas de uma
grande devastação ambiental e que o grande crescimento populacional geraria milhões de
pessoas a passarem fome a partir das décadas de 70 e 80; em 1968, Garret Hardin publicou
“Tragedy of the Commons”, no qual defendia que a disputa dos bens comuns por uma
população cada vez maior geraria sua destruição e que era necessário que esses bens fossem
privatizados ou geridos pelo Estado para evitar que eles fossem explorados de forma
destrutiva (COSTA; 2005).
O relatório Limites do Crescimento teve grande importância na primeira grande
Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972 (PORTO-
GONÇALVES, 2002). Nessa conferência, também teve papel de destaque em sua
organização um ator muito importante dentro do campo ambiental, o Banco Mundial, em que
seu então presidente, Robert MacNamara, afirmou publicamente durante o evento a
necessidade de se conciliar crescimento econômico e respeito ao meio ambiente (PEREIRA,
2011). A questão ambiental passou a ser institucionalizada em mecanismos governamentais,
principalmente em instituições supranacionais (PORTO-GONÇALVES, 1996) e a ganhar
importância nas relações internacionais, constituindo um dos principais vetores da nova des-
ordem mundial (HAESBAERT; PORTO-GONÇALVES, 2006).
Desde então, Porto-Gonçalves afirma que “[...] veremos aproximações e tensões no
interior do campo ambiental entre perspectivas mais tecno-científicas e outras mais
abertamente preocupadas com questões culturais e políticas” (PORTO-GONÇALVES, 2006
p. 68) e que “[...] quase sempre, se procura deslocar o debate do terreno público para o terreno
técno-científico, como se esses dois campos fossem excludentes” (PORTO-GONÇALVES,
2002, p40). A disputa dentro do campo ambiental resulta em um discurso que é mais
legitimado, levando em consideração o que Zhouri coloca:

[...] as relações de poder entre os sujeitos sociais que conjugam determinados significados
de meio ambiente, espaço e território, consolidam certos sentidos, noções e categorias que
passam a vigorar como as mais legítimas e passíveis de sustentar as ações sociais e
políticas. Em conseqüência, produzem um efeito silenciador e, portanto, excluem outras
visões e perspectivas concorrenciais (ZHOURI, 2007, p.2).
A força do neoliberalismo ambiental, “desenvolvimento sustentável” e “Economia
Verde”
No desenvolvimento histórico do campo ambiental, o debate se desloca para a busca
de tecnologias alternativas, assimilando uma das características da subjetividade da
modernidade, a crença na capacidade redentora da técnica, ou no fetiche da tecnologia
(NOVAES, 2007), onde grandes setores empresariais relacionados à restruturação da
acumulação do capital, como as indústrias ligadas aos novos materiais, à micro-eletrônica e à
biotecnologia, se envolveram fortemente (PORTO-GONÇALVES, 1996). Segundo Milton
Santos:

A ideia de ciência, a ideia de tecnologia e a ideia de mercado global devem ser encaradas
conjuntamente e desse modo podem oferecer uma nova interpretação à questão ecológica,
já que as mudanças que ocorrem na natureza também se subordinam a essa lógica
(SANTOS, 2008, p 238).

Ganha muita força uma linha dentro do campo ambiental, baseada em uma
racionalidade econômica, com o discurso da eficiência (melhoria de procedimentos de
produção) e da escala (menor consumo de matérias para produção), em que não se questiona o
objetivo, que é a acumulação capitalista (ACSELRAD, 2004a). Aqui é importante destacar a
ponderação de Acserlad:

[...] a noção de eficiência que prevalece em determinadas sociedades, por exemplo, não
pode ser absolutamente considerada como trans-histórica ou onivalente. A eficiência das
técnicas pode variar de sentido no tempo e no espaço [...].O padrão tecnológico das
atividades resultará, portanto, de escolhas técnicas que são condicionadas por estruturas de
poder (econômico e também de controle sobre os recursos do meio material) vigentes. Tais
estruturas procuram atualizar-se permanentemente pela disseminação de categorias de
percepção que fazem valer socialmente os critérios dominantes de “eficiência”, “capacidade
competitiva”, “níveis de produtividade” etc, critérios estes que tendem a legitimar e
reforçar a superioridade real e simbólica dos dominantes (Acserlad, 2004b, p. 16).

Também observamos progressivamente no desenvolvimento do campo, uma mudança


no perfil dos atores com maior força e legitimação e também nas principais reinvindicações.
Até a década de 80, apesar da força crescente dos agentes ligados à perspectiva tecno-
científica, o campo ambiental era identificado predominantemente com a imagem de um
sujeito político crítico, fruto dos movimentos e mobilizações da década de 60, que lutavam
por direitos e tinha uma perspectiva transgressora. Já os anos 90 têm como principal sujeito o
especialista técnico, gestor dos “recursos naturais”, geralmente associado ao mundo das
ONGs, devido a um retraimento do Estado e o fortalecimento do neoliberalismo (ZHOURI,
2007).
Segundo Gudynas (1992), com o aumento da influência do neoliberalismo, emergem
políticas ambientais com características neoliberais, onde o mercado e seus atores aparecem
como principais regulador e gestores das questões ambientais, deixando de lado as questões
éticas e como o valor intrínseco dos seres vivos, e privilegiando questões de ordem técnica,
ondem a dificuldade é encontrar a melhor fórmula para atribuir preço a vida e gerar patentes e
direitos de propriedade sobre os seres vivos.
A retórica do neoliberalismo fortaleceu a aproximação do debate ambiental da ideia
clássica de desenvolvimento, numa convergência no conceito de Desenvolvimento
Sustentável (PORTO-GONÇALVES, 1996). Esse termo, que ganhou força com o relatório
Brundtland, de 1987, utiliza uma noção de “sustentabilidade”, que vêm de uma linha de
argumentação amadurecida durante 30 anos dentro do campo ambiental, fortemente técnico-
científica, em que teríamos uma forma nova, mais eficiente, de exploração dos recursos, uma
forma “sustentável” (ACSELRAD, 2004a).
Ela é baseada em uma visão economicista dos sistemas vivos, em que os processos
biológicos são considerados análogos a economia de produtos e excedentes, ou seja, como
afirma Aclserad, pensa “[...] os sistemas vivos como compostos de um ‘capital/estoque’ a
reproduzir e de um ‘excedente/fluxo’ de biomassa, passível de ser apropriado para fins úteis
sem comprometer a massa de ‘capital’ originário.” (ACSELRAD, 2004a, p. 2).
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(CNUMAD), conhecida também como ECO-92, foi o palco que consolidou e difundiu o
conceito de “desenvolvimento sustentável” baseado no relatório Brundtland e fortaleceu ainda
mais dentro do campo ambiental e visão ambientalista técno-científica e neoliberal que
recentemente originou o conceito da “economia verde”. Segundo Ribeiro (2011), já na ECO-
92, as grandes empresas transnacionais se pintavam de verde apoiando projetos de
conservação, “educação” ambiental, selos verde, etc, mas nunca questionando o modelo
produtivo e de consumo, “solucionando” os problemas ambientais com tecnologias e negócios
“verdes” em que seria possível o lucro e a melhoria do ambiente. Como o neoliberalismo
ambiental ainda esta sendo forjado, também dessa conferência saem mecanismos
contraditórios, que ainda consideravam o papel do Estado e da sociedade como mediadores da
questão ambiental, como a Agenda 21 e os Princípios da Conferência. A proposta
aparentemente nova da “economia verde” consolida o mesmo caminho neoliberal, mas com
processos mais intensos de produção de novas tecnologias (nanotecnologia, transgênicos,
biologia sintética, geoengenharia) e mercantilização da natureza (RIBEIRO, 2011).
Como forma de assimilar a crítica gerada pela crise ambiental, a racionalidade
econômica induz, numa forma de simular e perverter o pensamento ambiental, o discurso da
sustentabilidade ganhou força, onde o equilíbrio ecológico e a justiça ambiental seriam
conseguidos pelo crescimento econômico orientado pelos mecanismos do livre mercado,
buscando conciliar dessa forma, os contrários da dialética do desenvolvimento (LEFF, 2008).
Aqui podemos dizer, segundo Acselrad, que temos a “[...] lógica da chamada modernização
ecológica, que estaria privilegiando a esfera econômica em relação a política: traduz-se o
meio ambiente em economia para não explicitar o que de conflito político ele encerra.”
(ACSELRAD, 2004a ,p. 9).
Com a força da concepção de “desenvolvimento sustentável” dentro do campo
ambiental, também ganha muito peso uma ideia de consenso, em que termos como parceria,
participação, negociação, comunidade e sociedade civil, que faziam parte do léxico das lutas
por direitos como acesso aos recursos naturais, ao território, ao espaço, aos serviços urbanos,
são apropriados e ressignificados pelo neoliberalismo, em uma confluência perversa
(DAGNINO, 2004), em que agora as responsabilidades passam do Estado para a sociedade e
os direitos são tratados de forma mercadológica (ZHOURI, 2007). Exemplos desse processo
de apropriação e ressignificação é o uso por agências oficiais e de financiamento como o
Banco Mundial do termo “população local”, que pode se referir tanto às comunidades
indígenas como também às empresas madeireiras voltadas para a exportação (ZHOURI,
2006), assim como “resolução de conflitos”, onde a “resolução” sempre resulta no
convencimento (pelas ideias ou pela força) das comunidades pela aceitação dos projetos
estrangeiros aos seus territórios (FURTADO; STRAUTMAN, 2012). Nesse mesmo sentido
de fortalecer a ideia de consenso, Acselrad afirma:

Um meio ambiente único é então evocado para soldar as forças sociais da cidade. O
discurso ambiental serve também para isto; não exclusivamente, mas é, também, apropriado
por este viés – o de que o “ambiente” é uno, diz respeito a todos, é supra-classista e justifica
devermos darmos-nos as mãos, fazer uma só e inelutável política para protegê-lo. No
entanto, mesmo que em nome do interesse de todos, é a política de algum grupo que será
feita. (ACSELRAD, 2007, p. 4)
Estabelece-se um novo tipo de exclusão política e social, onde se legitima apenas a
participação dos que possuem o conhecimento técnico e capacidade organizativa e de ação,
geralmente grandes ONGs e fundações equipadas e institucionalizadas (ZHOURI, 2007).
Nesse contexto, se legitima o neoliberalismo ambiental que, através da
mercantilização da natureza, fortalece uma geopolítica econômico-ecológica que aprofunda as
diferenças entre países centrais e periféricos (que revalorizam sua capacidade de absorver a
poluição produzida pelos países centrais), não apenas pela super-exploração visível de
recursos, mas por estratégias de apropriação dos bens naturais camufladas sobre as novas
funções atribuídas à natureza (LEFF et. al., 2002).
Progressivamente ganha força até se tornar hegemônica, dentro do campo ambiental, a
lógica mercantil, onde a problemática ambiental é apropriada por grandes corporações e
organismos financeiros multilaterais (como Banco Mundial), os quais conduzem suas agendas
com propostas neoliberais, beneficiando o papel do mercado e das organizações não-
governamentais (essas que estão cada vez menos relacionadas com movimentos sociais e mais
com empresas, órgãos financeiros multilaterais e governos que as financiam). Essa hegemonia
fica evidente nas grandes conferências ambientais (PORTO-GONÇALVES, 2006;
HAESBAERT; PORTO-GONÇALVES, 2006; PEREIRA, 2011) e culmina na consagração
da “economia verde” na última grande conferência ambiental, a Conferência das Nações
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), conhecida também como Rio+20.

O papel do Banco Mundial e das grandes ONGs ambientalistas


O Banco Mundial, sensível às disputas dentro do campo ambiental, mudou ao longo
do tempo suas formas de atuação (PINTO, 2012). Pereira afirma que:

“[...] o banco respondeu às pressões ambientalistas crescendo e ampliando suas atividades,


mediante um processo conflitivo e contínuo de estiramento institucional e mudança
incremental que acomodou tais pressões no paradigma de desenvolvimento propugnado
pela instituição. (PEREIRA,2011,p. 236-237)

Na década de 80, esse importante ator do neoliberalismo, ainda mantinha uma postura
de pouco diálogo e concessão com relação às demandas socioambientais apresentadas
principalmente pelas grandes ONGs ambientalistas com grande influência nos países centrais
do capitalismo. A partir da década de 90, devido a grandes pressões geradas pelos fortes
impactos socioambientais negativos dos projetos de desenvolvimento do banco, ele mudou de
postura, “esverdeando-se” e adotando uma “administração ambiental” com a contratação de
membros de ONGs ambientalistas. O banco também aproveitou a proximidade da ECO-92
para lançar seu relatório anual com o objetivo central de fortalecer o conceito de
“desenvolvimento sustentável” e assim melhorar sua imagem pública e coloca-lo com um ator
importante no debate das políticas ambientais (PEREIRA, 2011).
Porém isso não alterou em nada sua política neoliberal, apenas abrindo uma nova
oportunidade em sua agenda com respeito a mercantilização dos bens naturais. Com a
legitimidade do discurso do “desenvolvimento sustentável”, promoveu um regime
internacional de normas direcionado as instituições, em que os Estados só seriam aptos a
conseguir empréstimos mediante a restruturação das legislações nacionais relacionadas aos
bens naturais, que possibilitassem o livre comércio destes como ”ativos ambientais”
(PEREIRA, 2011).
Uma importante ferramenta que possibilitou o “esverdeamento” do Banco e o aumento
do seu poder de influência nas políticas ambientais foi a criação do Fundo Global para o Meio
Ambiente (Global Environmental Facility – GEF) que lhe possibilitou administrar recursos de
projetos ambientais internacionais. Com a legitimidade conferida pela ECO-92, com a
presença de 118 chefes de Estado, o Banco Mundial, através do GEF passou a ser a principal
fonte multilateral de financiamento para implementação da Agenda 21 (PEREIRA, 2011).
Outra força muito importante dentro do campo ambiental que gerou mudanças
significativas no rumo do debate ambiental é representada pelas grandes ONGs ambientalistas
que ganharam cada vez mais influência nas conferências ambientais da ONU e também nos
governos nacionais, especialmente nos países periféricos do capitalismo (DIEGUES, 2008).
Elas que antes tinham uma postura de enfrentamento aos grandes projetos de
desenvolvimento financiados principalmente pelo Banco Mundial, passaram a ser parceiras e
cogestoras de projetos financiados pelo Banco, tendo maior poder de influência nas políticas
de gestão ambiental (ZHOURI, 2006; PEREIRA, 2011; DIEGUES, 2008). Isso pode ser
exemplificado pelo discurso de uma das maiores ONGs ambientalistas, a World Wildlife
Fund (WWF), que no momento de um lançamento de campanha de suas estratégias florestais,
em 1995, colocou a prioridade nas interações positivas, construção de consenso e soluções
comuns para as questões de conservação e manejo florestal (ZHOURI, 2006). Temos então a
tendência a hegemonização do “ambientalismo de resultados”, em que, como diria Zhouri
“[...] as organizações voltam-se para uma acomodação ao paradigma dominante de adequação
ambiental, no bojo do atual modelo de sociedade” (ZHOURI, 2006, p.153)
Essas grandes ONGs ambientalistas como WWF, a Conservation International (CI), a
The Nature Conservancy (TNC), tem uma concepção preservacionista, com tendência a
separar os aspectos sociais e ambientais. Enfatizam os “perigos para a biodiversidade” como
perda de ambientes naturais, introdução de espécies exóticas, fragmentação dos ambientes e
prioritariamente investem seus esforços na criação de unidades de conservação integrais
apartadas da interação com a espécie humana, além de mecanismos financeiros para
compensação e regulação dos problemas ambientais (DIEGUES, 2008; ESCOBAR, 1998).
Como elas têm o apoio de organização financeiras multilaterais como o Banco Mundial ou
instituições como a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional
(USAID), há fartura de recursos para implementar ou financiar suas ações, principalmente em
países periféricos do capitalismo que não possuem recursos. Assim, essas ONGs atuam de
diferentes formas, realizando treinamentos e formações, identificando de áreas prioritárias
para conservação e realizando planos de manejo, geralmente para áreas de proteção integral.
Fazem isso seguindo critérios externos que tem mais relação com as instituições que as
financiam do que com as especificidades dos locais aonde são colocado em prática, gerando
conflitos com as comunidades locais que muitas vezes são expulsas de suas áreas originárias
(DIEGUES, 2008; PORTO-GONÇALVES, 2006).
Outro mecanismo importante que as grandes ONGs ambientalistas apoiam e ajudam a
executar, utilizando o conhecimento técnico e a eficiência com base no “desenvolvimento
sustentável” é a criação de certificação “verde” de produtos, o que pode ser demonstrado
pelas políticas de manejo florestal construídas principalmente para a Amazônia. Essas grandes
ONGs ambientalistas associadas ao setor madeireiro desenvolveram um mecanismo de
certificação de madeira chamado Forest Stewardship Council (FSC), com base na “construção
de consensos” e assim facilitando práticas industriais orientadas para eficiência na produção.
Apesar dos defensores da certificação alegarem que ela beneficia “comunidades locais”, ela
basicamente beneficia as grandes indústrias madeireiras de exportação (ZHOURI, 2006).
Zhouri afirma que “Como lugares vazios no contexto do mercado global, as florestas são
reduzidas ao estatuto de mercadoria para a sustentabilidade do hegemônico modelo
econômico” (Zhouri, 2006, p.165).
Outro exemplo de certificação “verde” mais recente e emblemático da “construção de
consensos” é o “selo verde” atribuído pela WWF em parceria com empresas como Bunge,
Cargill, Monsanto, Nestlé, Shell, Syngenta, Unilever para a produção de “soja responsável”
no Brasil, em 2011, ao Grupo Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo que tem
áreas com plantio de soja em largas extensões principalmente no Mato Grosso (CM
AMAZÔNIA, 2013). Podemos ver que a retórica do “esverdeamento” pode ser empregada
largamente, incluso em situações como essa, em que um modelo de produção considerado
predatório e altamente impactante para o ambiente é considerado “verde”.

A colonialidade do ambientalismo de mercado e a tendência das últimas conferências


ambientais
Essas políticas de conservação conduzidas pelas grandes ONGs ambientalistas retiram
das populações originárias e locais a soberania sobre a gestão e controle de seus territórios,
com a justificativa do “uso racional dos recursos naturais”. A perspectiva da “gestão
racional”, com base no saber técnico-científico convencional, é fortemente etnocêntrica,
marcado pela colonialidade do saber e do poder (PORTO-GONÇALVES, 2006), e o sistema
técnico-científico que reproduzem, segundo Santos, tende “[...] a competir vantajosamente
com os sistemas técnicos precedentemente instalados, para impor ao uso do território ainda
mais racionalidade instrumental” (SANTOS, 2008, p. 221). Isso demonstra, segundo o um
dos fundadores da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), Luis
Macas, que “[...] o debate em torno da sustentabilidade é um debate epistêmico e político.”
(PORTO-GONÇALVES, 2012a).
Podemos dizer que existe um ordenamento territorial influenciado pelo neoliberalismo
ambiental (HAESBAERT; PORTO-GONÇALVES, 2006; PORTO-GONÇALVES, 2006),
que assimila os processos ecológicos e simbólicos convertendo-os em capital natural, humano
e cultural, e integrando-os ao mercado através de uma reestruturação mediante uma gestão
economicamente racional do ambiente (LEFF, 2008).
Esse processo foi cada vez legitimado nas últimas conferências ambientais da ONU
em que o neoliberalismo ambiental, com a retórica do “desenvolvimento sustentável” e
“economia verde” se consolidou como discurso hegemônico. Ouve um deslocamento da crise
ambiental para questões de falta de direitos de propriedade e valores atribuídos aos bens
comuns (LEFF, 2006). Existe, segundo Porto-Gonçalves, “[...] uma tendência para elaboração
e aplicação de instrumentos econômicos para gestão ambiental, reduzindo o valor da natureza
a preços e estabelecendo um mercado de bens e serviços” (PORTO-GONÇALVES, 2006 p.
453).
Na última década, a agenda principal das conferências de mudanças climáticas e de
biodiversidade foi a formulação e aprimoramento de mecanismos financeiros que
mercantilizam e privatizam os bens naturais. Exemplos disso são os mecanismos do chamado
“mercado de carbono” que surgiram a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, , em que os
países passam a ter limites máximos de emissões de gases do efeito estufa (GEE) e para
flexibilizar esses limites e continuar poluindo, foram desenvolvidos instrumentos financeiros
como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em que países que estão abaixo do
limite ou que não têm limites a cumprir vendem créditos e permissões aos países acima do
limite. (PACKER, 2012). Já em 2007, na 13ª Reunião das Partes da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-13), o conceito de REDD (Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação) foi difundido e teve rápida propagação e adesão,
visto como uma forma promissora de reduzir o desmatamento através de pagamento pela
prestação de “serviços” ambientais (MORENO, 2012).
A partir da COP-10 da Convenção da Diversidade Biológica em Nagoya, em 2010,
ganhou peso político no debate sobre a conservação da biodiversidade um estudo chamado
The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) que propõe um instrumento que
possibilitaria precificar todas as interações entre os seres vivos (MOURA; DURÃO, 2011). E
durante a Rio+20, a síntese desse processo de defesa da mercantilização e privatização dos
bens naturais ocorreu com a consolidação da “economia verde” como proposta para enfrentar
a problemática ambiental. Ela se se apoia basicamente em 3 pilares segundo Ribeiro (2011):
1. Uma maior mercantilização e privatização dos bens naturais que passam a ser considerados
“serviços” para os mercados financeiros; 2. Novas tecnologias e grande aumento da produção
e consumo de biomassa; 3. Um marco regulatório que permita essas políticas ambientais.

Conflitos, tensões e outras perspectivas no campo ambiental


Apesar da hegemonia do discurso neoliberal de consenso do “desenvolvimento
sustentável”, dentro do campo ambiental ainda estão presentes outras perspectivas sobre o
debate, que se originaram em parte nas mobilizações sociais do final da década de 60. Como
afirma Acselrad (2004a):
A sustentabilidade remete a relações entre a sociedade e a base material de sua reprodução.
Portanto, não trata-se de uma sustentabilidade dos recursos e do meio ambiente, mas sim
das formas sociais de apropriação e uso desses recursos e deste ambiente. Pensar dessa
maneira implica certamente em se debruçar sobre a luta social, posto que torna-se visível a
vigência de uma disputa entre diferentes modos de apropriação e uso da base material das
sociedades. (ACSELRAD, 2004a, p.4)
As resistências e lutas contra as políticas neoliberais da chamada “economia verde”
são muitas e podem ser exemplificadas pela lutas contra os mecanismos de REDD, que tem
gerado muitos conflitos onde são colocados em prática. Em Abril de 2010, em Cochabamba
na Bolívia, na Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas e os Direitos da
Mãe Terra, o “Acuerdo de los Pueblos” produzido condenou o REDD, que segundo o
documento, está violando a soberania dos Povos, seus direitos e os direitos da Natureza.
(CMPCC, 2010). Simultaneamente a COP-16, em Cancún no México, ocorreram diversas
encontros e manifestações contrárias às políticas do mercado de carbono. A declaração do
Fórum Internacional de Justiça Climática afirmou que o REDD tem como objetivo incorporar
ao mercado terras férteis e bens naturais através de contratos que visam o controle dos
territórios, violando a soberania territorial e constituem uma contra-reforma agrária em escala
global (FORO INTERNACIONAL DE JUSTICIA CLIMÁTICA, 2010).
Recentemente, várias declarações foram produzidas, fruto da resistência às posições
oficiais favoráveis ao REDD na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20) Uma das mais contundentes foi a denúncia dos conflitos explicitada
pela declaração “Não ao REDD+! na Rio+20”:

Os povos indígenas e os camponeses estão sendo assassinados, deslocados a força,


criminalizados, e culpados pela mudança climática. Nossa terra está sendo classificada
como “desocupada”, “degradada”, ou precisando de “conservação” e “reflorestamento”,
para justificar grilagens massivas em nome de REDD+, de projetos de compensação de
carbono e da biopirataria (ALIANÇA GLOBAL DOS POVOS INDIGÉNAS E
COMUNIDADES LOCAIS SOBRE MUDANÇA CLIMÁTICA CONTRA O REDD+,
2012).

Em Setembro de 2012, em Chiapas no México, no “Fórum Campesino e Indígena:


pela defesa da Vida e do Território”, a Via Campesina (articulação internacional de
movimentos camponeses) convocou todos os povos e organizações do México e do mundo a
combater o que consideram as falsas soluções ao aquecimento global, como os mecanismos
de REDD e REDD+ que, segundo os movimentos, estimulam monocultivos florestais
industriais e de transgênicos e também geram um processo de apropriação, mercantilização e
controle dos bens naturais que existem nos territórios campesinos e indígenas (VIA
CAMPESINA, 2012).
A perspectiva proposta por Martinez-Alier (2002) do “ambientalismo dos pobres”, em
que os sujeitos sociais são os ameaçados pela contaminação das indústrias, camponeses
ameaçados pelas construção de barragens ou pelos grandes latifúndios monocultores e que
lutas e resistem ao processo de espoliação, aponta para um caminho que se leve em
consideração outras matrizes de se pensar a sustentabilidade, pensando também na
diversidade cultural e equidade.
Existe “um processo de resistência ao “alisamento” do território e à abstração das
diferenças” (PORTO-GONÇALVES, 2012b, p. 1). Leff afirma que:
(...) emergem hoje em dia lutas de resistência dos povos a submeter-se às regras
homogeneizantes do mercado globalizado: a serem reduzidos a elementos de um “capital
humano”, a dissolver seus valores e estilos de vida (LEFF, 2006, p. 236).

O processo de resistência ao modelo do neoliberalismo ambiental e seus mecanismos


gera lutas pela reapropriação da natureza, que reafirmam distintas territorialidades (PORTO-
GONÇALVES, 2011) e tem profundas implicações para a problemática ambiental,
explicitando as relações de poder, os conflitos de interesses e as distintas relações da
sociedade com a natureza (PORTO-GONÇALVES, 2012a; LEFF, 2009).

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