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PESQUISA

Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.
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PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA:


causas de saída do programa de diálise peritoneala

Joeci Aparecida Duarte JACOBOWSKIb


Rejane BORELLAb
Liana LAUTERTc

RESUMO

Trata-se de pesquisa retrospectiva, com revisão dos prontuários de 84 pacientes, que realizaram Diálise
Peritonial Ambulatorial no período de julho de 1996 a julho de 2001. O objetivo foi descrever as causas que acarre-
tam a saída destes indivíduos do programa de diálise. A idade média do grupo foi de 54,9 anos, sendo 52,4%
masculino e 53,6% tinham saneamento básico. As patologias de base do grupo foram Diabete Melito (39,3%) e
Hipertensão Arterial Sistêmica (36,9%). A incidência de peritonite foi de 53,6%, predominantemente no primeiro
ano (53,1%). Os principais motivos de saída do programa foram óbito (66,7%), complicação cirúrgica (8,3%) e
recuperação da função renal (8,3%).

Descritores: Dialise peritoneal. Insuficiência renal crônica. Peritonite. Enfermagem.

RESUMEN

Tratase de una investigación retrospectiva que repasó los archivos de 84 pacientes que han realizado Diá-
lisis Peritoneal a partir de julio de 1996 hasta julio de 2001. El objetivo fue describir los motivos de salida de los
sujetos del programa de diálisis. La edad media del grupo fue 54,9 años, siendo 52,4% masculino y 53,6% tenían
condiciones básicas de saneamiento. Las patologías de base (del grupo) fueron: Diabetes Melitus (39,3%) y
Hipertensión Arterial Sistémica (36,9%). La incidencia de Peritonites fue 53,6%, principalmente durante el primer
año (53,1%) de terapia. Las razones principales de salida del programa fueron el óbito (66,7%), complicaciones
quirúrgicas (8,3%) y recuperación de la función renal (8,3%).

Descriptores: Diálisis peritoneal. Insuficiencia renal crónica. Peritonitis. Enfermería.


Título: Pacientes con insuficiencia renal crónica: motivos de salida del programa de diálises peritoneal.

ABSTRACT

This a retrospective research which reviewed the files of 84 patients who underwent peritoneal dyalisis
from July 1996 to July 2001. The aim was describing the causes which led those patients to drop out the dyalisis
programme. The mean age of the group was 54.9 years old; 52.4% were male and 53.6% had proper sanitation
conditions. The base pathologies of the group were Diabetes Mellitus (39.3%) and Systemic Arterial Hypertension
(36.9%). The incidence of peritonitis was 53.6%, mainly during the first year (53.1%). The main reasons to leave
the programme were death (66.7%), surgical complications (8.3%) and replacement of the kidney function
(8.3%).

Descriptors: Peritoneal dialysis. Kidney failure, chronic. Peritonitis. Nursing.


Title: Chronic renal failure patients: reasons to drop out the peritoneal dyalisis programme.

a
Pesquisa apresentada ao curso de Especialização em Enfermagem em Nefrologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como re-
quisito parcial para obtenção do título de Especialista em Nefrologia.
b
Enfermeiras, Especialistas em Enfermagem em Nefrologia.
c
Enfermeira, Doutora, professora e diretora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes con insuficiencia Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Chronic renal failure patients:
renal crónica: motivos de salida del programa de diálises peritoneal reasons to drop out the peritoneal dyalisis programme [abstract]. Rev
[resumen]. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3): Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381.
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382 do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.

1 INTRODUÇÃO O primeiro relato sobre o uso da Diáli-


se Peritoneal foi apresentado à American So-
A preocupação crescente em adicionar ciety for Artificial and Internal Organs em
qualidade à vida dos indivíduos portadores 1976, sob a denominação de Diálise Perito-
de Insuficiência Renal Crônica (IRC) tem im- neal Equilibrada, a qual, em 1978, foi modi-
pulsionado o desenvolvimento de tecnologias ficada para Diálise Peritoneal Ambulatorial
que proporcionem um estilo de vida mais Contínua (DPAC)(1). Iniciou nos Estados Uni-
independente a estes sujeitos. Neste sentido, a dos com a utilização de frascos de vidro, mas
Diálise Peritoneal Ambulatorial (DPA), tan- foi no Canadá, que houve a disponibilização
to contínua (DPAC) como automática (DPA), da solução de diálise em bolsas plásticas, tor-
constituem alternativas terapêuticas que res- nado-a mais prática e reduzindo a incidência
gatam a liberdade de ação dos pacientes e de peritonites. No Brasil, a elaboração de um
propiciam o controle mais efetivo do quadro protocolo para o programa de DPAC ocorreu
clínico. No entanto, ainda hoje, muitos pa- em 1979 e o primeiro paciente que utilizou es-
cientes são excluídos desta modalidade de te método pertencia a um centro dialítico em
tratamento devido a diferentes complicações Curitiba, PR, em 1980(1). A partir daí, a diáli-
que, embora sua incidência esteja diminuin- se peritoneal, na sua fórmula ambulatorial e
do, ainda constituem o ponto fraco da Diálise contínua, tornou-se uma alternativa dialítica
Peritoneal. Portanto, torna-se imprescindível eficaz e muito bem aceita pelos portadores
conhecer os fatores envolvidos na realização de Insuficiência Renal Crônica que necessi-
da Diálise Peritoneal e suas complicações a tam de diálise(2).
fim de subsidiar a enfermagem na atenção A Diálise Peritoneal é realizada pela in-
as pessoas que utilizam esta alternativa tera- trodução de 1 a 3 litros de solução salina com
pêutica. dextrose, na cavidade peritoneal, por meio de
Frente ao exposto, optamos por desen- um cateter. As toxinas movem-se do sangue
volver um estudo para descrever as causas e tecidos circunjacentes para a solução de
que acarretam a saída dos pacientes renais diálise por difusão e ultrafiltração. A remoção
crônicos dos programas de Diálise Perito- dos produtos residuais e do excesso de água
neal (DPAC/DPA). corporal ocorre quando o dialisado é drena-
do. A diálise, de um modo geral, é processa-
2 DIÁLISE PERITONEAL: indicações e da em três fases: infusão, permanência e dre-
complicações nagem da solução(3).
A compreensão da ultra-estrutura da mem-
A terapêutica dos pacientes com diag- brana peritoneal e da forma como ocorre o
nóstico de IRC é constituída pelo tratamento transporte de solutos e fluídos através da
da doença básica, o controle da hipertensão membrana, bem como o surgimento de novas
arterial, o manejo dietético e o controle dos modalidades de diálise peritoneal e os avan-
possíveis fatores agravantes da perda de fun- ços na tecnologia de conexões e máquinas
ção renal. automatizadas, têm levado ao crescimento da
A indicação de diálise ocorre quando o utilização desse método para tratamento de
tratamento conservador é incapaz para man- pacientes com insuficiência renal. Progres-
ter a qualidade de vida do paciente. Nestes ca- sos no acesso peritoneal e da tecnologia de
sos a Diálise Peritoneal é uma alternativa tera- conexão diminuíram o risco de complicações
pêutica que preserva a função residual do rim, tais como a peritonite, uma das principais
controla níveis pressóricos e hematológicos e causas de saída de programa de diálise pe-
proporciona estabilidade hemodinâmica. ritoneal. Portanto, hoje, a Diálise Peritoneal
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oferece a vantagem da simplicidade e pre- A peritonite em diálise é definida como


serva por maior tempo a função renal resi- a presença de dialisato turvo, acompanhado
dual, pois contribui para a depuração total, de dor abdominal e/ou hipertermia(6). Nos ca-
facilitando alcançar a adequação na diáli- sos em que um desses sinais ocorre isola-
se, mantendo o balanço hídrico além de man- damente, o diagnostico poderá ser firma-
ter as funções de secreção de Eritropoietina do pela presença concomitante de hiperce-
(EPO) e produção da vitamina D. lularidade no liquido peritoneal, com mais
A depuração total está associada à di- de 100 leucócitos por metros cúbicos, sen-
minuição da mortalidade, da necessidade de do, pelo menos, 50% polimorfonucleares ou
drogas antihipertensivas e a redução da pre- pela detecção de microorganismos ao exame
valência de hipertrofia ventricular esquerda microbiológico direto ou na cultura(6).
bem como ao controle da pressão arterial, Embora a sobrevida da técnica da
evitando sobrecarga cardíaca, propiciando DPAC tenha melhorado nos últimos anos,
melhora do controle do volume hídrico e dos graças ao advento dos equipos descartáveis,
distúrbios eletrolíticos. Destaca-se também ela ainda continua sendo inferior a sobrevida
que dispensa acesso vascular, permite uma obtida em hemodiálise (HD), devido a inci-
dieta mais liberal a qual tem efeito positivo dência de infeção.
na qualidade de vida, permite que a insulina A infeção do óstio de saída do cateter
seja administrada nas bolsas dialíticas e favo- de Tenckhoff é uma complicação da Diá-
rece os cardiopatas e as crianças por apre- lise Peritoneal, que freqüentemente pode le-
sentar um tratamento mais suave, evitando var à peritonite e perda do cateter(7). A defi-
nição para infeção de óstio de saída é con-
desequilíbrios abruptos. Além disso, é útil
troversa, sendo que alguns especialistas a
naqueles casos em que há riscos decorren-
consideram pela descarga purulenta e cultu-
tes da necessidade de anticoagulação (ane-
ras positivas, e outros fazem seu diagnósti-
mia, distúrbios da coagulação e hemosside-
co pela presença de eritema pericateter e/ou
rose).
exudato, com ou sem cultura positiva. O de-
Com relação às complicações da Diáli-
bridamento do óstio e do cuff externo é uma
se Peritoneal, Thomé descreve que o maior
técnica satisfatória para contornar o proble-
problema para pacientes em Diálise Perito-
ma da infeção de óstio resistente a antibio-
neal sempre foi a ocorrência de peritonite(4). ticoterapia(1,7).
A evolução das novas técnicas favoreceu a Embora a incidência de peritonite este-
diminuição da contaminação intra-luminal pro- ja diminuindo, esta complicação persiste co-
vocada pela abertura do sistema durante as mo o calcanhar de Aquiles da DPAC/DPA.
trocas. Entretanto, os riscos de infeções per- Geralmente responsiva ao tratamento, tem
manecem elevados se considerarmos as in- significância devido aos custos associados
feções relacionadas ao cateter, isto devido ao diagnóstico, hospitalização e terapia, per-
ao fato deste continuar sendo um corpo es- da de produtividade, desnutrição, falência do
tranho que rompe as defesas cutâneas. As método com transferência para hemodiáli-
infeções de óstio, do túnel e a peritonite, são se e, em 1 a 3 % dos casos, evolução com óbi-
causas importantes de falha do tratamen- to do paciente(8).
to, podendo acarretar remoção do cateter e O Staphylococcus epidermidis (S. epider-
transferência para hemodiálise. Porém, com midis) é o agente causal mais freqüente das
advento do equipo em Y, descartável, ocor- peritonites em DPAC, seguido pelo S. aureus e
reu acentuada redução nas taxas de perito- pelos bastonetes Gram negativos(6). Dados na-
nite(5). cionais e latino-americanos, entretanto, apon-
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tam o S. aureus como o patógeno mais en- cia, planeja intervenções educativas junto
contrado(1,8). Uma das explicações para este aos pacientes, numa tentativa de ajudá-los
fator é o estado de portador nasal para S. au- a reaprender a viver nessa realidade, iden-
reus, condição capaz de influenciar as ta- tificando suas necessidades e auxiliando-
xas de peritonite e infeção do orifício do ca- os a descobrirem maneiras de viver dentro de
teter(5). seus limites e sentirem-se responsáveis e ca-
As principais causas de transferência pazes de cuidarem de si.
do paciente para hemodiálise, além da pe-
ritonite, são a subdiálise, falência de ultra- 4 MATERIAL E MÉTODO
filtração, hipertrigliceridemia grave intratá-
vel, problemas técnicos, surgimento de des- Trata-se de um estudo descritivo retros-
nutrição grave e má aderência ao tratamen- pectivo realizado em duas Clinicas de Diálise,
to(9). credenciadas pelo Ministério da Saúde para
tratamento de Diálise Peritoneal; uma locali-
3 A ENFERMEIRA NO CUIDADO AOS zada em Florianópolis, SC e outra em Passo
PACIENTES EM DPAC/DPA Fundo, RS. Foram incluídos no estudo todos
os prontuários dos pacientes com Insuficiên-
A enfermeira é fundamental para ava- cia Renal Crônica em programa de Diálise
liar as condições do paciente e seu aprendi- Peritoneal (DPAC/DPA), cadastrados pelas
zado, pois é ela quem vai explicar a técnica clínicas de diálise, que saíram do programa
das trocas de bolsas, fornecer orientações e no período de julho de 1996 a julho de 2001,
acompanhar o funcionamento do método dia- totalizando 84 prontuários em cinco anos.
lítico. Optou-se por estas clínicas por serem o local
Ela acompanha e auxilia o paciente du- de atuação das autoras e por apresentarem
um programa específico de acompanhamen-
rante o implante do cateter no centro cirúrgi-
to e educação em saúde das pessoas subme-
co; realiza acompanhamento no período Break
tidas à Diálise Peritoneal.
in, sempre atenta ao aspecto do curativo no
Os dados foram coletados pelas pes-
local de implante do cateter, extravasamento
quisadoras, por meio do preenchimento de
de líquidos, edema, sintomas urêmicos e prin-
uma planilha na qual foram registradas in-
cipalmente às queixas do paciente (dor na dre-
formações relativas aos motivos de suspen-
nagem e infusão). Participa da evolução do
são da Diálise Peritoneal. Estes foram orga-
paciente, coleta informações para o banco de
nizados e submetidos a análises estatísticas
dados e faz os registro e providencia os ma- descritivas.
teriais necessários. Realiza visitas domicilia- A fim de atender a Resolução 196 que
res periódicas para acompanhamento do pa- regulamenta a pesquisa com seres humanos,
ciente, esclarecendo suas dúvidas e reforçan- além da solicitação para a coleta de dados
do os cuidados a serem desenvolvidos. É uma nos prontuários dos pacientes adultos das
constante educadora, pois além do treinamen- duas clínicas, utilizou-se o Termo de Respon-
to dos pacientes e familiares, realiza recicla- sabilidade pelo uso dos dados(11).
gens periódicas e participa das avaliações jun-
to ao médico. 5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS
Percebe-se que entre os profissionais de DADOS
saúde, a enfermeira é que atua de modo mais
próximo e constante com os pacientes(10). É Os dados coletados nas duas clínicas se-
esta profissional que, através da assistên- rão apresentados em conjunto por não apre-
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sentarem diferenças estatisticamente signifi- Tabela 1 – Distribuição dos pacientes segundo


cativas. o grau de instrução. Florianópolis,
SC, Passo Fundo, RS, 2001.
5.1 Caracterização sócio-demográfica da
amostra Grau de Instrução n %

Analfabeto 08 9,5
Dos oitenta e quatro prontuários revi- Ens. Fund. completo/incompleto 39 46,5
sados, 40 (47,6%) pertenciam a pacientes do Ens. Médio completo/incompleto 30 35,7
sexo feminino e 44 (52,4%) a pacientes do se- Ens. Superior completo 07 8,3
xo masculino. A idade dos pacientes variou Total 84 100,0
de 15 a 88 anos, sendo a idade média de 54,9
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo,
anos (dp = 16,2) e a mediana de 58 anos. Es- 2001.
sa mesma distribuição foi encontrada por al-
guns autores(5). Observa-se um número de pa- Os treinamentos sobre a Diálise Peri-
cientes do sexo masculino discretamente maior toneal são personalizados e ministrados de
que o feminino, com predominância da etnia acordo com as necessidades de aprendiza-
branca (84,56%), sendo que 71 (84,5%) eram gem de cada um. No entanto, trabalhar com
casados. um grupo onde 90,5% possui alguma esco-
Quanto à moradia, 54 (64,3%) moravam laridade, possibilita à enfermeira ampliar o
em casa de alvenaria, 23 (27,4%) em casa de treinamento e fornecer materiais escritos pa-
madeira e 7 (8,3%) em casa mista, 75 (89,3%) ra os pacientes além das orientações verbais.
possuíam saneamento básico. Com relação ao Há um perfil básico do paciente com
local da casa selecionado para realização dos maior probabilidade de sucesso em DPAC,
procedimentos de diálise peritoneal, 4 (4,8%) no qual inclui-se: a capacidade de compreen-
utilizavam ambientes especiais e 80 (95,2%) der os conceitos básicos da técnica; disci-
realizavam os procedimentos em seus pró- plina para executar tarefas em horários rígi-
prios dormitórios. dos e de maneira automatizada; executar as
Observando-se os dados é nítido o en- trocas de bolsas pessoalmente; família par-
volvimento familiar neste tipo de terapia re- ticipante; condições domiciliares mínimas;
nal substitutiva, pois 64 (76,2%) pacientes facilidade de comunicação e locomoção para
eram dependentes de terceiros para execu- a Unidade(8).
ção dos procedimentos dialíticos, e destes, Assim, os achados deste estudo mostram
em 60 casos, o familiar auxiliava ou realiza- concordância com os dados da literatura, ou
va o procedimento em sua integralidade. seja, este grupo de pacientes apresenta mui-
A situação sócio-econômica do paciente tas das características básicas recomendadas
e o apoio familiar para o tratamento domici- para o êxito da DPAC.
liar são fatores a serem considerados, pois
deles depende a continuidade do tratamento 5.2 Dados referentes à permanência ou saí-
escolhido(12). O fator de maior relevância pa- da dos pacientes do programa de Diálise
ra selecionarmos um paciente para o pro- Peritoneal (DPAC/APD)
grama de DPAC é, sem dúvida, a vontade
manifestada pelo paciente de assumir seu Embora a sobrevida da técnica da DPAC
autocuidado, no entanto, o grau de instrução tenha melhorado nos últimos anos graças ao
é importante pois possibilita que o paciente advento dos equipos descartáveis, ela conti-
receba instruções escritas e muitas vezes au- nua sendo inferior à sobrevida obtida em he-
xilia no entendimento das instruções. modiálise devido a incidência de infeção(5,6).
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Tabela 2 – Distribuição dos pacientes segundo Neste estudo, chama atenção o grande
tempo de permanência no Programa número de pacientes com Insuficiência Re-
de Diálise Peritoneal (DPAC/DPA). nal Crônica decorrente da Hipertensão Arte-
Florianópolis, SC, Passo Fundo, RS, rial Sistêmica, apesar da Diabete Melito ter
2001. predominância em relação às demais enfer-
midades (39,3%), apresentando um percen-
Tempo em
programa n % tual semelhante a outros estudos(4). A presen-
0 a 1 ano 43 51,2 ça de Diabete Melito aumenta o risco de infe-
1 a 2 anos 18 21,4 ções, podendo estar associada à incidência
2 a 3 anos 15 17,9 de peritonite.
3 a 4 anos 02 2,4 Desde a introdução da técnica de DPAC,
4 a 5 anos 06 7,1
a peritonite tem sido apontada como a prin-
Total 84 100,0 cipal causa de falência e descontinuação des-
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo, sa alternativa terapêutica(7), podendo ser con-
2001.
siderada a mais grave complicação do méto-
do dialítico, pelo impacto sobre a morbida-
Quanto ao tempo de permanência no
de dos pacientes tratados, pois além da per-
programa de Diálise Peritoneal, observou-se
da de produtividade e transferência para he-
que a maioria dos pacientes (51,2%) perma-
modiálise, 1 a 3% dos casos, evolui para o
neceu por um período máximo de um ano.
óbito(8).
Este fato pode ser atribuído ao elevado nú-
Do total de prontuários revisados, 45
mero de pacientes idosos, cuja média de
(53,6%) pacientes apresentaram peritonite
idade foi de 54,9 (Md 58) anos, além de te-
em algum momento do tratamento. Estes da-
rem como patologia de base a Diabete Me-
dos são preocupantes, uma vez que os pa-
lito (39,3%) ou a Hipertensão Arterial Sistê-
cientes são selecionados criteriosamente para
mica (36,9%) ao ingressaram no programa.
este tipo de terapia, ao mesmo tempo que
Estes dados assemelham-se aos encontrados
são utilizados materiais que facilitam o pro-
na literatura, onde 83% mudou de terapia
cedimento e existe o acompanhamento cons-
dialítica no primeiro ano(1).
tante da enfermeira.
Tabela 3 – Distribuição dos pacientes de acordo Tabela 4 – Distribuição dos pacientes segundo
com a doença de base. Florianópolis, o tempo no programa e a ocorrência
SC, Passo Fundo, RS, 2001. da primeira peritonite. Florianópo-
Doença de Base n %
lis, SC, Passo Fundo, RS, 2001.

Diabetes Mellitus 33 39,3 Tempo no programa n %


Hipertensão Arterial Sistêmica 31 36,9 0 a 3 meses 13 28,8
Glomerulonefrite Crônica 08 9,5 3 a 6 meses 05 11,1
Lupus Eritematoso Sistêmico 03 3,6 6 a 9 meses 04 8,8
Pielonefite 02 2,4 9 a 12 meses 02 4,4
Rins Policísticos 03 3,6 1 a 2 anos 11 24,4
Indeterminada 03 3,6 2 a 3 anos 08 17,7
Hanseníase 01 1,2 3 a 4 anos 01 2,2
4 a 5 anos 01 2,2
Total 84 100,0 Total 45 100,0
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo, Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo,
2001. 2001.
Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
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Dos 45 (53,6%) pacientes que apresen- periência, insegurança e conflitos que os pa-
taram peritonite durante a permanência no cientes e familiares enfrentam diante de uma
programa de Diálise Peritoneal, 28,8% a apre- situação extremamente nova. Estes dados con-
sentou nos primeiros três meses de inser- vergem com outros estudos(2,8).
ção do cateter, alcançando 53,1% no pri- Quanto aos microrganismos presentes
meiro ano. Autores(2) relatando a experiência nas culturas, verificou-se que na literatura dos
de 10 anos, descrevem que a probabilidade países do hemisfério norte, o Staphylococcus
de um paciente desenvolver peritonite até o epidermidis (S. epidermidis) é apontado como
final do primeiro ano de tratamento foi de o agente causal mais freqüente das peritoni-
57,8%, percentual semelhante ao nosso. tes em DPAC, seguido pelo S. aureus e pelos
Este dado, no entanto, é preocupante bastonetes Gram negativos(6). Entretanto, da-
considerando as pesquisas que apontam a dos nacionais e latino-americanos(1,8) apontam
peritonite como responsável por 24,2% das o S. aureus como o mais freqüente, coinci-
hospitalizações dos pacientes, por 6,7% dos dindo com os achados deste estudo.
óbitos, e que o aumento da incidência de 0,5%
dos episódios de peritonite por paciente ao Tabela 5 – Distribuição dos microorganismos
ano associa-se à elevação de 10% do risco de isolados nas culturas de líquido
óbito(6). peritoneal, na ocasião da primeira
Estas evidências reforçam a necessida- peritonite. Florianópolis, SC, Pas-
de da enfermeira atentar para as revisões so Fundo, RS, 2001.
e treinamentos dos pacientes e familiares no
primeiro ano, preferencialmente nos primei- Microorganismo n %
ros meses do tratamento. Os pacientes mal Staphylococcus Aureus 36 80,0
adaptados, com elevada incidência de peri- Acnetobacter Baumanni 02 4,4
tonites e/ou infeções de túnel ou os mais Escherichia Coli 02 4,4
Enterococcus 01 2,2
criativos, deveriam ser retreinados pelo me- Fúngica 01 2,2
nos a cada três meses, bem como aqueles Pseudomonas 01 2,2
com o segundo episódio de peritonite em tem- Streptococus 02 4,4
po inferior a doze meses, os quais também Total 45 100,0
deveriam constituir alvos para retreinamento.
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo,
Analisando as ocorrências de peritoni- 2001.
te por ano estudado, obteve-se a freqüência
acumulada de 24 (53,1%) casos no primeiro Em nosso estudo encontramos resulta-
ano, 11 (24,4%) casos no segundo ano, e que, dos semelhantes aos da literatura brasilei-
com o acréscimo dos anos, a incidência de ra(1,2,8), onde o microorganismo mais freqüen-
peritonite foi reduzindo. Tal fato nos leva a temente isolado na cultura do líquido perito-
inferir que a habilidade e aperfeiçoamento neal foi o S. aureus (80,0%). Uma das expli-
dos pacientes em relação ao procedimento da cações para este fator é o estado de porta-
Diálise Peritoneal (DPAC/DPA) foi melhoran- dor nasal para S. aureus, condição capaz de
do com o passar dos meses, ao mesmo tem- influenciar as taxas de peritonite e infeção do
po que estes procedimentos foram reforça- orifício do cateter(6).
dos sistematicamente e, sempre que neces- Fungos, Enterococcus e Pseudomonas fo-
sário, através de retreinamentos oferecidos ram agentes etiológicos isolados em apenas
pelas enfermeiras 1 (2,2%) episódio de peritonite, evidenciando
A alta incidência de peritonite no pri- sua baixa incidência neste grupo. Dados se-
meiro ano de tratamento foi atribuída à inex- melhantes são relatados por outros autores(2).
Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
388 do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.

Apesar de nossos dados convergirem que paralelamente alteram-se as caracterís-


com os de outros estudos, necessitamos de ticas de transporte peritoneal, no sentido dos
pesquisas que evidenciem a relação entre os pacientes tenderem a ficar altos transporta-
fatores responsáveis por estas infeções. dores, com diminuição e até perda da capa-
cidade peritoneal de ultrafiltração. A medida
Tabela 6 – Distribuição dos pacientes segundo que o volume urinário reduz, faz-se necessá-
o motivo da saída do programa de rio maior quantidade de bolsas de dialisado,
Diálise Peritoneal. Florianópolis, o que acarretará maior lesão à membrana
SC, Passo Fundo, RS, 2001. peritoneal. A perda da Função Renal Resi-
dual (FFR) ocorre de maneira mais lenta na
Motivo da saída n %
diálise peritoneal do que na hemodiálise, po-
do programa rém o impacto dessa perda é bem maior nos
Óbito 56 66,7 pacientes submetidos à diálise peritoneal(13).
Complicação cirúrgica 07 8,3 Dos 84 prontuários estudados, em 7 (8,3%)
Recuperação da função renal 07 8,3
observou-se recuperação parcial da FRR,
Peritonite 06 7,1
Transplante renal 04 4,8 possibilitando alta de qualquer uma das mo-
Falência da ultra filtração 02 2,4 dalidades dialíticas e 2 (2,4%) tiveram falên-
Opção do paciente 01 1,2 cia de Ultra Filtração (UF), onde foram obri-
Transferência de centro 01 1,2 gados a mudarem de terapia renal substitu-
Total 84 100,0 tiva.
Em um estudo, dos 222 pacientes trata-
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo,
2001.
dos numa experiência acumulada de 15 anos,
11,7% foram transplantados(1). Nosso índice
A peritonite é considerada a maior compli- de pacientes transplantados em cinco anos foi
cação do paciente em DPA(1,2). Esta gera para os um pouco melhor (4,8%), entretanto ainda re-
pacientes muitas internações e saídas do pro- flete a precariedade das Unidades de trans-
grama, chegando ser a responsável por 76,65% plante em nosso país.
das causas de saída na pesquisa de alguns auto- Dos 84 indivíduos que foram tratados em
res(1). Em nosso estudo foi observado que a nossos serviços, 1 (1,2%) mudou de centro de
peritonite causou apenas 6 (7,1%) das interrup- acompanhamento, 1 (1,2%) optou em abando-
ções do programa. Talvez isso se deva ao pro- nar o tratamento e 56 (66,7%) foram a óbito
tocolo instituído pelas duas clínicas deste estu- no período estudado. Apesar do índice de mor-
do, onde após o primeiro episódio de peritonite, talidade ser semelhante à incidência descrita
os pacientes e/ou familiares são retreinados por alguns autores(1), faz-se necessário algu-
pelas enfermeiras, na tentativa de aprimorar as mas considerações a cerca dos pacientes
técnicas empregadas e estimular o paciente pa- deste estudo.
ra aumentar seu engajamento no programa. A maioria dos pacientes que ingres-
A peritonite, apesar de não ter represen- saram no tratamento de Diálise Peritoneal nas
tado uma das principais causas de saída do clínicas, no período em estudo, não teve a
programa, continua sendo considerada como a DPAC como tratamento inicial, sendo trans-
mais grave complicação desse método dialíti- feridos de Unidades de Hemodiálise devido,
co pelo seu impacto sobre a morbidade. muitas vezes, à falência de acesso vascular
O paciente, ao longo do tempo em diáli- ou intolerância ao método hemodialítico, ou
se peritoneal, vai perdendo progressivamente seja, iniciaram a Diálise Peritoneal somente
a Função Renal Residual (FRR) e, conseqüen- quando tiveram problemas. Além disso ao in-
temente, diminuindo o volume urinário, sendo gressarem no programa apresentavam Função
Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.
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Renal Residual mínima. Assim o grande nú- de pulmão, insuficiência cardíaca congesti-
mero de indivíduos provenientes desta sele- va e infarto agudo do miocárdio, totalizaram
ção negativad, parece ter tido um importan- 10 (17,85%), os quais somados à parada cár-
te impacto na média do tempo de sobrevida dio respiratória, totalizam 30,3%. Essas pa-
do grupo de pacientes. tologias têm incidência elevada em grupos
Mais da metade dos pacientes acom- que pertencem à faixa etária do grupo em
panhados apresentava pelo menos um fator estudo.
de risco para morte prematura ao entrar no A peritonite constou como causa de óbi-
programa. Chama atenção o número de óbi- to em 3,6% dos casos e a sepses em 8,9%,
tos por problemas cardiovasculares, os quais representando 12,5% dos óbitos além de ser
superaram qualquer outro identificado, des- responsável pela saída de 7,1% dos pacientes
locando a curva de sobrevida destes pacien- do programa de DPA. Estes achados são de
tes de maneira marcante. Na literatura, tal extrema relevância, uma vez que esta compli-
fenômeno não foi observado nesta intensi- cação é passível de prevenção e redução de
dade(2,5). sua incidência, mediante a atuação da enfer-
meira em programas de promoção e edu-
Tabela 7 – Distribuição dos pacientes segundo cação em saúde, com diferentes alternativas
a causa do óbito. Florianópolis, SC, pedagógicas(14) que favoreçam a adesão do
Passo Fundo, RS, 2001. paciente e familiares aos cuidados e trata-
mento.
Causa do óbito n %

Parada Cárdio Respiratória 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS


causa desconhecida 23 41,1
Acidente Vascular Encefálico Foram estudados 84 prontuários de pa-
Hemorrágico/Isquêmico 0,7 12,4
Sepses 0,5 8,9
cientes portadores de insuficiência renal crô-
Insuficiência Cardíaca nica, em programa de Diálise Peritoneal
Congestiva 0,4 7,1 (DPAC/DPA) em duas clínicas de Hemodiá-
Infarto Agudo do Miocárdio 0,3 4,4 lise no período entre julho de 1996 e julho de
Edema Agudo de Pulmão 0,3 5,4 2001, perfazendo 5 anos.
Nefropatia Diabética 0,3 5,4
Peritonite 0,3 3,6
Os pacientes deste grupo apresentaram
Câncer de Próstata 0,2 3,8 idade média de 54,9 anos, possuíam boas
Câncer de Útero 0,1 1,8 condições de moradia, onde 75 (53,6 %) ti-
Hemorragia Digestiva 0,1 1,8 nham saneamento básico e 76 (90,5%) algum
Aspiração Gástrica 0,1 1,8 grau de instrução. Apesar dos inúmeros pon-
Politraumatizado 0,1 1,8
tos favoráveis à terapia da Diálise Perito-
Total 56 100,0 neal Ambulatorial, 45 (53,6%) desenvolve-
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis / Passo Fundo,
ram peritonite, sendo que destes, 53,1% a
2001. apresentou no primeiro ano. Isto pode ser de-
corrente da inexperiência e dúvidas existen-
O índice de mortalidade foi alto devi- tes acerca do procedimento dialítico, carac-
do a presença de fatores de risco, tais como terizando o primeiro ano como um período
doenças cardiovasculares que, computando de adaptação de suas vidas cotidianas a uma
o número de pacientes com edema agudo nova realidade.
A peritonite, apesar da incidência de
53,6%, não foi considerada como princi-
d
São escolhidos os casos piores. pal causa de saída do programa, sendo res-
Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
390 do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.

ponsável por 7,1% destas e associada a 12,5% mas de educação continuada deste grupo, a
dos óbitos. Portanto, deve ser ressaltada a fim de reduzir as taxas de infeção que ainda
preocupação das Unidades de Diálise para causam tanto dano.
educarem os pacientes e familiares através
de retreinamentos individualizados com o ob- REFERÊNCIAS
jetivo de melhorar o desempenho e o ingres-
so do paciente em programa, principalmen- 1 Pecoits-Filho RS, Pasqual DD, Uerbringer R,
te no primeiro ano desta modalidade tera- Sauthier SM. Diálise Peritoneal Ambulatorial Con-
pêutica. tínua (DPAC): experiência de 15 anos em Curitiba.
Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo 1998
A principal causa de saída do programa
mar;20(1):22-30.
foi por óbito, correspondendo a 66,7%. Aqui
devem ser lembrados os fatores de risco aos 2 Bevilacqua JL, Marabezi MGB, Caniello CA, Ca-
quais este grupo estava exposto, tais como o margo MC. Diálise Peritoneal Ambulatorial Contí-
Diabete Melito (39,3%) e a Hipertensão Ar- nua (DPAC): experiência de 10 anos de um centro
terial Sistêmica (36,9%), além de outros even- brasileiro. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Pau-
tos cardiovasculares, os quais influenciaram lo 1995 dez;17(4):206-13.
a sobrevida dos pacientes. Acredita-se que a
3 Sorkin MI, Diaz-Buxo. Fisiologia da diálise pe-
seleção negativa destes indivíduos para DPA
ritoneal. In: Daugirdas JT, Ing TS. Manual de
parece ter tido um importante impacto na so- diálise. Rio de Janeiro: Medsi; 1991. 714 p. p. 163-
brevida deste grupo. Portanto, a identificação 77.
de situações reversíveis ou que necessitem
de cuidados especiais como o manejo do Dia- 4 Thomé SF. Comentário editorial: infeções relacio-
bete Melito ou das doenças cardiovasculares nadas a cateter: um desafio em DPAC. Jornal Brasi-
deve ser enfatizada para que se possa dimi- leiro de Nefrologia, São Paulo 1996 dez;18(4):389-
nuir a mortalidade dos pacientes em Diálise 92.
Peritoneal (DPAC/DPA).
5 Moreira PRR, Ferreira S, Almas ACG, Peralva
Os índices de mortalidade vêm diminuin- LEL. Infeção do orifício de saída: uma complica-
do nos últimos anos, o que provavelmente re- ção importante na diálise peritoneal ambulato-
flete melhora no manejo das complicações, rial contínua. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São
além de maior atenção nos critérios de sele- Paulo 1996 dez;18(4):348-55.
ção dos pacientes e na adequação dialítica.
A identificação e atenção aos grupos de 6 Barretti P, Montelli AC, Cunha ML, Caramori JCT.
risco, a busca de níveis de adequação ideais Atualização em diálise: tratamento atual das pe-
ritonites em diálise peritoneal ambulatorial contí-
e a seleção criteriosa devem alterar de ma-
nua. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo
neira significativa a morbidade e mortali- 2001 mar;23(2):114-20.
dade dos pacientes.
Acredita-se que a Diálise Peritoneal 7 Antunes I, Abensur H, Kakehashi ET, Romão MAF.
(DPAC/APD) parece ser uma opção interes- Debridamento do óstio de saída e “cuff” externo do
sante no tratamento de pacientes portadores cateter de Tenckhoff: uma tentativa para poupar o
de Insuficiência Renal Crônica, face às van- cateter. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo
tagens que oferece, a melhora dos índices de 1995 jun;17(2):105-9.
infeções relacionadas ao tratamento e ao de-
8 Bevilacqua JL, Guerra JL. Protocolo para DPAC.
senvolvimento de novas técnicas, equipamen- Baxter Hospitalar, Sorocaba (SP) 2000 jun: 5-10
tos e soluções de diálise. No entanto, ainda
existe um caminho longo a ser percorrido pe- 9 Thomé FS, Karohl C, Gonçalves LFS, Manfro
las enfermeiras no que se refere aos progra- RC. Métodos dialíticos. In: Barros EJG, Tomé FS,
Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.
391

Manfro RC, Gonçalves LFS. Nefrologia: roti- 12 Ilha LH, Proença MC. Diálise peritoneal. In:
nas,diagnóstico e tratamento. 2a ed. Porto Alegre Barros EJG, Tomé FS, Manfro RC, Gonçalves
(RS): Artes Médicas; 1999. 627 p. p. 441-59. LFS. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamen-
to. 2a ed. Porto Alegre (RS): Artes Médicas; 1999.
10 Cesarino CB, Casagrande LDR. Paciente com 627 p. p. 542-52.
insuficiência renal crônica em tratamento hemo-
dialítico: atividade educativa do enfermeiro. Re- 13 Abensur H, Araújo MRT. Atualização em diálise:
vista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão importância da função renal residual na técnica
Preto (SP) 1998 out;6(4):31-40. de diálise peritoneal ambulatorial contínua. Jor-
nal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo 2000 jun;
11 Ministério da Saúde (BR), Conselho Nacional de 22(2):110-3.
Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
em Seres Humanos. Resolução 196, de 10 de ou- 14 Pereira GA, Lima MADS. Relato de experiência
tubro de 1996: diretrizes e normas regulamen- com grupo na assistência de enfermagem a diabé-
tadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. ticos. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Ale-
Brasília (DF): 1997. 20 p. gre (RS) 2002 jul;23(2):142-57.

Endereço da autora/Author´s address: Recebido em: 18/03/2004


Liana Lautert Aprovado em: 31/05/2005
Rua São Manoel, 963
90.620-110, Porto Alegre, RS
E-mail: lila@enf.ufrgs.br

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