Você está na página 1de 13

www.cers.com.

br 1
DIREITO TRIBUTÁRIO
OAB. XXII EXAME. 1ª FASE
AULA 3/4: CRÉDITO TRIBUTÁRIO
(SUSPENSÃO, EXCLUSÃO E EXTINÇÃO)
PROF. EDUARDO SABBAG
DOUTOR EM DIREITO TRIBUTÁRIO – PUC/SP
DOUTOR EM LÍNGUA PORTUGUESA – PUC/SP
PROFESSOR DE DIREITO TRIBUTÁRIO (UNIVERSIDADE MACKENZIE/SP)
ADVOGADO TRIBUTARISTA
DIREITO TRIBUTÁRIO
AULA 3/4
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
DIREITO TRIBUTÁRIO
OAB. 1ª FASE. XXII EXAME
AULA 3/4
AULAS ANTERIORES (PARA CONTROLE):
AULA 1: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
AULA 2: DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO TRIBUTÁRIAS; COBRANÇA JUDICIAL DO TRIBUTO.
UMA PERGUNTA PARA O INÍCIO DO RACIOCÍNIO NA MATÉRIA DE HOJE...
COMO O ESTADO CREDOR COBRA O TRIBUTO?
VAMOS CONHECER A NOSSA
“LINHA DO TEMPO”..
LINHA DO TEMPO

www.cers.com.br 2
ESTUDO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O estudo do CT se divide em 3 vertentes.

I. Causas de Suspensão do CT (Artigo 151, CTN) – 6 INCISOS


II. Causas de Extinção do CT (Artigo 156, CTN) – 11 INCISOS
III. Causas de Exclusão do CT (Artigo 175, CTN) – 2 INCISOS

Cuidado: extinção não se confunde com exclusão!

Portanto, o CT pode ser suspenso, extinto ou excluído.


Por exemplo: se o tributo é parcelado, haverá a suspensão do CT; se o tributo é pago, haverá a extinção do CT;
por fim, se o tributo é isento, haverá a exclusão do CT.

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CT
(ART. 151, CTN)
“LINHA DO TEMPO”
(relembrar)

O artigo 151 do CTN trata das causas suspensivas da exigibilidade do CT. Exemplos: Parcelamento, discussão
administrativa ou judicial, entre outras adiante explicitadas.

Quando o CT está suspenso, há vantagens de ordem prática para o sujeito passivo da OT:

1ª Vantagem: obstar a cobrança judicial do tributo;


2ª Vantagem: obtenção de "Certidão Positiva com efeitos de negativa" (Certidão de regularidade fiscal). Ela está
prevista no artigo 206 do CTN, permitindo que o devedor participe de licitações, obtenha empréstimos bancários,
etc.

A suspensão da exigibilidade do CT impede a cobrança judicial do tributo. Portanto, se estou com o parcelamento
em dia, não pode haver inscrição em DA e consequente execução fiscal. O mesmo raciocínio vale para o período
de vigência de uma liminar ou tutela concedidas em uma ação judicial; ou, ainda, para o período de discussão
administrativa pendente de julgamento.

APRESENTAÇÃO DAS CAUSAS SUSPENSIVAS E DO “MACETE”


PARA A MEMORIZAÇÃO DO TEMA:
MO – DE – RE – CO – PA

Causas de suspensão do CT (6 causas):

MO Moratória
DE Depósito do montante integral
RE Reclamação e Recursos administrativos
CO Concessão (liminar ou tutela)
PA Parcelamento

www.cers.com.br 3
Palavra mnemônica (para memorização):
Art. 151, CTN

As causas suspensivas acima indicam que o CT pode ser suspenso por iniciativa exclusiva do contribuinte (parce-
lamento) ou por iniciativa deste com o devido patrocínio do advogado (concessão de liminar/concessão da tutela).

Da mesma forma, a suspensão do CT pode se dar na órbita administrativa (reclamação e recursos administrati-
vos) ou na esfera judicial (depósito do montante integral).

Para o estudo das causas suspensivas, não seguiremos a ordem normal dos incisos do art. 151 do CTN, em prol
da melhor didática.
(...)

Simularemos, portanto, um cenário prático-profissional, tendo como pano de fundo a aplicação do dispositivo:

CASO PRÁTICO:

Na última semana, foi lavrado um AIIM/ICMS (Auto de Infração e Imposição de Multa), constituindo o CT. Diante
disso, o que o autuado poderá fazer?

É claro que as hipóteses do pagamento (extinção do CT) e do parcelamento (suspensão do CT) são viáveis, a
depender da intenção de quitação do devedor.

Por outro lado, se houver interesse no litígio, a disputa/discussão poderá ocorrer na órbita administrativa e, após,
na esfera judicial; ou, ainda, diretamente na esfera judicial.

A escolha da área judicial, "pulando-se a órbita administrativa", causa a chamada preclusão desta, conforme o
artigo 38, parágrafo único, da LEF (Lei 6.830/80):

“Art. 38. (...) Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia
ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.”
ANÁLISE RECORTADA ("MO-DE-RE-CO-PA“):

RE Reclamações e recursos administrativos

A discussão administrativa se faz pelas chamadas "reclamações e recursos administrativos", com fulcro no inciso
III do art. 151 do CTN.

A “reclamação” significa a defesa administrativa ou a impugnação. Desse modo, o advogado (o contador ou o


próprio interessado) pode protocolizar uma defesa na repartição fiscal, e essa impugnação deverá ser encami-
nhada para as seções/delegacias de julgamento.

Frise-se que o prazo para a defesa é fatal (30 dias). Uma vez feita a defesa, após certo tempo, ocorrerá o julga-
mento em "primeira instância", o qual tende a ser ratificador do lançamento. Frise-se que o julgamento ocorre em
ambiente reservado (sem sustentação oral ou acesso a advogados) e é feito por fiscais julgadores que não se
confundem com aqueles que autuaram.

www.cers.com.br 4
Com o julgamento improcedente, o autuado poderá tentar manter a suspensão do CT interpondo um recurso ad-
ministrativo para os tribunais administrativos (TIT - Tribunal de Impostos e Taxas, em São Paulo, na órbita estadu-
al; CARF - Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em Brasília, na órbita federal; entre outros).

Tais Tribunais são órgãos colegiados, formados por julgadores/conselheiros, representando o Fisco e o contribuin-
te, sempre com elevado nível técnico. Por fim, se o julgamento for improcedente, ainda, no próprio CARF, poderá
haver o recurso para a Câmara Superior de Recursos Fiscais. Se houver a derrota aqui, a órbita administrativa
estará encerrada.

Esse quadro desfavorável leva o autuado derrotado a alguns caminhos:

I) Pagar;
II) Parcelar;
III) Levar a questão ao Poder Judiciário.

Então, passemos a mais uma causa

suspensiva da exigibilidade do CT: (...)

ANÁLISE RECORTADA ("MO-DE-RE-CO-PA“):

CO Concessão de liminar e concessão de tutela


A disputa judicial permite, em determinados casos, que o CT seja suspenso. O processo judicial tributário oferta as
ações judiciais adequadas: (...)

Mandado de Segurança com pedido de liminar; Ações ordinárias (declaratória e anulatória); etc. Veja que a ação,
em si, não suspende o CT, mas as tutelas de urgência deferidas no curso dessas ações, principalmente, "initio
litis". Enquanto a tutela viger, o CT estará suspenso, viabilizando a certidão positiva com efeito de negativa (art.
206 do CTN).

O que acontece se a tutela for denegada? Com a denegação da tutela de urgência (liminar/tutela), a gratuida-
de($$$) que prevalecia até agora na busca da suspensão do CT começará a "mudar de figura".

Precisamos tratar agora, portanto, de mais uma causa suspensiva: (...)

ANÁLISE RECORTADA ("MO-DE-RE-CO-PA“):

DE Depósito do montante integral

Temos agora a via onerosa do depósito do montante integral. O depósito não significa pagamento. Tanto é verda-
de que, ao término da demanda, sendo o contribuinte depositante vitorioso, ...

haverá o levantamento do depósito. Por outro lado, se o contribuinte depositante perder, haverá a "conversão do
depósito em renda" (art. 156, VI, CTN), extinguindo-se o CT.

Macete:

Depósito Suspende o CT
Conversão do depósito em renda

Extingue o CT

O depósito deve ser integral e em dinheiro (Súmula 112 do STJ), não se confundindo com as modalidades de
garantia no âmbito de uma execução fiscal (arts. 9°e 16 da LEF);

Duas Súmulas Vinculantes importantes:

Súmula Vinculante 21: "É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens
para admissibilidade de recurso administrativo".

www.cers.com.br 5
Súmula Vinculante 28: "É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de
ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário".

Uma vez conhecidas as particularidades do Depósito do montante integral, restam apenas DUAS situações para
o encerramento do estudo das causas de suspensão da exigibilidade do CT: o Parcelamento e a Moratória (MO
DE RE CO PA).
(...)

ANÁLISE RECORTADA ("MO-DE-RE-CO-PA"):

O parcelamento é uma sistemática de pagamento fragmentado e, por isso mesmo, não pode ser causa extinti-
va do CT. (...)
Com efeito, se o fosse, seria convidativo pagar a primeira parcela e deixar de pagar o restante...
Enquanto a legislação admitir, quer na órbita administrativa, quer na judicial, será facultado ao contribuinte parce-
lar a dívida.
(...)
A Moratória, por sua vez, é tratada em alguns artigos no CTN, embora o tema seja pouco prático. Isso porque a
Moratória acabou sendo substituída pelo próprio Parcelamento – uma causa suspensiva que entrou no CTN com
a LC 104/2001. Antes dessa data, todos os parcelamentos feitos no Brasil suspendiam o CT pela via da Moratória.
(...)
Entretanto, a Moratória, mesmo reservada ao ambiente teórico, possui detalhes relevantes que constam dos arti-
gos 152 a 155, do CTN. Ali temos que a Moratória é uma dilatação legal do prazo para pagamento de tributo (de-
pendente de lei específica – art. 155-A, caput, CTN). Daí a sua semelhança com o Parcelamento. Ademais, deve
ser concedida pela Pessoa Jurídica competente para criar o tributo (Moratória Autonômica).

Regra da Moratória Autonômica:

• União cria o tributo federal União concede Moratória para tributo federal
• Estados criam o tributo estadual Estados

CAUSAS DE EXCLUSÃO DO CT

Temos duas causas que excluem o Crédito Tributário:

1. Isenção: Artigos 176 a 179, CTN;


2. Anistia: Artigos 180 a 182, CTN.

Pontos em comum entre ISENÇÃO e ANISTIA:

I) A isenção e a anistia são institutos jurídicos de desoneração ($).


II) Ambas, a isenção e a anistia, dependem de lei. (...)
III) A lei, em tela, será a "específica" (art. 150, §6º, CF). (...)

Lei específica

(...) Art. 150. § 6º, CF: Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumi-
do, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei especí-
fica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspon-

www.cers.com.br 6
dente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

Observação: as isenções de ICMS são veiculadas por CONVÊNIOS interestaduais, celebrados no âmbito do
CONFAZ (Conselho de Política Fazendária). Os representantes dos Estados-membros (Secretários de Fazenda)
reúnem-se no Conselho para a deliberação acerca desse benefício no tocante ao ICMS. Em tese, tais convênios
precisariam ser ratificados por decreto legislativo, mas não é o que ocorre.

IV) Se atingem o ato de pagar, significa dizer que a isenção e a anistia afetam a OT principal, permanecendo inal-
teradas as OTs acessórias (art. 175, parágrafo único, CTN).

Exemplo: Transporte de mercadoria isenta de ICMS: sem pagamento do ICMS, mas devendo estar acompanhada
de Nota Fiscal (OT acessória). Veja que a máxima "o acessório segue o principal" não se aplica aqui.

V) Ambas, para o STF, inibem o lançamento:

Note que, na isenção/anistia, acaba se realizando o FG, fazendo-se surgir a OT, despontando-se o sujeito passi-
vo, entretanto, não se vê constituído o crédito tributário pelo lançamento.

Portanto, a isenção e a anistia são causas obstativas ou inibitórias do lançamento (visão do STF).

ESTUDO DA ISENÇÃO:

Conceito: a isenção é o instituto desonerativo de tributo por questões sociopolíticas. Exemplo: isenção de ICMS
para medicamentos; isenção de IR para aqueles que detêm enfermidades graves, etc.

Na concepção adotada pelo STF e pela corrente doutrinária clássica – a isenção, sendo concebida como uma
dispensa legal do tributo, hábil a inibir o lançamento –, haveria o FG, a OT, a sujeição passiva etc., só não ocor-
rendo o plano da exigibilidade do lançamento.

Não confunda Isenção com Imunidade: esta consta da CF, enquanto a Isenção está na lei. A Imunidade é justifi-
cada por elevados valores (liberdade religiosa, liberdade política, liberdade de expressão etc), enquanto a isenção
prende-se a valores de menor densidade axiológica.

Conceito de Imunidade Tributária:

“A norma constitucional de exoneração tributária, que, justificada no conjunto de caros valores proclamados na
Carta Magna, inibe negativamente a atribuição de competência impositiva e credita ao beneficiário o direito públi-
co subjetivo de ‘não incomodação’ perante o ente tributante”. (SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito
Tributário. 8. ed., São Paulo: Saraiva, 2016, p. 298)

DISPOSITIVOS NA CF CONTENDO “FALSAS” ISENÇÕES (...e verdadeiras imunidades):

Art. 195. § 7º, CF - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

Art. 184. § 5º, CF - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de
imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

ARTIGO:

Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:

I - às taxas e às contribuições de melhoria;


II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.

www.cers.com.br 7
ANÁLISE: salvo disposição em contrário, a isenção NÃO é extensiva a duas situações. Note-as: (...)
(...)

- Taxas e contribuições de melhoria (Motivo: são tributos contraprestacionais ou bilaterais, e a isenção não se
coaduna com tal característica);
- Tributos cuja competência tributária não tenha ainda sido exercida ( Motivo: o poder de isentar é correlato ao
poder de criar. Exemplo: uma isenção de imposto s. grandes fortunas).

ARTIGO:

Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revo-
gada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.
ANÁLISE: o dispositivo, bastante cobrado em provas, versa sobre a revogação das isenções. Todavia, há um tipo
de isenção IRREVOGÁVEL

(isenção temporal + condicional), uma vez geradora de direito adquirido (ler, acerca do tema, a vetusta Súmula
544, STF).

ESTUDO DA ANISTIA:

Conceito: a anistia é o instituto desonerativo de multa, portanto, visa retirar o rótulo de "impontual" do infrator.
Lembre-se de que anistia não é para tributo. Será impropriedade afirmar que "o IPTU foi anistiado".

(...) Quanto à anistia, há um aspecto importante no plano da vigência da lei anistiadora. É que a lei de anistia,
devendo afastar uma penalidade, só poderá conter vigência retrospectiva, alcançando situações que lhe são pre-
téritas. Assim, não pode haver uma lei de anistia para alcançar o futuro.

Dispositivos no CTN acerca da ANISTIA (art. 180 a 182, CTN):

ARTIGO:

Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede,
não se aplicando:

I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam
praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;
II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou
jurídicas.

ANÁLISE: o dispositivo, em total consonância com as ciências penais, demonstra que o Direito Tributário não
pode “afagar”, se aquelas se propõem a “perseguir”. Com efeito, a infração qualificada como crime, como contra-
venção ou cometida com dolo, fraude ou simulação NÃO poderá ser abrangida pelos efeitos benéficos da lei anis-
tiadora. O mesmo raciocínio se estende ao conluio ou à infração resultante de conluio, exceto se houver lei dis-
pondo de modo contrário.

REVISÃO (Quadro sinóptico):

www.cers.com.br 8
ESTUDO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
CAUSAS DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Causas de Extinção do CT
(Artigo 156, CTN) – 11 INCISOS
A EXTINÇÃO DO CT NO CTN
(Legenda: CaEx1 a CaEx11)

CaEx1) Decadência e Prescrição - inciso V:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

V - a decadência e a prescrição (...)".

(ESTUDAMOS NA AULA 2)

CaEx2) Conversão do depósito em Renda - inciso VI:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

VI - a conversão de depósito em renda (...)".

O depósito ocorrido na órbita judicial, no âmbito de uma ação, poderá, ao término da lide, ser convertido em renda
do Fisco ("contribuinte perdendo").

CaEex3) Decisão administrativa irreformável - inciso IX:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais pos-
sa ser objeto de ação anulatória (...)".

Trata-se de uma decisão favorável ao contribuinte, e não contrária a ele. De fato, se a decisão ali for contrária ao
contribuinte, este poderá levá-la para a órbita judicial. Veja que o Fisco, diante de uma decisão administrativa fa-
vorável ao contribuinte, de cuja elaboração ele efetivamente participou, não poderá tentar rever o que ele próprio
chancelou.

CaEex4) Decisão judicial transitada em julgado - inciso X:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

X - a decisão judicial passada em julgado (...)".

Veja que tal decisão é extintiva mesmo, independentemente de sua natureza, se favorável ao contribuinte, ou
contrária a ele.

CaEex5) Pagamento antecipado e a homologação - inciso VII:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º
e 4º (...)".

Veja que, nos tributos lançados por homologação (ICMS, IR, ISS, PIS, COFINS e tantos outros), não é o paga-
mento que extingue o CT, mas a homologação do procedimento, sob pena de se admitir, por absurdo, que o pa-
gamento parcial promoveria a extinção do CT.

CaEex6) Consignação em pagamento - inciso VIII:

www.cers.com.br 9
Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; (...)”


A consignação em pagamento, ao final dela (art. 164, §2º, CTN), ou ação consignatória (arts. 539 a 549 do NOVO
CPC), pressupõe o depósito initio litis, e isso equivale a dizer que, ao final, com o julgamento dela, haverá a apro-
priação desse depósito pelo Estado, extinguindo-se o CT. Observe o dispositivo no CTN: (...)

Art. 164, CTN. "A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos
casos: (...)

§ 2º - Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é converti-


da em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de
mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis".

CaEex7) Remissão - inciso IV:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

IV – remissão (...)".

A remissão é um benefício fiscal que não se confunde com a isenção/anistia. Sabemos que essas duas são cau-
sas inibitórias de lançamento, excludentes do CT, conforme se estudou nesta aula. (...)

A remissão, por sua vez, sendo causa extintiva do CT, deve ocorrer após o lançamento, pressupondo uma notifi-
cação/auto de infração.

A remissão é um instituto jurídico que significa perdão, vale dizer, perdão do tributo/multa lançados. (...)

Exemplo: João recebe notificação de IPTU. Sobrevém uma lei que afasta o tributo/multa. Qual é a natureza dessa
desoneração?

Resposta: Remissão (não é isenção, tampouco anistia).

Obs.: para complemento, ler o art. 172 do CTN. (...)

Para ser isenção/anistia, o benefício teria que vir antes do lançamento.

A remissão indica que o Fisco, perdoando, irá remitir, sempre por meio de lei específica (art. 172 do CTN c/c art.
150, §6º, da CF).

CaEex8) Dação em pagamento - inciso XI:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei".


A dação em pagamento significa o ato de dar em pagamento algo distinto da pecúnia. Se analisarmos bem, o
próprio artigo 3º do CTN, ao conceituar tributo, deixou um "espaço" para isso: "(...) prestação pecuniária ou em
cujo valor nela se possa exprimir". Tal permissão legitimou a inserção desse inciso XI no CTN (LC 104/2001). (...)
Embora o CTN permita o expediente, a dação em pagamento é de raro uso no Brasil, uma vez que o Fisco prefere
a pecúnia, em virtude da liquidez do recurso, à dação em pagamento.
CaEex9) Transação - inciso III:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário: (...)

III - a transação (...)”.

A transação é um instituto jurídico previsto no art. 171 do CTN, com o conceito naturalmente oriundo do Direito
Civil.

www.cers.com.br 10
Art. 171."A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária
celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção
de crédito tributário.

Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso".
(...)

O civilista vê a transação como um acordo que se celebra mediante concessões recíprocas, pondo-se fim ao lití-
gio, ou seja, o Fisco cede, e o contribuinte também. Um bom exemplo está na legislação que prevê descontos (na
multa, geralmente) para casos de pagamento à vista. Tais descontos variam e representam uma espécie de tran-
sação legalmente prevista.

CaEex10) Compensação - inciso II:

Art. 156."Extinguem o crédito tributário: (...)

II - a compensação”.

A compensação é mais um instituto do Direito Civil apropriado pelo Direito Tributário (art. 170, CTN). O conceito é
o mesmo de sempre: instituto que permite um encontro de contas, reunindo-se na mesma pessoa as condições de
credor e devedor. (...)

O contribuinte, se pagar algo a maior ou indevidamente, passará a ser credor do Fisco. Sendo credor, terá direito
à restituição do indébito (a ser feita por meio de pedido administrativo ou judicial). Por outro lado, se ele, credor,
também for devedor, a lei poderá autorizar o tal encontro de contas, por meio da chamada "compensação de tribu-
tos". (...)

O procedimento pode ser pleiteado na órbita administrativa (por exemplo, por meio do PERDCOMP, na órbita
federal) ou por meio de ações judiciais pertinentes, com o balizamento de duas Súmulas do STJ:

Súmula nº 212: "A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida
liminar cautelar ou antecipatória".

Súmula nº 213: "O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação
tributária".
CaEex11) Pagamento - inciso I:

Art. 156. "Extinguem o crédito tributário:

I - o pagamento (...)".

Neste ponto, afeto ao PAGAMENTO, o estudo de alguns artigos do CTN se faz necessário, com destaque para
alguns deles:

Art. 158. “O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento:

I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;


II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos”.

Pela leitura do artigo 158, percebe-se que não se admite presunção de pagamento no Direito Tributário.

Art. 160. “Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta
dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento.

Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições
que estabeleça”.

(...)
O prazo geral para pagamento é 30 dias, desde que a legislação tributária não disponha em contrário, podendo,
inclusive, ser menor.

www.cers.com.br 11
Art. 163. “Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma
pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pe-
cuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a res-
pectiva imputação, obedecidas as...

seguintes regras, na ordem em que enumeradas:

I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade
tributária;
II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos; (...)
III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;
IV - na ordem decrescente dos montantes”.

Comentários:

Inciso II: A lógica é que as Contribuições de Melhoria e as Taxas antecedam o imposto na ordem de imputação,
uma vez que são ...

tributos bilaterais (o Estado já realizou esforço, justamente por isso espera mais emergencialmente o retorno fi-
nanceiro). O imposto, entretanto, é um tributo unilateral.
Inciso III e IV: Memorize, de acordo com tais incisos, a ordem decrescente de montante e a crescente de prescri-
ção.

Muito obrigado!
#EstudeMais #EstudeSempre
Prof. Sabbag

www.cers.com.br 12
www.cers.com.br 13

Você também pode gostar