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FATORES SOCIOAMBIENTAIS E ÍNDICE DE POSITIVIDADE

DE ENTEROPARASITAS EM PACIENTES
HEMODIALISADOS DE UMA REGIÃO DO PANTANAL
MATO-GROSSENSE

BIANCA TESHIMA DE ALENCAR

Dissertação apresentada à Universidade do


Estado de Mato Grosso, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Ciências Ambientais para obtenção do
título de Mestre.

Cáceres
Mato Grosso, Brasil
2018
BIANCA TESHIMA DE ALENCAR

FATORES SOCIOAMBIENTAIS E ÍNDICE DE POSITIVIDADE DE


ENTEROPARASITAS EM PACIENTES HEMODIALISADOS DE UMA
REGIÃO DO PANTANAL MATO-GROSSENSE

Dissertação apresentada à Universidade do Estado


de Mato Grosso, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Ambientais para obtenção do título de Mestre.

Orientador Prof. Dr. Antonio Francisco Malheiros

Cáceres
Mato Grosso, Brasil
2018
BIANCA TESHIMA DE ALENCAR

FATORES SOCIOAMBIENTAIS E ÍNDICE DE POSITIVIDADE DE


ENTEROPARASITAS EM PACIENTES HEMODIALISADOS DE UMA
REGIÃO DO PANTANAL MATO-GROSSENSE

Essa dissertação foi julgada e aprovada como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Mestre em Ciências Ambientais.

Cáceres, 30 de Abril de 2018.

Banca examinadora

Prof. Dra Aurea Regina Alves Ignacio


Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT

Prof. Dra Michele Igarashi Watanabe


Universidade Federal do Estado de Mato Grosso

Prof. Dr. Antonio Francisco Malheiros


Universidade do Estado de Mato Grosso-UNEMAT
(Orientador)

CÁCERES
MATO GROSSO, BRASIL
2018
DEDICATÓRIA

In memorian de Brasilina da Silva Teshima, a melhor avó que eu poderia ter e o


abraço mais doce e reconfortante do mundo. Obrigada por tudo. Sinto sua falta.
AGRADECIMENTOS

Primeira a Deus por sempre proporcionar tudo no seu devido tempo e por sua
devida razão.
Ao meu orientador Professor Dr. Antonio Francisco Malheiros, muito obrigada
por todo conhecimento, orientação e paciência a mim dedicados. Pelo exemplo de
profissional e pessoa, sou muito agradecida pelo privilégio de ser sua orientada e
por todas as oportunidades e experiências a mim proporcionados, foi realmente uma
jornada gratificante e enriquecedora.

A UNEMAT e ao programa de pós-graduação em Ciências Ambientais, todos


os professor do programa e equipe responsável, obrigada por nos fortalecer como
futuros pesquisadores e oportunizar esse desenvolvimento acadêmico.
Aos meus colegas e amigos das turmas de mestrado e doutorado, foi um
prazer imenso conhecer e estar com pessoas tão queridas, inteligentes e amáveis,
levarei amigos e parceiros para todo sempre.
Ao grupo do laboratório de Parasitologia, pelos bons momentos e
conhecimentos trocados, em especial as minhas queridas amigas que muito me
ajudaram e dedicaram noites e horas do seu tempo para me ajudar nas análises,
ensinando e trocando conhecimentos e bons momentos de risadas no laboratório.
Muito obrigada de coração Marta Araújo e Larissa Lima.
A melhor pessoa que eu poderia ter conhecido na minha vida, meu exemplo
de profissional, pessoa em diversos aspectos e inspiração, minha querida amiga
Shaiana, que me puxou para cima e sempre me motivou e acreditou no meu melhor.
Realmente obrigada por sempre me ouvir e ajudar nos momentos difíceis eu tenho
um carinho imenso por você.
A todos os técnicos dos laboratórios da Unemat em especial ao Jesus e Ana
Paula que tiveram toda paciência e me ajudaram muito quando precisei de apoio
técnico e empréstimos para o desenvolvimento da pesquisa.
Ao centro de tratamento do rim por permitir a realização dessa pesquisa, a
todos os funcionários médicos, enfermeiros e técnicos pela ajuda e um especial
agradecimento a Cássia que me ajudou além do que eu pedia sempre atenciosa e
disposta a ajudar. E principalmente todos os pacientes que participaram da
pesquisa, foram momentos gratificantes e enriquecedores os momentos das
entrevistas. Muito obrigada pela receptividade e amabilidade, espero poder contribuir
de forma significante para vocês.
Ao meu irmão Rafael por ser a melhor família que poderia ter, só nós
sabemos a dificuldade que enfrentamos e seguimos enfrente e você sempre me
apoiando nas minhas escolhas e ter se aventurado comigo nesses dois desafiantes
anos de mestrado, não foi fácil, mas você nunca reclamou e sempre me apoiou.
Obrigada por sempre acreditar no meu melhor.
A todos colegas, amigos, familiares, pacientes, alunos e pessoas que de
alguma forma acreditaram, apoiaram e ajudaram na pesquisa. Muito Obrigada!
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................9
LISTA DE TABELAS .................................................................................................10
LISTA DE QUADROS ..............................................................................................11
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................12
RESUMO ...................................................................................................................13
ABSTRACT ...............................................................................................................15
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................17
2. REVISÃO DA LITERATURA ...............................................................................19
2.1. Ambiente e saúde ............................................................................................19
2.2. Impactos das condições sanitárias no Municipio de Cáceres ..........................22
2.3. Epidemiologia enteroparasitaria ......................................................................24
2.4. Hemodialisados e infecção por enteroparasitoses ..........................................30
3. OBJETIVOS ........................................................................................................35
3.1. Objetivo Geral ..................................................................................................35
3.2. Objetivos Específicos ......................................................................................35
4. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................35
4.1. Delineamento do Estudo .................................................................................35
4.2. Descrição do Local do Estudo .........................................................................36
4.3. População e Amostra ......................................................................................37
4.4. Coleta de dados...............................................................................................38
4.4.1. Questionário .................................................................................................38
4.4.2. Coleta do material fecal ................................................................................39
4.4.3. Gerenciamento e Análise de dados..............................................................40
4.5. Aspectos Éticos ...............................................................................................41
5. RESULTADOS ....................................................................................................41
5.1. Caracterização socioambiental dos hemodialisados .......................................41
5.2. Características de saúde dos participantes ........................................................45
5.3. Índice de positividade enteroparasitária dos pacientes hemodialisados
residentes no município de Cáceres-MT .................................................................. 47
5.4 Associação entre os fatores ambientais e o índice de positividade
enteroparasitaria ....................................................................................................... 51
5.5 Teste de concordância entre as técnicas utilizadas .........................................52
6. DISCUSSÃO .......................................................................................................53
6.1. Caracterização socioambiental ........................................................................53
6.2. Perfil de saúde dos participantes e atenção básica .........................................54
6.3. Índice de positividade enteroparasitaria dos pacientes ...................................56
6.4. Associação entre as variáveis ambientais e positividade de enteroparasitismo 59
6.5. Concordância entre os resultados coprológicos dos métodos de Hoffman e
Sheather ...................................................................................................................60
6.6. Considerações .................................................................................................60
7. CONCLUSÃO .....................................................................................................61
8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................63
ANEXO I – QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS ............................................78
ANEXO II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..................81
ANEXO III – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ............................85
LISTA DE ABREVIATURAS

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida


CTR Centro de Tratamento do Rim
DRC Doente Renal Crônico
DRET Doença Renal em Estágio Terminal
HIV Vírus da Imunodeficiência

IBGE Instituto Brasileira de Geografia e Estatística


IQA Índice de Qualidade da Água
IRA Insuficiência Renal Crônica
IRC Insuficiência Renal Crônica
KDOQI Kidney Disease Outcome Quality Initiative
m³ Metros Cúbicos
min Minutos

mL Mililitros
PI Parasitas Intestinais
pmp Pacientes por Milhão de pessoa
PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico
SEMA/MT Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Mato Grosso
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TGF Taxa de Filtração Glomerular


LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Estudos publicados sobre a ocorrência de enteroparasitas em


determinadas áreas de regiões do Brasil...................................................................24
Tabela 2. Características sócio-demográficas dos pacientes em hemodiálise
examinados, residentes no município de Cáceres- MT, 2017...................................42
Tabela 3. Características ambientais e de hábitos de higiene dos pacientes
hemodialisados examinados, residentes no município de Cáceres-MT, 2017..........43
Tabela 4. Perfil de saúde dos pacientes em hemodiálise examinados, que residem
no município de Cáceres-MT, 2017...........................................................................44
Tabela 5. Ocorrência de enteroparasitoses em 53 amostras de fezes de pacientes
em hemodiálise residentes no município de Cáceres-MT, 2017...............................48
Tabela 6. Associações parasitarias de biparasatismo e poliparasitismo, identificadas
nas 49 amostras positivas dos indivíduos hemodialisados residentes no município de
Cáceres-MT, 2017.....................................................................................................50
Tabela 7. Variáveis associadas com parasitas intestinais em pacientes
hemodialisados do município de Cáceres – Mato Grosso, 2017..............................51
Tabela 8. Concordância entre os resultados coprológicos dos métodos de Hoffman e
Sheathter, dos pacientes hemodialisados de Cáceres-MT, 2017.............................52
LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Estágios da Doença Renal Crônica..........................................................31


Quadro 2. Valores de Kappa e interpretação............................................................41
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização do município de Cáceres, estado de Mato Grosso, Brasil....37


Figura 2. Distribuição das espécies de enteroparasitas identificados nos pacientes
em hemodiálise, residentes no município de Cáceres-MT, 2017............................. 48
RESUMO

ALENCAR, Bianca Teshima. Fatores socioambientais e índice de positividade de


enteroparasitas em pacientes hemodialisados oriundos de uma região do
pantanal Mato-Grossense. Cáceres: UNEMAT, 2017. 86 p. (Dissertação –
Mestrado em Ciências Ambientais) ¹.

O ambiente possui uma relação intrínseca com a saúde humana e suas


coletividades. Dentro desta relação encontra-se a transmissão de parasitas
intestinais, diretamente relacionada ao ambiente e altamente prevalente em
comunidades em situações de insalubridade ambiental, inadequada infraestrutura do
saneamento, e relacionados a noções de higiene, aspectos culturais e condições de
saúde do indivíduo. Entre o grupo de indivíduos mais susceptíveis ao acometimento
de enteroparasitas estão os pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica IRC
sob programa de hemodiálise. Objetivo: Relacionar os fatores ambientais com
índice de positividade enteroparasitária dos pacientes hemodialisados provenientes
do Pantanal Mato-Grossense. Métodos: Estudo transversal com 53 pacientes
hemodialisados residentes no município de Cáceres- MT no ano de 2017. Para
análise de associação foi utilizado os testes qui-quadrado (x²) de Pearson e Razão
de Odds (OR). Para análise dos exames coprológicos foram utilizadas as técnicas
de Hoffman e Sheather e teste de kappa para análise de concordância entre os
métodos. Resultados: O índice de positividade nas amostras fecais dos pacientes
atingiu 92,45% de positividade, sendo a maioria monoparasitados, seguidos do
biparasitismo. Blastocystis spp, foi o protozoário mais prevalente nas amostras,
sendo a associação biparasitária mais encontrada entre as espécies Blastocystis
spp./ Endolimax nana. No presente estudo não foi possível identificar associação
entre o índice de positividade enteroparasitária e os fatores ambientais aos quais os
pacientes hemodialisados estão expostos. O desempenho dos métodos de
diagnósticos entre Hoffman e Sheather apresentou concordância substancial pelo
cálculo de Kappa. O índice de positividade enteroparasitaria dos hemodialisados foi
alto e embora não se tenha encontrado significância estatística de associação, o
local do estudo apresenta alguns aspectos ambientais deficientes no que tange
condições sanitárias como esgotamento sanitário e condições da água distribuída
para comunidade, que pode inferir em risco de contaminação parasitária para
imunodeprimidos como também crianças e a comunidade em geral. Os resultados
obtidos por meio deste estudo ressaltam a importância da investigação de
enteroparasitas neste grupo em específico e a realização de estudos mais
aprofundados sobre a associação enteroparasitaria e os fatores que podem estar
influenciando este acometimento, ressaltando também a implementação de
mediadas de saneamento básico e programas de educação sanitária contínuas,
junto a estes pacientes.

Palavras – Chave: Ambiente, Hemodiálise, Parasitologia

________________

Comitê Orientador: Orientador – Dr. Antonio Francisco Malheiros, UNEMAT


ABSTRACT

ALENCAR, Bianca Teshima. Socio-environmental factors and positivity index of


enteroparasites in hemodialysis patients from a Pantanal region Mato-
Grossense. Cáceres: UNEMAT, 2017. 86 p. (Dissertation – Master in Environment
Science)².

The environment has an intrinsic relation with human health and its collectivities.
Within this relationship is the transmission of intestinal parasites, directly related to
the environment and highly prevalent in communities in situations of environmental
insalubrity, inadequate sanitation infrastructure, and related to hygiene, cultural
aspects and health conditions of the individual. Among the group of individuals most
susceptible to the involvement of enteroparasites are patients with Chronic Renal
Insufficiency CRI under hemodialysis program. Objective: To correlate the
environmental factors with the index of enteroparasitic positivity of the hemodialysis
patients from Pantanal Mato-Grossense. Methods: A cross-sectional study with 53
hemodialysis patients residing in the city of Cáceres-MT in the year 2017. Pearson's
chi-square (x²) and Odds Ratio (OR) tests were used for association analysis. For the
analysis of the coprological exams the techniques of Hoffman and Sheather and
kappa test were used to analyze agreement between the methods. Results: The
positivity index in the fecal samples of the patients reached 92.45% positivity, most of
which were single-parasite, followed by biparasitism. Blastocystis spp., Was the most
prevalent protozoan in the samples, being the biparasitic association most found
among the species Blastocystis spp. / Endolimax nana. In the present study it was
not possible to identify an association between the index of enteroparasite positivity
and the environmental factors to which hemodialysis patients are exposed. The
performance of the diagnostic methods between Hoffman and Sheather presented
substantial agreement by the calculation of Kappa. The index of enteroparasite
positivity of the hemodialysis was high and although no statistical significance of
association was found, the study site presents some deficient environmental aspects
regarding health conditions such as sanitary sewage and water conditions distributed
to the community, which can be inferred at risk of parasitic contamination for
immunosuppressed as well as children and the community in general. The results
obtained through this study emphasize the importance of the investigation of
enteroparasites in this specific group and the accomplishment of more in depth
studies about the enteroparasitic association and the factors that may be influencing
this affection, emphasizing also the implementation of measures of basic sanitation
and programs continuing health education with these patients.

Key Works: Environment, Hemodialysis, Parasitology.

______________

Guidance Committee: Major: Doctor Antonio Francisco Malheiros, UNEMAT


17

1. INTRODUÇÃO

O ambiente possui uma relação intrínseca com a saúde do homem e suas


coletividades, desde as eras remotas da época de Hipócrates há o reconhecimento
entre o papel do ambiente nas condições de saúde da população; em como o lugar
influência no desencadeamento de doenças. (RIBEIRO, 2004).
Pignatti (2004) ressalta a necessidade da compreensão dos fatores físicos
como: clima, solo, hidrografias, fatores sociais, padrões e costumes de vida e fatores
ambientais, importantes para o estudo de enfermidades.
Partindo desta acepção encontra-se a relação entre o ambiente e a
transmissão de parasitas intestinais, estas que mesmo bem estudadas sua profilaxia
e controle, ainda se encontram altamente prevalentes em comunidades com baixa
renda, em situações de insalubridade ambiental, inadequada infraestrutura do
saneamento, e relacionados a noções de higiene e aspectos culturais. (VISSER et
al., 2011).
As parasitoses intestinais ou enteroparasitoses são doenças causadas pela
presença de helmintos e/ou protozoários no trato digestivo (CHEHTER; CABEÇA,
2000), sendo sua ocorrência diretamente relacionada a três principais fatores ou
tríade das doenças infecciosas, sendo estas: as condições do hospedeiro, o parasito
e o ambiente. (FREI; JUNCANSEN; PAES, 2008).
As enteroparasitoses constituem problemas de saúde pública que acometem
principalmente populações de países subdesenvolvidos e em desenvolvimento como
o Brasil. Elas são consideradas doenças ambientais, uma vez que suas fases de
transmissibilidade (ovos, larvas, cistos e oocistos) podem ser encontradas no
ambiente através da água, solo e comida contaminada por fezes humana ou animal,
podendo sua incidência estar relacionado também a fatores como: tipo de moradia,
práticas agrícola, diferenças sociais e culturais, qualidade da água potável, fonte
alimentar, distribuição geográfica e clima. (BASUALDO et al., 2007).
A prevalência e disseminação de enteroparasitas é um reflexo da deficiência
de saneamento básico, fatores ambientais, condições socioeconômicas e culturais,
falta de orientação sanitária, práticas de higiene pessoais (COURA, et al.,1994). E
relacionada a fatores como idade (ARAUJO FILHO et al., 2011) e estado
imunológico dos indivíduos. (FERREIRA, 2000).
18

O sistema imunológico influencia diretamente no acometimento por


enteroparasitas, sendo geralmente os grupos mais afetados as crianças, devido à
imaturidade imunitária, (PESSANHA, MACHADO, 2015); indivíduos idosos devido a
diminuição do sistema imunológico (ELY et al., 2011) e os indivíduos
imunocomprometidos (FERREIRA, 2000), ou submetidos a tratamento
imunossupressor (JABUR, et al., 1996) como os insuficiêntes renais crônicos
submetidos a hemodialise.( MARTINS de SÁ et al., 2007; BARAZESH et al.,2015).
Pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica (IRC) sob programa de
hemodiálise, possuem a função reduzida da primeira linha de defesa no que se
refere à quimiotaxia, fagocitose, metabolismo oxidativo e degranulação, ambas as
funções de extrema importância para resposta imunológica de qualquer indivíduo,
bem como redução da imunidade humoral (resposta negativa a vacinas, reduzida
função linfocitária e produção de imunoglobulinas), aumento da atividade de células
supressoras e desnutrição que acarreta em redução da atividade neutrófila e piora
da imunidade celular pela deficiência de aminoácidos, vitamina B6 e zinco.
(OPATRNY, 2003; DRAIBE, 2005; BASTOS; BREGMAN; KIRSZTAJN, 2010;
BARAZESH et al., 2015).
A prevalência de enteroparasitas nestes indivíduos influencia no
acometimento de altas taxas de infecções principalmente por protozoários (RASTI et
al., 2017), aumenta o risco de infecções bacterianas, virais e fúngicas, uma vez que
o impacto destes parasitas, afeta diretamente o estado imunológico e nutricional,
deixando o organismo destes indivíduos mais suscetível ao surgimento de outras
doenças oportunistas. Muitas vezes os sintomas associados à parasitose podem ser
subestimados, uma vez que a uremia crônica nestes pacientes apresenta
sintomatologia semelhante tais como: náusea, algia abdominal, vômito e diarreia.
(FERREIRA-FILHO et al., 2011; GIL et al., 2013; Hawash et al.,2015).
Embora muitos estudos sejam realizados sobre a prevalência de
enteroparasitas em hemodialisados, são escassos os estudos que associam
presença a fatores como status socioeconômico e perfil demográfico, sendo
inexistentes estudos que associam a prevalência a fatores ambientais ou as práticas
de higiene, ou que ao menos caracterize essas últimas, sendo estas variáveis
levantadas como explicações adicionais a serem estudas para melhor explicação da
prevalência de protozoários nos indivíduos. (KARADAG; TAMER; DERVISOGLU,
19

2013; KULIK, et al., 2008; GIL, et al., 2013; SEYRAFIAN et al., 2006; SEYRAFIAN et
al., 2011; HAWASH, et al., 2015).
O município de Cáceres possui um sistema ambiental com condições
favoráveis a contaminação enteroparasitária, principalmente no que tange
abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. (PLANO
MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO-PMSB, 2015).
Uma vez que o município de Cáceres possui um centro de tratamento renal
de referência da região, possuindo aproximadamente metade de seus pacientes
residentes no município, identificar a presença e as condições ambientais envolvidas
na disseminação de enteroparasitas nestes pacientes faz-se relevante sob a
perspectiva de um melhor equacionamento de situações de insalubridade ambiental
no Pantanal Mato-grossense por potenciais patógenos humanos que podem
acometer individuos com sistema imunocomprometido.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Ambiente e saúde

O ambiente entende-se como conjunto de elementos naturais e artificiais,


relacionados que permitem a vida em todas suas formas (BRASIL, 1981), que ao
longo dos anos vem sofrendo alterações causadas pelas modificações humanas,
alterações estas que impactam de forma negativa tanto na homeostase ambiental
como repercute de forma negativa sobre a saúde humana. (JUNGES; BARBIANI,
2013).
Pignatti (2003) em uma revisão cronológica sobre a relação entre saúde
humana e ambiente destaca a importância do estudo do enfermo não ser
desvinculado do ambiente. O mesmo ressalta ainda sobre como alterações
humanas ao longo do tempo e suas construções sociais modificam o ambiente,
propiciando a transmissão de doenças. Sendo as intervenções humanas
diretamente responsáveis pela introdução e disseminação de patógenos prejudiciais
à saúde, estando à intensidade com que a doença afeta o homem diretamente
relacionado às alterações do ambiente:
20

O surgimento de novas doenças tem sido auxiliado pela degradação


ambiental. A importação para novos locais não garante que um
patógeno sobreviverá naquele local. A maioria das introduções não
resultam em colonizações porque as espécies não encontram um
nicho apropriado e morrem. Para colonizar o novo terreno, o patógeno
intromissor tem que encontrar um ambiente adequado e uma
população hospedeira receptiva. A colonização, em geral, é mais fácil
em regiões de baixa diversidade biológica, onde o transmissor
encontra menos competição com as espécies nativas. Os habitats que
foram alterados pelas atividades humanas ou naturais são mais
vulneráveis, pois eliminam-se os predadores e competidores e criam-
se oportunidades para novas espécies se instalarem. (PIGNATTI,
2003, p. 142).

Radicchi e Lemos (2009) reforçam ainda que o ambiente faz parte de um


sistema formado por relações interativas entre elementos sendo a alteração de
qualquer elemento desencadeador de desequilíbrio no estado dos demais “O
sistema tende ao equilíbrio, que pode ser ou não benéfico para os seres humanos
e/ou biológicos”. Os avanços industriais, modernização aliados a economia
capitalista e a busca desenfreada pelo desenvolvimento não sustentável e
exploratório do meio ambiente vem modificando cada vez mais essas relações,
sendo o momento atual repleto de riscos sociais e perigos ambientais que afetam
tanto a saúde quanto relações estruturais sociais do homem. (LIEBER; LIEBER-
ROMANO, 2003).
Surge então o campo da saúde ambiental com intuito de relacionar a saúde
humana aos fatores do ambiente natural e modificado pelo próprio homem. Este
campo que consiste em todos os aspectos da saúde humana, incluindo a qualidade
de vida, que estão determinados por fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e
psicológicos no ambiente, com intuito de preservar a saúde das gerações atuais e
futuras por meio de medidas que busquem evitar que os fatores do ambiente
possam ser causa de danos. (ASSUNÇÃO FILHO et al., 2010).
Ribeiro (2004) aborda que a relação saúde-ambiente ganha maior importância
somente a partir do século XX, quando três quartos dos microrganismos já eram
resistentes a penicilina e estudos revelam a ligação de doenças como câncer
decorrentes de exposição a fatores ambientais.
Deixa-se a visão biomédica voltada somente a cura da doença já instalada e
volta-se o olhar para os impactos ambientais causados pelo homem, como poluição,
contaminação do solo, água, ar, mudanças climáticas, etc., e suas repercussões na
21

saúde humana. Nesta perspectiva surge o paradigma hospedeiro- agente - ambiente


e a importância de intervenções nestes três âmbitos. (RIBEIRO, 2004).
O desenvolvimento humano de forma desenfreada e não sustentável culmina
em um ambiente cada vez menos favorável para sobrevivência da própria
humanidade, uma vez que expõem estes e o ambiente a elementos agressores,
devido a produções agrícolas de larga escala, que causam desmatamentos e
degradação do solo, acarretando em desertificação do solo, tornando um ambiente
improdutivo para fauna, flora e vida humana. Processos de construção e habitação
desordenada conduzem a impermeabilização do solo, poluição do ar, do solo,
conservação de calor e assoreamento de rios e contribui para condições insalubres,
favorecendo condições de desastres ambientais, sendo nítida que situações de risco
ambiental repercutem para situações de risco para o próprio homem. (ASSUNÇÃO
FILHO et al., 2010).
O papel do modelo de desenvolvimento econômico atual que gera
desigualdades de renda, constituindo o segmento social menos favorecido o mais
afetado por problemas de saúde, uma vez que este vive em condições precárias de
infraestrutura, saneamento e qualidade ambiental insatisfatório. Sendo os fatores
ambientais responsáveis pelo maior acometimento de doenças infecto contagiosas
(relacionadas à contaminação da água e vetores) e crônico degenerativas
(decorrentes da poluição e contaminação dos alimentos). (RIBEIRO, 2004).
Destaca-se a disseminação de parasitas intestinais como um importante
problema de saúde pública diretamente influenciada por diversos fatores ecológicos
e sociais (FERREIRA et al., 2000). Sendo helmintoses e protozooses um sério
problema de saúde pública em algumas regiões da América Latina inclusive no
Brasil, podendo até mesmo em determinadas regiões adquirir caráter endêmico.
(Hurtado-Guerreiro et al., 2005).
Mara e Feachem, (1999) em estudo no qual propunham uma classificação
ambiental unitária, agruparam doenças em sete categorias de rotas de transmissão
ambientais comuns, sendo uma destas categorias as “geohelmintoses”, como
doenças com rota de transmissão relacionadas à água e formas de excretas.
Destacando que estas duas rotas de transmissão se relacionam e são influenciadas
pelos tipos de moradias das populações e suas alocações, sendo as geohelmintoses
melhores controladas por meio de saneamento básico e programas eficientes de
educação em higiene.
22

Diferentes estudos demonstram que condições ecológicas favorecem a


contaminação parasitaria como; tipo de solo que quanto mais ácidos apresentam
associação direta com a elevação e intensidade de infeção por Ascaris lumbricoides
(CAMPEBELL et al., 2017); a água em áreas de regiões alagáveis onde se instalam
comunidades humanas, também influencia diretamente na transmissão de doenças
parasitarias, uma vez que nestas localidades não ocorre tratamento da água para
consumo humano e há contaminação das águas por dejetos e resíduos sólidos dos
povos ali instalados, levando ao maior acometimento por Ascaris lumbricoides,
Entamoeba coli, Endolimax nana, Giardia duodenalis e Entamoeba
histolytica/dispar.(MARTINS et al, 2015; SIMÕES et al., 2015).
Outro fator ecológico que também influencia diretamente a infecção
parasitaria são as alterações climáticas, uma vez que o aumento da temperatura e a
sazonalidade contribuem em longo prazo na intensidade da infecção de helmintos
principalmente em indivíduos com sistema imune alterados como, as crianças e
idosos. (MIGNATTI, BOAG, CATTADORI, 2016).
Em países em desenvolvimento parte da população vive em condições
ambientais favoráveis a aquisição de infecções parasitarias, atingindo significativo
aumento da frequência conforme diminui o nível sócio econômico. (CHELTER;
CABEÇA, 2000). No Brasil fatores como aglomerações urbanas, condições
socioeconômicas, falta de saneamento básico, educação sanitária e cultural, são
problemas que corroboram para disseminação de parasitas intestinais. (LUDWIG,
1999).
Coura et al. (1994) discorrem ainda que a alta frequência de parasitoses
intestinais é um reflexo da existência de fatores ecológicos naturais favoráveis,
deficiência de saneamento básico e da cultura higiênica da população.

2.2. Impactos das condições sanitárias no Municipio de Cáceres

O bioma pantanal é o menor dos biomas que recobrem o Mato Grosso


ocupando 7,2% do Estado. É a maior planície alagável do mundo com 230.000 km²,
sendo formada pelos rios Paraguai, Cuiabá, São Lourenço e Piquiri. O Pantanal
mato-grossense possui baixa declividade com periódicas, com predominância de
litologias sedimentares recentes que dificultam o escoamento das águas,
23

ocasionando inundações periódicas anuais e determinando uma variação entre


anos, com alternância de períodos plurianuais mais secos ou mais chuvosos. O
clima predominante é quente úmido, no verão, e frio e seco no inverno,
apresentando temperatura média anual de 25°C, nos meses de setembro a
dezembro as máximas de temperaturas ultrapassam 40°C. O trimestre mais seco
ocorre nos meses de junho, julho e agosto, porém entre maio e julho a temperatura
é sujeita a baixas bruscas em resposta a frentes frias vindas da Antártida.
(MORAES, 2008; GUIMARÃES et al.,2014).
A cidade de Cáceres pertence à Grande Bacia do Prata, e encontra-se
localizada na sub-bacia do alto Paraguai, possuindo mais da metade do seu território
recoberto pelo bioma pantaneiro (NEVES, 2008), que vem sofrendo impactos devido
as ações antrópicas. (CÁCERES, 2010).

Em relação aos problemas ambientais encontrados nesta sub-bacia


relacionam-se os tipos de usos do solo, erosões das margens e transporte de
sólidos nos cursos do rio, as atividades agrícolas que utilizam agrotóxicos e aos
despejos de detritos pelos frigoríficos. (CÁCERES, 2010). Ainda segundo relatório
de qualidade da água elaborado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de
Mato Grosso (SEMA/MT, 2013) indicou índice de qualidade da água o IQA com
acréscimo nos valores referentes aos parâmetros cor, turbidez, resíduo total e
fósforo total e presença de Escherichia coli, sendo observado ainda que no período
chuvoso há um aumento da presença de E. coli na água.
Segundo o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB, 2015), outra
problemática enfrentada pelo município de Cáceres se refere ao déficit de
esgotamento sanitário. O relatório aponta a inexistência de rede coletora de esgoto
na maioria dos bairros da cidade com índice de apenas 4,6% do sistema de esgoto
tratado e coletado em funcionamento, sendo apenas três dos 51 bairros de Cáceres
apresentando coleta regular.
Ainda segundo o relatório esse déficit de esgotamento vem ocasionando
como alternativa de quase 82% da população a construção de sistemas individuais
principalmente fossas rudimentares, por apresentar ser uma das opções mais
baratas, no entanto este sistema acarreta impactos ambientais sobre a saúde dos
moradores, uma vez que ocasiona contaminação do solo e dos lenções freáticos
superficiais. Outro impacto para o ambiente refere-se à poluição hídrica decorrente
24

das águas residuais oriundas da área urbana da cidade uma vez que os esgotos não
coletados pelo sistema coletivo se misturam com as galerias de águas pluviais e
chegam até os corpos receptores. (PMSB, 2015).
No diagnóstico de avaliação da situação dos serviços de limpeza urbana e
manejo de resíduos sólidos no município de Cáceres o PMSB (2015), apontou que
embora o serviço de coleta de lixo abranja 80% da população o serviço apresenta
precariedade e irregularidade, observando em diversos pontos da cidade o descarte
de resíduos.
Todo lixo gerado pela cidade de Cáceres era descartado na área do “Lixão”
localizado na bacia de drenagem do Riacho Peraputanga, a qual apresenta
frequentes registros do afloramento dos aquíferos freáticos nas estações chuvosas.
Ainda devido a implantação do lixão a mais de 20 anos, acarretou a
descaraterização na flora original no local (PMSB, 2015). Sendo o local considerado
nocivo ao meio ambiente e contaminador do lençol freático. Em julho de 2016 o lixão
foi desativado no município e foi ativado o Aterro Sanitário, implantado na zona rural
denominada Tarumã, a 13,5 Km do centro urbano da cidade de Cáceres, em uma
área total de 26,54 ha. (CÁCERES GOVERNO MUNICIPAL, 2016).

2.3. Epidemiologia enteroparasitaria

As doenças parasitarias são um grave problema de saúde pública em países


em desenvolvimento como o Brasil, sendo estas decorrentes de alterações
ambientais e intimamente relacionado ao comportamento humano. (VISSER et al.,
2011). No Brasil, mesmo com os avanças sanitários os parasitas intestinais ainda
possuem ampla distribuição, chegando em algumas regiões atingir caráter endêmico
como evidenciado pelos estudos mostrados na tabela 1.

Tabela 1. Estudos publicados sobre a ocorrência de enteroparasitas nas regiões


Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil.
Referência Local Público Alvo Resultado
GUERREIRO- Nova Olinda Amostras 72,8% de positividade
HURTADO, do Norte, AM fecais de 81 Ascaris lumbricoides-35,2%
A.F.; et al. idosos Trichuris trichiura-16,0%
(2005) ribeirinhos Ancylostoma duodenale -9,0%
Strongyloides stercoralis- 9,0%
Entamoeba coli- 18,2%,
25

Giardia lamblia -7,0%


Entamoeba histolytica -4,5%

AGUIAR, J. I. Sidrolândia, 313 índios 73.5% de positividade


A., et al. (2007) MS Terena Blastocystis hominis - 40.9%
Entamoeba coli-33.2%
Entamoeba
histolytica/Entamoeba dispar -
31.6%

BASSO, R. M. Caxias do 9.718 58% de positividade


C., et al. (2008) Sul, RS escolares Ascaris lumbricoides- 47%
Trichuris trichiura- 36%
Enterobius vermicularis- 8%

Giardia lamblia- 24%


Entamoeba coli – 20%

PALHANO- Rondônia e Amostras de 70% de positividade


SILVA, C. S., et Mato Grosso 519 índios hymenolepis nana- 29,5%
al. (2009) Suruí Ancilostomídeos-3,3%;
Strongyloides stercoralis- 0,2%
Capillaria sp.- 5,2%
Dipylidium caninum 1 caso
Giardia duodenalis-16,2%
E. histolytica/E. dispar -12,3%,
E. histolytica- 3,2%

ANDRADE, E. Bias Fortes, 312 63,8% de positividade


C. D., et al. Minas Gerais moradores A. lumbricoides-22,4%
(2011) Quilombolas T. trichiura- 17,9%
G. lamblia – 10%
Ancilostomídeos (Necator
americanus ou Ancylostoma
duodenale) - 8%

SILVA, J. C., et Tutóia, 220 crianças 53,6% de positividade


al. (2011) Maranhão A. lumbricoides – 53,6%

ASSIS, E. M., Minas gerais Amostras de 89,5% de positividade


et al. 555 índios Entamoeba
(2013) Maxakali histolytica/Entamoeba díspar-
48,9%
Giardia duodenalis- 32%
Entamoeba coli- 40,8%
Endolimax nana- 10,3%
Ancilostomídeos-37,9%
Schistosoma mansoni-23,7%
26

Hymenolepis nana-18,6%
Strongyloides stercoralis-5,4%
Ascaris lumbricoides-4,9%
Trichuris trichiura-0,5%

VIEIRA, D. E.A. Manaus, AM 373 86,9% de positividade


; BENETTON, Usuários E. coli -25,5%,
M.L.F.N. (2013) atendidos no E. histolytica-18,8%.
Centro de G. lamblia -19,3%
Saúde Frank E. histolytica-18,8%
Calderon A. lumbricoides-25,2%
Rosemberg T. trichiura-7,2%

A ocorrência das enteroparasitas está diretamente relacionada a três


principais fatores ou tríade das doenças infecciosas, sendo estas: as condições do
hospedeiro, o parasito e o meio ambiente. (FREI, et al. 2008). Estando sua
prevalência intimamente relacionada com o meio ambiente, são consideradas
doenças ambientais, uma vez que suas fases de transmissibilidade (ovos, larvas,
cistos e oocistos) se encontram presentes na água e solo, podendo ter sua presença
aumentada ou reduzida de acordo com a ação humana. (BASUALDO, et al., 2007).
Em geral a transmissão dos enteroparasitas, ocorre pelo contato direto fecal-
oral ou contaminação de alimentos e água para consumo, e ambientes com
condições sanitárias precárias. (MOTA, SILVA, 2002).
O solo é contaminado pela eliminação da disposição dos esgotos,
principalmente em domicílios que possuem fossa rudimentar, as excretas
oportunizam o desenvolvimento de geohelmintos como Ascaris lumbricoides,
Trichuris trichiura e ancilostomídeos; (GAMBOA, et al., 2014; VISSER, et al., 2011
TEIXEIRA; HELLER, 2004). E a destinação inadequada do lixo, propicia um
ambiente insalubre próprio à distribuição das enteroparasitas. (ABOSSIE, SEID,
2014).
Lençóis freáticos superficiais apresentam facilidade de contaminação
proveniente do solo e muitas vezes acabam sendo contaminadas pela disposição de
dejetos provenientes de fossa rudimentar. Quando contaminada por dejetos serve
como principal disseminadora de Entamoeba histolytica e a Giardia lamblia. O tipo
do material da construção do domicilio, entre elas alvenaria ou madeira e tipo de
chão batido, cerâmica, cimento também apresenta associação com a presença de
enteroparasitas. (BASUALDO, et al., 2007).
27

Baixos padrões socioeconômicos também influenciam diretamente a


presença de enteroparasitas. O desenvolvimento urbano não sustentável por meio
de processos intensos de desmatamento, o crescimento urbano desordenado, maior
produção de lixo e formas de descarte inadequada, maior número de populações em
áreas periféricas das cidades, com menor renda social, e piores condições de
saneamento do meio, corroboram para aumento do índice de parasitas intestinais.
(TEIXEIRA, HELLER, 2004; VISSER et al., 2011).
Em estudos com índios Tapirapé, Malheiros et al. (2014a) observaram a
relação de condições ambientais pobres, nível socioeconômico e escolaridade da
comunidade com a transmissão de enteroparasitas.
O clima quente e úmido, também influencia na presença de enteroparasitas.
(ABOSSIE, SEID, 2014). Lodo et al., (2010), observaram a relação dos índices
pluviométricos tanto na incidência como na prevalência, estando a ocorrência das
doenças parasitarias aumentada no verão, uma vez que este clima corrobora para o
pico reprodutivo e pode estar relacionado também a maior exposição da população
susceptível ao ambiente contaminado.
Alguns entoparasitas como o Hymenolepis nana encontram seu
desenvolvimento favorecido com o clima tropical úmido encontrado no estado de
Mato Grosso (com temperatura de 29,6°C e escassez de chuva na estação seca),
apresentando ocorrência de maiores taxas de infecções. (MALHEIROS et al., 2014).
Os parasitas intestinais (PI) ou enteroparasitas constituem um dos patógenos
mais presentes entre os seres humanos (TEIXEIRA; HELLER, 2004) e são
caracterizados pela presença de parasitas no trato digestivo, pertencentes ao grupo
dos helmintos ou protozoários intestinais. (CHEHTER, CABEÇA, 2000).
Os helmintos podem ser classificados de acordo com o ciclo biológico, sendo
subdivididos em um grupo que possui desenvolvimento relacionado diretamente ao
solo, sendo estes os geo-helmintos; e um grupo que necessita de um hospedeiro
intermediário que são os bio-helmintos. (LODO, et al., 2010).
Protozoários intestinais são transmitidos por via fecal-oral, de modo que as
infecções possuem ampla disseminação em áreas onde as condições sanitárias são
precárias, possuindo fontes de água doce utilizadas pelo homem como seu principal
meio de dispersão, principalmente nos tempos atuais em função de despejos de
esgotos in natura ou tratados, afluentes das cidades, indústrias e fezes de animais,
são alguns fatores que contribuem para dispersão de protozoários intestinais
28

principalmente cistos de Giardia intestinalis e dos oocistos de Cryptosporidium spp.


Uma vez presente no ambiente a resistência destes protozoários possui a
capacidade de sobreviver mesmo após tratamento da água com cloração,
permanecem em águas superficiais de rios, e em temperatura de 20°C podem
permanecer infectantes por até seis meses. (FRANCO, 2007).
Estudos nacionais brasileiros demonstram que entre os parasitos presentes
na população os que demonstram maior acometimento no grupo dos protozoários
intestinais são Endolimax nana, Entamoeba coli, E. histolytica, Giardia lamblia,
Iodamoeba butschlii, e dentre o grupo dos helmintos encontram-se os Ascaris
lumbricoides, Hymenolopis nana, Ancilostomídeos, Schistosoma mansoni e Trichuris
trichiura. (LODO, et al., 2010; FILHO, et al., 2011; ABOSSIE, SEID, 2014).
A presença de Endolimax nana e Entamoeba coli não constitui agravo a
saúde, uma vez que são protozoários comensais, não patogênicos, porém sua
presença no ambiente indica contaminação fecal-oral, estando os indivíduos sujeitos
a aquisição de outros parasitas patógenos. (BÓIA et al., 2006).
Protozoários e helmintos em indivíduos jovens repercurtem por meio de
quadros diarréicos, retardo do crescimento, déficit e dificuldade de aprendizagem e
como agravante para desnutrição, sendo um agravante de saúde neste segmento da
população. (ABOSSIE, SEID, 2014).
As doenças parasitárias possuem alta morbidade e se não tratada
adequadamente podem evoluir para morte, sendo valido ressaltar que "A doença
parasitária é um acidente que ocorre em consequência de um desequilíbrio entre
hospedeiro e o parasito." (NEVES, 2016), o grau da intensidade da doença decorre
muitas vezes do estado de saúde do hospedeiro e sua resposta imune.
No geral os principais sinais e sintomas em indivíduos infectados são diarreia,
vômito, dor abdominal, dificuldade em defecar, manchas na pele, fraqueza,
inapetência (falta de apetite), ranger de dentes, insônia, irritabilidade, prurido,
dificuldade de concentração, distensão abdominal. (SALDANHA, et al., 2014). No
entanto em muitos casos, mesmo na presença de múltiplos parasitas, os indivíduos
infectados apresentam-se assintomáticos (BIASI, et al., 2009). Os principais danos à
saúde são a obstrução intestinal, desnutrição e anemia por deficiência de ferro.
(MINISTERIO DA SAÚDE, 2005).
Entre os grupos mais afetados por enteroparasitas encontram-se as crianças,
uma vez que estas possuem imaturidade imunitária, dependência e
29

desconhecimento para desenvolver as práticas de higiene pessoal, e nesta fase da


vida mantem mais contato com o solo (PESSANHA, MACHADO, 2015); e os
indivíduos imunocomprometidos (FERREIRA, 2000), ou que estejam submetidos a
tratamento imunossupressor (JABUR, et al., 1996), estando neste grupo os
pacientes transplantados, em uso de corticoideoterapia, quimioterapia, pacientes
com a síndrome da imunodeficiência humana (AIDS), com câncer, pacientes
submetidos a tratamentos com radioterapia e os insuficiêntes renais crônicos (IRC)
submetidos a hemodialise, uma vez que tais eventos suprimem a imunidade celular
.(BARAZESH et al.,2015).
Em estudo realizado por Cirmeman; Cirmeman, B. e Lewi (1999), constatam
que individuos portadores da imunodeficiência humana (HIV), com AIDS (Sindrome
da Imunodeficiencia Humana), possuem alta prevalência de enteroparasitas,
estando estes diretamente relacionados ao acometimento de quadros diarreicos.
Pacientes com HIV/SIDA são facilmente acometidos por infecções
oportunistas como as enteroparasitoses, uma vez que possuem declinio importante
na produção de células imunológicas de defesa, que são as T-CD4+, sendo nestes
pacientes o sintoma de quadros diarréicos repercursor de intercorrencias clinícas
graves para o estado de saúde, acarretando em desnutrição, anemia, obstrução
intestinal e colite (inflamação do intestino grosso), podendo evoluir para o óbito
precoce dos individuos acometidos. (BRUM, et al., 2013).
Observou-se que o HIV quando interagindo com os helmintos, causa
desregulação imunologica ou ate mesmo ausência da resposta imune e pode
tambem apresentar maiores taxas de replicação viral. Destaca-se a diarreia, como
sintoma mais relatado nos portadores de HIV acometidos por enteroparasitas.
(BRUM et al., 2013).
Em pacientes submetidos a terapias imunossupressoras as infeccções
enteroparasitarias tambem possuem repercursão preocupante, uma vez que o
mecanismo de defesa imunologica destes individuos ja apresenta comprometimento
devido a propria doença, os tratamentos atuam diminuindo ainda mais a imunidade
humoral e celular, como nos casos de tratamentos quimioterápicos para o
tratamento de câncer. Sendo os sintomas um agravante devido ao quadro clinico
deste grupo. (PACHECO, et al., 2014).
30

Entre os enteroparasitas mais prevalentes neste grupo encontra-se o


Cryptosporidium parvum, (TAPPEH, et al., 2006), Giardia lamblia e Entamoeba coli.
(CIRMEMAN; CIRMEMAN, B.; LEWI 1999; FERREIRA, 2000).
Em uma revisão sistemática, Oliveira (2013) afirma que pacientes doentes
renais crônicos submetidos a hemodiálise também constituem um grupo facialmente
afetados por parasitas oportunistas, uma vez que associado a doença surgem
fatores como a desnutrição, que aliada ao uso de medicamentos imunossupressores
contribui para a queda da imunidade do paciente. Sendo importante a identificação
de parasitismo nestes uma vez que estes compõem um grupo crescente da
população e que quando acometidos por infecções parasitarias apresentam
complicações importantes no organismo, o que acarreta em gastos significativos
para o sistema de saúde.
Os parasitas presentes com frequência nestes grupos são Cryptosporidium
spp. (TAPPEH et al., 2006), Blastocystis hominis (OMRANI, et al., 2015) e
Entamoeba histolytica, Entamoeba dispar (FERREIRA-FILHO et al.,2011),
Endolimax nana, Entamoeba coli, E. histolytica, Giardia lamblia, Ascaris
lumbricoides, Trichuris trichiura, Strongyloides stercoralis, Schistosoma mansoni
(JABUR, et al., 1996).
Em todas estas pesquisas são apontadas a necessidade de estudos
aprofundados sobre a relação da infecção parasitaria com outros fatores externos
como: as condições ambientais, sanitárias e socioeconômicas dos pacientes em
hemodiálise, visando assim a prevenção e cura eficaz para o acometimento
enteroparasitario nestes pacientes.

2.4. Hemodialisados e infecção por enteroparasitoses

A doença renal crônica (DRC) é atualmente um grave problema de saúde


pública no mundo devido sua alta incidência e alto custo do tratamento (SALGADO
FILHO, 2006), que consiste em lesão do parênquima renal e alteração na taxa de
filtração glomerular (TGF), esta útima possui a importante função no mecanismo de
excreção de solutos nocivos, provenientes do metabolismo proteíco, que são: uréia
e creatinina. (BASTOS; BREGMAN; KIRSZTAJN, 2010). Seu acometimento esta
diretamente relacionada ao agravamento do diabettes mellitus e a da hipertensão
31

arterial, duas patologias altamente prevalentes na população. (SALGADO FILHO,


2006). Sendo a população idosa a mais acometida por tais patologias, a DRC
também apresenta maior índice de casos neste segmento da população. (SIVIERO;
MACHADO; CHERCHIGLIA, 2014).
Os rins são orgãos fundamentais para homeostase do corpo humano,
quando instalada a insuficiência renal crônica, o rim perde a capacidade de excretor
de produtos finais do metabolismo, em manter produção de hormônios, equilíbrio
hidroeletrolitico do metabolismo ácido-basico e regulador da pressão arterial.
(BASTOS; BREGMAN; KIRSZTAJN, 2010).
Segundo as diretrizes da Kidney Disease Outcome Quality Initiative (KDOQI)
(2002) a DRC, deve ser classificada em estágios segundo TFG, a qual é definida
como “a capacidade dos rins de eliminar uma substância do sangue sendo expressa
como o volume de sangue que é completamente depurado em uma unidade de
tempo”. Com o passar do tempo o portador de alguma DRC progressiva apresenta
redução do número total de néfrons ou redução da TFG por néfron, acarretado por
alterações fisiológicas e farmacológicas na hemodinâmica glomerular. Estando a
TFG diretamente relacionada com a gravidade da DRC.
A função renal normal pode ser estimada em aproximadamente 125
ml/min/1,73m2 de superfície corporal no homem adulto e 15% menor na mulher. A
DRC pode ser classificada em cinco estágios (quadro 1), sendo considerado
portador de DRC o indivíduo adulto que apresenta por um período ≥ a 3 (três) meses
TFG <60ml/min/1,73m2 ou casos com TFG ≥60ml/min/1,73m2, que apresentam
anormalidades patológicas ou um marcador de lesão da estrutura renal. (KDOQI,
2002).

Quadro 1. Estágios da Doença Renal Crônica.


Estágios Descrição TGF (ml/min/1,73m²)
1 TFG normal >90
2 Diminuição leve do TFG 60 – 89
3 Diminuição moderada do 30 – 59
TFG
4 Diminuição severa do TFG 15 – 29
5 Falência Renal < 15 ou diálise
Fonte: Bastos et al., 2004. Legenda: TFG: taxa de filtração glomerular.
32

Quando os rins perdem totalmente a capacidade do controle interno, os


pacientes apresentam alta sintomatologia sendo entre elas: cefaleia, fraqueza,
anorexia, náuseas, vômitos, cãibras, diarreia, oligúria, edema, confusão mental,
sede, impotência, perda do olfato e paladar, sonolência, hipertensão arterial e
tendência à hemorragia decorrentes da incapacidade renal, além de adnamia,
palidez cutânea, xerose, miopatia proximal, dismenorréia, amenorréia, atrofia
testicular, impotência, déficit de atenção, asterixe, obinubilação, coma e anuria
(MARQUES, PEREIRA, RIBEIRO, 2005). Sendo os pacientes nesta fase
classificados com doença renal crônica em estágio terminal (DRET), (ROMÃO
JUNIOR, 2004), com indicação de tratamento para substituição renal, por meio de
transplante renal ou tratamento dialitico, sendo esta ultima por meio da hemodialise
ou dialise peritonial.
A hemodiálise é o tratamento mais utilizado por 91% dos pacientes com DRC
(SESSO et al., 2016) e trata-se de uma técnica extracorpórea, na qual impulsionada
por uma bomba, o sangue circula por um sistema que possui fornecimento de líquido
de hemodiálise, passa por uma membrana semipermeável (capilar), no qual
encontram o sangue e o dialisado, e ocorre uma troca por difusão, removendo assim
escorias metabólicas e substâncias tóxicas da circulação sistêmica. (TERRA et al.,
2010).
No Brasil de 24.000 pacientes mantidos em programa dialítico em 1994
passou para 59.153 pacientes em 2004, a prevalência de pacientes mantidos em
programa crônico de diálise mais que dobrou nos últimos oito anos. Estima-se que a
incidência de novos pacientes cresce cerca de 8% ao ano. O programa de diálise é
um tratamento caro e de alta complexidade, que gera gastos no Brasil em torno de
1,4 bilhões de reais ao ano. (ROMÃO, JUNIOR, 2004).
No ano de 2014 aproximadamente 112.004 pacientes estavam em tratamento
dialitico, sendo as taxas de prevalência e incidência de 552 e 180 por milhão de
pessoa (pmp), sendo observado um aumento destas taxas quando comparadas ao
ano de 2011. (SESSO et al., 2016).
Pacientes com DRC, submetidos a um tratamento de hemodiálise
(hemodialisados) possuem um importante comprometimento do sistema imunitário,
com disfunção e diminuição dos linfócitos, disfunção da cascata do complemento, e
alterações da cascata de coagulação, anemia (devido a exposição repetidas do
33

sangue nas membranas artificiais) (OPATRNY, 2003) e função reduzida das


repostas imunitárias no que se refere a quimiotaxia e fagocitose (BARAZESH et al.,
2015), e redução da imunidade humoral (pior resposta a vacinas, reduzida função
linfocitária e produção de imunoglobulinas), aumento da atividade de células
supressoras e desnutrição que acarreta em redução da atividade neutrófila e piora
da imunidade celular pela deficiência de aminoácidos, vitamina B6 e zinco,
decorrentes tanto da ingestão inadequada quanto pelas perdas durante as sessão
de hemodiálise. (DRAIBE, 2005).
Pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica (IRC), submetidos a um
programa de hemodiálise se enquadram no quadro de suscetíveis a infecções
parasitológicas uma vez que estes apresentam um comprometimento importante do
sistema imunológico, podendo a diminuição e disfunção do sistema imunitário
repercutir para aumento dos efeitos dos agentes patogênicos, principalmente dos
parasitas uma vez que a presença destes é diretamente influenciada pela reposta
imunitária do hospedeiro, podendo estes desenvolver quadros clínicos graves. (GIL
et al., 2013).
Por possuírem o sistema imune significativamente comprometido, os
hemodialisados são facilmente acometidos por enteroparasitos, entre estes os mais
prevalentes são o Cryptosporidium spp. (TAPPEH et al., 2006), Entamoeba
histolytica, Entamoeba dispar (FERREIRA-FILHO et al.,2011). A prevalência de
enteroparasitas nestes indivíduos acarreta ainda para o risco de infecções
bacterianas, virais e fúngicas, uma vez que o impacto destes parasitas, afeta
diretamente o estado imunológico e nutricional, deixando o organismo destes
indivíduos ainda mais suscetível ao surgimento de outras doenças oportunistas.
(KIMMEL, et al., 1998).
Entre os principais sintomas da presença de enteroparasitas em pacientes
hemodialisados destaca-se flatulência, adinamia (fraqueza), perda de peso,
distenção abdominal, nauseas e vômitos, plenitude pós-prandial, dor abdominal e
diarreia, sendo muitos destes sintomas semelhantes a sintomatologia da uremia
crônica (comum nestes pacientes), tais como: náusea, algia abdominal, vômito e
diarreia, podendo assim a sintomatologia ser subestimados para diagnostico de
enteroparasitas. (GIL et al., 2013).
Martins de Sá et al. (2007) atentam para o agravo de parasitas intestinais em
pacientes dialíticos como potencialmente causadores de abscessos extra renais,
34

sendo a Entamoeba histolytica a mais encontrada no estudo. O mesmo destaca que


o abscesso amebiano do fígado é a forma mais comum da localização extra-
intestinal da infecção amébica e enfatiza para a prática de solicitação de exames
parasitológicos de fezes de rotina para melhor acompanhamento e avaliação dos
pacientes nas clínicas de hemodiálise uma vez que este exame não é rotina nestes
estabelecimentos.
Ressalta-se que pacientes em tratamento de hemodiálise podem a qualquer
momento ser admitidos para transplante renal e a presença e complicação de
enteroparasitas influencia diretamente no sucesso do transplante. (TURKCAPA et
al., 2002).
Estudos de caso realizados com pacientes hemodialisados demonstram que
estes apresentam mais casos de infecções por enteroparasitas do que os grupos
controle (KARADAG; TAMER; DERVISOGLU, 2013; KULIK, et al., 2008; GIL, et al.,
2013), mesmo em casos em que grupos controles eram compostos por membros
saudáveis da família dos pacientes, uma vez que poderia se observar o efeito da
similaridade de hábitos de higiene e ambiente exposto sobre as taxas de infecções.
(SEYRAFIAN et al., 2006; SEYRAFIAN et al., 2011). Também observaram taxas de
parasitismo no grupo controle, porém em menor grau.
Hawash et al., (2015), analisando a variação da disseminação de protozoários
entre grupos de pacientes em tratamento de hemodiálise e grupo controle, atenta
que os fatores status socioeconômico, perfil demográfico dos participantes e fatores
ambientais são explicações adicionais para a prevalência de protozoários nestes
pacientes.
Resultados de um estudo realizado por Rasti et al. (2017), revelou que
infecções por protozoários são mais frequentes em grupos de imunocomprometidos
entre estes os pacientes hemodialisados, do sexo masculino, com idade entre 40-59
anos e principalmente nos idosos maiores de 60 anos. Os mesmos ressaltam ainda
que a supressão imune facilita a infecção parasitaria neste grupo de indivíduos tanto
protozoária quando de helmintos e ajuda na perseverança da infecção, podendo até
mesmo causar infecção disseminada, sendo importante a realização de exames
periódicos de fezes na rotina medica destes pacientes.
35

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Relacionar os fatores ambientais com índice de positividade


enteroparasitária dos pacientes hemodialisados provenientes do Pantanal Mato-
Grossense.

3.2. Objetivos Específicos

- Descrever o perfil sócio-demográfico, sanitário e práticas de higiene adotadas


pelos hemodialisados provenientes do município de Cáceres no Pantanal Mato-
Grossense;
- Investigar perfil de saúde, sintomatologia e participação da atenção Básica no
cuidado dos pacientes em hemodiálise;
- Verificar índice de positividade de parasitas intestinais nos pacientes em
hemodiálise e principais parasitas que acometem os hemodialisados;
- Observar a concordância entre os testes de diagnóstico Hoffman e Sheather.

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Delineamento do Estudo

A presente pesquisa trata-se de um estudo transversal, com amostra não


probabilística, sendo a população formada por indivíduos portadores de insuficiência
renal crônica (IRC) sob tratamento de hemodiálise, residentes no município de
Cáceres-MT no Pantanal Mato-grossense.
Segundo Bordalo (2006) a pesquisa transversal é utilizada para estudar a
incidência e prevalência de uma determinada doença em grupos populacionais
específicos. Podendo ser definida como um estudo epidemiológico que observa o
fator e efeito em um mesmo momento histórico.
36

4.2. Descrição do Local do Estudo

O presente estudo foi desenvolvido com pacientes de uma unidade


especializada em tratamento renal substitutivo localizada na cidade de Cáceres-MT,
empresa conveniada ao Sistema Único de Saúde, que atende pacientes de Cáceres
e cidades vizinhas, sendo alguns destes municípios: Araputanga, Cáceres,
Curvelândia, Indiavaí, Jauru, Lambari, Mirassol do Oeste, Pontes e Lacerda, Porto
Esperidião, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Salto do Céu, São José dos Quatro
Marcos e Vila Bela da Santíssima Trindade. Com média de 200 pacientes em
tratamento dialítico, sendo destes 85 pacientes residentes no município de Cáceres
até o mês de Outubro de 2017.
O município de Cáceres está situado a sudoeste de Mato Grosso (figura 1),
integrando a microrregião do alto Pantanal e a mesorregião do centro-sul mato-
grossense, com uma área territorial de 24.796,8 km2 e se encontra situada a 215 km
da capital Cuiabá, localizada nas coordenadas 16º 04' 14'', latitude Sul, e 57º 40' 44''.
Possui sistema ambiental predominantemente pantaneiro, uma vez que o Pantanal
recobre mais de 50% da área territorial municipal. A Província Serrana a nordeste,
coberta por cerrado e pastagens, e as áreas de transição, entre o cerrado e
Pantanal, ao centro e noroeste, e cerrado e mata ao norte, abrigam importantes rios
que alimentam o Pantanal, a saber: Paraguai, Jauru, Cabaçal, Sepotuba, Exu, entre
outros (NEVES, 2008).
O clima da região de Cáceres caracteriza-se como tropical com duas
estações bem definidas: seca no inverno e úmida no verão. O período de janeiro a
março é o mais úmido, e o período entre setembro e outubro é o de maior índice de
radiação solar e de mais baixa precipitação. (AGUINALDO, SILVA et al., 2008).
A população estimada residente no município no ano de 2016 foi de
aproximadamente 90.881 pessoas. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTÁTICA, 2017.).
37

Figura 1. Localização do município de Cáceres, estado de Mato Grosso, Brasil.

Fonte: Alencar (2017).

4.3. População e Amostra

A população alvo foi composta por indivíduos com diagnóstico de insuficiência


renal crônica, submetidos ao tratamento de hemodiálise na unidade de tratamento
de terapia substitutiva na cidade de Cáceres-MT, residentes na mesma cidade e que
atendiam aos seguintes critérios:
Critérios de inclusão: ter IRC em fase dialítica e estar há mais de três meses
em tratamento; que sejam pacientes residentes da cidade de Cáceres; ter mais de
18 anos de idade, estar pleno de suas faculdades mentais, que aceitaram participar
da pesquisa e ter assinado o TCLE.
Critérios de exclusão: Estar acamado.

Os critérios de inclusão foram assim selecionados uma vez que as doenças


renais podem ser agudas ou crônicas, por isso de acordo com KDIGO (2012)
considera-se um indivíduo com DRC aquele que esteja sobre tratamento de
hemodiálise por pelo menos três meses. Constitucionalmente indivíduos a partir dos
38

18 anos já são responsáveis por seus atos, residir no município de Cáceres faz parte
do critério de seleção uma vez que a clínica atende pacientes de outras cidades da
região que não possuem o bioma pantanal, e indivíduos com algum déficit cognitivo
não poderiam responder aos questionamentos.

Tamanho da amostra: 53 (cinquenta e três) pacientes.

Dos 85 pacientes em hemodiálise que realizam o tratamento no CTR e que


moram em Cáceres, nove pacientes não atendiam aos critérios de inclusão; três
foram a óbito antes da coleta; três pacientes estavam viajando; dois foram admitidos
para transplante renal; quatro estavam internados no período da coleta; três não
conseguiram entregar o material para análise e os demais (oito pacientes) não
aceitaram participar da pesquisa. Portanto, participaram da presente pesquisa 53
indivíduos, ou seja, 62% dos pacientes submetidos a hemodiálise no CTR que
moram em Cáceres.

4.4. Coleta de dados


4.4.1. Questionário

O instrumento da pesquisa, para realização da coleta de dados dos


participantes ocorreu por meio da aplicação de um questionário padronizado
(ANEXO I), com perguntas fechadas e abertas que objetivam traçar o perfil
demográfico (idade, sexo, cor, escolaridade); características de moradia (tipo de
moradia, material da casa, banheiro e tipo de quintal) as condições ambientais
(procedência, qualidade, armazenamento e cuidados da água, presença de vetores,
lançamento do esgoto e coleta de lixo); os hábitos de higiene pessoal (lavar as mãos
antes e depois de ir ao banheiro e antes das refeições e cuidados com frutas e
verduras antes do consumo), condições de saúde (se faz uso de algum
medicamento ou possui diabetes), presença de sintomatologia e/ou algum transtorno
alimentar, se costuma utilizar os serviços da atenção básica (ESF) e se já realizou
algum exame de fezes e tomou algum medicamento para tratamento de
enteroparasitose no período de um ano da realização da pesquisa.
O questionário foi aplicado pelo pesquisador em forma de entrevista em
domicílio e com os pacientes provenientes dos distritos do município de Cáceres foi
39

aplicado na clínica de hemodiálise. O período de aplicação foi de agosto a setembro


do ano de 2017.

4.4.2. Coleta do material fecal

Para coleta das amostras foram entregues frascos coletores esterilizados


para cada participante, devidamente identificados pelo pesquisador com nome,
código e endereço do participante. O tempo estimado para coleta do material fecal
foi o prazo de dois dias depois entregue o coletor, sendo realizadas três visitas
consecutivas do pesquisador para tentar obter a coleta.
Os participantes que não entregaram o material após três visitas foram
excluídos da amostragem. As coletas das amostras fecais se deram no período de
agosto a setembro de 2017.
Após a coleta o material fecal era armazenado em caixas de isopor para
transporte e encaminhado para análise no laboratório de Parasitologia da
Universidade do Estado de Mato Grosso de Cáceres.
As amostras foram analisadas utilizando duas técnicas de análise
coprológica; a de sedimentação espontânea de Hoffman, que permite diagnosticar
cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos (HOFFMAN, PONS e JANER,
1934) e o método de centrífugo-flutuação em solução de Sacarose ou técnica
Sheather (SHEATHER, 1923), a qual é indicada para enteroparasitos que
necessitam de um diagnóstico mais específico como cistos e trofozoítos de Giardia
spp. (MALHEIROS, 2011).
Associação de técnicas parasitológicas para diagnóstico de enteroparasitoses
permite obter uma melhor acurácia e especificidade de resultados (REZENDE, et al.,
2015).
Para o preparo das amostras para análise foi diluída uma porção de amostra
fecal de cada paciente, em recipiente descartável de 200 mL, com uma proporção
de 1/3 de água destilada aproximadamente, em seguida o material era previamente
filtrados com miniparasitofiltros descartáveis com tela de 8mm e distribuído em tubos
falcon de 15 mL. Para técnica de Sheather após esse processo era descartado o
liquido de diluição dos tubos falcon e completados por solução de sacarose e
centrifugado por 2 minutos em 2.500 rpm.
40

As amostras foram analisadas com auxílio de microscópio óptico com


aumento de 400x, utilizando coração de lugol nas lâminas. Sendo realizada
repetição nas leituras dos exames microscópicos analisados por dois a três
pesquisadores diferentes. Não houve repetição de coletas das amostras fecal
consecutivo devido inviabilidade de realização de novas coletas. Foi considerada
como amostra positiva a presença de pelo menos um tipo de parasito (helminto ou
protozoários).

4.4.3. Gerenciamento e Análise de dados

Os dados foram inseridos em tabelas para posterior análise. Ao classificar a


variável característica da água e sintomatologia foi aceito mais de uma resposta
para o mesmo paciente, uma vez que um paciente poderia referir mais de um
problema quanto ao aspecto da água e apresentar mais de um sintoma.
Para análise descritiva das variáveis contínuas foi utilizada medidas de
tendência central, para as variáveis categóricas foi utilizado frequência e o teste qui-
quadrado (x²) de Pearson para análise de proporção.
Para análise de associação foi utilizado a Razão de Odds (OR), a variável
dependente foram os resultados dos exames parasitológicos (positivo ou negativo) e
como variáveis independentes os fatores ambientais que apresentaram significância
na análise de proporção. Para cada variável foi montada tabela 2x2 e calculada a
OR e os respectivos intervalos de confiança (IC 95%) e significância determinada
através do teste do qui-quadrado.
Foram considerados estatisticamente significantes os valores de p-valor
≤0,05.
Foi utilizado o teste estatístico de Kappa para descrever a intensidade de
concordância dentre os dois testes de diagnóstico (Hoffman e Sheather). O Kappa
mede o grau de concordância além do que seria esperado tão somente pelo acaso,
tendo esta medida de concordância com valor máximo o 1, que representa total
concordância e os valores próximos e até abaixo de 0, indicam nenhuma
concordância, ou concordância esperada pelo acaso. (LANDIS; KOCH, 1977). A
interpretação de Kappa é dada de acordo com o quadro 2.
41

Quadro 2. Valores de Kappa e interpretação.


Kappa Interpretação
k ≤ 0,2 Ruim
0,2 < k ≤ 0,4 Fraca
0,4 < k ≤ 0,6 Moderada
0,6 < k ≤ 0,8 Substancial
0,8 < k ≤ 1,0 Ótima
Fonte:FLEISS, 1981.

Para análise dos dados foi utilizado o programa estatístico R e para


construção de tabelas foi utilizado o programa Excel 2010®.

4.5. Aspectos Éticos

A pesquisa foi aprovada pelo do Comitê de ética em Pesquisa da


Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT) CAAE: 67503417.4.0000.5166,
com o número de protocolo 2.194.766/2017, para atender à resolução nᵒ 466, de 12
de dezembro de 2012, que regulariza os estudos envolvendo seres humanos
(Conselho Nacional de Saúde, 2012). Todos os participantes assinaram o TCLE.

5. RESULTADOS

5.1. Caracterização socioambiental dos hemodialisados

Nesta pesquisa participaram 53 pacientes, quanto ao sexo 50,9% dos


indivíduos era do sexo feminino (27) e 49,1% do sexo masculino (26), com faixa
etária predominante no grupo de 61 a 76 anos e média de idade de 66 anos (±4,14).
Em relação à raça/cor auto referida, 52% (28) se declararam pardos, 21% (11) da
raça negra, brancos 17% (9) e indígenas 9,4% (5) da amostra.
O nível de escolaridade predominante dos participantes foi ensino
fundamental incompleto com 43,4% (23) dos indivíduos, quanto à zona de residência
42

86,8% (46) são residentes da zona urbana, identificando diferença estatística


quando comparado à zona rural 13,2% (7) (tabela 2).

Tabela 2. Características sócio-demográficas dos pacientes em hemodiálise


residentes no município de Cáceres- MT, 2017.
Variáveis N % x² p-valor
Sexo
Masculino 26 49,1 1 -
Feminino 27 50,9 0,02 0,89

Grupo etário (anos)


24 – 40 4 7,5 1 -
41 – 60 20 37,7 0,94 0,33
61- 76 29 54,7 2,36 0,12

Raça/Cor
Pardo 28 52,8 1 -
Branco 9 17,0 1,58 0,20
Negro 11 20,8 2,71 0,09
Indígena 5 9,4 2,99 0,08

Escolaridade
Analfabeto 11 20,8 1 -
Ensino fundamental incompleto 23 43,4 1,12 0,20
Ensino fundamental completo 12 22,6 0,01 0,91
Ensino médio completo 3 5,7 -
Ensino superior incompleto 1 1,9 -
Ensino superior completo 3 5,7 -

Zona de residência -
Urbana 46 86,8 1 -
Rural 7 13,2 14,40 <0,01

Referente às características ambientais de residência dos pacientes


hemodialisados examinados; 98% (52) das residências eram de alvenaria, com piso
de cerâmica (85%), quintal de terra (77,4%), 100% possuíam chuveiro em casa,
96,2% com banheiro interno, feitos de ladrilho (90%), e 66% dos participantes
referiram ter animal de estimação em casa, identificando diferença estatisticamente
significante quando comparado ao grupo sem animais de estimação.
Em relação à procedência da água 60% (32) dos participantes referiram que
a mesma era proveniente da rede pública, 43,4% (23) usavam água de poço e 39%
(21) dos indivíduos refeririam que para consumo só utilizavam água mineral.
43

No que diz respeito às características da água 49,1% (26) referiram que a


mesma era de aspecto límpido, porém alguns pacientes reportaram queixas quando
turbidez (32,1%), gosto ruim (34%) e odor na água (7,5%). A maioria dos
participantes (62%) referiu não adotar nenhum tipo de cuidado com água.
A destinação de esgoto da maioria dos participantes é o sistema de fossa
em 79,2% dos casos, já quanto à destinação do lixo 94% possuem coleta pela rede
pública.
Quanto aos hábitos de higiene 86,8% (46) referiram não andar descalços,
quase que em sua totalidade 90,6% referem ter o hábito de lavar as mãos sempre
após uso do banheiro, antes do preparo de alimentos e se alimentar, apenas no que
refere a lavagem das mãos após contato com animais que o valor apresentou-se
menor com 77,4%, devido alguns pacientes 13,7% não mexerem nos animais
domésticos.
No tratamento dado as frutas e verduras 100% dos participantes referem
lavar antes do consumo, utilizando em 75,5% dos casos apenas água corrente
(tabela 3).

Tabela 3. Características ambientais e de hábitos de higiene dos pacientes


hemodialisados examinados, residentes no município de Cáceres-MT, 2017.
Variáveis N % x² p-valor

Tipo de moradia
Material da residência
Alvenaria 52 98,1 1
Madeira 1 1,9 - -

Tipo de Piso
Cerâmica 45 84,9 1
Cimento queimado 8 15,1 14,58 <0,01

Quintal
Cimento 8 15,1 1
Grama 6 11,3 - -
Terra 41 77,4 - -
Não Possui 5 9,4 - -

Possui chuveiro em casa


Sim 53 100,0 - -

Banheiro
44

Interno 51 96,2 1
Externo 5 9,4 - -

Tipo do Banheiro
Cimento queimado 5 9,4 1
Ladrilho 48 90,6 - -

Possui animal de estimação


Sim 35 66,0 1
Não 18 34,0 5,03 0,02

Condições ambientais
Origem da água
Rede Publica 32 60,4 1
Cisterna ou poço 23 43,4 1,36 0,24
Água Mineral 21 39,6 2,3 0,12

Características da água
Límpida 26 49,1 1
Turva 17 32,1 1,76 0,18
Com gosto ruim 18 34,0 1,2 0,27
Com odor 4 7,5 1,79 0,18

Cuidados com água


Nenhum 33 62,3 1
Filtro com vela 13 24,5 6,15 0,01
Filtro de barro 5 9,4 4,77 0,02
Fervura 1 1,9 - -
Clorada* 1 1,9 - -

Lançamento de esgoto
Rede Geral 11 20,8 1
Fossa 42 79,2 11,61 <0,01

Destinação do Lixo
Queimado 3 5,7 1
Recolhido Pela prefeitura 50 94,3 23,66 <0,01

Hábitos de higiene
Costuma andar descalço
Sim 7 13,2 1
Não 46 86,8 14,40 <0,01

Lavagem das mãos


Após uso do banheiro
Sempre 48 90,6 1
Às vezes 5 9,4 - -
45

Após contato com animais


Sempre 41 77,4 1
Às vezes 5 9,4 9,40 <0,01
Não mexe 7 13,2 8,54 <0,01

Antes do preparo de alimentos


Sempre 48 90,6 1
Às vezes 5 9,4 - -

Antes de alimentar-se
Sempre 48 90,6 1
Às vezes 5 9,4 - -

Tratamento dado a frutas e verduras


Lava 53 100,0 - -
Com água 40 75,5 1
Água sanitária 7 13,2 7,26 <0,01
Com vinagre 6 11,3 5,54 0,01
*Com hipoclorito de sódio 2,5% ou água sanitária.

5.2. Características de saúde dos participantes

Ao observar as variáveis de saúde dos pacientes em hemodiálise, nota-se


que a maioria 35,8%, possui tempo de tratamento em dialise entre 2 a 4 anos com
média de tempo de 2 anos (±0,67), 64,2% (34) não possuem diabetes concomitante,
e 81% (43) faz uso de algum tipo de medicamento.
Quando verificada a presença de sintomatologia todos os 53 participantes,
apresentaram presença de pelo menos um sintoma, sendo os mais relatados:
plenitude pós-prandinal, adinamia em 58,5% dos casos, seguidos de flatulência
(50,9%), dor abdominal (39,6%), prurido e distensão abdominal em 34% dos casos e
náuseas (24,5%).
Embora a maioria 84,9% dos participantes tenha negado transtorno
alimentar, 18,9% declarou sentir vontade de comer tijolo, 7,5% terra e 5,7% barro.
No quesito ir à unidade básica de saúde 71,1% (38) dos pacientes referiu não
ir e consultarem apenas na clínica de hemodiálise. Quando perguntado se no bairro
de residência havia cobertura de estratégia de saúde da família 64,2% (34)
responderam que sim.
46

Quando questionado sobre realização do exame coprológico no período de


um ano antes da realização da pesquisa, 84,9% (45) referiram que não realizaram,
porém, 39,6% (21) indivíduos fizeram uso de medicação antiparasitária (tabela 4).

Tabela 4. Perfil de saúde dos pacientes em hemodiálise que residem no município


de Cáceres-MT, 2017.
Variáveis N % x² p-valor

Tempo de tratamento em HD
Ate 1 ano 8 15,1 1
2 a 4 anos 19 35,8 0,65 0,42
5 a 8 anos 15 28,3 0,06 0,79
≥ 10 anos 11 20,8 0,09 0,76

Possui Diabetes
Sim 19 35,8 1
Não 34 64,2 3,82 0,05

Toma algum tipo de medicamento


Sim 43 81,1 1
Não 10 18,9 11,74 <0,01

Presença de sintomatologia
Flatulência 27 50,9 1,00
Adinamia 31 58,5 0,23 0,63
Perda de peso 7 13,2 1,84 0,17
Distenção Abdominal 18 34,0 1,50 0,22
Náuseas 13 24,5 2,97 0,08
Vômitos 8 15,1 2,46 0,11
Plenitude pós-prandinal 31 58,5 0,23 0,63
Dor abdominal 21 39,6 0,90 0,34
Diarreia 7 13,2 1,84 0,17
Manchas na Pele 4 7,5 1,98 0,15
Prurido 18 34,0 1,50 0,22

Transtorno Alimentar
Não 45 84,9 1
Sim 10 18,9 14,4 <0,01
Barro 3 5,7 - -
Terra 3 5,7 - -
Tijolo 4 7,5 - -

Ir à unidade Básica de Saúde


47

Sim 15 28,3 1
Não 38 71,7 8,73 < 0,01

Frequência
Nunca, consulta apenas na 38 71,7 1
clínica
Frequenta UBS 15 28,3 8,73 <0,01

Possui cobertura de ESF


na área que mora
Sim 34 64,2 1
Não 19 35,8 3,82 0,05

Realizou exame de fezes no


último ano
Sim 8 15,1 1
Não 45 84,9 14,58 <0,01

Tomou medicação antiparasitária


no último ano
Sim 21 39,6 1
Não 32 60,4 2,30 0,12
HD: Hemodiálise. ESF: Estratégia de Saúde de Família.

5.3. Índice de positividade enteroparasitária dos pacientes hemodialisados


residentes no município de Cáceres-MT

Das 53 amostras analisadas, 49 deram diagnostico positivo para pelo menos


um tipo de enteroparasita. A figura 2 apresenta a distribuição dos parasitas
identificados nas amostras coprológicas analisadas dos pacientes hemodialisados.
48

Figura 2. Distribuição das espécies de enteroparasitas identificados nos exames


coprológicos dos pacientes em hemodiálise, residentes no município de Cáceres-
MT, 2017.

50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0

A prevalência de ao menos uma espécie de parasita intestinal nas amostras


fecais dos pacientes em hemodiálise atingiu positividade de 92,45%, demonstrando
um resultado expressivo de contaminação parasitaria nos indivíduos. A maioria dos
parasitas diagnosticados era da classe protozoária (92,45%), com maior prevalência
de Blastocystis spp. (88,68%) (figura 3), seguido por Endolimax nana (37,74%) e
Cryptosporidium spp. (15,09%) (figura 4). E dois casos positivos de Ascaris
lumbricoides (figura 4) na classe dos helmintos como observado na tabela 5.

Tabela 5. Ocorrência de enteroparasitoses nas amostras de fezes de pacientes em


hemodiálise residentes no município de Cáceres-MT, 2017.
Infecção N (53) %
Protozóarios 49 92,45
Blastocystis spp. 47 88,68
Endolimax nana 20 37,74
Cryptosporidium spp. 8 15,09
Entamoeba coli 4 7,55
Chilomastix mesnili 2 3,77
Giardia lamblia 3 5,66
Entamoeba histolytica-dispar 1 1,89
49

Helmintos 1 1,89
Ascaris lumbricoides 2 3,77

Negativos 4 7,55

Total de infectados 49 92,45

Figura 3. Cistos de Blastocystis spp. em técnica de Sheather (a) e Hoffman (b)


corados a lugol em aumento de 400x.

Fonte: Alencar (2017).

Figura 4. Cistos de Cryptosporidium spp. (a) em técnica de Sheather e Ascaris


lumbricoides (b) em técnica de Hoffman, corados a lugol, em aumento de 400x.

Fonte: Alencar (2017).

Monoparasitismo foi à infecção parasitaria mais prevalente em 43,39% dos


casos positivos, seguido de 30,18% de biparasitismo e 18,86% de poliparasitismo
(figura 3).
50

Figura 3. Tipo de infecção parasitaria identificada nas amostras fecais dos pacientes
hemodialisados, residentes no município de Cáceres-MT, 2017.

43,39% (23)
53 pacientes
com monoparasitismo

92,45% (49) 30,18% (16)


Positivos com biparasitismo

7,55% (4) 18,86% (10)


Negativos com poliparasitismo

As associações mais frequentes de espécies enteroparasitarias são


mostradas na tabela 6, onde se observa no biparasitismo prevalência da associação
Blastocystis spp. e Endolimax nana em 22,45% (11) dos casos e no poliparasitismo
a associação mais frequente encontrada foi Blastocystis spp, Cryptosporidium spp e
Endolimax nana em 10,20% (5) dos casos.

Tabela 6. Associações parasitárias de biparasatismo e poliparasitismo, identificadas


nas amostras positivas dos indivíduos hemodialisados residentes no município de
Cáceres-MT, 2017.
Associação de enteroparasitas Casos
N (49) %
BIPARASITISMO
Blastocystis spp. /Endolimax Nana 11 22,45
Blastocystis spp./ Ascaris lumbricoides 2 4,08
Blastocystis spp. / Cryptosporidium spp. 2 4,08
Blastocystis spp./ Entamoeba coli 1 2,04
TOTAL 16 32,65

POLIPARASITISMO
Blastocystis spp./ Cryptosporidium spp./ Endolimax nana 5 10,20
Blastocystis spp./ Entamoeba Coli/ Giardia lamblia 1 2,04
Blastocystis spp./Chilomastix mesnili/ Entamoeba coli 1 2,04
Blastocystis spp. /Endolimax nana/ Giardia lamblia 1 2,04
51

Blastocystis spp./Chilomastix mesnili/Endolimax nana/


Giardia lamblia/ 1 2,04
Blastocystis spp./ Entamoeba coli/ Entamoeba histolytica-
dispar/Endolimax nana 1 2,04
TOTAL 10 20,41

5.4 Associação entre os fatores ambientais e o índice de positividade


enteroparasitaria

A associação entre as variáveis ambientais com os casos positivos e


negativos é descritos na tabela 7. Nenhuma das variáveis ambientais analisadas
apresentou associação estatiscamente signficativa para esse grupo de paciente, o
que demonstra que para os casos positivos as variáveis ambientais não
aumentaram a razão de chance do paciente ser portador de endoparasitas.

Tabela 7. Variáveis associadas com parasitas intestinais em pacientes


hemodialisados do município de Cáceres – Mato Grosso, 2017.
Variáveis Casos Casos p-valor O.R IC 95%
positivos Negativos
N (%) N (%)
Tipo de Piso
Cerâmica 41(77,35) 4 (7,54) 0,38 0 0-9,98
Cimento queimado 8 (15,09) 0 (0)

Animal de estimação
Sim 32 (60,37) 3 (5,66) 0,69 0,63 0,02-7,76
Não 17 (37) 1 (1,88)

Cuidados com água


Sim* 18 (33,96) 2 (3,77) 0,59 0,58 0,05-6,47
Não 31 (58,49) 2 (3,77)

Lançamento de esgoto
Rede Geral 10 (18,86) 1 (1,88) 0,82 0,77 0,06-21,40
Fossa 39 (73,58) 3 (6,66)

Destinação do Lixo
Queimado 2 (3,77) 1 (1,88) 0,08 0,13 0,01-4,71
Recolhido pela 47 (88,67) 3 (5,66)
prefeitura

Costuma andar descalço


Sim 42 (79,24) 4 (7,54) 0,41 0 0-12,02
52

Não 7 (13,20) 0 (0)

Lavagem das mãos


Sempre 44 (88,01) 4 (7,54) 0,5 0 0-19,27
Às vezes 5 (9,4) 0 (0)

Tratamento dado a frutas e verduras


Lava com água 36 (67,92) 4 (7,54) 0,23 0 0-5,02
Outros* 13 (24,52) 0 (0)

*Sim: Usar filtro de barro, vela ou cloro. * Outros: Água sanitária ou vinagre.

5.5 Teste de concordância entre as técnicas utilizadas

Das amostras analisadas 84,91% foram positivas pela técnica de Sheather e


73,58% para técnica de Hoffman.
O índice de concordância de Kappa foi calculado para comparar o
desempenho dos métodos de diagnósticos entre Hoffman e Sheather para os
resultados das análises coprológicas dos pacientes, apresentando resultado
substancial de 0,625 conforme a tabela 8 abaixo.

Tabela 8. Concordância entre os resultados coprológicos dos métodos de Hoffman


e Sheathter, dos pacientes hemodialisados de Cáceres-MT,2017.

Frequência Observada Hoffman (Padrão)


Positivo Negativo Total
Sheatter (Novo) Positivo 40 6 46
Negativo 0 7 7
Total 40 13 53
Teste de Kappa 0,625 (Concordância substancial)
53

6. DISCUSSÃO

6.1. Caracterização socioambiental

As características sexo e idade e grau de escolaridade dos pacientes deste


estudo são semelhantes a outras pesquisas realizadas em âmbito nacional.
(FRAZÃO, RAMOS, LIRA, 2011; MENDONÇA et al., 2014; COSTA et al., 2015;
EVERLING et al., 2016). Ao analisar a raça/ cor auto referida; observa-se que a
maioria dos participantes se declarou pardos, podendo estes dados ser justificados
pela miscigenação na região centro-oeste, segundo o Censo 2010, 43,1% da
população se declarou pardo sendo na região centro-oeste este percentual acima
dos 35%. (IBGE, CENSO DEMOGRÁFICO, 2010).
Observa-se que a maioria dos indivíduos reside na zona urbana, o que pode
ser explicado por 88,8% da população da região Centro - Oeste estar localizada na
área urbana. (IBGE, CENSO DEMOGRÁFICO, 2010). Outro fator que contribui para
este cenário se deve ao fato de que os pacientes realizam seções terapêuticas de
hemodiálise três vezes durante a semana o que demanda muito tempo e desgaste
físico para os mesmos, por isso em muitos casos os pacientes se mudam para
cidade definitivamente para facilitar o transporte. (SILVA, BOTELHO,
CAVALCANTE, 2012).
O estudo dos fatores ambientais como tipo de residência, banheiro, origem e
cuidados com água; condições sanitárias como lançamento de esgoto e lixo são
importantes variáveis estudas na relação de contaminação enteroparasitária, uma
vez que condições precárias do ambiente podem atuar como facilitadoras para
aquisição de enteroparasitas. (ABBOSIE, SEID, 2014; GAMBOA, GIAMBELLUCA,
NAVONE, 2014). No presente estudo a residência de 86,8% dos participantes
apresentaram boas condições de infraestrutura e embora em algumas das
residências tenha apresentado quintal de terra esses valores não foram
estatisticamente significantes quando comparado aos demais tipos de quintal.
Em relação às condições ambientais referentes à origem da água a maioria
60,4% dos pacientes referiu que a mesma é proveniente da rede pública, mas para
beber 39,6% dos pacientes referem só consumir água mineral. Embora 49,1% dos
pacientes tenha referido que a característica da água seja límpida, 34% se
54

queixaram de alterações na água no quesito turbidez e 32,1% do gosto ruim. Um


relatório de qualidade da água realizado nos anos de 2010 e 2011 pela Secretaria
de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA/MT) indicava que a qualidade
da água oscilava entre média e ruim, observando incremento nos valores dos
parâmetros cor, turbidez e outros, fato este que ainda pode estar ocorrendo
atualmente. (SEMA, 2013).
Quando observado os quesitos lançamento de esgoto e destinação de lixo,
quase que em sua totalidade 94,3% dos pacientes referiram que o lixo é recolhido
pela prefeitura regularmente, e 79,2% referiu que utiliza de destinação de esgoto do
tipo fossa, este pode ser explicado pelo fato da cidade possuir somente 4,6% dos
bairros com sistema de esgoto tratado e coletado. Em contra partida nota-se que no
município de Cáceres houve uma melhora no quesito destinação do lixo comparado
ao ano de 2015, onde o serviço apresentava deficiência sendo os depósitos
clandestinos a céu aberto; o meio mais utilizado para descarte neste período.
(PMSB, 2015).
Nessa pesquisa a maioria dos pacientes apresentaram boas práticas de
higiene. Os serviços de diálise trabalham muito com a questão da boa prática de
higiene das mãos, uma vez que as mãos podem estar contaminadas por diversos
micro-organismos e bactérias, sendo por este motivo implementadas e
aconselhadas para os pacientes de hemodiálise que realizem a prática de lavagem
de mãos sempre antes e após contato com objetos, animais, antes de comer e após
usar o banheiro. (OPAS, 2014).

6.2. Perfil de saúde dos participantes e atenção básica

Nessa pesquisa a maioria 35,8%, dos pacientes possuía tempo de


hemodiálise entre dois a quatro anos, com média de dois anos em tratamento
(±0,67), uma explicação para este cenário se pauta no fato do aumento anual médio
no número de pacientes nos últimos cinco anos em tratamento dialítico (SESSO et
al., 2017).
No quesito possuir ou não diabetes 35,8% dos pacientes alegaram possuir a
patologia, valor semelhante encontrado em outros estudos nacionais (OLIVEIRA et
al.,2015; VERAS et al., 2016).
55

Em estudos recentes Mohtashamipour et al., (2015), demonstrou que o grupo


dos pacientes portadores de Diabetes Mellitus (DM), possui maior risco de adquirir
infecções por parasitas intestinais quando comparado a população saudável, uma
vez que tanto a imunidade inata como a adquirida apresentam comprometimento na
presença da doença. Os mesmos destacam maior positividade de infecção por
Blastocystis hominis, nestes pacientes que pode desencadear sintomas
gastrointestinais de repercursão perigosa nos portadores de DM. Além da doença
crônica, o sexo feminino e a presença de sintomas foram fatores de risco
identificados para infecção por parasitas intestinais sendo estes diretamente
influenciados por fatores culturais, sociais e ambientais que são diferentes em cada
área.
No presente estudo 81,1% dos pacientes referiu fazer uso de medicamento,
este fato pode ser explicado pela maioria dos pacientes renais crônicos em
tratamento de hemodiálise serem acometidos por inúmeras comorbidades
associadas, como anemia, afecções relacionadas a fósforo e cálcio, hipertensão,
diabetes, dor entre outros, devido este fato o tratamento desse paciente quase
sempre engloba o componente farmacológico associado. (TERRA et al, 2010).
Todos os participantes apresentaram queixa de ao menos um tipo de
sintomatologia. Em estudos internacionais realizados com hemodialisados por
Hawash (2015) e Omrani (2015) também observaram a presença de sintomatologia
em pacientes enteroparasitados, entre os principais destacaram-se: fraqueza, dor de
estômago, dor abdominal, perda de peso, sensação de inchaço, náusea, vômito e
flatulência, corroborando com o presente estudo.
Observou-se que embora a maioria 64,2% dos pacientes resida em áreas que
possuam cobertura de atendimento das estratégias de saúde de família 71,7% deles
realizam consulta apenas na clínica de tratamento.
Embora o indivíduo portador de doença renal crônica submetido a tratamento
de hemodiálise realize acompanhamentos semanais na clínica, a atenção básica
ainda deve manter vínculo com esse paciente, acompanhando seu processo de
saúde, prestando assistência ambulatorial de forma multiprofissional, realizando
ações recomendadas pela política nacional de promoção de saúde na prevenção
dos fatores de risco relativos à DRC; realizando atividades educativas e apoiando o
autocuidado, para que possa ampliar a autonomia desses pacientes. Bem como
compete aos estabelecimentos de atenção especializadas de tratamento prestar
56

apoio às equipes da atenção básica nos temas relacionados à doença renal e


cuidados das pessoas em estágio dialíticos. (PORTARIA nº 252/GM/MS, 2013).
Observou-se que 84,9% dos pacientes não realizaram exames coprologicos
no último ano.
Solicitações de exames coprológicos não são realizados de rotina nos centros
de tratamentos renais, sendo solicitados apenas quando os médicos identificam
através das queixas dos pacientes ou antes de encaminha-los para transplante
renal. Achados de estudos nacionais que encontram parasitas intestinais de
repercussão preocupante para saúde desses pacientes como Entamoeba histolytica
e Giardia lamblia, enfatizam para necessidade de solicitar exames parasitológicos de
rotina para acompanhar a avaliação dos pacientes, evitando risco de abscessos
extra-renais. (DE SÁ MARTINS,2007).
Estudos internacionais que identificaram presença de enteroparasitas como
Entaboema histolytica, Crypstoporiduim spp. e Blastocystis hominis também
enfatizam para necessidade das clinicas realizarem exames de vezes de rotina com
os pacientes de preferência com técnicas mais sensíveis a identificação dessas
espécies. (FERREIRA- FILHO et al., 2011; OMRANI et al., 2015).

6.3. Índice de positividade enteroparasitaria dos pacientes

A taxa de parasitismo por protozoários nos pacientes hemodialisados neste


estudo foi de 92,45% e com número de amostras fecais positivas para cistos de
Blastocytis spp. e Endolimax nana, significantemente elevado de 52,83% e 37,74%
respectivamente. Em diferentes estudos determinando a prevalência de parasitas
intestinais em doentes renais crônicos em tratamento de hemodiálise reportam que
Blastocystis hominis, Cryptosporidium spp. e Endolimax nana são os protozoários
mais encontrados nesse grupo de indivíduos. (GIL et al, 2013; KARADAG, TAMER,
DERVISOGLU, 2013; OMRANI, 2015).
Blastocystis trata-se de um protozoário, que tem como hospedeiros humanos
e outras espécies animais. (TAN, 2008). Pode apresentar formas vacuolar, granular,
ameboide e cistos. O conhecimento sobre a epidemiologia e fatores de risco
associados ainda são limitados, no entanto sabe-se que aparentemente sua forma
de transmissão se da pela contaminação do ambiente ou zoonótica, e desenvolve no
57

intestino do hospedeiro para ser eliminado pelas fezes. Sua patogenicidade ainda
não é bem definida, mas entre os principais sintomas associados estão descritos
diarreia, dor abdominal, cólicas, desconforto abdominal e náusea. Estudos recentes
com genoma humano isolado demonstram que ele causa distúrbio na função da
barreia e permeabilidade da mucosa, causando intensa infiltração de células
inflamatórias, por isso existem pacientes sintomáticos e assintomáticos. (STENZEL,
BOREHAM, 1996; PHILIPPE et al., 2012).
Fatores físicos como mudança osmótica, drogas, estado metabólico pode
influenciar a morfologia do organismo. E agente antibacterianos como ampicilina,
estreptomicina e gentamicina não afetam seu desenvolvimento. Metronidazol parece
ser a medicação melhor indicada para o tratamento, mas ainda não é bem definida a
sua eficácia. (STENZEL, BOREHAM, 1996; TAN, 2008). Inclusive alguns estudos
apontam o fracasso do tratamento, indicando que este apenas reduz a carga
parasitária durante o tratamento. (STENSVOLD et al., 2009).
O E. nana trata-se de um enteroparasita não patogênico, com maior
prevalência em países subdesenvolvidos como África e a América do Sul. Sendo
seu principal meio de transmissão água e vegetais consumidos sem devida
higienização. (POULSEN, STENSVOLD, 2016). Segundo estudos de Simões et al.,
(2015) avaliando a relação entre condições ambientais e infecção parasitária de
indígenas Xukuru-Kariri na região sudeste do Brasil, observaram que a alta taxa de
infecção de 50% de Endolimax nana nestes indivíduos poderia estar relacionado a
falta de tratamento de água ou a contaminação desta pelos próprios moradores, por
meio de despejo de esgoto, disposição de lixo a céu aberto e defecação no solo.
Estudos que encontraram altas taxas de prevalência de; Blastocystis seguido
de Endolimax nana, demonstram que a presença destas duas infecções está
associada a condições sanitárias deficientes e podem contribuir para casos de
quadro de diarreia em crianças, (GRACZYK et al., 2005; SEGUÍ et al., 2017) este
achado pode estar relacionado à rota de contaminação similar entre ambos
protozoários.
No presente estudo Cryptosporidium spp. apresentou taxa de positividade de
15,09%, valor semelhante ao encontrado em estudo sobre a frequência de
Cryptosporidium spp. em pacientes imunocomprometidos realizado por Cengz et al.,
(2017), no qual obteve a segunda maior taxa de positividade de 11,5% em pacientes
com insuficiência renal crônica, e sendo este enteroparasita um importante
58

responsável por diarreia crônica em pacientes imunocomprometidos os autores


ressaltam a importância da realização de exames em pacientes
imunocomprometidos que apresentem diarreia, utilizando métodos de diagnostico
específicos para identificação de Cryptosporidium.
A taxa de positividade para G. lamblia encontrada no presente estudo de
5,66%, foi superior ao encontrado em estudos internacionais com hemodialisados
(OMRANI et al., 2015; RASTI et al., 2017). A Giardia está entre o protozoário que
mais acomete o ser humano, e na sua forma de cisto pode sobreviver por semanas
em água fria, quando não tratada adequadamente pode evoluir para quadro de
infecção crônica. (Einarsson, Ma’ayeh, Svãrd, 2016).

Entre os principais sintomas manifestados por infecção de Giardia lamblia


destacam-se diarreia aquosa, epigastralgia e perda de peso (ANKARKLEV et
al.,2010), estudos recentes comprovaram associação da infecção por Giardia
lamblia com distúrbios gastrointestinais em indivíduos albergados (DORMOND,
GUTIERREZ, PORTE, 2016). Ambas sintomatologias são preocupantes quando
presentes em pacientes que já tendem a apresentar quadros de desordem gástrica
como os hemodialisados.

Os achados de Entamoeba hystolitica/dispar de 1,89% são similares ao


estudo de Hawash et al., (2015) no qual identificou positividade de 2% em pacientes
insuficientes renais crônicos. A sua presença está diretamente relacionada com as
condições ambientais alteradas pelo homem, sendo transmitida pela contaminação
de água e alimento, a sintomatologia é caracterizada por dor abdominal, náusea,
vômito, inchaço, febre e pode causar alterações preocupantes no rim, sendo o
abscesso renal o dano renal mais frequente e fatal. (NOWAK, MASTALSKA,
LOSTER, 2015; WEBER et al., 2016).
Referente ainda as complicações que podem ser causadas por Entamoeba
hystolitica, Cavagnaro, Guzmán e Harris (2006) discutem sobre a associação entre
os efeitos patogenicos de E. hystolitica e a causa de síndrome urêmica hemolítica
(HUS).
Em estudos sobre a prevalência de parasitas intestinais em diabéticos Sabah
e Temsah (2015) encontraram positividade para Ascaris lumbricoides de 1 caso em
33 pacientes, 3% respectivamente, resultado semelhante ao encontrado em nossos
estudos.
59

O A. lumbricoides é o enteroparasita mais prevalente da classe dos helmintos


em países em desenvolvimento e sua presença está diretamente relacionada a
condições climáticas favoráveis e condições precárias de saneamento e higiene, a
sua infecção pode acarretar em danos a mucosa intestinal, provocando repostas
inflamatórias e imunes, causando má absorção e perda de ferro (CLAUS et al.,
2018), que já é um quadro presente nos pacientes de hemodiálise, podendo levar a
desnutrição e anemia severa nesses indivíduos.
Pacientes hemodialisados por possuírem o sistema imunológico
comprometido apresentam maior incidência de infecção parasitaria tanto por
monoparasitismo como poliparasitismo. Em estudo realizado com 86 doentes renais
crônicos em tratamento de hemodiálise residentes da cidade de Campo Mourão,
observou maiores taxas de biparasitismo da associação Blastocystis sp. e
Endolimax nana em 21,2% dos casos. Esta associação foi associada a relatos de
casos de diarreia nos pacientes, sendo preocupante a presença destes parasitas no
organismo uma vez que os sintomas podem evoluir em alterações da resposta
imune dos portadores, favorecendo infecções secundarias e agravos à saúde dos
mesmos. (KULIK et al., 2008).

6.4. Associação entre as variáveis ambientais e positividade de


enteroparasitismo

Referente a associação entre as variáveis ambientais e a positividade


enteroparasitaria nos hemodialisados, resultados semelhantes foram identificados
no estudo de Casavechia et al., (2016), com famílias atendidas por uma unidade
básica de saúde de Marialva no Pará, no qual analisando a associação entre alguns
fatores como jardim, água tratada, sistema de esgoto, animais domésticos e tipo de
moradia, encontrou associação apenas entre ter parasita e ter jardim na residência.
Em estudo realizado com crianças em Turbaco, Colômbia no qual os autores
obtiveram positividade de 30,5%, também não foi encontrada associação estatística
entre a presença de parasitas intestinais e os fatores de risco como animais de
estimação; lavagem das mãos antes do preparo da comida, após consumi-la ou
após ir ao banheiro; brincar com solo; água estagnada em torno da habitação ou
60

resíduos sólidos em torno da habitação. (VILLAFAÑE-FERRER, PINILLA-PÉREZ,


2016).

6.5. Concordância entre os resultados coprológicos dos métodos de


Hoffman e Sheather

A avaliação da acurácia foi realizada pela análise dos resultados das


amostras fecais, sendo que para Blastocystis spp., a técnica de Sheather
diagnosticou maior número de positividade. As técnicas de Hoffman e Sheather
apresentaram valor substancial pelo teste de kappa, sendo quase semelhantes para
o diagnóstico das espécies enteroparasitárias no presente estudo. Porem faz se
valido ressaltar que os dois Ascaris lumbricoides, encontrados nos exames, foram
identificados pela técnica de Hoffman. Cada técnica de analise apresenta melhor
acurácia para determinados parasitos, sendo importante a associação de técnicas
parasitológicas para o diagnóstico de enteroparasitos. (REZENDE et al., 2015).

6.6. Considerações

Este estudo é o primeiro a caracterizar detalhadamente o perfil ambiental e


sanitário de pacientes imunodeprimidos em especifico os hemodialisados, a maioria
dos estudos enfatizam apenas alguns aspectos sócio demográficos.
Este trabalho também identificou achados importantes de contaminação
enteroparasitológica, principalmente da espécie Blastocytis spp., nos participantes,
que elucida para pesquisas futuras buscarem compreender melhor qual está sendo
o meio de contaminação por esse parasita nos pacientes.
61

7. CONCLUSÃO

De acordo com as análises estatísticas realizadas não foi possível observar


associação entre o índice de positividade nos pacientes hemodialisados e os riscos
ambientais, porém os enteroparasitas encontrados possuem relação direta entre sua
presença com as condições do ambiente.
No que tange o perfil sociodemográfico dos pacientes a maioria foi do sexo
feminino, residentes na área urbana da cidade e apresentaram condições
ambientais satisfatórias e boas práticas de higiene, esta última que pode se dar pelo
fato do tratamento e da doença, estes indivíduos buscam se cuidar melhor.
Quanto ao perfil de saúde dos hemodialisados todos participantes
apresentaram alguma sintomatologia, e em alguns casos apresentando mais de um
sintoma, fazendo-se válido considerar e investigar as queixas destes sintomas como
possível infecção parasitaria nestes indivíduos, embora sejam queixas comuns nos
indivíduos hemodialisados, todos os participantes que relataram alguma queixa
albergavam algum enteroparasita, na presente pesquisa.
Observou-se que embora os pacientes possuam cobertura do atendimento
das unidades básica de saúde, os mesmos não utilizam o serviço e também não são
acompanhados pelo mesmo, um fator preocupante, uma vez que estes pacientes
são um grupo de risco que precisam ser assistidos mais atentamente, para evitar
complicações de saúde dos mesmos. A atenção primaria de saúde possui papel
primordial nos cuidados destes indivíduos podendo atuar como preventores de
agravos a saúde destes, e intervindo com educação em saúde para prevenção do
acometimento parasitário nos mesmos.
O índice de positividade enteroparasitária dos hemodialisados foi de 92,45%,
apresentando em sua maioria; parasitas de potencial patogênico que podem
acarretar em agravos a saúde dos mesmos, e estes não realizam acompanhamento
nem em nível da clínica de tratamento como em nível da atenção primaria para
realizarem exames frequentes que busquem identificar a presença de parasitas
intestinais. O Blastocystis spp. foi um achado importante na pesquisa, salientando
para estudos mais aprofundados da presença deste parasito na comunidade.
Enfatiza-se a importância da associação de técnicas de analises coprológicas,
para melhor acurácia e sensibilidade dos diagnósticos parasitários, uma vez que
alguns parasitas necessitam de técnicas mais especificas para o seu diagnóstico.
62

Recomendações

 Realizar novas pesquisas que busquem associar fatores ambientais com a


presença de enteroparasitas nos hemodialisados, e que busquem avaliar a
qualidade da água receptada nas moradias no município de Cáceres;

 Salientar melhorias das condições sanitárias no município no que tange


esgotamento e qualidade da água;

 Que as estratégias de saúde da família participem mais efetivamente do


acompanhamento desses pacientes, uma vez que ela possui importante papel no
combate de parasitoses por meio de práticas de educação em saúde e melhor
cuidado da saúde do indivíduo, principalmente do doente renal crônico que
necessita de um acompanhamento mais próximo;

 Orientar quanto à importância da solicitação de exames coprológicos para


protozoários como exame de rotina a ser realizado pela clínica de tratamento de
hemodiálise, levando em consideração reavaliação dos casos confirmados
positivos, uma vez que a medicação prescrita pode não ser eficaz.

Ações

 Foram entregues todos os resultados dos exames coprológicos para todos os


participantes da pesquisa, bem como foi entregue uma planilha com todos os
resultados para a equipe médica e de enfermagem da clínica de hemodiálise;

 Será entregue a versão final desta pesquisa para a clínica de hemodiálise.


63

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ANEXO I – QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS


79
80
81

ANEXO II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


82
83
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85

ANEXO III – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA


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