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(...) A partir do Decreto 4.463, de novembro de 2002, o Brasil submeteu-se à pela Corte
Interamericana, deixando com isso de computar parte do período em que o recorrente
teria cumprido pena em situação considerada degradante, deixaram de dar
cumprimento a tal mandamento, levando em conta que as sentenças da Corte possuem
eficácia imediata para os Estados Partes e efeito meramente declaratório, . De fato, não
se mostra possível que a determinação de cômputo em dobro tenha seus efeitos modulados
como se o recorrente tivesse cumprido parte da pena em condições aceitáveis até a notificação
e a partir de então tal estado de fato tivesse se modificado. Em realidade, o substrato fático
que deu origem ao reconhecimento da situação degradante já perdurara anteriormente, até para
que pusesse ser objeto de reconhecimento, devendo, por tal razão, incidir sobre todo o período
de cumprimento da pena. Nesse ponto, vale asseverar que, por princípio interpretativo das
convenções sobre direitos humanos, o Estado-parte da CIDH pode ampliar a proteção dos
direitos humanos, por meio do princípio pro personae, interpretando a sentença da Corte IDH
da maneira mais favorável possível aquele que vê seus direitos violados. No mesmo diapasão,
as autoridades públicas, judiciárias inclusive, devem exercer o controle de convencionalidade,
observando os efeitos das disposições do diploma internacional e adequando sua estrutura
interna para garantir o cumprimento total de suas obrigações frente à comunidade
internacional, uma vez que os países signatários são guardiões da tutela dos direitos humanos,
devendo empregar a interpretação mais favorável a indivíduo. Logo, os juízes nacionais
devem agir como juízes interamericanos e estabelecer o diálogo entre o direito interno e o
direito internacional dos direitos humanos, até mesmo para diminuir violações e abreviar as
demandas internacionais. É com tal espírito hermenêutico que se dessume que, na hipótese, a
melhor interpretação a ser dada, é pela aplicação a Resolução da Corte Interamericana de
Direitos Humanos, de 22 de novembro de 2018 a todo o período em que o recorrente cumpriu
pena no IPPSC. Ante o exposto, dou provimento ao recurso ordinário em habeas corpus, para
que se efetue o cômputo em dobro de todo o período em que o paciente cumpriu pena no
Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, de 09 de julho de 2017 a 24 de maio de 2019. (STJ –
5ªTurma - RHC nº 136961/RJ – Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
15/06/2021, DJe 21/06/2021) – Informativo de Jurisprudência nº 701.
TEMA 02 - Art. 9-A da LEP – Pacote Anticrime – Falta disciplinar de natureza grave.
O art. 9-A da Lei 7.210/84, com redação dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote Anticrime),
passou a determinar que “O condenado por crime doloso praticado com violência grave
contra a pessoa, bem como por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime
sexual contra vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à identificação do perfil
genético, mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada e
indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional.”
Ademais, o Pacote Anticrime incluiu o §8º no art. 9º-A (Constitui falta grave a recusa do
condenado em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético), assim como
o inciso VIII do art. 50 (Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que
recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético).
• Violação ao princípio da vedação à autoincriminação (nemo tenetur se detegere),
previsto na Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 8º, Item 2, letra g -
“direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada”) e
no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos da ONU (art. 14, Item 3, letra g –
“Direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada”).
• Violação a garantia constitucional do direito ao silencio – art. 5º, LXIII da
CRFB/88.
TEMA 03
Princípio da legalidade - sistema disciplinar – aparelho telefônico, rádio ou similar e seus
acessórios.
A Lei 7.210/84 define no art. 50, inciso VII a falta disciplinar de natureza grave consistente
na posse, utilização ou fornecimento de aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita
a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
Existe grande controvérsia quanto aos chamados “acessórios” (chip, carregador, bateria, etc.)
de aparelho telefônico, de rádio ou similar e a caracterização da falta grave. O STF
(Informativos 615 e 611) e o STJ (Informativo 475), sempre tiveram posicionamento no
sentido de que os acessórios caracterizariam a falta disciplinar de natureza grave, pois estariam
compreendidos na definição do art. 50, inciso VII da LEP. Já parte da doutrina e jurisprudência
entendem que os “acessórios”, por força do princípio da legalidade (nullum crimen nulla
poena sine lege stricta) estrita, não poderiam caracteriza falta disciplinar de natureza grave,
sob pena de incorrer em analogia in malam partem. Desta forma, em virtude do princípio da
legalidade, as condutas envolvendo os chamados “acessórios”, devem ser considerados como
falta disciplinar de natureza média, prevista na legislação penitenciária (art. 59, inciso XI do
Decreto Estadual 8897/86 – Regulamento Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro – RPERJ
– “portar objeto ou valor, além do regularmente permitido”).
O STJ recentemente decidiu situação análoga, ao enfrentar a tipicidade do comportamento
daquele que ingressa em estabelecimento prisional com chip de telefone celular. A 5ª Turma
do STJ (Rel. Min Ribeiro Dantas) entendeu que em decorrência da principiologia básica do
direito penal (legalidade), na falta de lei prévia que defina o ingresso de chip em
estabelecimento prisional como comportamento típico (nullum crimen sine lege), impõe-se a
absolvição pelo delito previsto no art. 349-A do Código Penal:
TEMA 04
Procedimento (administrativo) disciplinar – Ampla defesa e contraditório. Necessidade
de defesa técnica.
TEMA 06
Livramento Condicional – Pacote Anticrime – Vedação