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em 6 esquetes
Milla
Oh Laurindinha
Vem à janela!
Oh Laurindinha
Vem à janela!
Ver o teu amor, ai ai ai, que ele vai pra guerra (2x)
Gustavo
Oh Mar Salgado!
Grasi
nosso Senhor;
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria,
Guilherme
CENA 1 – A ROSA
ROSA
VENDEDOR
ROSA
VENDEDOR
Temos Rosa Radioativa, Rosa Estúpida, Rosa Inválida, Rosa com cirrose, Rosa Atômica... Qual a senhora deseja?
ROSA
Meu amor, essa é a última oração pra salvar o seu coração. O coração não é tão simples quanto você pensa!
VENDEDOR
ROSA
Eu não estou falando de nenhuma dessas aí. Deus te abençoe, meu filho.
A Rosa sai de cena e o vendedor continua pensativo por um tempo. Começa a mexer em todas as suas rosas e
percebe que não é nenhuma daquelas. Joga todas no chão e começa a procurar pela rosa da Rosa. É interrompido
pela passagem de muitas pessoas perdidas. Quando se vê sozinho, começa a cantar e , aos poucos, o elenco vai se
juntando a ele:
VENDEDOR
VENDEDOR + GRASI + CANDA + LUIS FELIPE + VICTORIA + JÉSSICA + FERNANDA + ARISA + GUI
ELENCO
O elenco começa a cair no chão aos poucos, diminuindo a quantidade de pessoas que cantam, até que sobre apenas
o vendedor em pé.
VENDEDOR + VICTORIA + ARISA + GUI + FELIPE + VICTOR
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
GUILHERME
Sem cor
VICTOR
Sem perfume
VENDEDOR
Sem rosa
Sem nada.
O vendedor também cai. Lentamente, o elenco começa a se arrastar para a formação de meia lua. As Três Pessoas,
que já foram marcados no centro, se levantam enquanto o elenco se arrasta para iniciar a próxima cena.
TODOS
Eu sou um cara.
É matar ou morrer!
TRÊS PESSOAS
Te chamam de ladrão,
De bicha/sapatão/indecisa,
De maconheiro.
(pausa)
(pausa)
ELENCO
ELENCO
CANDA
ELENCO
GRASI E GUSTAVO
ELENCO
O elenco começa a amarrar as três pessoas com a fita de área interditada, enquanto cantam:
VICTOR
ELENCO
ARISA E FERNANDA
ELENCO
MULHERES
Pervertida, mal-amada,
HOMENS
MULHERES
HOMENS
O restante do elenco tira a venda e, com exceção das três pessoas, já começa a se posicionar para a próxima cena.
Enquanto se soltam lentamente das fitas, as três pessoas continuam:
VICTOR
ARISA E FERNANDA
VICTOR
ELENCO
Cena 3 – A CARNE
GARÇOM E CONVIDADOS
CANDA
Quanto descaso! Essa carne tá passada demais!
LUIS FELIPE
Pra mim, isso tá queimado!
GRASI
(pega um pedaço do cabelo) Garçom! Isso aqui tá muito duro!
VICTOR
Essa carne aqui não foi amaciada direito! Precisava ter batido muito mais!
FERNANDA
E essa parte aqui que eu peguei? Tá tão malpassada que tá até sangrando!
Conforme o coro canta, a cena vai sendo descongelada. Em câmera lenta, o bloco dos convidados vai saindo
por onde entrou e se posicionando para a próxima cena. O coro permanece cantando, mesmo fora de cena,
ao fundo do texto da carne.
A CARNE
No mercado, seguido. No banco, contido. Na catraca, barrado. Preto, mulato, de cor, de raça. Essa ferida dói,
arde, machuca e não passa. A tua falsa empatia de nada me adianta, não me serve nem em bandeja de
prata. E, aliás, quanto a esse jantar? Eu não engulo, me sento ao seu lado e vomito. Sinto muito, senhores!
Este cardápio me é indigesto. Me levanto e me retiro sem pedir licença. Mas antes de ir, permita-me uma
única pergunta: se foi tu quem cuspiu no prato que comeu, por que é que até hoje sou eu quem paga a
conta?
O coro canta mais uma vez o refrão após término do texto, enquanto a Carne sai do palco.
Cena 4 - ABUSO
MULHERES - Todas as mulheres do elenco
HOMENS - Gustavo Soré, Luis Felipe e Felipe Batlle
RESPOSTA - Jéssica
1- Arisa 5- Jéssica
2- Canda 6- Victoria
3- Fernanda 0 - Todas as
4- Grasi mulheres
5 1,2,3,4,6
Ela vai, Eu, às vezes, mudo o meu caminho
Ela vem. Quando vejo que um homem
Meu corpo, minha Vem na minha direção.
lei. Não sei se vem de rosa ou espinho,
Eu tô aqui, Se é tapa ou carinho,
Mas não tô à toa. O bendito ou agressão.
Respeita, respeita.
6 Desrespeitada.
2 Ignorada.
1 Assediada.
5 Explorada.
4 Mutilada.
6 Destratada.
3 Reprimida.
3,6 O silêncio é um grito de socorro escondido
1 Pela alma, 4 pelo corpo.
2,5 Pelo que nunca foi dito.
0 LÁ VAI A MARIONETE!
0 E hoje ainda se escuta:
0
A ROUPA ERA CURTA
ELA MERECIA
O BATOM VERMELHO
PORTE DE VADIA
PROVOCA O DECOTE
0 ABUSO!
1,3,4 2,5,6
Eu corro (eu corro)
Pra onde eu não sei (pra onde eu não sei)
Socorro (socorro)
Sou eu (sou eu dessa vez)
VICTOR
Você pode dizer que já ficou para trás
Pode até esquecer, dizer que não importa mais
Mas teu passado se lembra
O teu passado não esquece
GUILHERME
E nesse inverno cruel vai puxar teus lençóis
Não se pode fugir do que faz parte de nós
Mas nossos olhos delatam
Quando se cala a voz.
VICTOR E GUILHERME
Andando no escuro
Por quem você vai gritar?
Em quem você vai pensar?
ELENCO
Eles não estão aqui pra nos proteger
E o meu pensamento
É à prova de balas
É à prova de fogo
E isso ninguém vai tirar de mim
Entra uma parte instrumental, onde o elenco começa a correr e a se jogar em uma “parede imaginária”,
tentando ultrapassar uma barreira, e não conseguem.
HOMENS
Sente o veneno que sai da tua televisão
Eles vão dar uma festa pra nossa extinção
MULHERES
Quem muito mostra, esconde
E engana quem vê de longe
ELENCO
E que na tua estrada, você possa entender
Que alguns nascem pra amar, e outros para vender
No fundo eles têm medo de quem tem muito a dizer
Andando no escuro
Por quem você vai gritar?
Em quem você vai pensar?
Eles não estão aqui pra nos proteger
E o meu pensamento
É à prova de balas
É à prova de fogo
E isso ninguém vai tirar de mim
Com isso, começam a entrar em um estado de loucura (coreografia). O instrumental continua (entra uma
versão em piano da música “Manifesto”, enquanto a Rosa retorna segurando dez rosas coloridas. Durante o
texto da Rosa, o Vendedor a reconhece.
ROSA
Só existe uma maneira de se viver pra sempre:
Compartilhando a sabedoria adquirida
E exercitando a gratidão, sempre.
É o homem entender que ele é parte do todo
Nem ser menos e nem ser mais, ser parte da natureza!
Ao caminhar na contramão disso
A gente caminha pra nossa própria destruição.
CENA 6 – O FIM
FIM
REFERÊNCIAS
CENA 1
CENA 2
Texto: Cazuza (“O tempo não pára”), Bertolt Brecht (“Elogio da Dialéctica”)
CENA 3
CENA 4
Músicas: Respeita - Ana Cañas, P.U.T.A. - Mulamba, Mulamba - Mulamba, Resposta ao Baile de Favela - Mariana Nolasco.
CENA 5
CENA 6
Todas as cenas foram criadas com os alunos ou inspiradas nos exercícios da “Oficina - Interpretação, Corpo e Voz”, dirigidos por
Isabela Cardoso.