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APRESENTAÇÃO:

Esta é uma apostila feita unicamente por mim e distribuída gratuitamente


para colaborar com os (assim como eu) estudantes de Direito nos estudos e no
processo de aprovação do tão sonhado concurso público. O foco da apostila são os
concursos públicos para ingresso nos cargos de juiz de direito e promotor de justiça.

As apostilas utilizaram como base o curso do G7 Jurídico (Ministério


Público e Magistratura) do ano de 2.020 e podem vir a sofrer atualizações para se
adequar à legislação superveniente. Não houve cópia de nenhum material fornecido
pelo referido curso, razão pela qual não há violação de nenhum direito autoral.

As notas de rodapé muitas vezes trazem comentários feitos


exclusivamente pelo autor da presente apostila como forma de chamar atenção para
alguns pontos de reflexão.

Caso este material tenha sido útil no tão difícil e custoso processo de
preparação cobrarei como retribuição o relato sobre o seu êxito no tão sonhado
concurso. A melhor forma de “me pagar” é com a sua aprovação.

Qualquer sugestão buscando o aprimoramento deste material será muito


bem-vinda: e sinta-se à vontade para encaminhar por e-mail. Sucesso na empreitada e
bons estudos. Aguardo o convite para o churrasco da posse. Como diria o saudoso e
inspirador mestre Luiz Flávio Gomes: AVANTE!

Atenciosamente,

DANILO MENESES.

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3

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
 Noções essenciais:
- ciências penais -> somatório de 5 (cinco) vertentes;
- criminologia;
- política criminal;
- direito penal;
- direito processual penal;
- execução penal;
- conceito de criminologia: é a ciência que estuda a criminalidade – é a ciência empírica
e interdisciplinar (sociologia + psicologia + medicina legal + Direito) que estuda o
fenômeno criminal;
- objeto da criminologia: crime + criminoso + vítima + controle social1 ;
- finalidade: combater a criminalidade por meio de métodos preventivos – a
criminologia busca adotar técnicas para evitar a reincidência2;
- visão -> a ciência vê o crime como problema social e fenômeno comunitário que
envolve quatro vertentes:
- o crime como fatos ilícitos reiterados na sociedade;
- o crime como causador de dor à vítima e à sociedade;
- o crime deve o ocorrer reiteradamente por um período juridicamente
relevante de tempo e no mesmo território;
- a criminalização de condutas deve incidir após uma análise quantos aos
elementos e repercussão na sociedade;
 Visões sobre o crime:
- crime é um dos objetos de estudo da criminologia, sendo também estudado por
outros ramos (Direito Penal + segurança pública + sociologia);
- crime na ótica do Direito Penal = o Direito Penal apresenta uma abordagem legal do
crime (abordagem normativa). Neste contexto o crime tem limites – a própria lei é o
limite (princípio da reserva legal ou legalidade estrita);
- crime = toda conduta prevista como tal na lei penal;
- crime na ótica da segurança pública = todas as condutas que colocam em risco a paz
social (fatos perturbadores da ordem pública) demandando a aplicação de certa
coerção do estado (em algum grau);
- crime = risco para a paz social;

1
Método Mnemônico: CVC+CS.
2
Para alcançar seus fins e dar suporte à implantação de uma política criminal eficiente há a necessidade
de participação social no processo.
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4

- crime na ótica da sociologia = a sociologia trabalha com fatos sociais (conduta


desviante), analisando o comportamento das pessoas no meio social. Crime é toda
conduta desviante – aquilo que foge das expectativas sociais;
- crime = conduta desviante;
- crime na ótica da criminologia = é feita uma abordagem global considerando o crime
um problema social e comunitário devendo a sociedade traçar métodos eficientes de
combate a este fenômeno;
- crime = abordagem global;

 O crime para a criminologia:


- como afirmado anteriormente, a criminologia faz uma análise global do fenômeno
criminoso buscando encontrar mecanismos para compreensão dos motivos e
circunstâncias ensejadores do comportamento desviante e medidas eficazes no
controle e na prevenção de condutas de tal espécie.

 O criminoso para a criminologia:


- a criminologia moderna analisa o criminoso como sendo uma unidade
biopsicossocial;
- está superado o entendimento do criminoso como uma unidade
biopsicopatológica;
- criminoso na escola clássica: via o criminoso como um pecador, alguém que optou
por fazer o mal em vez de fazer o bem;
- criminoso na escola positiva italiana: via o criminoso como um ser atávico – atavismo
envolve a ideia de transmissão genética3 de características pessoais. Assim a escola
sustentava que o criminoso já nascia como tal, preso às suas deformações patológicas;
- criminosa na escola correcionalista4: via o criminoso como sendo um ser inferior,
uma pessoa incapaz de se autogovernar – ele merecia uma atitude de piedade e de
cunho pedagógico por parte do estado;
- criminoso na escola marxista: via o criminoso como uma vítima inocente da
sociedade – vítima inocente das estruturas econômicas5;
- criminoso na criminologia contemporânea: atualmente a criminologia analisa o
criminoso como sendo uma pessoa normal6, real e, que como nós, está submetido às

3
A noção de genética atual não é a mesma compreendida à época – houve considerável evolução neste
campo científico.
4
Influenciou muito a América Espanhola.
5
Segundo tal ótica a ideologia não permitiria ao escravizado a compreensão da própria escravidão –
criaria uma falta percepção da realidade fazendo com que o proletariado não se revoltasse em função
da assunção de valores impostos pela classe dominante – como se tais valores fossem de fato um
consenso na sociedade.
6
Não sendo o “pecador” da Escola Clássica, o “animal selvagem” da Escola Positiva, o “pobre coitado”
da Escola Correcionalista e também não sendo a “vítima das estruturas sociais” da Escola Marxista.
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leis, podendo cumpri-las ou não – quando ele não cumpre as leis nem sempre é
possível compreender as razões de tal comportamento;

 A importância da vítima para a criminologia:


- a segunda guerra mundial e os sofrimentos impostos por Adolf Hitler nos campos de
concentração impulsionaram o surgimento da vitimologia7;
- a particularidade da vitimologia consiste em questionar a aparente simplicidade em
relação à vítima, demonstrando que o estudo sobre ela é complexo;
- o estudo da vítima é muito importante para uma melhor compreensão do fenômeno
criminal;
- momentos importantes da vítima do ponto de vista da criminologia:
- idade do ouro: momento que se originou no início da civilização e veio
até a idade média – predominava a autotutela e a “Lei de Talião”. A vítima
tinha grande importância porque ela resolvia os problemas que a atingiam;
- neutralização do poder da vítima: este fenômeno surge quando o poder
público assume o monopólio da jurisdição – o papel da vítima é reduzido,
sendo vedada a autonomia de “fazer justiça com as próprias mãos”;
- revalorização da vítima: ela ganha um destaque dentro do cenário do
monopólio da atividade jurisdicional pelo estado – a vítima volta a ser peça
importante da persecução em juízo. A participação da vítima no contexto
da análise da criminalidade (e do próprio processo penal) é uma tendência
positiva no sentido de facilitar o alcance da paz social;

 Controle social e criminologia:


- controle social: toda sociedade necessita de mecanismos disciplinares que assegure a
convivência interna de seus membros, criando instrumentos para realização do
modelo normativo eleito como o mais conveniente à sociedade. Basicamente, o
controle social é compreendido pelas regras impostos a todos na sociedade;
- objetivo: o controle social busca submeter membros da sociedade a um determinado
modelo de convivência social;
- tipos de controle social:
- controle social formal8: patrocinado pelo estado e pelo sistema oficial de
vigilância, incluindo a atividade de vários órgãos (ex.: polícia; justiça) – este
controle é coercitivo;
- controle social informal: determinado pela família, escola, igreja – aquilo
que se aprende com a convivência social e é introjetado na personalidade
como valor a ser seguido;

7
Será feita uma abordagem minuciosa da vitimologia ao final desta apostila.
8
É o estado agindo para impor determinados modelos de convivência social.
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- importante: o bom funcionamento do controle social informal impede a


saturação do sistema de controle social formal – quanto mais solidificados
os valores de convivência social na sociedade, menor a criminalidade e a
demanda para o sistema de controle social formal;
- divisões do controle social formal:
- 1ª seleção  repressão jurídica do estado9  realizado pela polícia
judiciária  atividade que inicia a persecução penal;
- 2ª seleção  início da ação penal  representado pelo Ministério
Público oferecendo a denúncia;
- 3ª seleção  tramitação do processo judicial com a condenação 
representando pelo trabalho do Poder Judiciário10;

FUNÇÕES & MÉTODOS


 Funções da criminologia:
- função linear da criminologia: informar à sociedade e aos poderes públicos sobre o
crime, o criminoso, a vítima e o controle social, reunindo conhecimentos capazes de
fazer ser compreendido cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com
eficácia e de modo positivo no homem criminoso;
- função de orientação: orientar a política criminal e a política social;
- política criminal = prevenção especial (prevenção direta dos crimes
relevantes);
- política social = prevenção geral (prevenção indireta);
- a criminologia não é uma mera fonte de dados estatísticos – os dados precisam ser
interpretados por teorias científicas;

 Método criminológico:
- a criminologia é uma ciência empírica11 -> trabalha com a observação da realidade;
- ela se vale do método indutivo, utilizando-se de mecanismos biológicos e
sociológicos;
- a criminologia se presta a conhecer a realidade e posteriormente criar explicações a
partir dela;

9
No Brasil, atualmente, o Ministério Público também vem fazendo o trabalho de controle social formal
de 1ª seleção.
10
Neste momento o estado age de maneira absoluta sobre o indivíduo, impondo ao condenado uma
sanção.
11
Particularmente me autoclassifico (toda classificação de si mesmo tende a ser de duvidosa
veracidade) como um “empirista cético” – seguindo a linha de Nassim Nicholas Taleb. Tendo a atribuir
um grande significado à criminologia dentro do contexto das ciências criminais.
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7

 Papel da criminologia:
- a criminologia busca realizar o controle e a prevenção do fenômeno criminal;
- a criminologia tem um “tríplice alcance”:
- explicação científica do fenômeno criminal;
- prevenção do delito;
- prevenção positiva no homem delinquente – evitar a reincidência;

PERÍODOS DA CRIMINOLOGIA
 Período pré-científico:
- começa com a antiguidade e termina com os trabalhos de Beccaria e Lombroso;
- não havia efetivos estudos sobre a criminalidade – havia apenas algo bem
especulativo no que tange ao que poderia levar alguém a praticar um crime 
ausência de estudos sistemáticos sobre o crime e o criminoso;
- Código de Hamurabi: distinção do julgamento entre pobres e ricos;
- as explicações dos fenômenos criminosos eram sobrenaturais e religiosas,
vinculando o “mal” ao crime  o crime era visto como um pecado (análise
ética/moral);
- demonismo: o criminoso era visto como portador de uma personalidade diabólica;
- século XVI: Thomas Morus12 (em sua obra Utopia) considerou o crime como um
reflexo da própria sociedade, relacionando o crime como uma desorganização social –
ele associava a pobreza com a delinquência;
 sociedade desorganizada  pobreza  delinquência
- século XVIII: os pensadores Della Porta e Kasper Lavater se preocupavam com a
fisionomia, isto é, com o estudo da aparência externa do indivíduo – relação entre o
corpo e a parte psíquica;
- os fisionomistas trabalhavam com o juízo de valor proposto pelo
imperador romano Valério: “na dúvida condene o mais feio13”;
- havia uma necessidade de vinculação do criminoso com suas
características físicas (ex.: tamanho e formato da cabeça);
- século XVIII: surge a escola clássica formando um conjunto de ideais, teorias políticas,
filosóficas e jurídicas sobre as principais questões penais;
- pensadores importantes: Cesare Beccaria + Francesco Carrara + Giovanni
Carmignani;
- para a Escola Clássica a responsabilidade penal se fundamenta no “livre
arbítrio” – poder de determinação pessoal como determinante para a
escolha pela prática criminosa;

12
Segundo ele “o ouro é a causa de todos os males”.
13
Vejo pessoas felizes porte terem nascido no século XX e XXI – me incluo entre eles.
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8

- inimputável: para a Escola Clássica é penalmente irresponsável, ficando


ele alheio ao sistema penal;
- crime: produto da vontade livre do agente;
- pena: mal justo que se contrapõe a um mal injusto (crime);

 Período científico:
- parte da doutrina aponta o surgimento do período científico com Lombroso;
- outra parte da doutrina aponta o surgimento do referido período com Beccaria;
- criminologia clássica: baseada nas ideias iluministas;
- criminologia empírica: a especulação, a intuição e a dedução são substituídas pela
análise dos fatos (observação e indução);
- Século XIX:
- loucura moral ou monomania homicida: surge no século XIX através dos
estudos do médico francês Jean-Etiénne Esquirol na obra “Alucinação”,
afirmando que o criminoso era uma pessoa com princípios morais
deficientes – pessoas que apresentam privação, alteração das suas
faculdades afetivas, emotivas e do senso moral;
- criminoso  princípios morais deficientes;
- o médico francês Philipe Pinel e o médico francês Félix Voisin defendiam
a ideia do criminoso como alguém com deficiência no sistema nervoso
central;
- criminoso  deficiência no sistema nervoso central;
- Karl Max e Fredrich Engels sustentavam que o crime era um produto das
condições econômicas;
- criminoso  produto das condições econômicas;
- Escola Positiva Italiana14: Cesare Lombroso, Raffaele Garofalo e Enrico
Ferri;
- surge no século XIX e defende que as pessoas estão
condicionadas na sua forma de agir por razões de ordem
interna e externa;
- segundo a citada escola o criminoso é uma pessoa que se
assemelha a um doente – e deve ser encarado como tal;
- criminoso = doente;
- método: investigação experimental indutiva tendo o crime
como fato humano e social, buscando esclarecer os motivos
que levam as pessoas a cometerem crimes;

14
Muitos defendem que neste momento (em função da utilização do método) se inicia o período
científico – a escola se baseou em uma investigação experimental indutiva considerando o crime como
um fato humano e social.
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9

- Cesare Lombroso15  o autor classifica o criminoso em vários tipos:


- criminoso nato -> ele defende a tese da existência do
criminoso nato – segundo ele o criminoso nato é
antropologicamente diferente das outras pessoas;
- criminoso louco;
- criminoso de ocasião;
- criminoso por paixão;
- segundo o autor a epilepsia é um fator predominante na
origem da criminalidade;
- ainda segundo o mesmo autor a prostituição feminina
equivale à criminalidade masculina;
- o crime e o criminoso é o resultado do atavismo – passível de
transmissão genética (de pai para filho);
- bioantropologia criminal: o homem delinquente baseado em
aspectos antropológicos – o estudo “O Homem Delinquente”
adotou a técnica da antropometria16;
- atualmente ainda se desenvolvem estudos biotipológicos,
endocrinológicos e psicopatológicos -> atualmente tais estudos
são chamados de criminologia clínica;
- Raffaele Garogalo17  o autor escreveu a obra “Criminologia” em 1.885,
classificando o criminoso em:
- criminoso assassino;
- criminoso violento;
- criminoso ladrão;
- criminoso lascivo;
- segundo o autor os criminosos possuíam características fisionômicas
especiais que os distinguiam dos demais indivíduos da sociedade;
- o crime era, na visão dele, sintoma de uma anomalia moral ou psíquica do
indivíduo, definindo o delito como uma lesão do sentimento mais profundo
radicado no espírito humano (lesão ao senso moral);
- Enrico Ferri18  o autor classificava os criminosos em:
- criminoso nato;
- criminoso louco;
- criminoso passional;
- criminoso ocasional;

15
Defensor do positivismo antropológico.
16
Havia medição do tamanho e proporção do corpo humano.
17
Defensor do positivismo psicológico.
18
Defensor do positivismo sociológico.
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10

- criminoso habitual;
- segundo o autor o crime era o resultado da soma de fatores
antropológicos, físicos e fatores sociais;
- fatores antropológicos (individuais): representam a
constituição orgânica da pessoa – características pessoais;
- fatores físicos ou telúricos: clima, temperatura, estação;
- fatores sociais: a densidade da população, a opinião pública, a
família, a religião, a educação, alcoolismo e drogadição;
- maior relevância = fator social19 = a miséria como
proporcionador do cometimento do crime;
- segundo o autor o criminoso não é moralmente responsável
pela sua conduta e a sociedade, para se proteger, deve deixar
de agir de maneira tardia e violenta – a sociedade deve
prevenir e agir antes que o crime aconteça, fazendo então um
diagnóstico das causas naturais do delito;
- Terceira Escola Italiana;
- surge no século XX com dois grandes expoentes: Bernardino Alimena e Manuel
Carnevale;
- tal escola buscada diferenciar os imputáveis dos inimputáveis;
- para esta escola a responsabilidade moral era baseada no determinismo, tratando o
crime como um fenômeno social e individual:
- crime = fenômeno social + fenômeno individual;
- Escola Francesa de Lion - Escola Antropossocial – Escola Criminal Sociológica;
- era uma Escola integralmente formada por médicos, tendo recebido uma influência
decisiva do químico Louis Pasteur;
- a Escola compara o criminoso ao micróbio – um ser que permanece sem importância
até o dia em que encontra o “caldo de cultivo” que lhe permita brotar (os criminosos
agem quando encontram oportunidades para suas práticas criminosas);

TEORIAS DA CRIMINALIDADE
 Grupos de teorias:
- as teorias em criminologia se dividem em dois grandes grupos (criminologia
tradicional VS criminologia crítica);
- teorias do consenso -> criminologia tradicional;
- teorias do conflito -> criminologia crítica;

19
Este ponto é um rompimento com a ideologia do “criminoso nato”.
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 Teorias do consenso:
- possuem cunho funcionalista e adotam a ideia de que os objetivos da sociedade são
atingidos quando há o funcionamento perfeito das instituições – com pessoas
compartilhando metas sociais comuns;
- também são chamadas de teorias da integração;
- as pessoas que integram a sociedade concordam com as regras de convívio;
- exemplo: Teoria da Desorganização Social (Escola de Chicago);

 Teorias do conflito:
- são teorias críticas, de cunho argumentativo e questionador;
- defendem a ideia de que a harmonia social decorre da força e da coerção – relação
entre dominantes e dominados;
- não existe, para tal teoria, voluntariedade entre os personagens da sociedade para a
busca da pacificação social – o que existe é um conflito de ideias e a predominância da
ideia daquele que possui o poder da força;
- exemplo: Teoria do Etiquetamento;

 Escola de Chicago:
- é o berço da moderna sociologia americana;
- teve início nas décadas de 20 e 30 à luz do Departamento de Sociologia da
Universidade de Chicago;
- a Escola surgiu dos estudos motivados pelo aumento da criminalidade na cidade de
Chicago: antropologia urbana – sociologia das grandes cidades;
- antropologia urbana = é no meio urbano o foco da análise principal da Escola de
Chicago;
- segundo tal escola o meio ambiente exerce muita influência na conduta criminosa,
apresentando um paralelo entre o crescimento populacional da cidade e o aumento da
criminalidade;
- para os defensores da escola de Chicago é a cidade que produz a delinquência (em
determinadas áreas da cidade a criminalidade está concentrada – em outras áreas a
criminalidade exerce pouca atuação);
- a escola privilegia uma atuação preventiva dos poderes públicos – evitar o crime;
 Escola de Chicago  crescimento populacional das cidades  aumento
da criminalidade;

 Teoria Ecológica ou Teoria da Desorganização Social:


- teoria oriunda da Escola de Chicago;
- criada em 1915;
- o progresso leva a criminalidade aos grandes centros urbanos;
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- a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinquência;


- ordem social, estabilidade e integração contribuem para o controle social;
- tal teoria faz um paralelo do crescimento das grandes cidades e do aumento da
criminalidade em virtude da ausência do controle social informal;
 Teoria Ecológica  crescimento da cidade  afrouxamento do controle
social informal  aumento da criminalidade;

 Teoria Espacial:
- teoria oriunda da Escola de Chicago;
- criada em 1940;
- trata da reorganização arquitetônica da cidade como forma de prevenção de crimes;
- é necessário um olhar para as grandes cidades buscando reestruturar a arquitetura e
a organização urbanística – permitindo uma maior vigilância (espaço defensável20);
 Teoria Espacial  crescimento urbano desorganizado  maior
criminalidade;

 Teoria das Janelas Quebradas21:


- surgida em 1984;
- embora não tenha sido derivada da Escola de Chicago, guarda correlação com as
ideias defendidas pelo citado setor de pensamento;
- a teoria de James Wilson e George Kelling estabeleceu uma relação de causalidade
entre desordem e criminalidade22;
- janelas quebradas  causalidade  desordem & criminalidade
- a teoria defende a repressão dos menores delitos como forma de afirmação da
norma jurídica e de sua validade para inibir comportamentos que podem se amoldar a
tipos penais mais graves;
- tal teoria acabou por gerar a “Política de Tolerância Zero” aplicada na cidade de Nova
York por Rudolph Giuliani;
- objetivo: redução dos índices de criminalidade + evitar que um determinado local se
torne uma zona de concentração da criminalidade;
- Política de Tolerância Zero23: estratégia indireta de controle social da criminalidade
que tem como base a teoria das janelas quebradas, partindo da ideia de que devem

20
O crescimento urbano desenfreado e desorganizado da cidade do Rio de Janeiro é um exemplo da
influência da falta de planejamento urbano no desenvolvimento da criminalidade. Sobre o tema há um
interessante livro do saudoso sociólogo polonês Zygmunt Bauman: “Confiança e Medo na Cidade”.
21
Broken Windows Theory.
22
Eles se basearam no estudo psicológico de Philip Zimbardo sobre o veículo abandonado. A ideia
central é: se algo for quebrado e não for consertado rapidamente, logo tudo estará quebrado – a
imagem de “abandono” induz práticas de descuido.
23
Do ponto de vista epistemológico é mais correto considera-la uma “política”, não uma “teoria”.
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13

ser prevenidos os pequenos delitos para afirmação da força cogente da ordem jurídica,
evitando assim a prática de delitos mais graves. Baseia-se numa ideia de confiança
entre população e polícia – além de considerar também a concretização da expectativa
de efetividade normativa (a lei como mecanismo de controle social de fato) seguido da
integração entre mecanismo controlador e população controlada24.
- tal política tem a finalidade de introjetar nas pessoas a necessidade de
obediência à lei, produzindo uma redução dos índices da
microcriminalidade e consequentemente uma diminuição dos delitos mais
graves;

 Teoria dos Testículos Despedaçados25:


- teoria surgida também nos Estados Unidos;
- a teoria parte da ideia de “sufocação criminosa” – limpando a área;
- guarda muita relação com as ideias defendidas pela Teoria das Janelas Quebradas;
- fundada na experiência policial e defende que crimes de menor gravidade e de
menor potencial ofensivo, quando efetivamente perseguidos, causam a evasão da
criminalidade do local da perseguição – migração do crime de acordo com a
efetividade da atuação estatal no local em que ele normalmente ocorre;

 Teoria da Associação Diferencial ou Teoria da Aprendizagem Social;


- também conhecida como social learning;
- difundida pelo sociólogo americano Edwin Hardin Sutherland26;
- segundo tal teoria o processo de aprendizagem de alguns tipos de comportamentos
desviantes (crimes que requer perícia e conhecimento) depende de uma associação
diferencial – a inteligência, perspicácia e perícia são correlacionadas à atividade
criminosa;
- crimes que requerem conhecimento especializado e habilidades específicas são
aprendidos;
- o crime não pode ser definido simplesmente como uma disfunção ou inadaptação
das pessoas de classes menos favorecidas – crime não é exclusividade de pobre;
- tal teoria não se prende ao perfil biológico do criminoso, buscando focar sua análise
em uma perspectiva social – ninguém nasce criminoso;
- a criminalidade é o resultado de uma socialização inadequada – processo de
aprendizagem criminosa;
- importante entender que a teoria privilegiou a análise – até então muito ignorada –
da criminalidade econômica (criminalidade das altas castas sociais);
24
A Política de Tolerância Zero acabou diminuindo consideravelmente a criminalidade na cidade de
Nova York – embora haja muitas críticas à citada política.
25
Cuidado: a teoria não tem nenhuma relação com “castração química” nos crimes sexuais – não vá
falar isto na prova oral!
26
Sutherland é o percursor da nomenclatura “crimes do colarinho branco”.
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14

 Associação Diferencial  criminalidade  processo de aprendizagem;

 Teoria da Subcultura Delinquente:


- desenvolvida por Albert K. Cohen em 1955;
- o autor explica que todo agrupamento humano possui subculturas, oriundas de
setores marginais, comportando cada grupo de acordo com as regras do próprio grupo
– que podem ser incompatíveis com as regras gerais adotadas por todos;
- a subcultura de cada grupo é imposta por meio da violência;
- os grupos valorizam a violência, impondo sanções às pessoas que deixarem de
cumprir as suas regras – pessoas que não se adaptam aos padrões específicos do
grupo;
 subcultura  cultura distinta da cultura geral  coercibilidade pela
violência;

 Teoria da Anomia:
- defendida por Robert K. Merton27;
- apresenta uma explicação sociológica acerca da criminalidade;
- possui base funcionalista;
- o comportamento desviado é visto como sintoma de uma dissociação entre as
aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos para alcançá-las;
- a motivação para a delinquência decorre da impossibilidade do indivíduo atingir a
suas metas de maneira lícita (prescrita pelo sistema);
- a teoria traz várias formas de se alcançar o objetivo visado (ex.: inovação = adoção
das metas sociais dominantes e de meios proibidos para chegar até elas);
- anomia = ausência de norma = manifestação comportamental em que as
normas sociais são confrontadas ou ignoradas;

TEORIAS CRÍTICAS
 Teoria do Etiquetamento ou Labbeling Approach:
- também conhecida como: teoria da reação social + teoria do interacionismo
simbólico + teoria da reação social + teoria da rotulação;
- origem: a teoria surgiu com Emile Durkhein28 em 1960 nos Estados Unidos;

27
O autor possui um excelente livro sobre o tema – a leitura esclarece a compreensão de pontos
importantes da criminologia por ele adotada. O autor cita várias formas de expressão da atividade
criminosa – tipologias de adaptação (ex.: inovação + evasão). As pessoas podem ignorar tanto as regras
referente aos meios de se chegar aos fins sociais dominantes como também ignorar os próprios fins
buscados pela maioria – sendo possível a combinação de tais possibilidades.
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15

- ideia geral: segundo tal teoria é a própria sociedade que, com seu comportamento
repressivo e discriminatório, gera a criminalidade – a sociedade etiqueta o criminoso
como alguém “desviado” e lhe retira as oportunidades de voltar a ter uma vida
compatível o com o sistema normativo vigente;
- a teoria parte da ideia que a relação comunicacional entre a sociedade gera rótulos
nas pessoas que, por mais que as pessoas tentem, dificilmente conseguirão se ver
livres deles – o interacionismo simbólico gera o que na sociologia se chama de
“profecias autorrealizáveis”;
- a teoria divide, de forma crítica, o processo de criminalização:
- criminalização primária: prática do crime pelo agente;
- criminalização secundária: volta à prática criminosa pela falta de
oportunidades decorrente da criminalização primária;
- o motivo pelos quais as pessoas se tornaram criminosas deveriam ser explicados
pelos motivos pelos quais determinadas pessoas são estigmatizadas como criminosos
– o processo parece ser autopoiético e alimentar-se de si mesmo após iniciado;
 crime  rótulo de criminoso  reincidência em função do rótulo;

 Teoria da Criminologia Radical ou Marxista:


- surgiu na década de 70 nos Estados Unidos com o livro “Punição e Estrutura Social”
de Georg Rusche e Otto Kirchheimer;
- segundo tal teoria o estado cria criminoso por meio das imposições econômicas;
- o capitalismo é quem cria o crime;
- o problema criminal é insolúvel em uma sociedade capitalista;
- solução: transformação da própria sociedade – passando a ser socialista29;
 crime  produto de estruturas econômicas opressivas  filho do
capitalismo;

 Teoria da Criminologia Abolicionista:


- tem posicionamento radical;
- busca acabar com as prisões e abolir a própria ideia de Direito Penal30;

28
Howard Becker adota a citada teoria – ele tem um excelente livro chamado “Outsider” e representa a
“Nova Escola de Chicago”. Ele explica de forma clara no livro o processo de colocação do rótulo de
“desviante”.
29
O romantismo socialista é digno de delírios.
30
No que tange ao romantismo oculto dos abolicionistas (classifico de romântica a visão que radicaliza o
plano deontológico em detrimento das evidências empíricas – privilegia as hipóteses em detrimento dos
fatos) evitarei tecer muitos comentários. Só deixo um questionamento: sem o controle repressivo pelo
Estado, o controle deixaria de existir ou simplesmente “trocaria de mãos”? Imagine sua cidade sem um
direito repressivo imposto pela parafernalha estatal: não seria então uma forma de hipertrofiar ainda
mais o poder do capital? Os defensores desta ideia alienada costumam fazer pouco caso da realidade e
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- segundo eles o Direito Penal não cumpre a sua função, não protegendo os bens
jurídicos que diz proteger – alegam que o sistema penal como um todo somente serve
para legitimar as desigualdades e justiças sociais31;
- privilegia a conciliação;
- tal teoria conduz à privatização dos conflitos, transformando o juiz penal em um
conciliador;

 Criminologia Minimalista:
- surgida na Europa nos anos 90;
- prevê uma transformação radical da cidade como uma melhor estratégia de combate
ao crime;
- defende uma política criminal voltada a radicais transformações sociais e
institucionais para desenvolvimento da igualdade e da democracia;

 Teoria da Criminologia Neorrealista:


- admire que as frágeis condições econômicas de alguns na sociedade capitalista
permite que a pobreza venha a gerar muita criminalidade;
- outros pontos específicos da cultura individualista moderna também contribuem
para hipertrofia da criminalidade: expectativa superdimensionada + agressividade +
egoísmo + ganância + machismo;
- a ideia central é que embora as condições econômicas reflitam no aumento da
criminalidade, há vários outros fatores que contribuem para a prática criminosa32;
- defende a criação de uma política social ampla apta a promover o justo e eficaz
controle das zonas de delinquência – intervenção multifatorial;

 Teoria da Criminologia Cultural:


- surgida nos anos 90, legatária da Criminologia Crítica;
- a teoria busca suas relações nas noções de transgressão, de subcultura e de desvio;
- a experiência criminal é vista através de imagens, significados e interferências
culturais e sociais;
- a teoria explora os diversos modos em que a dinâmica cultural se entrelaça com a
prática do crime e o controle da criminalidade na sociedade moderna;

esconder este potencial efeito colateral. É pura ideologia – no sentido proposto por Karl Marx. No
mesmo sentido: LINK.
31
Esse aspecto progressista me faz lembrar um questionamento de Nietzsche: “Todos somos fariseus?”
– depois da “revolução” vão propor um conservadorismo para manter as mudanças realizadas. E assim
gira a roda da história...
32
A simplificação do fenômeno criminal – ligando-o unicamente a questões econômico-estruturais –
sempre foi um problema das teorias de viés marxista. Além de reducionista, tal abordagem é
discriminatória e despida de comprovação empírica.
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TEORIAS NA CRIMINOLOGIA AMBIENTAL


- estuda a criminalidade e a vitimização levando em consideração a relação com o
lugar, com o espaço e com a respectiva interação desses fatores;
- a criminologia ambiental introduziu como objeto de estudos os alvos e os lugares que
determinam a prática de crime;
- a criminologia ambiental e a ciência do crime não incidem sobre as razões pelas quais
os criminosos são criados, mas sim nas circunstâncias que orbitam o ato de praticar o
crime;
 criminologia ambiental  forma de prática do crime  motivação do
criminoso;

 Teoria das Atividades Rotineiras:


- há necessidade de se analisar três elementos – para que se tenha o crime é
necessária convergência em tempo e espaço destes três elementos;
- provável agressor -> infrator motivado por uma patologia individual
buscando um lucro fácil, encontrando uma desorganização social que cria
um sistema social deficiente, dando a ele a oportunidade de encontrar a
hora de agir de forma criminosa;
- alvo adequado -> pessoa, local ou produto que se encontra nas condições
favoráveis à ação do provável agressor;
- ausência de um guardião33 -> pessoa, objeto ou sistema que agiria como
influenciador negativo da prática delitiva – capaz de impedir a prática do
crime (o guardião pode ser formal ou informal);

 Teoria da Escolha Racional:


- a teoria está focada no processo de decisão psicológica do criminoso;
- ideia central: pense como se fosse um criminoso e verás que é necessário
compreender os benefícios almejados pelo criminoso e os riscos envolvidos para
formar a conclusão sobre a prática criminosa ou não;
- a decisão para cometer o crime está limitada pelo tempo, pela capacidade cognitiva e
pela informação disponível;
- limitadores da decisão = tempo + capacidade cognitiva + informação
disponível;
- o criminoso não se preocupa com a pena em si, mas apenas com o risco que ele vai
correr e com a possibilidade potencial de ganho – criar dificuldades é uma forma de
inibir a prática criminosa;

33
Método Mnemônico = AGA = Agressor + Guardião + Alvo.
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 Teoria do Padrão Criminal:


- esta teoria vem ao encontro dos problemas policiais – que são analisados e
entendidos de formas variadas, viabilizando uma melhor compreensão e identificação
das intervenções que serão necessárias;
- devem ser definidos alguns padrões para intervenção eficaz:
- tipo de infração: qual espécie de infração é praticada?
- procedimento: qual o comportamento criminoso na prática do delito?
- localização: onde ocorrem os problemas criminais?
- pessoas: quais os tipos de pessoas estão praticando (autor) e sofrendo
(vítima) os delitos?
- tempo: quais os horários, períodos e épocas da prática criminosa?
- eventos: quando ocorrem os comportamentos criminosos? Em eventos
específicos (ex.: shows, festas, eventos públicos)?

 Teoria da Oportunidade:
- segue a regra: “a oportunidade faz o ladrão”;
- oportunidade: é a ligação entre a pessoa e o ambiente;
- princípios sustentados pela teoria da oportunidade:
- papel decisivo da oportunidade: as oportunidades desempenham um
papel na causa de todos os crimes;
- especificidade das oportunidades: as oportunidades para o crime são
altamente específicas;
- princípio da concentração: as oportunidades para o crime são
concentradas no tempo e no espaço;
- variabilidade da forma de ocorrência: as oportunidades dependem da
forma como as situações da vida são variáveis;
- mudanças tecnológicas como vetor de novas possibilidades: as
mudanças da tecnologia criam novas oportunidades de práticas criminosas;
- a redução acentuada de oportunidades criminosas pode gerar uma ampla queda nos
índices criminais – o criminoso fica “esperando surgir o momento ideal” para a prática
do crime;

PREVENÇÃO DO DELITO
 Noções introdutórias:
- a prevenção é dividida em:
- prevenção primária;
- prevenção secundária;
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- prevenção terciária;
- tipos de abordagem:
- abordagem clássica: a pena é o resultado do enfrentamento entre estado
e infrator – devendo ser analisado o caráter retributivo34 (satisfação da
pretensão punitiva do estado) como objeto principal da prevenção;
- abordagem moderna: destaca-se o lado humano (aspecto conflitivo do
problema criminal). O castigo não resolve nem esgota as expectativas em
torno do fato delituoso. A pena deve ser vista como uma intervenção
positiva no infrator – deve ser trabalhado o caráter utilitário, buscando
primeiramente a ressocialização do delinquente e a reparação do dano.
Sistematizando, os objetivos essenciais são:
- ressocialização do delinquente -
- reparação do dano -
- prevenção do crime -
- daí surge os critérios de prevenção: primária + secundária + terciária;

 Critérios de prevenção:
- prevenção primária:
- focada nas origens do delito;
- busca evitar que o crime ocorra;
- quer agir sobre as carências que levam à conduta criminosa;
- opera há médio e longo prazo;
- é dirigida a todos;
- exige uma prestação social positiva e uma intervenção social (ex.:
fornecimento de educação, emprego, lazer, moradia, saúde);
- prevenção secundária:
- envolve uma política de ações policiais;
- atua na exteriorização do conflito – o conflito já aconteceu e é necessária
uma ação do estado;
- envolve também a mudança da legislação para tornar a lei mais “dura” ou
para criminalizar condutas;
- opera há curto e médio prazo – tem pouca eficácia há longo prazo;
- é dirigida a pessoas específicas (criminosos);
- prevenção terciária:
- é destinada a um público específico  população carcerária;
- busca evitar a reincidência  ressocialização do criminoso;

34
Retribuir ao criminoso o mal que ele fez – tal ponto faz lembrar a filosofia de Hegel.
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20

- é papel da administração penitenciária;

VITIMOLOGIA
 Noções gerais:
- teve início nos estudos de Benjamin Mendelsohn e se destacou posteriormente com
os estudos de Hans Von Henting em 1.948;
- a vitimologia trabalha com o processo de vitimização;
- processo de vitimização:
- vitimização primária: causada pelo cometimento do crime -> gera dano
físico e psicológico;
- vitimização secundária 35 : decorrente do tratamento dado pelas
instâncias formais do controle social;
- vitimização terciária: surge da falta de amparo dos órgãos públicos e da
ausência de receptividade social36;
- processo de vitimização VS cifra negra: o processo de vitimização acaba por gerar a
subnotificação (cifra negra) – depois da revitimização quem sofreu o mal do delito não
volta a relatar os próximos crimes para as instâncias formais de repressão – há um
processo de perda de credibilidade das instâncias estatais de combate ao delito. O
processo continua com a “cifra negra” gerando a sensação de impunidade – e a
impunidade gera mais insegurança. E a insegurança gera mais crimes – alimentando
um círculo vicioso.

35
Exemplo: vítima tratada de forma rude na delegacia de polícia (algo infelizmente muito comum).
36
Exemplo: uma vítima de estupro deve ser avaliada de imediato e ser atendida por um corpo clínico
que vai agir buscando evitar que ela contraia alguma doença sexualmente transmissível.
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