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Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.
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RESUMO
Trata-se de pesquisa retrospectiva, com revisão dos prontuários de 84 pacientes, que realizaram Diálise
Peritonial Ambulatorial no período de julho de 1996 a julho de 2001. O objetivo foi descrever as causas que acarre-
tam a saída destes indivíduos do programa de diálise. A idade média do grupo foi de 54,9 anos, sendo 52,4%
masculino e 53,6% tinham saneamento básico. As patologias de base do grupo foram Diabete Melito (39,3%) e
Hipertensão Arterial Sistêmica (36,9%). A incidência de peritonite foi de 53,6%, predominantemente no primeiro
ano (53,1%). Os principais motivos de saída do programa foram óbito (66,7%), complicação cirúrgica (8,3%) e
recuperação da função renal (8,3%).
RESUMEN
Tratase de una investigación retrospectiva que repasó los archivos de 84 pacientes que han realizado Diá-
lisis Peritoneal a partir de julio de 1996 hasta julio de 2001. El objetivo fue describir los motivos de salida de los
sujetos del programa de diálisis. La edad media del grupo fue 54,9 años, siendo 52,4% masculino y 53,6% tenían
condiciones básicas de saneamiento. Las patologías de base (del grupo) fueron: Diabetes Melitus (39,3%) y
Hipertensión Arterial Sistémica (36,9%). La incidencia de Peritonites fue 53,6%, principalmente durante el primer
año (53,1%) de terapia. Las razones principales de salida del programa fueron el óbito (66,7%), complicaciones
quirúrgicas (8,3%) y recuperación de la función renal (8,3%).
ABSTRACT
This a retrospective research which reviewed the files of 84 patients who underwent peritoneal dyalisis
from July 1996 to July 2001. The aim was describing the causes which led those patients to drop out the dyalisis
programme. The mean age of the group was 54.9 years old; 52.4% were male and 53.6% had proper sanitation
conditions. The base pathologies of the group were Diabetes Mellitus (39.3%) and Systemic Arterial Hypertension
(36.9%). The incidence of peritonitis was 53.6%, mainly during the first year (53.1%). The main reasons to leave
the programme were death (66.7%), surgical complications (8.3%) and replacement of the kidney function
(8.3%).
a
Pesquisa apresentada ao curso de Especialização em Enfermagem em Nefrologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como re-
quisito parcial para obtenção do título de Especialista em Nefrologia.
b
Enfermeiras, Especialistas em Enfermagem em Nefrologia.
c
Enfermeira, Doutora, professora e diretora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes con insuficiencia Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Chronic renal failure patients:
renal crónica: motivos de salida del programa de diálises peritoneal reasons to drop out the peritoneal dyalisis programme [abstract]. Rev
[resumen]. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3): Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381.
381.
Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
382 do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.
tam o S. aureus como o patógeno mais en- cia, planeja intervenções educativas junto
contrado(1,8). Uma das explicações para este aos pacientes, numa tentativa de ajudá-los
fator é o estado de portador nasal para S. au- a reaprender a viver nessa realidade, iden-
reus, condição capaz de influenciar as ta- tificando suas necessidades e auxiliando-
xas de peritonite e infeção do orifício do ca- os a descobrirem maneiras de viver dentro de
teter(5). seus limites e sentirem-se responsáveis e ca-
As principais causas de transferência pazes de cuidarem de si.
do paciente para hemodiálise, além da pe-
ritonite, são a subdiálise, falência de ultra- 4 MATERIAL E MÉTODO
filtração, hipertrigliceridemia grave intratá-
vel, problemas técnicos, surgimento de des- Trata-se de um estudo descritivo retros-
nutrição grave e má aderência ao tratamen- pectivo realizado em duas Clinicas de Diálise,
to(9). credenciadas pelo Ministério da Saúde para
tratamento de Diálise Peritoneal; uma locali-
3 A ENFERMEIRA NO CUIDADO AOS zada em Florianópolis, SC e outra em Passo
PACIENTES EM DPAC/DPA Fundo, RS. Foram incluídos no estudo todos
os prontuários dos pacientes com Insuficiên-
A enfermeira é fundamental para ava- cia Renal Crônica em programa de Diálise
liar as condições do paciente e seu aprendi- Peritoneal (DPAC/DPA), cadastrados pelas
zado, pois é ela quem vai explicar a técnica clínicas de diálise, que saíram do programa
das trocas de bolsas, fornecer orientações e no período de julho de 1996 a julho de 2001,
acompanhar o funcionamento do método dia- totalizando 84 prontuários em cinco anos.
lítico. Optou-se por estas clínicas por serem o local
Ela acompanha e auxilia o paciente du- de atuação das autoras e por apresentarem
um programa específico de acompanhamen-
rante o implante do cateter no centro cirúrgi-
to e educação em saúde das pessoas subme-
co; realiza acompanhamento no período Break
tidas à Diálise Peritoneal.
in, sempre atenta ao aspecto do curativo no
Os dados foram coletados pelas pes-
local de implante do cateter, extravasamento
quisadoras, por meio do preenchimento de
de líquidos, edema, sintomas urêmicos e prin-
uma planilha na qual foram registradas in-
cipalmente às queixas do paciente (dor na dre-
formações relativas aos motivos de suspen-
nagem e infusão). Participa da evolução do
são da Diálise Peritoneal. Estes foram orga-
paciente, coleta informações para o banco de
nizados e submetidos a análises estatísticas
dados e faz os registro e providencia os ma- descritivas.
teriais necessários. Realiza visitas domicilia- A fim de atender a Resolução 196 que
res periódicas para acompanhamento do pa- regulamenta a pesquisa com seres humanos,
ciente, esclarecendo suas dúvidas e reforçan- além da solicitação para a coleta de dados
do os cuidados a serem desenvolvidos. É uma nos prontuários dos pacientes adultos das
constante educadora, pois além do treinamen- duas clínicas, utilizou-se o Termo de Respon-
to dos pacientes e familiares, realiza recicla- sabilidade pelo uso dos dados(11).
gens periódicas e participa das avaliações jun-
to ao médico. 5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS
Percebe-se que entre os profissionais de DADOS
saúde, a enfermeira é que atua de modo mais
próximo e constante com os pacientes(10). É Os dados coletados nas duas clínicas se-
esta profissional que, através da assistên- rão apresentados em conjunto por não apre-
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Analfabeto 08 9,5
Dos oitenta e quatro prontuários revi- Ens. Fund. completo/incompleto 39 46,5
sados, 40 (47,6%) pertenciam a pacientes do Ens. Médio completo/incompleto 30 35,7
sexo feminino e 44 (52,4%) a pacientes do se- Ens. Superior completo 07 8,3
xo masculino. A idade dos pacientes variou Total 84 100,0
de 15 a 88 anos, sendo a idade média de 54,9
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo,
anos (dp = 16,2) e a mediana de 58 anos. Es- 2001.
sa mesma distribuição foi encontrada por al-
guns autores(5). Observa-se um número de pa- Os treinamentos sobre a Diálise Peri-
cientes do sexo masculino discretamente maior toneal são personalizados e ministrados de
que o feminino, com predominância da etnia acordo com as necessidades de aprendiza-
branca (84,56%), sendo que 71 (84,5%) eram gem de cada um. No entanto, trabalhar com
casados. um grupo onde 90,5% possui alguma esco-
Quanto à moradia, 54 (64,3%) moravam laridade, possibilita à enfermeira ampliar o
em casa de alvenaria, 23 (27,4%) em casa de treinamento e fornecer materiais escritos pa-
madeira e 7 (8,3%) em casa mista, 75 (89,3%) ra os pacientes além das orientações verbais.
possuíam saneamento básico. Com relação ao Há um perfil básico do paciente com
local da casa selecionado para realização dos maior probabilidade de sucesso em DPAC,
procedimentos de diálise peritoneal, 4 (4,8%) no qual inclui-se: a capacidade de compreen-
utilizavam ambientes especiais e 80 (95,2%) der os conceitos básicos da técnica; disci-
realizavam os procedimentos em seus pró- plina para executar tarefas em horários rígi-
prios dormitórios. dos e de maneira automatizada; executar as
Observando-se os dados é nítido o en- trocas de bolsas pessoalmente; família par-
volvimento familiar neste tipo de terapia re- ticipante; condições domiciliares mínimas;
nal substitutiva, pois 64 (76,2%) pacientes facilidade de comunicação e locomoção para
eram dependentes de terceiros para execu- a Unidade(8).
ção dos procedimentos dialíticos, e destes, Assim, os achados deste estudo mostram
em 60 casos, o familiar auxiliava ou realiza- concordância com os dados da literatura, ou
va o procedimento em sua integralidade. seja, este grupo de pacientes apresenta mui-
A situação sócio-econômica do paciente tas das características básicas recomendadas
e o apoio familiar para o tratamento domici- para o êxito da DPAC.
liar são fatores a serem considerados, pois
deles depende a continuidade do tratamento 5.2 Dados referentes à permanência ou saí-
escolhido(12). O fator de maior relevância pa- da dos pacientes do programa de Diálise
ra selecionarmos um paciente para o pro- Peritoneal (DPAC/APD)
grama de DPAC é, sem dúvida, a vontade
manifestada pelo paciente de assumir seu Embora a sobrevida da técnica da DPAC
autocuidado, no entanto, o grau de instrução tenha melhorado nos últimos anos graças ao
é importante pois possibilita que o paciente advento dos equipos descartáveis, ela conti-
receba instruções escritas e muitas vezes au- nua sendo inferior à sobrevida obtida em he-
xilia no entendimento das instruções. modiálise devido a incidência de infeção(5,6).
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Tabela 2 – Distribuição dos pacientes segundo Neste estudo, chama atenção o grande
tempo de permanência no Programa número de pacientes com Insuficiência Re-
de Diálise Peritoneal (DPAC/DPA). nal Crônica decorrente da Hipertensão Arte-
Florianópolis, SC, Passo Fundo, RS, rial Sistêmica, apesar da Diabete Melito ter
2001. predominância em relação às demais enfer-
midades (39,3%), apresentando um percen-
Tempo em
programa n % tual semelhante a outros estudos(4). A presen-
0 a 1 ano 43 51,2 ça de Diabete Melito aumenta o risco de infe-
1 a 2 anos 18 21,4 ções, podendo estar associada à incidência
2 a 3 anos 15 17,9 de peritonite.
3 a 4 anos 02 2,4 Desde a introdução da técnica de DPAC,
4 a 5 anos 06 7,1
a peritonite tem sido apontada como a prin-
Total 84 100,0 cipal causa de falência e descontinuação des-
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo, sa alternativa terapêutica(7), podendo ser con-
2001.
siderada a mais grave complicação do méto-
do dialítico, pelo impacto sobre a morbida-
Quanto ao tempo de permanência no
de dos pacientes tratados, pois além da per-
programa de Diálise Peritoneal, observou-se
da de produtividade e transferência para he-
que a maioria dos pacientes (51,2%) perma-
modiálise, 1 a 3% dos casos, evolui para o
neceu por um período máximo de um ano.
óbito(8).
Este fato pode ser atribuído ao elevado nú-
Do total de prontuários revisados, 45
mero de pacientes idosos, cuja média de
(53,6%) pacientes apresentaram peritonite
idade foi de 54,9 (Md 58) anos, além de te-
em algum momento do tratamento. Estes da-
rem como patologia de base a Diabete Me-
dos são preocupantes, uma vez que os pa-
lito (39,3%) ou a Hipertensão Arterial Sistê-
cientes são selecionados criteriosamente para
mica (36,9%) ao ingressaram no programa.
este tipo de terapia, ao mesmo tempo que
Estes dados assemelham-se aos encontrados
são utilizados materiais que facilitam o pro-
na literatura, onde 83% mudou de terapia
cedimento e existe o acompanhamento cons-
dialítica no primeiro ano(1).
tante da enfermeira.
Tabela 3 – Distribuição dos pacientes de acordo Tabela 4 – Distribuição dos pacientes segundo
com a doença de base. Florianópolis, o tempo no programa e a ocorrência
SC, Passo Fundo, RS, 2001. da primeira peritonite. Florianópo-
Doença de Base n %
lis, SC, Passo Fundo, RS, 2001.
Dos 45 (53,6%) pacientes que apresen- periência, insegurança e conflitos que os pa-
taram peritonite durante a permanência no cientes e familiares enfrentam diante de uma
programa de Diálise Peritoneal, 28,8% a apre- situação extremamente nova. Estes dados con-
sentou nos primeiros três meses de inser- vergem com outros estudos(2,8).
ção do cateter, alcançando 53,1% no pri- Quanto aos microrganismos presentes
meiro ano. Autores(2) relatando a experiência nas culturas, verificou-se que na literatura dos
de 10 anos, descrevem que a probabilidade países do hemisfério norte, o Staphylococcus
de um paciente desenvolver peritonite até o epidermidis (S. epidermidis) é apontado como
final do primeiro ano de tratamento foi de o agente causal mais freqüente das peritoni-
57,8%, percentual semelhante ao nosso. tes em DPAC, seguido pelo S. aureus e pelos
Este dado, no entanto, é preocupante bastonetes Gram negativos(6). Entretanto, da-
considerando as pesquisas que apontam a dos nacionais e latino-americanos(1,8) apontam
peritonite como responsável por 24,2% das o S. aureus como o mais freqüente, coinci-
hospitalizações dos pacientes, por 6,7% dos dindo com os achados deste estudo.
óbitos, e que o aumento da incidência de 0,5%
dos episódios de peritonite por paciente ao Tabela 5 – Distribuição dos microorganismos
ano associa-se à elevação de 10% do risco de isolados nas culturas de líquido
óbito(6). peritoneal, na ocasião da primeira
Estas evidências reforçam a necessida- peritonite. Florianópolis, SC, Pas-
de da enfermeira atentar para as revisões so Fundo, RS, 2001.
e treinamentos dos pacientes e familiares no
primeiro ano, preferencialmente nos primei- Microorganismo n %
ros meses do tratamento. Os pacientes mal Staphylococcus Aureus 36 80,0
adaptados, com elevada incidência de peri- Acnetobacter Baumanni 02 4,4
tonites e/ou infeções de túnel ou os mais Escherichia Coli 02 4,4
Enterococcus 01 2,2
criativos, deveriam ser retreinados pelo me- Fúngica 01 2,2
nos a cada três meses, bem como aqueles Pseudomonas 01 2,2
com o segundo episódio de peritonite em tem- Streptococus 02 4,4
po inferior a doze meses, os quais também Total 45 100,0
deveriam constituir alvos para retreinamento.
Fonte: Pesquisa direta: próprios autores. Florianópolis/Passo Fundo,
Analisando as ocorrências de peritoni- 2001.
te por ano estudado, obteve-se a freqüência
acumulada de 24 (53,1%) casos no primeiro Em nosso estudo encontramos resulta-
ano, 11 (24,4%) casos no segundo ano, e que, dos semelhantes aos da literatura brasilei-
com o acréscimo dos anos, a incidência de ra(1,2,8), onde o microorganismo mais freqüen-
peritonite foi reduzindo. Tal fato nos leva a temente isolado na cultura do líquido perito-
inferir que a habilidade e aperfeiçoamento neal foi o S. aureus (80,0%). Uma das expli-
dos pacientes em relação ao procedimento da cações para este fator é o estado de porta-
Diálise Peritoneal (DPAC/DPA) foi melhoran- dor nasal para S. aureus, condição capaz de
do com o passar dos meses, ao mesmo tem- influenciar as taxas de peritonite e infeção do
po que estes procedimentos foram reforça- orifício do cateter(6).
dos sistematicamente e, sempre que neces- Fungos, Enterococcus e Pseudomonas fo-
sário, através de retreinamentos oferecidos ram agentes etiológicos isolados em apenas
pelas enfermeiras 1 (2,2%) episódio de peritonite, evidenciando
A alta incidência de peritonite no pri- sua baixa incidência neste grupo. Dados se-
meiro ano de tratamento foi atribuída à inex- melhantes são relatados por outros autores(2).
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Renal Residual mínima. Assim o grande nú- de pulmão, insuficiência cardíaca congesti-
mero de indivíduos provenientes desta sele- va e infarto agudo do miocárdio, totalizaram
ção negativad, parece ter tido um importan- 10 (17,85%), os quais somados à parada cár-
te impacto na média do tempo de sobrevida dio respiratória, totalizam 30,3%. Essas pa-
do grupo de pacientes. tologias têm incidência elevada em grupos
Mais da metade dos pacientes acom- que pertencem à faixa etária do grupo em
panhados apresentava pelo menos um fator estudo.
de risco para morte prematura ao entrar no A peritonite constou como causa de óbi-
programa. Chama atenção o número de óbi- to em 3,6% dos casos e a sepses em 8,9%,
tos por problemas cardiovasculares, os quais representando 12,5% dos óbitos além de ser
superaram qualquer outro identificado, des- responsável pela saída de 7,1% dos pacientes
locando a curva de sobrevida destes pacien- do programa de DPA. Estes achados são de
tes de maneira marcante. Na literatura, tal extrema relevância, uma vez que esta compli-
fenômeno não foi observado nesta intensi- cação é passível de prevenção e redução de
dade(2,5). sua incidência, mediante a atuação da enfer-
meira em programas de promoção e edu-
Tabela 7 – Distribuição dos pacientes segundo cação em saúde, com diferentes alternativas
a causa do óbito. Florianópolis, SC, pedagógicas(14) que favoreçam a adesão do
Passo Fundo, RS, 2001. paciente e familiares aos cuidados e trata-
mento.
Causa do óbito n %
ponsável por 7,1% destas e associada a 12,5% mas de educação continuada deste grupo, a
dos óbitos. Portanto, deve ser ressaltada a fim de reduzir as taxas de infeção que ainda
preocupação das Unidades de Diálise para causam tanto dano.
educarem os pacientes e familiares através
de retreinamentos individualizados com o ob- REFERÊNCIAS
jetivo de melhorar o desempenho e o ingres-
so do paciente em programa, principalmen- 1 Pecoits-Filho RS, Pasqual DD, Uerbringer R,
te no primeiro ano desta modalidade tera- Sauthier SM. Diálise Peritoneal Ambulatorial Con-
pêutica. tínua (DPAC): experiência de 15 anos em Curitiba.
Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo 1998
A principal causa de saída do programa
mar;20(1):22-30.
foi por óbito, correspondendo a 66,7%. Aqui
devem ser lembrados os fatores de risco aos 2 Bevilacqua JL, Marabezi MGB, Caniello CA, Ca-
quais este grupo estava exposto, tais como o margo MC. Diálise Peritoneal Ambulatorial Contí-
Diabete Melito (39,3%) e a Hipertensão Ar- nua (DPAC): experiência de 10 anos de um centro
terial Sistêmica (36,9%), além de outros even- brasileiro. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Pau-
tos cardiovasculares, os quais influenciaram lo 1995 dez;17(4):206-13.
a sobrevida dos pacientes. Acredita-se que a
3 Sorkin MI, Diaz-Buxo. Fisiologia da diálise pe-
seleção negativa destes indivíduos para DPA
ritoneal. In: Daugirdas JT, Ing TS. Manual de
parece ter tido um importante impacto na so- diálise. Rio de Janeiro: Medsi; 1991. 714 p. p. 163-
brevida deste grupo. Portanto, a identificação 77.
de situações reversíveis ou que necessitem
de cuidados especiais como o manejo do Dia- 4 Thomé SF. Comentário editorial: infeções relacio-
bete Melito ou das doenças cardiovasculares nadas a cateter: um desafio em DPAC. Jornal Brasi-
deve ser enfatizada para que se possa dimi- leiro de Nefrologia, São Paulo 1996 dez;18(4):389-
nuir a mortalidade dos pacientes em Diálise 92.
Peritoneal (DPAC/DPA).
5 Moreira PRR, Ferreira S, Almas ACG, Peralva
Os índices de mortalidade vêm diminuin- LEL. Infeção do orifício de saída: uma complica-
do nos últimos anos, o que provavelmente re- ção importante na diálise peritoneal ambulato-
flete melhora no manejo das complicações, rial contínua. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São
além de maior atenção nos critérios de sele- Paulo 1996 dez;18(4):348-55.
ção dos pacientes e na adequação dialítica.
A identificação e atenção aos grupos de 6 Barretti P, Montelli AC, Cunha ML, Caramori JCT.
risco, a busca de níveis de adequação ideais Atualização em diálise: tratamento atual das pe-
ritonites em diálise peritoneal ambulatorial contí-
e a seleção criteriosa devem alterar de ma-
nua. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo
neira significativa a morbidade e mortali- 2001 mar;23(2):114-20.
dade dos pacientes.
Acredita-se que a Diálise Peritoneal 7 Antunes I, Abensur H, Kakehashi ET, Romão MAF.
(DPAC/APD) parece ser uma opção interes- Debridamento do óstio de saída e “cuff” externo do
sante no tratamento de pacientes portadores cateter de Tenckhoff: uma tentativa para poupar o
de Insuficiência Renal Crônica, face às van- cateter. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo
tagens que oferece, a melhora dos índices de 1995 jun;17(2):105-9.
infeções relacionadas ao tratamento e ao de-
8 Bevilacqua JL, Guerra JL. Protocolo para DPAC.
senvolvimento de novas técnicas, equipamen- Baxter Hospitalar, Sorocaba (SP) 2000 jun: 5-10
tos e soluções de diálise. No entanto, ainda
existe um caminho longo a ser percorrido pe- 9 Thomé FS, Karohl C, Gonçalves LFS, Manfro
las enfermeiras no que se refere aos progra- RC. Métodos dialíticos. In: Barros EJG, Tomé FS,
Jacobowski JAD, Borella R, Lautert L. Pacientes com insuficiência renal crônica: causas de saída
do programa de diálise peritoneal. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS) 2005 dez;26(3):381-91.
391
Manfro RC, Gonçalves LFS. Nefrologia: roti- 12 Ilha LH, Proença MC. Diálise peritoneal. In:
nas,diagnóstico e tratamento. 2a ed. Porto Alegre Barros EJG, Tomé FS, Manfro RC, Gonçalves
(RS): Artes Médicas; 1999. 627 p. p. 441-59. LFS. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamen-
to. 2a ed. Porto Alegre (RS): Artes Médicas; 1999.
10 Cesarino CB, Casagrande LDR. Paciente com 627 p. p. 542-52.
insuficiência renal crônica em tratamento hemo-
dialítico: atividade educativa do enfermeiro. Re- 13 Abensur H, Araújo MRT. Atualização em diálise:
vista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão importância da função renal residual na técnica
Preto (SP) 1998 out;6(4):31-40. de diálise peritoneal ambulatorial contínua. Jor-
nal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo 2000 jun;
11 Ministério da Saúde (BR), Conselho Nacional de 22(2):110-3.
Saúde, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
em Seres Humanos. Resolução 196, de 10 de ou- 14 Pereira GA, Lima MADS. Relato de experiência
tubro de 1996: diretrizes e normas regulamen- com grupo na assistência de enfermagem a diabé-
tadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. ticos. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Ale-
Brasília (DF): 1997. 20 p. gre (RS) 2002 jul;23(2):142-57.