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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

RELATOR – CONSELHEIRO ANTONIO ROQUE CITADINI

20ª SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA CÂMARA – 05/07/2015

Item 042
Processo: TC-030206/026/13
Contratante: Prefeitura Municipal de Jandira.
Contratada: Acácia M. D. Comercial Ltda. - EPP.
Autoridade(s) que Dispensou(aram) a Licitação e que
firmou(aram) o(s) Instrumento(s): Anabel Sabatine (Prefeita).
Objeto: Fornecimento de gêneros alimentícios à Secretaria da
Educação.
Em Julgamento: Dispensa de Licitação (artigo 24, inciso IV,
da Lei Federal nº 8.666/93 e posteriores atualizações).
Contrato celebrado em 25-09-12. Valor – R$2.611.281,40. Termo
de Aditamento celebrado em 05-10-12. Assinatura(s) de prazo,
nos termos do artigo 2º, inciso XIII, da Lei Complementar nº
709/93, pelo Conselheiro Antonio Roque Citadini, publicada(s)
no D.O.E. de 06-02-14.
Fiscalizada por: GDF-5 - DSF-I.
Fiscalização atual: GDF-5 - DSF-I.

Tratam os autos de contrato celebrado entre a

Prefeitura do Município de Jandira e Acácia M. D. Comercial
Ltda. - EPP., objetivando o fornecimento de gêneros
alimentícios à Secretaria da Educação.

O ajuste foi precedido de dispensa de licitação

e o Contrato nº 145/2012, foi assinado em 25/09/2012, no
valor de R$ 2.611.281,40 (dois milhões, seiscentos e onze
mil, duzentos e oitenta e um reais e quarenta centavos) pelo
prazo de 04(quatro) meses.

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Em exame, também, termo aditivo, celebrado em

05/10/2012, que teve por finalidade suprimir dos valores
unitários listados o desconto de aproximadamente de 9,24%,
oferecido pelo contratado, equivalente a R$ 214.337,95
(duzentos e catorze mil, trezentos e trinta e sete reais e
noventa e cinco centavos).

Consta dos autos ofício do Tribunal de Contas

da União, protocolado sob o nº TC-020832/026/13, encaminhando
cópia do Acórdão nº 2795/2013 proferido pela 2ª Câmara, Ata
nº 16/2013, Sessão Ordinária de 21/05/2013, acompanhado de
Relatório e Voto, concernente à fiscalização realizada no
Município de Jandira em 2012 para exame de conformidade na
aplicação de recursos federais transferidos mediante Convênio
e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar, onde informa
que foram constatadas irregularidades na aquisição de gêneros
alimentícios para merenda escolar, especialmente quanto ao
preço praticado em 02 (dois) contratos emergenciais
celebrados, pago parcialmente com recursos federais.

A fiscalização a cargo da 5ª Diretoria, DF-5.1

informou inicialmente que o Tribunal de Contas da União
realizou no segundo semestre de 2012, fiscalização no
Município de Jandira para exame de conformidade na aplicação
de reursos federais transferidos mediante convênio pelo
Programa Nacional de Alimentação Escolar – FNDE/PNAE, e
constatou prática de sobrepreço na aquisição de gêneros
alimentícios estocáveis destinados ao fornecimento de merenda
escolar, sendo que a irregularidade ocorreu em dois contratos
emergências, dentre os eles o contrato firmado com empresa
Acácia M. D. Comercial Ltda.

Informou, ainda, que de acordo com o relatório

elaborado pelo Tribunal de Contas da União do montante total
pago com recursos do Programa Nacional de Alimentação
Escolar, o contrato nº 145/2012 firmado com a empresa Acácia
M. D. Comercial Ltda., recebeu recursos Federais no valor de
R$ 115.826,74(cento e quinze mil oitocentos e vinte seis
reais e setenta e quatro centavos).

A fiscalização apurou ser nítida a existência

de sobrepreço, vez que após a assinatura do contrato
nº 145/2012 foi celebrado 1º Termo Aditivo em 05/10/2012, que
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tinha como finalidade suprimir dos valores unitários listados

o desconto de aproximadamente de 9,24%, reduzindo os valores
em R$ 241.337,95, (duzentos e quarenta e um mil, trezentos e
trinta e sete reais e noventa e cinco centavos).

Ao final opinou pela irregularidade da dispensa

de licitação, do contrato e do termo aditivo em exame, em
razão das seguintes falhas:
a) Falta do ato de ratificação da dispensa de licitação;
b) Preço não compatível com o mercado;
c) Falta de cadastro dos responsáveis que assinaram o
contrato e o termo aditivo;
d) Falta da justificativa para elaboração do 1º Termo de
aditamento;
e) Falta de autorização para a celebração do termo aditivo;
f) Remessa intempestiva do contrato, em descumprimento ao
artigo 7º das Instruções nº 02/2008.

Considerando as falhas apontadas pela

fiscalização, e diante pelo informado pelo Tribunal de Contas
da União, o Relator, à época, fixou prazo aos responsáveis
nos termos do inciso XIII, do artigo 2º da Lei Complementar
Estadual nº 709/93.

Em atendimento a notificação a Municipalidade,

por meio de seu Diretor de Compras, encaminhou cópias dos
documentos relativos ao despacho de homologação e
adjudicação, despacho de ratificação, cadastro do responsável
pela contratação em exame, termo de contrato administrativo
de fornecimento, termo de ciência e notificação, termo de
aditamento, deixando, contudo, de apresentar qualquer
esclarecimento acerca das falhas apontadas, notadamente a
questão do sobrepreço dos produtos adquiridos.

Novamente notificada através do despacho de

fls.249, os interessados quedaram-se silentes deixando
transcorrer o prazo oferecido sem apresentação de
justificativas.

Instada a se manifestar, a Assessoria Técnica

sob os aspectos de economia e jurídicos opinaram pela
irregularidade da dispensa de licitação, contrato e do termo
aditivo, visto que restou comprovada a pratica de sobrepreço
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dos produtos ofertados pela empresa contratada. No mesmo

sentido manifestou a Chefia de Assessoria Técnica.

Foi garantido ao Ministério Público de Contas o

direito de vistas dos autos, que o exerceu nos termos do Ato
Normativo nº 006/2014 – PGC, publicado no DOE em 08/02/2014.

É o relatório.

VOTO:

No caso em exame verifico que apesar de

devidamente notificada Origem trouxe aos autos, apenas
documentos referentes ao ato de homologação e adjudicação, o
cadastro do responsável, termo de ciência e notificação,
deixando, entretanto, de enfrentar as questões apontadas na
instrução da matéria, principalmente em relação ao sobrepreço
praticado na aquisição de gêneros alimentícios, condição
suficiente para macular todos os atos praticados, vez que não
restou demonstrado o atendimento ao princípio da
economicidade, contrariando, assim, o exposto no inciso III
do artigo 26 da Lei de Licitações.

Ressalto, ainda, que a equipe de fiscalização,

DF-5, informou ser nítida a existência de sobrepreço, na
aquisição dos gêneros alimentícios adquiridos pela
Municipalidade, uma vez que a pesquisa realizada na internet
constatou que os preços dos produtos adquiridos pela
Municipalidade (arroz, feijão e óleo) disponibilizados pelo
Instituto de Economia Agrícola – SP (fls.159) se encontravam
superiores aos preços médios mensais no varejo.

Nesse sentido, também, foi a decisão proferida

pelo Tribunal de Contas da União, nos autos do processo
nº TC-019.127/2012-0(fls.176/182), que apreciou o exame da
aplicação dos recursos federais transferidos mediante
Convênio e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar –
FNDE/PNAE ao Município de Jandira, onde apurou que os preços
dos gêneros alimentícios praticados no contrato emergencial,

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ora em exame, se encontravam em valores superiores aqueles

praticados no mercado.

Quanto ao termo aditivo que teve por

finalidade suprimir dos valores unitários listados o desconto
oferecido pela contratada, encontra-se contaminado pelas
máculas iniciais por força do princípio da acessoriedade.

Saliento que outras irregularidades reforçam o

juízo desfavorável dos atos praticados dentre as quais,
destaco: ausência de justificativas para celebrar o termo
aditivo, encaminhamento fora do prazo estabelecido nas
instruções e a ausência de justificativas para abertura do
certame.

Nessa conformidade considerando o que consta

dos autos, acolho as manifestações desfavoráveis dos Órgãos
Instrutivos e Técnicos, VOTO pela Irregularidade da Dispensa
de Licitação, do Contrato e do Termo Aditivo, remetendo-se
cópia de peças dos autos:
1- À Prefeitura Municipal de Jandira intermédio de sua
Procuradoria Jurídica, nos termos do artigo 2º, inciso
XXVII, da Lei Complementar n.º 709/93, devendo, o Senhor
Prefeito informar a este Tribunal no prazo de 60
(sessenta) dias, sobre as providências adotadas, em
relação às irregularidades apontadas, especialmente
quanto à apuração de responsabilidades;
2- À Câmara Municipal local, conforme artigo 2º, inciso XV,
do mesmo diploma legal;
3- Ao Ministério Público Estadual para as providências de
sua alçada.
São Paulo, 05 de julho de 2016.

ANTONIO ROQUE CITADINI

Conselheiro

WCJ.
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