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Direito administrativo também é um conjunto de normas que regulam a atividade do 

estado,
mas mais precisamente, regulam os agentes públicos. Além disso, regulam entes (de maior
estrutura, o Estado, o Município, a União) e órgãos públicos (secretarias municipais, estaduais
da saúde, ministérios). Regulam atividades também, o agir. No brasil adotamos o sistema
da Civil law, que adota um direito especial como regra para administração. Também se adota o
direito civil para administração, mas é exceção. Ex.: administração vai fazer uma compra e
venda de um terreno, é regulada pelo CC. Outro exemplo, comodato, empréstimo gratuito.

Pilares do direito administrativo: prerrogativas x sujeições

Qual a razão de ter um direito especial e não um direito comum? Porque no Brasil a
administração tem prerrogativas (envolve uma condição de superioridade da administração
sob o particular). Direito administrativo é o direito que regula a diferença entre particulares e
administração. Administração tem muita superioridade sob o particular.

1.       O pilar das prerrogativas. No brasil existe o pilar da superioridade da administração. Logo, se
tem superioridade, direito civil não pode regular, que o direito da igualdade, não regula.
Exemplo de prerrogativa, desapropriação (é preciso normas que regulem isso). outro, ato
administrativo, ele é administrativo porque ele tem prerrogativas, existe uma imperatividade,
ela impõe o ato, independentemente da vontade da outra parte. Auto executório, ela impõe o
ato e ela mesma executa.

2.       O pilar das sujeições, são os limites, as restrições, condicionamentos que a administração tem
e o particular não tem. Aqui se regula tudo que ela não tem. Pois restringe outras sujeições.
Ex.: licitações, ele não pode contratar quem ele quiser, precisa ser sempre a mais barato.

Princípio aplicáveis do direito Administrativo

São os parâmetros que regulam a administração como um todo.

1.       Princípios informativos: são aqueles que justificam a existência do direito administrativo,


estão na base de sua existência, logo, justifica o direito especial. São os princípios que estão
vinculados e justificam os pilares do direito administrativo.

         Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado. Justificativa da prerrogativa.

Pilar das prerrogativas. Em um conflito entre o interesse público e o privado, predomina o


público. Porque esse interesse público tem supremacia sobre o privado. É que o
interesse geral(é justamente o predominante numa sociedade, é aquele que a maior parte dos
integrantes dela, entende como sendo o mais correto)  e legítimo (ser consagrado no
ordenamento jurídico) que predomina sob o egoisticamente considerado. O predominante
que posso priorisobre o particular:

o Interesse público primário: é o mais importante, o primeiro, o principal. Luiz roberto barroso:
"interesse pub. Primário são aqueles mais relevantes do Estado, que se caracterizam por ser.
Que são eles: justiça, segurança e o bem-estar social. Só tendo essas razões que haverá um
interesse público mais importante, primário .

o Interesse público secundário:  administração não tem supremacia quando se tratar de interesse
público secundário. Nessas hipóteses precisa agir em igualdade, e deverá ser aplicado o direito
civil. Compra e venda de um terreno. Mais precisamente, o interesse secundário é aquele
interesse patrimonial e econômico. Quando envolver arrecadação não há prerrogativa.

         Princípio da Indisponibilidade do interesse público. É a base do pilar das sujeições, os


limites.

A justificativa de existir sujeições, limites é porque ele lida com interesses que não são seus,
indisponíveis. O administrador não tem direito subjetivo (é o que me pertence. É aquilo que
incorpora ao meu patrimônio)  sobre o interesse e os bens que ele age. O administrador
apenas representa quem é o dono, que é quem tem o direito subjetivo. Exemplos de
indisponibilidade, concurso público e licitações...

         Princípio da finalidade. Este estabelece os dois pilares,  está entre as prerrogativas e


sujeições, logo, nos dois.

Significa que o agir do administrador público busca como finalidade, o interesse público. Ele é
a base dos pilares por limitar os dois pilares.

2.       Princípios explícitos na Constituição: São os princípios escritos na Constituição.


LIMPE. Legalidade. Impessoalidade. Moralidade. Publicidade. Eficiência. Estão escritos no art.
37 caput da CF.

Princípio da Legalidade aplicada a administração pública: Teoria da vinculação positiva e teoria


da vinculação negativa

         Teoria da vinculação negativa: quer dizer, o administrador só não pode fazer o que a lei proibi. Se não tem
proibição, ele é livre. No brasil não se adota essa teoria, mas sim a teoria da vinculação positiva

         Teoria da vinculação positiva: o administrador só pode fazer o que além de não estar
proibido, estiver autorizado na lei.
         Obs.: para o cidadão, é a teoria da vinculação negativa. Esse princípio se chama, autonomia da
vontade.  No começa se falar na visão moderna de legalidade, se chama, princípio
dajuridicidade (além de autorizado na lei, precisa estar autorizado no direito). O agir do
administrador além de não estar no proibido precisa estar no direito (lei), na jurisprudência
dos tribunais, súmulas, e também nos costumes.

         A legalidade está vinculada a ideia do princípio da reserva legal (são as hipóteses que
somente podem ser reguladas por lei)

o    Reserva legal: 1- quando a constituição manda. 2- quando for pra restringir direitos e
interesses em geral. Art.5º II.

         Princípio da Primazia da lei: no confronto entre ato e lei a primazia é da lei.

         Administrar é aplicar a lei (conceito clássico) administrar é aplicar o direito (conceito


moderno)

Princípio da impessoalidade

Os atos da administração não podem levar em conta questões de natureza pessoais, pois as
coisas com que ela age não são dela. Exemplo, concurso, não posso na hora da correção
beneficiar alguém que eu goste. Salvo se o interesse público justificar, exemplo da exceção,
nomear alguém em cargo de comissão (existe porque não há como governar sem ter os
parceiros para cuidar do restante dos servidores. Precisa de um chefe para ver se todos estão
fazendo o certo mesmo.) outra exceção, concurso com prioridade para os deficientes, é levado
em conta o caráter pessoal do terceiro.

         Aspectos da impessoalidade

o    É preciso agir em isonomia, igualdade. Se sempre agir todos de forma igual, vocês estará agindo
de forma impessoal. É a igualdade material e não formal, a material, é tratar de forma igual, os
iguais, e tratar diferentes os diferentes. Igualdade verdadeira. Ela não proibi a diferença.
Exemplo do banquinho no muro, outro, exemplo de a conta de luz ser mais caras para alguns
do que para outros. Têm pessoas que podem pagar mais e outras menos.

o    A ideia ao princípio da finalidade (finalidade o interesse público). É preciso agir buscando o
interesse público. Logo tu não está levando considerações pessoais.

o    O agir impessoal está vinculado a ideia de que os atos cometidos pelos servidores públicos não
são imputados a eles. Será a administração que responderá. Teoria do órgãos, quem responde
não é o agente, mas sim a administração a qual ela pertence. STF disse que só pode entrar com
a ação contra a administração e  não contra o servidor.
Princípio da Moralidade

Moralidade é nesta visão mais rasteira, é o agir legal, o agir honesto, de boa-fé, é agir de
acordo com parâmetros éticos.  A visão mais moderna é o agir com probidade. Seria o agir de
acordo com os parâmetros comportamentais aceitos e considerados adequados por uma
determinada sociedade em relação a administração pública. 8429 lei da improbidade
administrativa (é a moralidade qualificada, o que é imoral).

         O princípio da moralidade é autônomo, ou seja, ele é suficiente por si mesmo para ensejar a
anulação de um ato administrativo. O ato não precisa ser ilegal, se for imoral, já pode anular.
Ele não depende da legalidade. Ele tem força sozinho. Exemplo, leis autorizam a nomeação
de CC a parentes, mas contratar parentes afronta a moralidade. Sumula vinculante 13. Não
adianta ter lei deixando contratar.

Princípio da Publicidade

Decorre do direito fundamental ao acesso a informação. Isso gera transparência. Mas o que
quer dizer esse princípio da publicidade? Como regra, os atos da administração devem ser
públicos. Existe uma exceção nas hipóteses consagradas na constituição art 5º - quando
envolve privacidade. Lei 12527/11 de acesso à informação, caso de sigilos também. Existe
questões sigilosas, por exemplo, a PF diz onde vai ser a batida.

         Duas espécies de publicidade:

o    Publicidade provocada

É aquela que a administração não precisa fazer, apenas se alguém pedir. Mas não pôr no diário
oficial, e sim apenas para aquele que pediu. O resto.

o Publicidade de ofício

São aquelas hipóteses que ela já tem que publicar antes que peçam. Divulgar no diário oficial,
como regra. Mas pode lei específica daquele determinado ato dizer onde deve ser publicado,
exemplo, publicar em jornal de grande circulação.  Atos de interesse geral ou coletivo precisam
ser publicados na internet além dos outros lugares que devem ser postos também. Será
obrigada a administração publicar de oficio, os atos gerais (é aquele que não individualizado,
não é determinado, é para qualquer um) e de efeito externo (quando tem efeitos externos,
fora da administração, exemplo, edital de concurso público). Precisa publicizar também os
atos onerosos (o que foi gasto o dinheiro). E precisa também publicizar quando a lei manda.

Princípio da Eficiência
Eficiência em relação aos agir dos agentes públicos. O agir do agente precisa ser um agir com
presteza, com perfeição, com agilidade funcional. É o agir que leva em conta o custo benefício.
Com o menor custo possível obter os melhores resultados.

Eficiência na estrutura da administração. Ela precisa ser a menor estrutura possível com os
melhores resultados. A eficiência não tem força para anular um ato de estruturação. No
conflito com a legalidade, ele não predomina, ainda que esteja em lei mas afronte a eficiência,
ele não consegue anular ato por si só. Embora em questões de eficiência, pode, ser
responsabilizados os servidores ineficientes.

          Princípios implícitos na Constituição

São aqueles princípios que não estão na Constituição, mas eles decorrem do sistema, da
organização da Constituição. Não tem como dizer que eles não estão lá.

Motivação

A constituição consagra o Estado Democrático de direito. Democracia é um governo de


representantes e não de dono. O dono é o povo, logo, eles (representantes) precisam prestar
contas ao dono. Ele presta as contas motivando os atos que faz. Motivação quer dizer que os
atos da administração devem ter os fundamentos de fato e de direito que justificam a
realização do ato. Ato administrativo geralmente é um papel. Se não houver motivação, pode
ser anulado o ato. O fato e o direito precisam estar relacionados. Teoria dos motivos
determinantes, o fato dado como fundamento tem que ser verdadeiro. Ela estabelece a
vinculação do fato com a verdade. Ex.: da professora que é removida para uma escola longe. A
motivação dada é que lá falta professores de geografia. Ok, isso é uma motivo, mas ele precisa
ser verdadeiro. A prof. Chegando lá, percebe que já existem outras profs. De geografia. Ela
poderá ajuizar uma ação de nulidade.

Segurança Jurídica

O que é esse princípio? Compreende-se esse princípio de duas perspectivadas ao olhar do


cidadão:

         Perspectiva Objetiva: segurança jurídica quer significar estabilização das relações sociais.


Quando a administração toma uma decisão ela não pode ficar mudando, pois seus atos
precisam ser estáveis. Essa perspectiva é post factum, a partir dali ela precisa estabilizar. É
posterior ao ato da administração. Exemplo, coisa julgada, depois que foi julgado já não se
pode mudar mais. Outro, direito adquirido, incorporar ao patrimônio do servidor público, feito
essa incorporação, não se pode mais mudar.
         Perspectiva Subjetiva ou Princípio da proteção à confiança: significa a ideia de
previsibilidade. Confiança. É a ideia de calculabilidade dos efeitos produzidos pelos atos
jurídicos. É a expectativa, a confiança que o cidadão tem de que os atos da administração são
legais. Exemplo, caso dos plantadores de cana que receberam confiança da administração, a
qual dizia que a venda da plantação teria um valor fixo, plantaram cana, no ano seguinte,
quando foram vender, a administração falou que ela mesma não podia ter feito isso. Dessa
forma, os agricultores entraram com uma ação contra a administração, alegando que ela deu
uma confiança a eles, e que não poderia ter quebrado seu ato.

         A administração tem 5 anos para anular um ato ilegal que ela faz.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. Lei
9784/99. - Presume-se que os atos são de boa-fé, nesse caso, eles têm 5 anos para mudar. Exemplo, servidor que
não falsificou documento e ganha promoção.

Esta é uma lei federal. Mas por ela ser tão boa, ela é aplicada por analogia, aos estados
munícipios e distrito federal. Quando couber.

Proporcionalidade

É um postulado normativo, um critério para a aplicabilidade dos princípios. Existe três


perspectivas:

         Proporcionalidade na relação meio e fim: verificar se o atos praticados estão adequados para


os fins que ele almeja. Não estar o ato  praticado ao fim almejado.

         Proibição excesso: o ato da administração não pode restringir além do necessário. Os atos não
podem restringir os direitos fundamentais. Exemplo, episódio da febre dos boi. Administração
manda fechar uma área de 20 km, quando poderia ser apenas de 10 km. Os criadores de boi
entraram com uma ação contra a administração que dizia que eles tinham proibido em
excesso.

         Proporcionalidade em sentido estrito: é a ponderação dos princípios aplicadas ao caso. É o


momento que precisa se priorizar um deles (o mais importante deles), mas buscando não
eliminar o núcleo essencial do princípio preterido. "quando as vantagens a serem
conquistadas superam as desvantagens" Carvalho Filho.

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