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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA


DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO: Engenharia de Produção DISCIPLINA: Desenho


CONTEUDISTAS: Hector Reynaldo Meneses Costa.
Leydervan de Souza Xavier
Ricardo Alexandre Amar de Aguiar
Designer Instrucional: Cristina Ávila Mendes/Fernanda Felix

Aula 2 – Desenho:as regras que universalizam o entendimento.


"Isso é normal?”
Metas
Observar e entender a associação entre o objeto real e a sua representação
através do desenho técnico realizado segundo normas técnicas.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Analisar um desenho e identificá-lo segundo algumas das classificações das
normas técnicas brasileiras;
2.Reproduzir caracteres normalizados de desenho à mão livre;
3. Reconhecer e empregar tipos de linhas, folhas de desenho e escalas
normalizadas na execução de desenhos à mão livre e com instrumentos
4. Reproduzir desenhos em esboço (à mão livre) e com instrumentos de
desenho técnico, em papel.
5. Aplicar alguns conhecimentos de desenho técnico à representação em
esboço e com instrumentos, de um objeto real.

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Pré-requisitos:
Nesta aula, você terá uma atividade em que precisará dispor dos seguintes
materiais de desenho:
● Lapiseira 0,7 ponta de aço (grafite 2B); Lapiseira 0,3 ponta de aço (grafite
HB);
● Esquadros 60º e 45º; Régua de 30 cm ou escalímetro; Borracha;
● Bloco de papel (liso e com margem);
● Fita crepe; Compasso, Guardanapo, Pano ou flanela;
● Álcool;
● Acessórios Opcionais: “mata-gato”, gabarito de círculos, papel quadriculado
e isométrico, vassoura de mão com cerdas macias.
E, de uma caixa de fósforos.

1 Introdução
Assim como uma linguagem se valida socialmente, ou seja, é preciso que haja um
acordo sobre o significado de símbolos, sons, gestos ou outras formas de
comunicação, para que o desenho técnico seja uma linguagem técnica, também, é
preciso que se desenvolva em um ambiente de acordo entre os seus usuários. O
acordo pode ser restrito aos profissionais de uma organização, pode envolver
seus fornecedores e clientes, ou uma associação de organizações. Pode
acontecer, também, de ser nacional ou internacional. Historicamente, desde o
início da Revolução Industrial, em alguma medida, esses processos vêm
acontecendo e, nos últimos cento e quinze anos, pelo menos, a existência e o uso
de normas técnicas, assim como a evolução dos recursos tecnológicos, têm sido a
base e o impulso para esse acordo, que torna o desenho técnico uma linguagem
global.

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2 Padronização e normalização
A norma técnica é um documento gerado por um acordo entre os setores que
atuam em determinada área que serve de referência para todos os que produzem
ou utilizam produtos nesta mesma área, como por exemplo papel e embalagens.
O Reino Unido foi pioneiro, em 1901 na adoção de normas técnicas para o aço e
seções de peças para emprego em pontes, estradas de ferro e navios, a partir do
trabalho de um comitê constituído por representantes de várias associações de
profissionais britânicos. Em 1840 foram inventadas as cópias heliográficas
(obtidas pelo contato do desenho original com um material sensível em um
ambiente vedado e com gás de amônia) o que permitiu que várias pessoas
pudessem usar cópias do mesmo desenho e se viabilizasse a criação e uso de
normas técnicas (ABNT, 2011). No Brasil, a aplicação sistemática das normas
começou em 1940, com a criação da Associação Brasileira de Normas
Técnicas(ABNT) que é o órgão responsável pela normalização técnica no Brasil,
fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro.

Nenhum país ou empresa consegue se desenvolver sem produzir, adotar e seguir


normas técnicas.A utilização de normas permite que se tenha maior economia,
segurança e eliminação de barreiras técnicas e comerciais. Podemos listar uma
série de benefícios da normalização como uniformizar a produção, facilitar a
formação de mão-de-obra e registrar o conhecimento tecnológico, entre outros.
Mais importante do que estes conceitos, é você ter em mente que deve, sempre,
estudar as normas estabelecidas pelos órgãos responsáveis do setor em que você
atua. Quando as normas nacionais não atendem determinada área, as empresas
de grande porte normalmente criam normas internas para atender suas
necessidades. O profissional que conhece, compreende e sabe aplicar essas
normas é de vital importância para uma organização.

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A execução de desenhos técnicos no Brasil é inteiramente normalizada pela


ABNT. As normas são propriedade da ABNT e a obtenção de cópias impressas ou
acesso digital são disponibilizados mediante pagamento. No exercício profissional
e durante a formação acadêmica será importante conhecer e estudar essas
normas ou, alternativamente, seu conteúdo, quando não for possível dispor dos
documentos da ABNT.

As normas técnicas não são livros, nem têm um estilo, intencionalmente, didático.
Assim é preciso você se acostumar com este tipo de documento, geralmente,
usado para consulta, para quem domina os conceitos da área. Em desenho,
recomendamos que você nunca desenhe sem, antes, olhar a norma. Isso porque
muitas escolhas nos parecem lógicas, mas elas nem sempre estão de acordo com
a norma e, por isto, devem ser evitadas. Isso acontece porque estamos
começando a conhecer uma área, mas na elaboração da norma, décadas de
experiência de profissionais de diversas áreas foram usadas e, aquilo que foi
adotado, está consolidado pelo uso, evitando problemas que ainda não
identificamos em nossas escolhas. Se você se habitua a desenhar de forma
incorreta, depois para corrigir é bem mais difícil, assim, consulte a norma antes e
aprenda o certo, de uma vez!

3 Normas Brasileiras para Desenho Técnico

As normas que se aplicam ao desenho técnico e que, inicialmente, são


importantes para esse texto são as seguintes:

•NBR 10647 –DESENHO TÉCNICO –NORMA GERAL

•NBR 10068 –FOLHA DE DESENHO LAY-OUT E DIMENSÕES

•NBR 10582 –APRESENTAÇÃO DA FOLHA PARA DESENHO TÉCNICO

•NBR 13142 –DESENHO TÉCNICO –DOBRAMENTO DE CÓPIAS

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•NBR 8403 –APLICAÇÃO DE LINHAS EM DESENHOS –TIPOS DE LINHAS –


LARGURAS DAS LINHAS

•NBR 8402 –EXECUÇÃO DE CARACTERES PARA ESCRITA EM DESENHOS


TÉCNICOS

•NBR10067 –PRINCÍPIOS GERAIS DE REPRESENTAÇÃO EM DESENHO TÉCNICO

•NBR 8196 –DESENHO TÉCNICO –EMPREGO DE ESCALAS

Há outras normas que serão apresentadas adiante. Os conteúdos das normas são
de propriedade da ABNT, mas suas diretrizes vão ser explicadas ao longo deste
texto e todo o conteúdo deste material didático está de acordo com as normas
brasileiras ou, quando não houver, de acordo com as normas internacionais mais
usadas. Assim os exemplos e exercícios ajudam a conhecer, entender e aplicar as
normas.

3.1 Classificação dos desenhos

Cabe destacar que um desenho pode ser classificado de acordo com alguns
critérios e que, em função desta classificação, pode-se adotar ou reconhecer o
tipo que melhor se aplica a cada situação. Assim, a NBR (Norma BRasileira)
10647 de abril de 1989, quando trata de Terminologia, determina que há seis
categorias de classificação quanto:

 ao aspecto geométrico,
 ao grau de elaboração,
 ao grau de pormenorização,
 ao material empregado,
 à técnica de execução e
 ao modo de obtenção.

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Nas figuras 2.1 a 2.5 essas classificações são ilustradas e, em seguida, comentadas.

Desenhos Não
Projetivos
Diagramas
Usa informações
Gráficos baseadas em
cálculos. As figuras
não provêm de
projeções
Esquemas

Organogramas
Ábacos
Aspecto
Geométrico

Desenhos
Projetivos
Desenho de
tubulações Usa projeções da
forma em planos ou
Desenho com perspectivas. As
mecânico figuras são projeções
dos objetos.

Desenho de
estruturas
Desenho elétrico-
Desenho
eletrônico
arquitetônico
Vistas ortográficas ou perspectivas (cônicas, isométricas)

Figura 2.1 Classificação dos desenhos quanto ao aspecto geométrico. Elaboração dos
autores.

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Nos desenhos projetivos, cada ponto ou linha tem uma compromisso visível com
um ponto ou aresta de um objeto. Isso porque eles são alguma forma de projeção
em algum plano de algo que existe no objeto real. Nos desenhos não projetivos,
há uma variedade de construções possíveis, mas todas elas guardam uma lógica
estável que permite associar um símbolo a uma situação ou objeto do mundo real.
Um exemplo disto são os códigos de trânsito. As placas e outras formas de
sinalização estão previstas na legislação e indicam, claramente, o que o condutor
ou pedestre pode, não pode ou deve fazer. Nenhum símbolo provém da
representação projetiva de um objeto, mas se refere a ele com uma associação
inequívoca. Para dirigir, é preciso conhecer os símbolos e as regras e saber ler
seu significado e tomar decisões em cada situação.

Desenhos Definitivos : são


completos, elaborados de acordo
com a normalização envolvida, e
contêm todas as informações
necessárias à execução do projeto

Croquis : desenhos a mão livre, sem


o
a çã

escala, porém de acordo com


bor

normalização nas representações


El a
de

Desenhos Preliminares ou Anteprojetos:


u
Gra

correspondentes ao estágio intermediário


dos estudos (já utilizando computadores)

Esboços: desenhos elaborados à mão livre em


fases inicias do projeto, mostrando a ideia inicial
que irá passar por ajustes nas próximas fases

Figura 2.2 Classificação dos desenhos quanto ao grau de elaboração.Fonte: Autores.


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A complexidade do desenho, em geral, avança com o grau de elaboração das


ideias, isso porque à medida que os engenheiros vão se apropriando do problema
a ser resolvido vão incorporando à solução camadas de detalhes que precisam ser
registrados e desenhados segundo as regras da área profissional em que atuam.
Assim, no início, os desenhos têm poucos detalhes, podem ser feitos à mão, como
um rascunho, mas ao final deverão estar completos, ser precisos e estar dentro
das normas técnicas. A figura sugere a escalada desta complexidade. Uma
atenção especial deve ser dada aos croquis, porque são usados de maneira
generalizada e muito frequente. Esse recurso, apesar de feito à mão livre, contém
todos os elementos necessários a uma execução mais elaborada e todo
profissional deve se capacitar a saber usá-lo.

1 Desenho de
A
Componente 1

A Detalhe A
(ampliado)
Legenda Legenda

Desenho de Conjunto

Figura 2.3 Classificação dos desenhos quanto ao grau de pormenorização. Fonte:


Autores.

Em geral, os projetos de engenharia envolvem muitos elementos integrados em


um todo funcional. Qualquer máquina, linha de produção, estrutura ou instalação é
um todo composto de muitos componentes, como um livro, composto de muitos

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capítulos, itens e sub-itens. Para lidar com essa realidade, os desenhos podem
ser mais ou menos detalhados. Nos desenhos de conjunto, por exemplo, não há
interesse em mostrar cada parte, mas sim as dimensões e a forma do todo.
Quando há necessidade de se mostrar as suas partes, usa-se um desenho de
componente, geralmente representado fazendo referência ao desenho de conjunto
usando alguma forma de numeração e conexão (linhas com extremidades na
forma de seta ou de ponto). Algumas vezes, há detalhes muito pequenos de um
componente que não podem ser caracterizados adequadamente no seu desenho
e, então, faz-se um desenho ampliado desse detalhe. A associação entre o
detalhe e o componente é realizado usando-se letras, como a figura 2.4 ilustra.

Material empregado: Giz, carvão, grafite, etc...

Legenda

Figura 2.4 Classificação dos desenhos quanto ao material empregado.

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Na figura 2.5 está representado um rolamento com duas camadas de esferas, um


produto muito usado em máquinas. Esse desenho poderia ser realizado com
grafite ou tinta se fosse sobre o papel, mas existem outros casos em que se
desenha com giz ou carvão sobre superfícies diferentes do papel, como madeira,
fórmica, painéis revestidos com material áspero. Isso ocorria com muita frequência
nas indústrias e ainda pode ser um recurso útil para a discussão em equipe de
detalhes ou esclarecimento de processos ou ainda em etapas sujeitas a muitas
alterações e discussões coletivas, em que o desenho em papel não seja
conveniente.

Manual

Com máquina

Figura 2.5 Classificação do desenho quanto à técnica de execução. Fonte: Autores.

De um modo geral, as formas de execução do desenho são manuais ou com


auxílio de máquinas. Nas formas manuais usam-se os instrumentos de desenho,
como por exemplo réguas, régua T, escalímetro. O trabalho ocorre sobre uma
mesa sobre a qual o papel é fixado. O desenhista pode trabalhar de pé ou
sentado, dependendo do tamanho da folha de papel e de outras condições. O
executado com máquina, hoje em dia, implica o uso de computadores, em que são

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executados os softwares de desenho e algum periférico, como por exemplo uma


impressora (figura 2.6).

Original

Reprodução

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Figura 2.6 Classificação do desenho quanto à forma de obtenção (1) Cópia igual ao
original; (2) Cópia com redução do original e (3) Cópia com ampliação do original. Fonte:
Autores.

Os desenhos podem ser originais ou cópias. Nas cópias pode-se manter a mesma
proporção entre o objeto e o desenho, ampliar ou reduzir essa proporção, como
sugere a figura 2.6.

Essas classificações, se por um lado definem a aplicação do desenho, por outro,


indicam as expectativas que pesam sobre você, o eventual executante,
contratante ou supervisor do desenho, quanto à qualidade e completude das
informações que precisam ser alcançadas. Nos processos de criação, como é o
caso de todo projeto em engenharia, você vai usar muitos esboços, croquis e
desenhos preliminares, até chegar ao desenho definitivo. Seja usando algum CAD
ou à mão, o desenho funciona como um laboratório de ideias, até se alcançar uma
solução completa e viável. Assim, não desperdice energia aplicando o rigor de um
desenho definitivo à execução de desenhos em outras fases, nem se permita

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realizar no desenho definitivo, certas licenças e concessões que faria em um


esboço!

3.2 Normalização do papel de desenho

O papel, em que se desenha manualmente ou se imprime, é recurso básico para o


desenho e, sua normalização é fundamental. Há normas, que não são específicas
de desenho e, que regulam a qualidade do papel, como por exemplo, a massa por
área. Papéis mais leves são papéis mais finos e tendem a rasgar ou marcar com
mais facilidade, assim, usam-se papéis com 90g/m2 ou mais densos, para
desenho.

Quanto às dimensões, há, atualmente, dois padrões mais usados, um baseado em


unidades do sistema inglês e outro, chamado de série "A", baseado em unidades
SI (Sistema Internacional), regido pela norma internacional ISO 216 que, por sua
vez, se baseia na norma alemã DIN 476. Nesta série, a proporção entre a largura
e o comprimento de cada elemento se aproxima de 1/√2, ou seja 1,4142, com
arredondamento das dimensões em milímetros. Com isto, partindo-se de uma
folha A0 com 1m2, através de cortes e dobras pela metade, obtém-se,
sucessivamente, os tamanhos A1, A2, ..., A8. Na Figura 2.7 a sequência de
formatos está ilustrada.

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Figura 2.7 Dobramento das folhas de desenho baseadas na NBR 13142.

Na figura estão indicadas as dimensões das folhas de desenho e, adiante, será


demonstrado como elas devem ser dobradas para poderem ser arquivadas no
formato A4. Isso é importante, porque, a maioria das pastas, móveis e
embalagens para documentos seguem esse padrão e os desenhos, depois de
prontos, serão tratados como, a grande maioria, dos demais documentos
impressos em formato A4.
Na Figura 2.8 estão indicadas três folhas de desenho: uma A4, uma A3 sem
dobramento e uma A3 dobrada para o formato A4. Observe as dimensões iniciais
e finais, após o dobramento, da folha A3 e compare-os com as dimensões da folha
A4.

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A4

A3 após dobramento para A4


A3

Figura 2.8 Aspecto das folhas A4 e A3 antes e após do dobramento.

3.3 Normalização do laiaute da folha de desenho

A NBR 10068 padroniza as dimensões e posições dos elementos do laiaute, como


as margens, o quadro (área em que se pode desenhar), a legenda (onde serão
colocados os dados que identificam o desenho), as marcas de centro, as marcas
de corte, a escala métrica de referência e o sistema de referência por malhas. Na
Figura 2.9 esses elementos estão ilustrados.

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Quadro
(espaço para desenho)
Marcas
Legenda

Margens

Escala métrica de referência


1 2 3 4 5 6 A
B
Sistema de referência C
por malha D

Figura 2.9 Elementos normalizados do laiaute da folha de desenho, baseado na


NBR 10068.

Nos desenhos realizados em folhas grandes como as A1 e A0, como ocorre com
desenhos de prédios, instalações, navios e outros, é comum ser necessário
identificar uma determinada parte para depois reproduzi-la em detalhe ampliado.
As marcações na folha de desenho, da mesma forma que as coordenadas em um
mapa, vão ser usadas para localizar e definir um componente ou área. Assim A2,
por exemplo, será um par de coordenadas de referência. Já as marcas de centro e
outras nas margens servem para posicionar o papel para cópias e para cortar o
papel, a partir de formatos maiores, respectivamente.
Além disto, essa norma define as dimensões das folhas, as espessuras das linhas
usadas na impressão dos elementos já descritos. Na Tabela 1 essas informações

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estão detalhadas. A Tabela 1 Características e dimensões das folhas de desenho


baseadas na NBR 10068.

Tabela 1 - Formatos da série "A" - Folha de desenho - Leiaute e dimensões


Formato Dimensões Margem Outras Comprimento Espessura
esquerda margens da legenda de linha das
ou Direita margens

A0 841 x 1189 25 10 175 1,4

A1 694 x 841 25 10 175 1,0

A2 420 x 694 25 7 178 0,7

A3 297 x 420 25 7 178 0,5

A4 210 x 297 25 7 178 0,5

Você vai precisar destas informações se for produzir uma folha de desenho,
partindo de uma folha em branco, mas também, para escolher folhas pré-
impressas (com margens, legenda, quadro, marcas) que estejam de acordo com
ABNT.

3.4 Normalização do dobramento da folha de desenho

As folhas da série A podem ser armazenadas em tubos, em pastas ou em gavetas


de arquivos, mas a NBR 13142 - Dobramento de Cópia - recomenda uma
sequência de procedimentos que permite que qualquer folha, após dobrada, fique
com as dimensões de uma folha de formato A4 e possa ser arquivada desta
forma, com legenda, geralmente, localizada no canto inferior direito, perfeitamente
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visível. Na Figura 2.10 foi ilustrada a sequência de dobramento de um formato A3


em um A4.

Figura 2.10 Primeira parte da sequência de dobramento de um formato A3 em A4.

A sequência de fotos na figura 2.10 se refere à primeira etapa do dobramento de


um A3 em um formato A4. No canto inferior direito estão ilustrados dois vincos
necessários ao dobramento completo. Nesta etapa será realizado o primeiro (1).
Observe que este vinco alcança toda a largura da folha A3 e que, na parte de
baixo, está alinhado com o lado esquerdo da legenda. Para se obter este vinco,
deve-se dobrar a parte da folha que contém a legenda sobre a outra parte e,
apoiando a folha sobre uma superfície plana, passar os dedos indicadores
pressionando a dobra, até que se faça o vinco reto e definitivo.

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Figura 2.11 Segunda parte da sequência de dobramento de um formato A3 em


A4.

Na sequência de fotos na figura 2.11, a primeira imagem coincide com a última do


dobramento anterior. A parte da folha com legenda está dobrada sobre a outra
parte e o primeiro vinco (1) está sobreposto à margem esquerda da folha. Nesta
imagem está indicada, por uma linha tracejada preta, a posição futura do segundo
vinco, que se deseja obter. Esse vinco, também, está indicado na parte inferior
esquerda da figura 2.11 (2). Agora, com a mão esquerda, mantém-se o primeiro
vinco sobre a margem esquerda e, com a mão direita, levanta-se a aba direita,
como se vira a folha de um livro; em baixo desta aba e sobre a superfície da
mesa, está a parte da folha dobrada, mas ainda não vincada. Deve-se, usando o
indicador da mão direita, pressionar a dobra de baixo para cima, até que o vinco
seja feito. Ao final, quando se retira a mão direita, a folha fica perfeitamente
dobrada no formato A4. Observe que a legenda está alinhada e há uma margem
para encadernação do lado esquerdo do papel. Para facilitar a visualização, foi
desenhada uma linha tracejada sobre as fotos, indicando a posição final dos dois
vincos. Na parte inferior da figura, estão as fotos do papel A3 após as marcas de
dobramento, na condição aberto e dobrado.
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Qual o tamanho de papel que devo usar? No caso deste curso, você usará, em
geral, folhas A4 e A3. Mas, você, para fazer esta escolha no contexto profissional,
deverá pensar, no mínimo, em alguns itens. Você pode estar desenhando objetos
muito grandes no mundo real, como um navio, e precisará usar uma
representação reduzida deles, para caber em uma folha, por maior que seja. Se
reduzir demais, a compreensão pode ser comprometida. Pode acontecer o
contrário, você pode estar usando uma representação ampliada de um objeto
muito pequeno no mundo real, para poder caracterizar seus detalhes, como no
caso de um mecanismo de um relógio, e vai precisar de espaço para isso. É
preciso fazer um balanço entre tamanho e "resolução" adequada. Outra questão é
que, quanto maior o desenho, maior o tempo de execução, o custo de impressão,
reprodução, armazenamento e transporte. Folhas A4 cabem em pastas ou podem
ser enroladas e guardadas em tubos, as A3 são fáceis de dobrar e, também,
podem ficar em tubos pequenos. O manuseio das demais é mais trabalhoso. Você
deve sempre ter atenção para o dobramento correto, que é muito importante
principalmente para o arquivamento destes documentos. Uma boa organização
dos seus documentos é vital para que futuramente tenha facilidade em utilizá-los
para tirar dúvidas.

3.5 Normalização de linhas

Se, no aprendizado da língua escrita, os primeiros passos começam pela


execução de letras maiúsculas e minúsculas, caligrafia manuscrita ou de forma,
para se alcançar o domínio dos símbolos básicos, no desenho, a analogia é a
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mesma e é preciso conhecer os diversos tipos e aplicações das linhas. A


NBR8403 prescreve os tipos e espessuras de linhas, suas denominações e
indicações de uso em desenho.que estão exemplificados na figura 2.12.

G-Linha de simetria (linha traço e


A- Contornos Visíveis ponto estreita)
(linha larga contínua) F- Contornos não visíveis
(linha tracejada estreita)
B- Linhas de
cota e de
chamada
(linha contínua
estreita) G- Linha de centro
(linha traço e ponto
estreita)
30,00

J – Linha de superfície com


indicação especial (linha traço
e ponto larga)
K- Contorno de peça
B- Hachuras (linha G- Trajetória (linha traço e adjacente (linha traço e dois
contínua estreita) ponto estreita) pontos estreita)

C- Limites de vistas
(linha contínua estreita
feita à mão)
H- Linha de corte (linha traço e ponto estreita, larga G- Trajetória (linha traço e
nas extremidades e nas mudanças de direção ponto estreita)

Figura 2.12 Exemplos de tipos de linha e aplicações de linhas, baseado na NBR8403.

Nesta figura você foi apresentado a diversos desenhos de componentes, que


serão explorados a diante. Não se incomode se não compreender todos os
detalhes agora, esse conteúdo vai ser usado ao longo de todas as aulas seguintes

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e você poderá e deverá revisitar essa figura ou consultar a norma, se tiver


disponibilidade, para lembrar destas convenções.

3.6 Normalização de símbolos (letras, algarismos e outros)

Todo símbolo em desenho tem a forma e as dimensões normalizadas. Os


símbolos mais comuns são algarismos e letras, mas existem outros que serão
necessários em trabalhos mais avançados, como os que são usados em uniões
soldadas, estados de superfície, tolerâncias, apenas, para citar alguns exemplos.
Em geral, há uma norma específica para cada tipo desses. No caso de caligrafia e
algarismos, as dimensões, espessuras de linhas, espaçamentos, inclinação e
forma dos caracteres são definidos pela NBR8402. O estilo das letras e números
adotados em Desenho Técnico é o Gótico Comercial, constituído de traços
simples com espessura uniforme. Pode-se utilizar tanto letras verticais como
também inclinadas. As exigências básicas do uso de caligrafia em desenhos
técnicos são:

 legibilidade;
 uniformidade e
 adequação à processos de reprodução.

Na Figura 2.13 esses elementos estão ilustrados.

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Figura 2.13 Caracteres de desenho, baseado na NBR8402.

Você que está acostumado a digitar, em editores de texto e, já quase esqueceu como se
escreve com caneta, ou ainda, acha que sua caligrafia não é boa, vai precisar praticar a
execução desses caracteres. Isso vai ajudar Você a melhorar sua coordenação motora,
senso de proporção e vai habilitar Você a preencher documentos, de desenho ou não,
com letra legível. Cuidado com as letras e os algarismos, para oferecer informações
confusas. No caso do uso de algum CAD, haverá recursos para escolher os caracteres e
ajustar as condições de impressão de acordo com vários padrões e normas.

Atividade 2

Atende ao objetivo 2

Primeira Parte :Exercício à mão livre. Antes de usar as linhas e os símbolos normalizados
com desenhos mais complexos, Você deve praticar a coordenação motora, com os dois

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exercícios seguintes. No primeiro, deve completar os espaços com os tipos de linha


indicados.

Uma sugestão: não prenda o papel, para poder girá-lo, de acordo com sua conveniência.
Trace as linhas da esquerda para a direita, começando de cima para baixo. Apoie a
extremidade da mão, próxima ao pulso, no papel e desloque a lapiseira presa pela pinça
dos dedos indicador e polegar, fazendo um curso curto e confortável. Para prosseguir
com o traçado, desloque a mão para o lado direito, sempre apoiando bem antes de traçar

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no papel. Preste atenção a dois elementos: o tipo de linha e o alinhamento do traçado.


Não tenha pressa!

Segunda Parte: nas figuras referentes à NBR8402, apresentadas a seguir, estão


indicados dois conjuntos de caracteres maiúsculos e minúsculos, assim como de
algarismos. O primeiro tem orientação vertical e o segundo orientação de 75º com a
horizontal. Examine atentamente esses dois conjuntos e escreva, usando caracteres
maiúsculos e minúsculos verticais e algarismos verticais, seu nome completo, o título
Engenharia de Produção, e a data completa nos segmentos de papel milimetrado abaixo,
conforme as indicações.

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25
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26
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Nome e sobrenome

Engenharia de Produção

Dia/mês/ano

Agora, escreva de 0 a 20 usando os algarismos verticais e, em seguida, os inclinados.

Sugestão: liberte-se de sua forma habitual de escrever! Siga minuciosamente o sentido e


a sequência dos movimentos. Não se preocupe em fazer os traços contínuos, mas em
realizar cada segmento com precisão, iniciando e terminando nos pontos de conexão com
os demais segmentos. Observe que será preciso escolher tamanhos de letras que caibam
nos espaços indicados, faça isto, mas mantenha as proporções indicadas nas instruções
de como desenhar os caracteres. Use abreviações, se achar necessário. Procure se
habituar ao procedimento, para poder usá-lo sempre do mesmo modo.

Atividade 3

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Atende aos objetivos 1, 3 e 4.

Você recebeu dois desenhos. Examine cada um atentamente!

Primeiro desenho Segundo desenho

Base Coluna
esquerda

Base
direita

Aba esquerda

Aba direita

O primeiro desenho é um croquis com 5 peças de acrílico totalmente transparentes. Este


será seu primeiro projeto (imaginário, é claro)! Você "vai colar" as peças de acrílico,
formando um conjunto mecânico. Observe as setas indicativas e, primeiro, imagine que
você move a base esquerda de modo que sua face mais estreita e larga se una à face
esquerda (a mais alta e mais larga) da coluna. Imagine que fará o equivalente com a base
direita. Agora imagine que coloca a aba esquerda sobre a base esquerda, de modo que
as duas faces que fazem um ângulo reto estejam, simultaneamente, apoiadas sobre a
face mais larga da base (superior) e a face mais larga (esquerda) da coluna. Imagine que
fará o processo equivalente com a aba direita. Pronto! Foi simples, não foi? Em que lugar
Você construiu seu conjunto? Usou, apenas, a imaginação, como foi sugerido? Ou usou o
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papel? Ah! com desenho podemos ajudar a imaginação a montar coisas complexas,
podendo pensar em cada etapa, através do que estamos vendo no papel, assim tudo fica
mais fácil!Vamos ver como o desenho técnico poderia ser uma rota alternativa para o que
você fez?

Primeira Parte: usando as peças de acrílico.

Primeiro Passo: Para treinar, use uma folha A4 sem pré-impressão e desenhe as
margens, o quadro, a legenda e as marcas conforme a ABNT. Separe uma folha A4
auxiliar, sem legenda.

Segundo Passo: Copie dos modelos de folhas de desenho, os dados da legenda do


CEFET/RJ, usando a caligrafia normalizada.

Terceiro Passo: Considerando as 6 classificações de desenho vistas, descreva qual será


o tipo de desenho projetivo a ser usado na solução do problema e anote essa informação
aqui, no espaço disponível.

Quarto Passo: Para sua escolha, no passo anterior, prepare os instrumentos e recursos
de desenho.

Quinto Passo: Observe atentamente que tipo de desenho projetivo você recebeu, como
informação de referência. Ele pode ser considerado um desenho definitivo? Responda no
espaço indicado.

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Sugestão: de quais informações você dispõe? Com elas, que tipo de desenho será
possível fazer? Reveja as classificações apresentadas antes, para poder classificar seu
projeto, nesta etapa.

Sexto Passo: Desenhe! Observe a forma e a posição da coluna e desenhe, uma de cada
vez, as quatro peças restantes, na posição e na ordem indicada. Como todas as peças
são transparentes, a peça colocada por cima de outra, não impede a visão através delas.

Sugestão: examine as formas e as proporções das peças. Você não dispõe de "suas
medidas" (dimensões em cm ou mm, por exemplo), mas se desenhar uma aresta,
livremente, as demais serão definidas pela proporção em relação à primeira. Você pode
seguir por vários caminhos, mas a montagem final será a mesma! Experimente!

Segunda Parte: As peças de acrílico ficam opacas.

Sétimo Passo: Examine com atenção o segundo desenho fornecido. Ele é um desenho
definitivo? Responda no espaço indicado.

Neste desenho, já com todas as peças nas devidas posições, o que está faltando para
esse conjunto ser fabricado? Pense nisso, para classificar esse desenho. Observe que a
forma das peças está diferente do primeiro desenho. Se você considerar que as
proporções do primeiro desenho devam ser respeitadas, esse segundo conjunto será um
outro, bem diferente do primeiro. Se você considerar que o primeiro desenho foi feito
antes do segundo, as modificações são um processo normal, à medida que o projetista
vai refinando a concepção do projeto, que fica registrado em desenhos mais cada vez
mais precisos e detalhados, até ser feito o desenho definitivo. Depois dele a peça será
fabricada ou o conjunto será montado, conforme indicado.

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Observe que há dois tipos de linhas em todo o desenho. Compare este desenho com o
seu. Há alguma semelhança? Seriam duas representações do mesmo conjunto, formado
pelas mesmas cinco peças? Responda essas questões no espaço indicado.

Oitavo Passo: Considere que as peças que você uniu, ficaram opacas, ou seja não é
possível enxergar através de uma peça e, quando uma peça está sobre outra, não é
possível vê-la, como ocorria antes. Refaça seu desenho com essas considerações.

Nono Passo: Compare seu novo desenho com o segundo desenho fornecido. Há alguma
correlação? Responda no espaço indicado.

Décimo Passo: Pense em seu conjunto opaco girando, no espaço, até que o perfil das
suas linhas se alinhe com uma das três representações do segundo desenho. Observe,
então, como as arestas de sua peça estão desenhadas no segundo desenho. Não foram
usadas linhas estreitas tracejadas, Você consegue explicar por quê? Quando você
desenhou, precisou usar escalímetro ou régua? Por quê? Responda as questões no
espaço indicado

Veja que o desenho da direita representa o mesmo conjunto, visto por três posições
diferentes, mas como se ele estivesse fixo no espaço. Lembre-se do que cada tipo de
linha normalizado significa e quando deve ser usado, para examinar e "ler" o desenho.

Resposta comentada

Para responder as questões propostas você precisa dos conceitos sobre as diversas
classificações dos desenhos. Uma questão central é que os desenhos definitivos devem
ter todas as informações para atender a finalidade de uso. E, as dimensões da peça ou
das peças de um conjunto são itens essenciais, sempre. Para analisar os desenhos é
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preciso considerar as convenções e hierarquias de linhas. Quando os corpos são


transparentes, como os vemos, enxergamos as arestas através deles, mas quando são
opacos, algumas arestas ficarão ocultas ou "invisíveis" no primeiro plano e, nesse caso,
serão desenhadas com auxílio de linhas tracejadas.

Você já viu fotografias em que aparece do lado do objeto de interesse, um palito de


fósforo, uma moeda ou um pedaço de régua e, sem dificuldades, compreende o motivo.
Quem não tirou a foto, não saberia dizer o tamanho real do objeto, sem ter algo de
dimensões conhecidas para comparar. Fotografias tiradas de grandes distâncias ou de
muito perto, precisam desta referência, com frequência. Nas fotos técnicas ou para
pesquisa científica essa prática é obrigatória. Por outro lado, quantas lojas especializadas
em miniaturas você já viu? Quem gosta e não tem espaço na garagem, pode ter várias
Ferraris, Porsches, Volvos na prateleira da estante... Mas para valerem à pena, essas
miniaturas têm, todas elas, uma característica fundamental, elas têm de ser realistas e
isto, só se consegue mantendo uma proporção rigorosa entre cada uma de suas partes e
as correspondentes do objeto em tamanho natural, no caso, o carro do mundo da vida.
Isso tudo se refere ao problema de escala! Com escalas podemos reduzir, mas também
ampliar, como nas esculturas, nos bonecos miniaturas de super-heróis que as crianças
usam e que, se fossem humanos, teriam 3,0m de altura e bíceps de 60 cm. Voltando às
fotografias, por exemplo, podemos ampliar para ver melhor ou reduzir, para conseguirmos
uma imagem que caiba no quadro....Em desenho, faremos o mesmo.

Dois exemplos desta necessidade de indicação da escala estão ilustrados na figura. 2.14.
São duas fotografias tiradas de imagens de microscópios. Olhe a imagem e ignore as
indicações de dimensões nos cantos inferiores de cada imagem. Você não concordaria,
nesse caso, que a imagem da esquerda poderia ser a de um mapa ou um relevo
rochoso? E a da direita, não poderia ser a lua vista atrás de um muro, em noite escura?
Mas, quando vemos a indicação de 5,0mm/1.000.000 e 1mm, respectivamente,
entendemos que essas interpretações não são viáveis.

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Revestimento

Trinca

Escala Escala

Figura 2.14 Trinca em revestimento metálico. B Revestimento aplicado em um eixo de


máquina, através de soldagem.

Observe, agora, o desenho da figura 2.15. O objeto é o mesmo, mas suas representações
foram feitas com redução progressivamente maior. A partir de certo ponto não é mais
possível identificar certos detalhes com a desejável nitidez. Assim, percebe-se a
importância prática da escolha da escala para a execução do desenho.

Figura 2.15 Os efeitos práticos da escala: os pequenos detalhes desaparecem.

4.3.7 Normalização de Escalas

A palavra escala se refere a uma série de razões de proporções, como a escala de cores,
a escala de notas musicais, por exemplo. Em desenho técnico, a escala indica a razão
entre a dimensão do desenho e a dimensão do objeto real. Assim, quando se diz que foi
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usada uma escala de "2 para 1" ou "2:1", significa que se for medido um segmento com
100 mm no desenho, o segmento equivalente do objeto real representado pelo desenho,
medirá 50mm. De outro modo, se for usada uma escala 1:5, um segmento de 500mm,
medido em um objeto real, será desenhado com 100mm. Se for usada uma escala 1:1, ou
natural, as medidas do desenho e do objeto serão idênticas. Assim, pode-se ampliar,
reduzir ou manter as dimensões de um objeto na sua representação através da escala
usada no desenho.

Há escalas normalizadas que devem ser preferidas a outras escalas quaisquer. Isso
permite racionalizar recursos e processos de produção, arquivamento, reprodução e,
ainda, explorar efeitos estéticos e técnicos consagrados pelo uso. Na Tabela 2 estão as
principais escalas conforme a NBR8196.

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Tabela 2 Principais escalas para uso no desenho, conforme a NBR 8196.

2:1 5:1 10:1

Ampliação 20:1 50:1 100:1

Real 1:1

1:2 1:5 1:10

1:20 1:50 1:100

1:200 1:500 1:1000


Redução
1:2000 1:5000 1:1000

No passado, o desenho significava forma, cor, proporção, simulação de movimento,


antecedendo os recursos da fotografia, do filme e da simulação. Mais tarde, passou a
significar, também, dimensões, qualidade das superfícies, sequências de fabricação e de
montagem, como também muitas outras informações técnicas impressas. Ter um
desenho impresso era ter o conhecimento para fazer, copiar, modificar. Hoje, os
desenhos "construídos" através de softwares são entidades vetoriais e digitais e todas as
suas informações fazem parte de um corpo de dados. Conhecendo um número de série
de uma peça, você entra em um banco de dados e recupera, não só o desenho, mas todo
o histórico de cálculos, catálogos de fornecedores, dados de quem, quando e com que
contrato fabricou uma peça ou um lote de peças. Pode encontrar estudos de custo, de
formação de preços e de encomendas. O que é o desenho e o que não é? Quando você
vai a uma loja autorizada e leva seu equipamento, em muitas situações basta passar o
leitor do código de barras na etiqueta dele e pronto! A caixa de segredos se abre e tudo o
que aconteceu com ele e que, no futuro, vier a acontecer vai ser registrado e alimentar
novos ciclos de projeto para futuros equipamentos, escolha de fornecedores e de
materiais e outros processos de interesse para todos os envolvidos no projeto, produção e
comercialização do seu equipamento. Assim, pense em desenho como informação ou
inteligência ou conhecimento materializados em papel ou na tela ou ainda, virtualizados
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na forma digital ou em nuvem, aguardando ser processados. No mundo das relações


CAD-CAE-CAM as novidades não param e as interações com realidade virtual permitem
fazer projetos, simulações e fabricação de protótipos e peças em pequena escala cada
vez mais complexos, mais rapidamente, de forma mais segura e econômica. Com essa
concepção ampliada de desenho-inteligência, pode-se projetar um avião, por exemplo,
usando o trabalho simultâneo e cooperativo de várias pessoas em diferentes lugares do
mundo e, em seguida, disparar e controlar a produção simultânea de peças, seu
transporte, armazenamento, recebimento, montagem, manutenção e descarte, também,
envolvendo equipes, fornecedores e instalações espalhados pelo planeta.

Figura 2.16 Simulação com modelos 3D de Ferrari F40 sendo elevada e transportada em
protótipo de equipamento rodoviário em desenvolvimento (Xavier, L.S©).

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(a)

(b)

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(c)

Figura 2.17 Fases de Projeto. Na sequência: esboço na fase de concepção, desenho


definitivo de estrutura, simulação computacional com modelos 3D de comportamento de
partes do protótipo de equipamento rodoviário em desenvolvimento (Xavier, L.S©).

Nas Figuras 2.16 e 2.17, estão indicadas diversas fases de desenho usadas no projeto de
um equipamento. Os modelos 3D foram criados a partir dos esboços cotados e de outros
muitos desenhos não apresentados aqui, para, em seguida, ser possível fazer simulações
como de montagem, movimentação e análise de tensões e de deformações nos
componentes, como ocorreria com o veículo em movimento e carregado. Analise que as
imagens permitem visualizar um modelo numérico complexo, em que foram incorporadas
propriedades geométricas, mecânicas, condições de carregamento e de apoio das peças,
entre outros. As cores (ou tons de cinza) indicam escalas de valores para as variáveis
físicas de interesse como, por exemplo, tensões e deformações. Nos dois extremos da
escala, estão cores quentes, como o vermelho, que indicam valores mais elevados (e
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perigosos) e as cores frias, os valores menores. Setas, com cores diferentes, indicam
pontos de carregamento ou de apoio dos componentes.

Esse tipo de trabalho envolve muito tempo de vários profissionais, informações de origens
diferentes, contatos com fornecedores e fabricantes, pesquisa de produtos e materiais e,
para integrar e processar todas essas informações, foi usado o desenho, na concepção
ampla proposta, de desenho-inteligência, com apoio de softwares de engenharia.

Atividade 4

Atende aos objetivos 1,3,4 e 5

Peque uma caixa de fósforos, segure dos lados, em que se pode riscar o fósforo, com o
indicador e com o polegar da sua mão direita, fazendo uma garra, de modo que a unha do
polegar esteja de frente para você, na altura do seu nariz. Se você fosse desenhar,
apenas, a caixa na posição "de lado" atual, era seria um retângulo, aproximadamente, do
tamanho da lixa lateral, usada para fazer o fósforo queimar, não é mesmo? Desenhe essa
imagem em esboço em uma folha de papel qualquer, respeitando as proporções entre os
lados do retângulo que você visualiza. Agora, fazendo uma rotação com o pulso, gire a
face da caixa que tem a marca do fabricante de modo que fique na vertical e de frente
para você e a unha do seu polegar direito fique virada para baixo. Você está vendo um
retângulo maior e, fazendo um canto com ele, está o retângulo menor com a lixa, virado
para baixo, não é ? Você fez um arco para baixo com seus dedos no espaço, para poder
girar a caixa. A partir da posição em que desenhou, no papel, o retângulo com a lixa,
procure reproduzir essa mesma distância e, desenhe, agora o retângulo maior com a
marca do fabricante, fazendo o canto que mencionamos. Nesse processo, seus olhos
ficaram na mesma posição e o objeto se deslocou em relação a eles. Vamos testar um
outro processo, em que você se desloca em relação ao objeto.

Nos projetos envolvendo instalações e edificações, em geral, os objetos são grandes e,


para desenhá-los é preciso usar escalas de redução. No croquis fornecido está uma vista
área, tirada com a câmera de um Vante (veículo aéreo não tripulado), de um conjunto de

39
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prédios, em volta de uma praça com piso elevado. As dimensões estão indicadas em
metros.

a)Imagine que a câmera se moveu e está, agora, exatamente na vertical sobre esse
conjunto de prédios, como o Sol ao meio-dia, sem sombras. O que Você veria?

b)Agora imagine que a câmera girou, como o Sol, e se posicionou alinhada com a seta, e.
Nesta situação a câmera está perpendicular aos prédios.

c)Represente, na forma de desenho preliminar com instrumentos, as imagens obtidas nas


duas posições da câmera, em um papel A4, com margens e legenda pré-impressa. Qual a
escala que você vai adotar? Se você pudesse posicionar as duas vistas, para fazer uma
associação com o movimento da câmera, como você faria?

40
41
68,00
30,00

32,00
Altura

25,00
60 m

21,50 21,50

5,85

6,50
5,00

5,00
65,00

68,00
Altura 1m

25,00
118,00

Alturas não
indicadas 40 m

Croquis da vista aérea.

Resposta comentada

Sugestão: desenhe a primeira imagem em cima e depois desenhe a segunda abaixo da


primeira. Comece pelos contornos dos prédios e procure respeitar as posições relativas
das linhas nas duas posições, como você treinou com a caixa de fósforos. Se for preciso,

41
42

prolongue, suavemente, as linhas de cima para baixo as arestas verticais da primeira


posição, para desenhar a segunda posição e, depois, apague.

Conclusão

Um desenho técnico definitivo é um documento, impresso ou digital, que só se


obtém com a integração do conhecimento de diversas normas técnicas, do
domínio dos instrumentos e recursos disponíveis para desenhar, sejam manuais
ou computacionais e, ainda, de uma interpretação da realidade que se quer
representar, orientada por convenções bem definidas. Da mesma forma, para se
ler um desenho, como se trata de uma linguagem rica, é preciso ter a cultura
técnica para decodificar e integrar em um certo sentido lógico, todos os símbolos e
regras que foram usados na sua produção. Em movimentos discretos e
progressivos, você caminhou bastante nesta direção!

Resumo

Na primeira aula, foi proposta uma analogia entre o desenho técnico e outras
linguagens, de modo a explorar a lógica de comunicação que todos usamos no
dia-a-dia, para pensar na lógica de regras, símbolos e propósitos específicos de
desenho técnico.

Nesta segunda aula, partir daquele ponto-de-vista, foram introduzidas e discutidas


as normas técnicas básicas de desenho e propostas algumas aplicações. Ao
realizá-las, foi possível associar o conteúdo das normas a problemas práticos e,
ao mesmo tempo, desenvolver habilidades manuais e de visão espacial, no duplo
movimento de ler desenhos e fazer desenhos.

Pôde-se percorrer, introdutoriamente, o caminho típico de projeto em engenharia,


usando os diversos tipos de desenho como forma de acompanhar e distinguir as

42
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características e necessidades de cada etapa, desde a concepção inicial de uma


forma ou equipamento.

Referências Bibliográficas

•NBR 10647 –DESENHO TÉCNICO –NORMA GERAL

•NBR 10068 –FOLHA DE DESENHO LAY-OUT E DIMENSÕES

•NBR 10582 –APRESENTAÇÃO DA FOLHA PARA DESENHO TÉCNICO

•NBR 13142 –DESENHO TÉCNICO –DOBRAMENTO DE CÓPIAS

•NBR 8403 –APLICAÇÃO DE LINHAS EM DESENHOS –TIPOS DE LINHAS –


LARGURAS DAS LINHAS

•NBR 8402 –EXECUÇÃO DE CARACTERES PARA ESCRITA EM DESENHOS


TÉCNICOS

•NBR10067 –PRINCÍPIOS GERAIS DE REPRESENTAÇÃO EM DESENHO TÉCNICO

•NBR 8196 –DESENHO TÉCNICO –EMPREGO DE ESCALAS

LEAKE,James;BORDERSON,Jacob. Manual de desenho técnico para


engenharia: desenho, modelagem e visualização. Rio de Janeiro: LTC, 2010.

GIESECKE, Frederick E et al. Comunicação Gráfica Moderna. Porto Alegre:


Bookman, 2002.

História da normalização brasileira / Associação Brasileira de Normas Técnicas. – Rio de


Janeiro: ABNT, 2011. 112 p. : il.color. ; 29,7cm. ISBN 978-85-07-02528-3

http://www.academia.edu/1552755/O_REI_DE_JUSTI%C3%87A_SOBERANIA_E
_ORDENAMENTO_NA_ANTIGA_MESOPOT%C3%82MIA

https://en.wikipedia.org/wiki/William_Farish_(chemist)

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