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Negligência, comportamentos de risco e absentismo escolar na origem da maioria dos processos

Mais de 350 crianças e jovens


em risco no Baixo Alentejo
“Encerramento das escolas potenciou o risco de exposição à violência para mulheres e crianças” | 4/5

Sexta-feira
Semanário 16 JULHO 2021
Regionalista Diretor: Luís Godinho
Ano XC, N.º 2047 (II Série)
Independente Preço: € 1,00
MIGUEL PORTO

Fábricas de bagaço de azeitona Um em cada três estudantes


pouco preocupadas com projeto estrangeiros do Instituto
da EDIA. Expansão dos olivais Politécnico de Beja diz-se vítima
é “garantia” de futuro | 6 de discriminação racial | 7

Há 86 espécies de plantas ameaçadas de


extinção no Baixo Alentejo. Intensificação
agrícola na origem do problema | 16/17

extinção
EDITORIAL
02 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

P
Maniqueísmos oucas coisas na vida são a preto e branco.
Bom, há algumas que o são. Um racista
é sempre um racista. Tal como um fas-
de Cuba, ou de Alvito, sobretudo quem tem frequentemente de
se deslocar à estação de caminho-de-ferro para apanhar o com-
boio. Sendo isto uma evidência, a verdade é que no caso deste
cista, um homofóbico, ou um pedófilo, por tipo de indústrias há outros fatores que têm de ser seriamente
exemplo, serão sempre fascistas, homofóbi- ponderados, sob pena de se criarem problemas sociais gravís-
cos ou pedófilos. Na vida pública, isto é, no simos: em qualquer destas fábricas trabalham dezenas de pes-
espaço político-social, nem sempre é fácil soas, que delas dependem para assegurar a sua subsistência fa-
evitar maniqueísmos que distorcem a rea- miliar. Dito de outro modo: há dezenas de pessoas, muitas delas
lidade e nos tendem a empurrar para um demasiado novas para se reformarem e outras sem idade para
ou outro campo, na defesa intransigente de recomeçar um percurso profissional, cuja vida depende do fun-
uma ou outra posição. O mundo, pelo contrário, não é a preto e cionamento destas fábricas, por mais poluentes que elas sejam.
branco. É verdade que o funcionamento das fábricas que se de- No caso de Alvito, então, o problema é substancialmente mais
dicam à queima de bagaço de azeitona (como a das Fortes, mas grave: trata-se de um dos maiores empregadores de um conce-
“Há dezenas de pessoas, também a de Alvito, onde tenho casa, onde voto e onde pago lho despovoado, envelhecido e sem ofertas de emprego. É por
impostos) acarretam importantes impactos ambientais – não isso que notícias como a que o “DA” adiantou na passada semana
muitas delas demasiado podemos querer promover uma região como guardiã de uma – “fábricas de bagaço de azeitona podem ter os dias contados.
novas para se reformarem paisagem ambientalmente sustentável, quando essa paisagem EDIA avança com unidades de recirculação de subprodutos” – e
e outras sem idade para é marcada pelo lançamento na atmosfera de grandes quanti- que hoje retoma, não podem ser lidas sem preocupação. Há mui-
dades de fumo, a maior parte das vezes de forma ininterrupta tas famílias cuja subsistência depende do funcionamento destas
recomeçar um percurso ao longo dos dias e das semanas; nem podemos esconder que o fábricas. Como há muitas famílias que se sentem, e são, prejudi-
profissional, cuja vida cheiro que acompanha esse fumo é profundamente incomoda- cadas pela sua laboração. Encontrar uma solução que agrade a to-
tivo para quem vive nas proximidades dessas fábricas, podendo dos, isto é, que promova o ambiente e a qualidade de vida das po-
depende do funcionamento até estar na origem de alguns problemas de saúde. Em resumo: pulações mas que não esqueça os trabalhadores destas fábricas,
destas fábricas, por mais as fábricas de queima de bagaço de azeitona poluem a atmos- não deverá ser difícil, sobretudo em tempos como os que vive-
poluentes que elas sejam” fera e prejudicam em muito a qualidade de vida de quem habita mos, em que a bioeconomia é uma das traves mestras do novo ci-
nas proximidades – que o digam as populações das Fortes, ou clo de fundos comunitários. LUÍS GODINHO

EM DESTAQUE
“Havia os organismos descentralizados,
os Centros Locais de Apoio à Integração
de Migrantes (Claim), agora temos um
centro que tem âmbito nacional. É como
digo, reconhece o peso da imigração em
Beja. Obviamente não vai resolver todos LUÍS DUARTE
os problemas, mas é uma porta à qual E A “AVENTURA”
podemos bater sempre que necessário”. DESPORTIVA
Alberto Matos, dirigente da Associação DO ‘TRAIL”
Solidariedade Imigrante (Solim)
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Página 11

3 PERGUNTAS A... empresas externas à CVRA, dos proces-


sos de trabalho e das operações nas empre-
sas e traduz uma revolução na forma de tra-
balhar no Alentejo – por essa razão é muito
consequentemente poderem apresentar,
nas suas marcas, este certificado?
Os produtores que obtiverem a certificação
de produção sustentável podem exibir o selo
Começam a chegar ao mercado vinhos alen- importante para a região. Esperamos que nas embalagens, na publicidade, na comuni-
tejanos com o certificado de produção sus- seja bem acolhida pelos consumidores e que cação ou nas assinaturas dos emails. O selo
tentável. Qual o significado que a atribuição a escolha por Sustentável passe a estar nas significa a aplicação de práticas sustentáveis,
destes primeiros selos de sustentabilidade decisões de compra. critério cada vez mais importante nas com-
tem para o setor do vinho, no Alentejo? pras por mercados internacionais e em ope-
É um marco para o Alentejo e para o setor, O que traduz para o consumidor, o selo de radores nacionais da distribuição, como os
a nível nacional, pois demonstra que a pro- produção sustentável? supermercados. Por isso, a certificação é um
dução sustentável de vinho é uma opção viá- Uma garrafa com o selo de produção susten- fator de diferenciação da empresa e uma van-
vel, utilizando práticas com efeitos positi- tável significa que estamos perante um vi- tagem competitiva. Por outro lado, a produ-
vos – social, ambiental e economicamente. nho que incorporou processos de produção, ção sustentável contribui para garantir que a
FRANCISCO MATEUS O Alentejo foi pioneiro, em 2013, quando
trouxe o tema para o setor, quando iniciou,
desde a instalação da vinha até ao engarra-
famento, que contribuem para melhorar as
atividade das empresas vai continuar no fu-
turo, sendo o legado que deixamos para os
PRESIDENTE DA COMISSÃO VITIVINÍCOLA
no terreno, a implementação do Programa condições de vida das pessoas que trabalham que vierem depois de nós. As empresas de vi-
REGIONAL ALENTEJANA (CVRA)
de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo nas empresas e da comunidade envolvente, nho têm um forte cunho familiar e faz todo
(PSVA), em 2015, e quando lançou a certifica- preservando e melhorando o meio ambiente o sentido que aquilo que passarmos aos nos-
ção, em 2020. A atribuição dos primeiros se- e contribuindo para o desenvolvimento so- sos filhos e netos esteja em melhores condi-
los, que atestam a certificação, mostra que o cial e económico da região. ções do que quando foi, por nós, recebido.
caminho está a dar frutos, com muito empe- A produção sustentável contribui para asse-
nho por parte dos viticultores e adegas mem- Qual a importância de os produtores de gurarmos melhores condições futuras para
bros do PSVA e pela Comissão Vitivinícola. vinho do Alentejo começarem a seguir as pessoas, para o planeta e para a atividade
Esta é uma certificação, realizada por este caminho de produção vitivinícola e económica. JOSÉ SERRANO
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 03

IPSIS “Longe vai o tempo em que as câmaras


municipais só se preocupavam com alcatrão e

VERBIS saneamento. Hoje têm de se preocupar com

Semanada
uma rede muito mais larga de intervenções”.
Carlos Miguel, secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional

SEGUNDA-FEIRA, 12
D.R.

BRITÂNICO JULGADO
POR TENTATIVAS
DE HOMICÍDIO
No Tribunal de Beja prosseguiu o
julgamento, iniciado a passada semana,
do cidadão britânico John Clarke, de
30 anos, residente no Monte do Vale
(Trindade), acusado de sete crimes: dois
de homicídio na forma tentada, um de
detenção de arma proibida, um de injúrias
agravada, um crime de resistência e
coação sobre funcionário, um de ofensas
à integridade física simples, e um de
ameaça agravada. De acordo com o
despacho de acusação, citado pelo JN,
as tentativas de homicídio ocorreram
junto ao café Riba Terges no dia 3 de
outubro de 2020, quando o arguido
avistou um homem com quem tinha tido
uma discussão quatro dias antes e a quem
tinha ameaçado de morte, depois do cão
do britânico ter ferido as ovelhas da vítima
e este ter chamado a GNR.

DETIDO COM 2,57 DE


ÁLCOOL NO SANGUE
O Comando Territorial de Beja da PSP

FOTO DA SEMANA
revelou as ocorrências registadas, de
2 de julho a 8 de julho, no âmbito da sua
atividade operacional. Do conjunto
revelado destaca-se a detenção de uma
A Herdade Vale da Rosa, no concelho de Ferreira do Alentejo, promoveu na passada segunda-feira, dia 12, uma ação de pessoa de 36 anos em flagrante delito por
vacinação massiva contra a covid-19 que abrangeu cerca de 700 trabalhadores de várias nacionalidades. A operação foi condução sob o efeito do álcool, tendo
acusado uma TAS com 1,21 g/l e outro,
promovida pela administração da empresa, em conjunto, com a Câmara de Ferreira do Alentejo, a Unidade Local de
com 29 anos, de idade com uma TAS de
Saúde do Baixo Alentejo e a Proteção Civil, numa altura em que os números da pandemia se agravam em todo o País, 2,57. Foram fiscalizados 1935 veículos,
colocando pressão sobre os serviços de saúde. De acordo coma Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARSA), os com a deteção de três infrações. Em
Beja registaram-se cinco acidentes
hospitais do Alentejo registavam, no domingo, uma taxa de ocupação total por doentes com covid-19 de 32,6 por cento
rodoviários dos quais resultaram
em enfermaria e de 28,6 por cento em unidades de cuidados intensivos, num total de 21 pessoas. “A capacidade atual de danos materiais. O Núcleo de Armas e
camas dedicadas à covid-19 é de 46 em enfermaria e 21 em unidades de cuidados intensivos”, sublinha a ARS. Explosivos procedeu à recolha de 26
armas de fogo, perdidas a favor do Estado.

CARTAS AO DIRETOR
NÃO NOS TOMEM coisa. Aparecem uns casos Berardo e O AGRAVAMENTO de sensibilização das forças policiais,
Filipe Vieira para nos enfurecermos e
POR NÉSCIOS concentrar as nossas atenções nestes
DA PANDEMIA não obstante as dificuldades em chegar
junto daqueles que frequentam eventos
MARIA GUIMARÃES senhores e esquecer outros, para mim MANUEL VARGAS (…) em lugares recônditos. É bom que
RECEBIDA POR EMAIL bem mais graves, como a morte acidental ALJUSTREL
tenhamos consciência disso, porque o
de um jovem pobre que dei xa f ilhos que está em causa é acima de tudo evi-
e nada acontece a quem causou este O aparecimento da variante delta, se- tar a perda de vidas humanas e respei-
Q u a ndo s e f a l av a mu ito sobre u m acidente pelo simples facto de se tratar
determinado assunto, enchendo gundo os especialistas, contribuiu para tar a autoridade do Estado democrático
do motorista de um ministro. Por mais uma nova vaga pandémica. Ainda assim, para que este possa desempenhar a sua
noticiários, o meu pai que apenas tinha dinheiro que nos tenham roubado nada
o ensi no sec u ndá r io ma s que Deus com base no meu entendimento, im- função.
é comparável a uma vida humana. Pois porta alocar o impacto negativo de deci-
o t in ha dotado de u ma inteligência é, mas o problema está aí, no valor que
saudavel mente i nvejável, d i zia com sões infelizes dos nossos governantes na
damos a cada pessoa enquanto tal. Como sociedade para não se voltarem a repe-
toda a prontidão “ isto não interessa afirmou o Papa (…) estamos a viver uma
para nada, não é o mais importante, tir. Agora, o essencial do processo estra-
época orientada por” estilos de vida um tégico do Governo consiste numa nova As “Cartas ao diretor” devem indicar nome e contactos
estão a distrair-nos de alguma coisa”. E pouco egoístas, caracterizados por uma
assim era, verificava-se, com o decorrer abordagem na vacinação e na testagem. do autor. Não devem exceder os 1 500 carateres e podem
opu lência at ua l mente i nsustentável Algo sensato e digno de registo, embora ser remetidas por email ou correio postal. O “Diário do
do temp o, que aquela s not íc i a s se e muitas vezes indiferente ao mundo
esvaziavam de interesse sem motivo seja urgente fazer mais. E é neste con- Alentejo” reserva-se o direito de selecionar as cartas por
c i r c u n d a nt e , s o b r e t u d o d o s m a i s texto que se deve aludir igualmente à razões de atualidade ou espaço e, sempre que ultrapas-
aparente. Atualmente acontece a mesma pobres”. atitude do ponto de vista pedagógico e sem o tamanho estabelecido, de as condensar.
ATUAL
04 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

As comunicações
Pandemia e encerramento de escolas levam a
sobre eventuais
diminuição de processos instaurados pelas comissões
situações de perigo e o
de proteção de crianças e jovens em 2020

violência
número de processos
instaurados pelas
comissões de proteção
de crianças e jovens
(CPCJ) diminuíram
em 2020, segundo o
Relatório Anual de
TEXTO NÉLIA PEDROSA ILUSTRAÇÃO SUSA MONTEIRO
Avaliação da Atividade
das CPCJ, elaborado
pela Comissão
Nacional de Promoção
N o primeiro semestre deste
ano a Comissão de Proteção
de Crianças e Jovens (CPCJ)
de Moura recebeu 89 comunicações
de eventuais situações de perigo, nú-
processos de promoção e proteção,
menos 22 do que em 2019. No pri-
meiro semestre deste ano foram
abertos 40 novos processos. No total,
incluindo os transitados e os reaber-
com processo na comissão”. No pri-
meiro confinamento as instalações
estiveram encerradas “durante um
curto espaço de tempo, mas depois
disso, e até durante o segundo con-
de Odemira foram comunicadas,
em 2020, 80 situações de perigo, me-
nos 10 do que em 2019. “Os estabele-
cimentos de ensino representam um
número muito significativo entre as
mero que ultrapassa já as comuni- tos (a maioria deve-se a reincidên- finamento [em 2021], mantivemos entidades sinalizadoras, e com as es-
dos Direitos e Proteção cadas durante todo o ano de 2020 cias), em 2019 foram acompanhados a nossa ação exatamente igual, com colas fechadas grande parte do ano
das Crianças e Jovens. (86). Em 2019 registaram-se 100. 165 crianças e jovens; em 2020, 121; os cuidados associados à situação letivo 2019/2020 [devido ao confina-
O decréscimo de comunicações de e, no primeiro semestre deste ano, de pandemia, dando resposta em mento] é natural que os casos comu-
Este decréscimo 2019 para 2020 – uma tendência ve- também 121. Atualmente, estão ati- tempo real às situações que nos fo- nicados tenham baixado”, justifica a
rificada a nível nacional, segundo vos 81 processos. Em relação ao esca- ram chegando”, diz. E acrescenta: presidente, Ana Correia.
é justificado pela o Relatório Anual de Avaliação da lão etário, destaca-se, em 2019, 2020 “Este ano todos estávamos mais Em 2019 foram instaurados 87
Atividade das CPCJ 2020 –, é expli- e nos seis meses de 2021, os jovens preparados, inclusivamente as es- novos processos e, em 2020, menos
pandemia de covid-19 cado, de acordo com a presidente da entre os 15-17 anos. colas, o que motivou uma vigilân- 10. Incluindo transitados e reaber-
comissão, pelo “primeiro confina- cia mais ativa das crianças e jovens tos, em 2019 foram acompanhados
e consequente mento” devido à pandemia de co- CPCJ MANTIVERAM ACOMPANHAMENTOS que, estando em casa, continuavam 117 crianças e jovens e, em 2020, 110.
vid-19 e consequente encerramento Marisa Moita Ferreira salienta, con- ou não a frequentar as aulas”. Atualmente, a CPCJ de Odemira tem
encerramento das dos estabelecimentos de ensino. tudo, que, desde o início da pan- À Comissão de Proteção de 144 processos ativos. À semelhança
escolas, uma das “A principal entidade sinaliza- demia, a CPCJ de Crianças e Jovens de Moura, em 2019 e 2020, destaca-se
dora é a escola. Durante o primeiro Moura “man-
principais entidades confinamento os procedimentos a tém a sua
adotar face à situação ainda não ti- prática e
comunicantes. As nham sido definidos, o que explica, o acom-
em parte, o decréscimo das sinaliza- panha-
comissões de Beja, ções”, diz Marisa Moita Ferreira. A mento d iá-
responsável frisa que “as escolas de- rio das crianças
Odemira e Moura, sempenham um papel social incon-
tornável no desenvolvimento das
que apresentam, crianças, garantindo-lhes o acesso a
geralmente, o maior serviços essenciais de educação, pro-
teção, nutrição, apoio psicossocial e
número de casos saúde”, e que o seu “encerramento
potenciou o risco de exposição à vio-
no conjunto das 14 lência para mulheres e crianças e li-
mitou bastante a ação protetiva da
CPCJ do distrito de escola e o papel que a mesma repre-
senta no que diz respeito à monito-
Beja, instauraram, rização e sinalização de situações de
risco e perigo”.
no ano passado, 242 Em 2021, prossegue a presidente,
novos processos, “há um maior número de sinaliza-
ções, o que conduz a um maior nú-
menos 47 do que 2019. mero de processos instaurados”, e
que se deve “a uma maior sensibili-
As três comissões dade da comunidade e entidades e
também a uma maior visibilidade da
contabilizam, no total, CPCJ, e da sua prática, e à facilidade
que as entidades têm em efetuar as
351 processos ativos. sinalizações, uma vez que existe um
maior esclarecimento relativo à atua-
ção da CPCJ e ao dever protetivo de
todos os cidadãos, que passa por
comunicar as eventuais si-
tuações de perigo”.
Em 2020 foram
instaurados 51 novos
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 05

Encerramento [dos estabelecimentos de ensino]


potenciou o risco de exposição à violência para mulheres
e crianças e limitou bastante a ação protetiva da escola
e o papel que a mesma representa no que diz respeito à
monitorização e sinalização de situações de risco e perigo”.

PAPEL DA FAMÍLIA das crianças no domicílio, necessida- “como é importante a equipa ser 2021 o absentismo/abandono esco- comportamentos que afetam gra-
“TEM DE SER des sentidas, maior articulação com coesa”, pois conseguiram “manter a lar passam a ocupar o primeiro lugar, vemente a sua saúde, segurança, de-
as entidades responsáveis em maté- funcionar a comissão com todas as seguidos da negligência. Em terceiro senvolvimento, sem que os pais se
VALORIZADO” ria de infância e juventude. Algumas suas valências, independente do nú- surge a violência doméstica, uma oponham de modo adequado” e é
A presidente da CPCJ de Moura crianças continuaram a frequentar o mero de comissárias presentes”. categoria que, segundo o Relatório acrescentada à lista a “negligência”.
defende que “deverão ser ensino presencial”. A presidente realça, contudo, Anual de Avaliação da Atividade das “A exposição a comportamen-
implementadas políticas que “Quando as escolas recomeça- que, desde 2019, se tem vindo a ve- CPCJ 2020, está a ganhar destaque a tos desviantes diminuiu durante o
estimulem uma parentalidade ram as aulas presencialmente, os rificar “um aumento de processos”, nível nacional. período de confinamento de 2020
positiva e efetiva”, com vista à casos explodiram”, afirma, por sua sendo que, em 2018, por exemplo, Marisa Moita Ferreira reforça que (reduzido poder de mobilidade) e
diminuição das situações de risco. vez, a presidente da Comissão de “o número de ativos não chegava “a negligência”, que pode assumir vá- aumentou a negligência (escolas fe-
Nesse âmbito, a comissão está a Proteção de Crianças e Jovens de aos 100”. Tal se deve “a alguma difi- rios tipos, “ao nível da saúde, educa- chadas, cansaço/teletrabalho em si-
concluir o Plano Local de Promoção Beja. Em 2019 foram abertos 129 culdade na intervenção mais direta ção e falta de supervisão e acompa- multâneo com o cuidar do ou dos
e Proteção das Crianças e Jovens novos processos, em 2020, 114, e, no das entidades da primeira linha”, nhamento familiar”, é, “de todas as filhos, mais escola online, falta de
do Concelho de Moura, inserido no primeiro semestre deste ano, “já fo- isto é, com “competência em maté- problemáticas, a que maior incidên- paciência por parte dos pais, falta de
Projeto Adélia. O plano “tem por ram instaurados 65”, realça Maria ria de infância e juventude (saúde, cia tem no concelho de Moura”. cuidado em relação aos filhos)”, es-
base um diagnóstico local e visa a de Jesus Ramires. “Se compararmos educação, segurança social, entida- “Existe uma grande prevalência clarece Ana Correia.
implementação de boas práticas os processos instaurados de 2019 a des policiais, autarquias, IPSS, entre da negligência ao nível da educação, Segundo a responsável, estas si-
que entendemos que vão contrariar 2021, no primeiro semestre, nitida- outras), que deverão atuar em con- que se traduz no absentismo e aban- tuações de perigo podem ser expli-
as tendências atuais”, diz. E conclui: mente se percebe que houve uma senso com a família, no âmbito das dono escolar precoce, e que se deve cados por “contextos familiares onde
“O papel da família tem e deve ser ligeira descida de 2019 para 2020, suas atribuições, promovendo ações à pouca valorização que as famílias, o conceito de igualdade de género
valorizado e a esse nível tem de mas que, em 2021, no primeiro se- de prevenção, de estratégias de in- maioritariamente com níveis muito ainda é um problema e onde os direi-
haver um investimento que permita mestre, há uma tendência para a tervenção necessárias e adequadas à baixos de escolaridade e elevada taxa tos da mulher como pessoa e cidadã
dotar os pais, ou responsáveis sua subida”, esclarece. E prossegue: diminuição ou erradicação dos fato- de desemprego, atribuem à educa- não são respeitados. Pais com fracas
legais, e a família, de ferramentas “Olhando para os totais de proces- res de risco”. ção, não encarando a valorização competências parentais. Percurso
necessárias ao acompanhamento sos transitados, instaurados e rea- Esgotadas as intervenções, “e se académica dos seus descendentes escolar de sucesso pouco valorizado
salutar das sua crianças e jovens”. A bertos ou transferidos de outras a criança ou jovem continuar em como fator potenciador de um estilo na família. Baixas perspetivas para
presidente da comissão de Odemira CPCJ – 2019 (286), 2020 (290) e 2021 risco/perigo”, então é que a comis- de vida mais autónomo”, especifica, o futuro por parte das crianças e jo-
considera que “a proteção das (222) – verifica-se uma incidência são deverá atuar. No entanto, só o sublinhando que “o casamento pre- vens”, pelo que é fundamental “con-
crianças e jovens de um determinado de aumento de número de casos”. poderá fazer “após o consentimento coce e a gravidez adolescente são tinuar com as campanhas de sensibi-
território é da responsabilidade Quanto às comunicações de si- dos pais, representantes legais ou também fatores que causam grande lização para a igualdade de género” e
de toda a comunidade (pais, tuações de risco, o aumento verifi- quem tenha a guarda de facto, e a preocupação” no concelho. apostar “em projetos dirigidos a pais
educadores, família, profissionais cado no primeiro semestre deste ano, não oposição da criança, se tiver 12 O “aumento das sinalizações por para a promoção de uma parentali-
de saúde)”, que deve “assegurar os comparativamente a igual período ou mais anos”, salienta Maria de violência doméstica”, refere ainda a dade positiva”.
meios para que as crianças cresçam do ano passado, deve-se ao acréscimo Jesus Ramires, que chama atenção responsável, é motivado “por as pes- No primeiro semestre deste ano,
em segurança e onde os seus direitos de comunicações por parte das esco- para o facto de ser “muito fácil ‘jul- soas e entidades estarem mais des- na CPCJ de Beja, “o direito à edu-
sejam respeitados”. “Problemas las “devido à situação pandémica”, gar’ o papel interventivo ou não dos pertas para o facto de uma criança cação (absentismo e abandono es-
complexos como este não devem diz a responsável. “O ensino à distân- comissários, quando, por desconhe- que assiste a episódios de violência colar)” surge no topo das situações
ser tratados por uma só pessoa ou cia, e devido a um conjunto de difi- cimento, acusam de não haver atua- doméstica também ele ser vítima da de perigo comunicadas, seguido
entidade. A consciência protetiva culdades identificadas, como acesso ção na situação de perigo”. “Se não mesma, apesar de não ser a principal de “criança/jovem exposto ou as-
de uma comunidade, que deverá à Internet, a equipamentos adequa- nos for dado, por escrito, este consen- visada”. sume comportamentos que põem
ser trabalhada e sensibilizada, dos, e, sobretudo, o facto de alguns timento, não poderemos atuar e aí o Na CPCJ de Odemira as princi- em causa a sua segurança e desen-
é o motor para assegurar o bem- encarregados de educação não valo- processo irá para tribunal. Não basta pais situações de perigo comuni- volvimento” e “violência doméstica”.
estar e o crescimento feliz e rizarem a escola como prioritária, le- estar ‘sinalizado’…”. cadas, em 2019, foram “exposição “Sabemos que a situação pandémica
cívico das crianças”, sublinha. vou ao absentismo ou abandono es- a violência doméstica, exposição que estamos a viver tem contribuído
colar. O estatuto do aluno prevê que NEGLIGÊNCIA, ABSENTISMO/ABANDONO a comportamentos desviantes e a para o desemprego, promovendo um
ao fim de 10 faltas consecutivas seja ESCOLAR E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA criança/jovem assume comporta- agravamento social e económico das
comunicado às comissões a situação Negligência, comportamentos de mentos que afetam gravemente a famílias e, consequentemente, para
a faixa etária 15-17. Seguem-se, nos escolar da criança, logo, a escola, es- risco/antissociais e absentismo/ sua saúde, segurança, desenvolvi- a degradação das relações familia-
dois anos, embora em situação in- gotadas as diligências necessárias, abandono escolar constituíram as mento, sem que os pais se oponham res. Isto conduz ao abandono esco-
versa, as faixas 6-8 e 11-14 anos. comunica à CPCJ”. categorias de perigo mais representa- de modo adequado”. Em 2020, man- lar, à violência e a comportamentos
A responsável pela CPCJ de Maria de Jesus Ramires frisa, das nas comunicações recebidas pela têm-se a “exposição a violência do- antissociais”, conclui Maria de Jesus
Odemira sublinha, tam- ainda, que a pandemia mostrou CPCJ de Moura em 2019. Em 2020 e méstica e a criança/jovem assume Ramires.
bém, que “os serviços
não encerraram” de-
vido à pandemia.
“As reuniões sema- “Tempo de afetação reduzido”
dos comissários dificulta trabalho das CPCJ
nais da comissão
restrita e as men-
sais da comissão
alargada sempre
se realizaram, re-
correndo mui-
tas vezes à vi-
deochamada.
Suspenderam-se,
A usência “de um representante das ins-
tituições particulares de solidariedade
social/organizações não-governamen-
tais” na CPCJ de Odemira, “tempo de afeta-
ção reduzido dos representantes de algumas
intervenção com as famílias e o seu acom-
panhamento para ajudar as crianças e jo-
vens a resolverem problemas que desenca-
dearam comunicações de perigo”, constitui
“uma dificuldade grave quando este acom-
“o trabalho demasiado ‘burocratizado’ a ní-
vel das exigências da Comissão Nacional
de Promoção dos Direitos e Proteção das
Crianças e Jovens”, a “dificuldade no cum-
primento do tempo de afetação (21 horas)
durante os pe- das entidades, tendo em conta o volume pro- panhamento não é possível porque, sistema- por parte dos comissários que estão repre-
ríodos de con- cessual da comissão”, e “falta de recursos pú- ticamente, as famílias alteram a sua morada sentados na modalidade restrita [a quem
f i na mento, os blicos na área da pedopsiquiatria, mediação e contactos telefónicos, sem comunicar essa compete intervir nas situações em que uma
atendimentos pre- familiar e de aconselhamento e acompanha- alteração, deslocando-se frequentemente criança ou jovem está em perigo], a “falta
senciais e as visi- mento parental” são as principais dificulda- para parte incerta”. No caso destas famílias, de respostas para os encaminhamentos na
tas domiciliárias. des com que a comissão se debate atualmente, adianta a presidente, “as comunicações de si- terapia familiar” e “a impossibilidade de a
A CPCJ contac- revela a presidente da comissão. tuação de perigo por absentismo e abandono comissão se fazer representar em todas as
tava as famílias Para a responsável pela CPCJ de Moura, escolar são reincidentes”. ações realizadas que envolvam crianças e jo-
por telefone com “sendo a principal função da comissão a Já a presidente da CPCJ de Beja aponta vens, devido ao número de processos”.
o objetivo de conhe-
cer a situação escolar
06 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

Q
A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) reiterou em comunicado a sua posição de
discordância com a forma como está estruturada uma nova medida de apoio à produção de
cereais, e considera que todo o processo relativo às decisões nacionais para a aplicação
da Política Agrícola Comum (PAC) “está muito atrasado”, situação que condiciona, tanto os
agricultores, como a possibilidade de se operacionalizar as medidas necessárias com vista “a
uma verdadeira transição” para a nova PAC.

Empresários dizem que projeto da EDIA


“não implicará paragem de laboração”
Responsável pela Fábrica de Alvito refere que a empresa está a aumentar a capacidade
de secagem devido à expansão da área de olival e ao crescimento da produção
D.R.

Chamam-se Unidades de de ser debatidas e esclarecidas. E


Recirculação de Subprodutos é importante, também, perceber
de Alqueva, foram candidatas de que modo o Estado e as autar-
pela Empresa de Desenvol- quias podem intervir”.
vimento e Infraestruturas de Deputado do PS e presidente
Alqueva (EDIA) no âmbito da Comissão Parlamentar de
do Plano de Recuperação e Agricultura e do Mar, Pedro do
Resiliência e visam, através Carmo entende que a criação des-
do sistema de compostagem, tas unidades “pode ser uma solu-
transformar subprodutos agrí- ção para o bagaço de azeitona e
colas e agroindustriais (como para alimentar os nossos solos”,
o bagaço de azeitona) em fer- porque a situação, como está, “é
tilizantes orgânicos. “Todo que não pode continuar”. No en-
o bagaço que vai para as fá- tanto, adverte, “é preciso “melho-
bricas não volta para o terri- rar o processo técnico das fábri-
tório (…) quando se acabar o cas e olhar para os países que já
bagaço, acabam-se as fábri- passaram por este processo”.
cas”, disse ao “DA” o respon- Já o deputado do PCP, João
sável da EDIA pelo projeto, Dias, diz “não acreditar que a
David Catita. compostagem resolva por in-
teiro o problema”. Para isso, su-
TEXTO LUÍS GODINHO E MARTA LOURO blinha, “é preciso que os pro-
cessos da purificação do ar e da

S em a matéria-prima com
que laboram, fábricas como
a das Fortes ou a de Alvito
podem ter os dias contados. Mas
António Brito, presidente da
água provenientes das fábricas
sejam cada vez mais rigorosos e
escrutinados”.
Ouvido em 2019 na Comissão
Parlamentar do Ambiente, o então
União de Cooperativas do Sul vice-presidente da Comissão de
(Ucasul), proprietária da fábrica Coordenação e Desenvolvimento
de Alvito, garante que o projeto da Região Alentejo, Jorge Pulido
da EDIA “não irá ter impacto no UNIDADES CUSTAM se consegue com um aumento da passo “positivo” no sentido em Valente, explicou que os proble-
dia a dia” daquela unidade indus- ENTRE 100 E 500 capacidade em secagem dos mes- que “se limitarão os problemas mas se agravaram pois “as uni-
trial. “Os volumes que recebemos mos. Esta secagem deverá tam- que existem no ar, ao nosso re- dades de secagem de bagaço de
e laboramos são muito superiores
MIL EUROS bém ser acompanhada de filtros dor”, seja em Fortes, no conce- azeitona intensificaram a sua ca-
aos que acreditamos que o pro- As unidades particulares electroestáticos de partículas”, lho de Ferreira do Alentejo, ou pacidade de produção porque
jeto da EDIA conseguirá realizar, necessitam de um investimento prossegue António Brito, segundo em Alvito. “Conheço a situação de existe mais produção de azeitona
por impossibilidade técnica, eco- entre 100 e 200 mil euros e o qual a unidade fabril de Alvito Fortes. É algo que tem de ser re- e de azeite. Na secagem do ba-
nómica e principalmente logís- são passíveis de ser apoiados está a “iniciar uma revolução tec- solvido, porque as pessoas estão gaço utiliza-se como combustí-
tica”. Por outro lado, mesmo que financeiramente em cerca de nológica” com a aquisição de no- a sofrer. Não falamos só em con- vel, o próprio bagaço de azeitona
as unidades de recirculação ve- 45 por cento. Já as unidades a vos equipamentos, prevendo-se dições de saúde, mas também, na seco, e, portanto, existe um con-
nham a ser uma realidade, “tal criar pela EDIA custarão à volta para fevereiro do próximo ano a qualidade de vida em geral. Não é junto de emissões que decorrem
não implicará a paragem da labo- de 500 mil euros. A diferença no “entrada em funcionamento do pelo facto de não ser uma grande do processo industrial e que, de-
ração”, acrescenta António Brito, investimento justifica-se com o primeiro filtro electroestático de povoação, que não devemos, tam- pois, originam a emissão destes
recordando a expansão da área de facto das empresas já a laborar partículas, o primeiro neste setor, bém, dar o devido valor aos habi- odores e fumos”.
olival no perímetro de Alqueva e terem, em parte, maquinaria que a nível nacional”. “Com a insta- tantes daquela área”. Na altura, Pulido Valente
o aumento de produção de azeite: pode ser utilizada no processo. As lação deste tipo de filtro”, refere, Segundo João Paulo Martins, a chamou a atenção para a dis-
“Estamos neste momento a au- empresas Olivimundo e a Rabadoa “irão desaparecer as queixas que compostagem do bagaço de azei- tinção entre “entre aquilo que é
mentar a capacidade de secagem já formalizaram os respetivos as populações normalmente apre- tona permitirá não só “limitar os um incómodo e o que é um pre-
para poder dar resposta às produ- pedidos de licenciamento sentam. Será um investimento problemas associados à poluição”, juízo”. E explicou: “mesmo ha-
ções dos próximos anos evitando junto da Câmara de Beja. que ronda os cinco milhões de como também “produzir com- vendo cumprimento dos valo-
assim o colapso do setor olivícola euros, mas que serão bem em- posto [fertilizante] para introdu- res do limite de emissão, estas
da nossa região”. pregues, pois irá aumentar a ca- zir no solo”, isto numa região em emissões causam incómodo se
O presidente da Ucasul garante pacidade produtiva da Ucasul e que os terrenos “precisam imenso as populações se situarem ao
que a empresa “apoia todas as en- armazenamento de grandes volu- concretiza a ambição das coo- de matéria orgânica”. lado das fábricas”. Para o re-
tidades e iniciativas que promo- mes de matéria orgânica e poste- perativas associadas na redução Ainda assim, o responsável solver apontou dois caminhos:
vam a resolução dos problemas rior fermentação irá libertar obri- quase total dos fumos e cheiros da Zero diz que “a grande ques- “[Colocação de] filtros electroes-
ambientais dos lagares de azeite gatoriamente cheiros intensos”. característicos desta atividade”. tão é saber como é que opera- táticos, que já estão a ser testa-
na região onde está inserida”, mas “Pensamos que o projeto mais cionaliza” o projeto, designa- dos em Espanha ou a deslocali-
diz-se convencido que as unida- viável para a resolução deste pro- “AS PESSOAS ESTÃO A SOFRER” Para damente a nível da viabilização zação destas unidades de forma
des de recirculação de subpro- blema passa pela redução do João Paulo Martins, da associa- económicas e do transporte do a que possam funcionar com es-
dutos “não serão uma mais-va- tempo de permanência dos baga- ção ambientalista Zero, o pro- bagaço de azeitona. “Existe um tas emissões, mas que não este-
lia” para as populações pois “o ços em armazenamento. Isto só jeto da EDIA representa um serie de questões que precisam jam ao lado das povoações”.
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 07

Q
O Alentejo é a região do País com mais pessoas com a vacinação completa
contra a covid-19 (49 por cento). De acordo com números da Direção-Geral de
Saúde, só esta semana foram administradas mais de 42 mil doses da vacina.
Cerca de 63 por cento da população já recebeu, pelo menos, uma dose, tendo
sido registado um aumento significativo na vacinação completa da população
entre os 50 e os 64 anos.

Um em cada três estudantes estrangeiros


do IPBeja diz-se “discriminado”
Tese de mestrado indica que só 26 por cento dos alunos estrangeiros tem convívio regular com colegas
Cerca de um em cada três es- Comunitário e Empreendedorismo, integração independentemente da “tem os seus serviços e as suas equi- situações “falámos com os alunos
tudantes estrangeiros que fre- que aborda “A integração social e sua nacionalidade”. pas que estão no terreno” atentas a es- em questão e tentámos integrá-los no
quenta o Instituto Politécnico de académica dos estudantes interna- Apesar dos resultados, João Paulo tes problemas. “Temos uma equipa nosso meio”.
Beja (IPBeja) diz que o que me- cionais do IPBeja” e que envolveu Trindade, presidente do IPBeja con- dos serviços de ação social com uma Quem não ficou surpreendido
nos gosta na cidade de Beja é alunos entre os 18 e os 29 anos de sidera que esta é uma realidade “que forte ligação e proximidade a todos os com estes números foi Alberto Matos,
a “discriminação racial”, e 38,5 idade, maioritariamente oriundos não corresponde” à verdade: “Não me estudantes internacionais, particu- presidente da delegação de Beja da
por cento diz ter sido confron- da Guiné-Bissau. parece que exista esse sentimento de larmente os que estão alojados nas re- Associação Solidariedade Imigrante
tado com formas de racismo em Da autoria de Malam Camará, o racismo e discriminação” neste esta- sidências do IPBeja, tem também, um (Solim). “É natural que os estudantes
Portugal. trabalho teve como principal objetivo belecimento de ensino superior. gabinete de apoio psicopedagógico não gostem de discriminação nem de
“caracterizar a forma como se pro- Para João Paulo Trindade o pro- com a presença constante de uma psi- racismo, mas isso não quer dizer que
TEXTO MARTA LOURO cessa a integração social e académica cesso de integração dos cerca de 600 cóloga e de outros técnicos que, sem- toda a população seja racista. Não so-
dos estudantes internacionais que se alunos internacionais, que neste mo- pre que têm conhecimento de alguma mos uma sociedade virgem em ter-

A pesar de 71 por cento consi-


derar “boa ou muito boa” a
sua integração no Instituto
Politécnico, 34 por cento dos estu-
dantes estrangeiros dizem ter sen-
encontram a estudar no IPBeja, no
sentido de identificar os principais
problemas com que se deparam os
seus percursos académicos e de inte-
gração na vida da cidade”.
mento frequentam o IPBeja “tem
sido um sucesso”, nos últimos anos,
o que, contudo, “não quer dizer que
não possam existir alguns episódios”.
Mas, em seu entender, “não podemos
situação deste género, intervém na
tentativa de minimizar esses proble-
mas”, diz.
Helena Rita, vice-presidente
da Associação de Estudantes do
mos de presença estrangeira, e no caso
concreto de pessoas oriundas de países
africanos de língua oficial portuguesa
(Palop), não só em Beja, como em ou-
tras zonas do país, muitos são aque-
tido dificuldades de integração na Segundo o estudo, “nos últimos avaliar um caso ou outro que possa Instituto Politécnico de Beja, partilha les que estão sujeitos, também, a ca-
turma e só 26 por cento têm um con- anos, o principal desafio das uni- ter acontecido em situações esporádi- da mesma opinião e refere que “houve sos de exploração”, acrescenta Alberto
vívio regular com os colegas fora do versidades portuguesas” prende- cas e pontuais e transformá-las numa uma altura” em que se verificava uma Matos, recordando que o racismo
contexto escolar. -se com “a presença crescente dos generalidade”. situação ou outra, mas que rapida- “existe em todo o lado, e muitas vezes é
Os dados constam de um es- chamados estudantes internacio- Ainda assim, quando se verificam mente foi resolvida e, neste momento, promovido por forças extremistas, que
tudo realizado no âmbito da tese nais”, um processo que que muitas situações de racismo e discrimina- “creio que não há nenhum tipo de ra- o transformam numa forma cobarde
de mestrado em Desenvolvimento vezes “origina alguns problemas de ção, diz João Paulo Trindade, o IPBeja cismo”. Quando se verificaram essas de fazer política”.
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08 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

Q
O Grupo Parlamentar do PCP apresentou um projeto de resolução
para solucionar os problemas sentidos no serviço de urgência básica
de Castro Verde. No projeto é recomendada a atribuição ao conselho
de administração da Ulsba de competências para desencadear os
procedimentos necessários à construção do novo edifício para o
serviço de urgência.

PCP quer “revogar” contrato que entregou


Hospital de Serpa à Misericórdia
Comunistas acusam Santa Casa de estar a “violar os deveres a que está obrigada,
revestindo-se numa clara perda de qualidade do serviço prestado”
O Grupo Parlamentar do PCP sistencial com base em três administração hospitalar “que suficiente e dotado de formação os recursos humanos adequa-
apresentou, na Assembleia áreas: serviço de urgências du- o serviço de urgência fosse alvo adequada para exercer, de forma dos ao correto funcionamento”
da República, uma proposta rante 24 horas; consultas de vá- de alterações no seu funciona- continua e atempada”, as ati- desta unidade de saúde, refor-
de resolução onde reco - rias especialidades e cirurgias mento”, chegando mesmo a emi- vidades de prestação de cuida- çando-a como “complementar”
menda ao Governo que “re- de ambulatório. No projeto de tir um comunicado onde infor- dos de saúde, os deputados co- ao hospital de Beja.
vogue” o acordo de coope- resolução, os comunistas lem- mava que no período noturno munistas acusam a Santa Casa Recorde-se que para este
ração, celebrado entre a bram que em outubro de 2017 a (entre as 00:00 e as 08:00 horas) de estar “claramente a violar os mês chegou a estar previsto o
Administração Regional de Misericórdia “denunciou” o re- esse serviço passaria a funcio- deveres a que está obrigada, re- encerramento da urgência du-
Saúde do Alentejo, a Unidade ferido acordo de gestão, o que nar “mediante chamada, atra- vestindo-se numa clara perda de rante sete dias, no período no-
Local de Saúde do Baixo veio gerar “uma divergência” vés da utilização de uma cam- qualidade do serviço prestado turno, por falta de médico, si-
Alentejo (Ulsba) e a Santa com a Ulsba, que culminou na painha localizada no exterior e redução do acesso aos cuida- tuação que a administração do
Casa da Misericórdia de assinatura de uma adenda ao do edifício”. Na altura a medida dos de saúde a que a população hospital conseguiu ultrapas-
Serpa, e “integre” o Hospital acordo de cooperação. foi justifica com a “extrema ne- tem direito, mais ainda quando sar. “[A Misericórdia de Serpa]
de São Paulo na esfera do “Durante os anos de 2020 e cessidade de afetação de recur- o País se depara com uma situa- tem procurado cumprir o seu
Serviço Nacional de Saúde. 2021 foram vários os dias em sos que, num período tão crítico ção epidémica onde o caminho compromisso ta l como está
que a administração do hospi- como o que estamos a passar é o de reforço das respostas em protocolado, mas tem-se de-

A ssinado em 2014, e com


efeitos a pa r tir de 1
de janeiro do ano se-
guinte, o acordo fez com o hos-
pital passasse a ser gerido pela
tal de São Paulo decidiu, unila-
teralmente, pelo encerramento
do serviço de urgência”, acres-
centa o documento entregue
no parlamento, no qual os de-
[em virtude da pandemia de
covid-19], são cada vez mais
escassos”.
Lembrando que o acordo
de cooperação determina que
saúde e não a sua redução”.
Além da revogação do con-
trato e da integração do hos-
pital de São Paulo na Ulsba, a
proposta de resolução reco-
parado, principalmente nesta
a ltura, com a lguma dif icul-
dade em concluir turnos de es-
cala”, explicou ao “DA” Maria
Isabel Estevens, presidente do
Misericórdia de Serpa, tendo putados do PCP dizem ainda a Misericórdia de Serpa “deve menda ao Governo que “ga- conselho de administração do
sido definido um programa as- ter existido a “intenção” da dispor ao seu serviço de pessoal ranta os meios f inanceiros e Hospital de São Paulo.
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16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 09

D.R.
Empresa canadiana
anuncia investimento CASTRO VERDE EXIGE REPOSIÇÃO
DO ACESSO NORTE A ENTRADAS

mineiro em Grândola O presidente da Câmara de Castro Verde, António José


Brito, reuniu com o presidente da Comissão de Economia e
Infraestruturas, Pedro Coimbra, tendo defendido a “reabertura
urgente” do acesso norte a Entradas no IP2, no sentido Beja -

Iniciada avaliação económica de projeto de 137 milhões de euros Castro Verde. “É em processos como este que temos de passar
das palavras aos atos e mostrar que o discurso de defesa do
para explorar concentrados de zinco, cobre, chumbo e estanho interior não é uma coisa oca! Custa-me acreditar que o Governo
não tenha sensibilidade para resolver esta situação. Se for
assim, fica clara a minha desilusão”, disse o autarca.
A Quadrante está a desen- prevista para agosto deste ano, in- O projeto mineiro da Lagoa
volver o estudo de pré-viabi- clui ainda “a avaliação da viabili- Salgada “prevê a extração de mi-
lidade económica do projeto dade da implementação de elemen- nério através de métodos sub- SANTIAGO BEJA COM
de ex tração e beneficia- tos de digitalização de operações, terrâneos, com posterior enchi- DO CACÉM INSCRIÇÕES
ção de minérios da futura como equipamento autónomo, mento dos vazios criados com os
Mina Subterrânea da Lagoa ‘tracking’ de pessoas e equipa- rejeitados da própria operação”,
RECUPERA ABERTAS
Salgada, em Grândola, um mento, monitorização online de refere a empresa, acrescentando ANTIGO PARA “SAFE
investimento de 163 milhões ventilação e concentração de ga- que o minério extraído “é benefi- CINEMA FOREST XXI”
de dólares (137 milhões de ses”. Em paralelo, decorrem “os ciado numa instalação de proces-
euros). processos de licenciamento, in- samento de minério (Lavaria)”. A Câmara de Santiago As inscrições para o projeto
cluindo as vertentes ambientais, As previsões de produtos finais do Cacém aprovou a de Beja “Safe Forest

O projeto, cujo promotor


é a empresa canadiana,
Ascendant Resources, co-
tada na bolsa de Toronto, localiza-
-se na extremidade noroeste da
sociais e de sustentabilidade”, in-
dica a empresa, apontando o início
de 2023 para o arranque do projeto.
“A Ascendant acredita que a
Quadrante e a IGAN, que irão
“são concentrados de zinco, cobre,
chumbo e estanho, com o ouro e
prata como subprodutos”, reforça.
O último estudo, efetuado em
2019, apontava para “um investi-
adjudicação da empreitada
de reabilitação do edifício
do Cinema de Alvalade,
num investimento de
cerca de um milhão
XXI - Uma floresta segura
está nas tuas mãos”, do
Programa Voluntariado
Jovem para as Florestas,
encontram-se abertas no
faixa piritosa ibérica (FPI), “uma completar os estudos, estão bem mento inicial de 163 milhões de dó- de euros. Segundo o ‘site’ do Instituto Português
das faixas mineralizadas com a posicionados pela sua experiên- lares, com um investimento anual município, o espaço já do Desporto e Juventude.
maior concentração de depósitos cia em consultoria de engenharia subsequente de 20 milhões de dóla- tinha sido adquirido pela Podem candidatar-se jovens
de sulfuretos maciços no mundo, para o setor mineiro, nomeada- res” e a “extração de um milhão de autarquia para o colocar com idades entre os 18 e os
que se estende desde a zona de mente de trabalho na faixa piri- toneladas de minério anuais”. No a funcionar novamente, 30 anos. Este projeto, que
Alcácer do Sal até Sevilha”, avança tosa ibérica, que lhes permite de- entanto, segundo a empresa, “tudo “não só como cinema, visa estimular as práticas
a empresa. senvolver os melhores cenários indica que com este estudo, a vida mas transformando-o num de voluntariado juvenil,
A Quadrante, em consórcio considerando os atuais recur- útil da mina se estenda de nove centro cultural”, que possa no âmbito da prevenção
com a IGAN, anuncia que vai ser sos da Mina da Lagoa Salgada”, para 15 ou mais anos com uma receber “atividades culturais de incêndios rurais e da
responsável pela análise de lacu- realça Mark Brennan, presidente produção anual de 1,5 milhões de diversificadas”. Uma parte preservação da natureza,
nas, estudo comparativo de solu- da Ascendant. toneladas” de minério. das verbas necessárias prevê a vigilância das matas
ções e avaliação económica pre- Para Nuno Martins, responsá- Este é o primeiro investimento para a reabilitação foi obtida de Beja, limpeza e recolha de
liminar do projeto de extração e vel pela área de indústria e ener- da Ascendant Resources em através de uma candidatura resíduos e a sensibilização da
beneficiação de minérios da mina gia da Quadrante, “a exploração Portugal, depois de, em meados a fundos comunitários. população.
situada no litoral alentejano. dos recursos existentes na futura de 2018, ter adquirido uma parti-
O estudo, que tem como obje- mina é essencial para os esforços cipação de 25 por cento no projeto
D.R.

tivo “a análise económica da po- globais de transição energética, da Lagoa Salgada, com a possibili-
tencial viabilidade dos recursos contribuindo para a produção de dade de adquirir até 80 por cento,
minerais” daquela localização, veículos elétricos e outros equipa- mediante o cumprimento de uma
implica “o desenvolvimento téc- mentos necessários para maximi- série de compromissos assumi-
nico” detalhado do processo, com zar o aproveitamento das energias dos com o acionista maioritário
vista a estabelecer uma previsão renováveis”. da Redcorp.
da “produção de minério e das
vendas de metal”, assim como o MUNICÍPIOS DEVEM DIVERSIFICAR
“investimento necessário e os cus-
tos operacionais estimados”. INVESTIMENTOS
A Quadrante será responsá- O secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional disse
vel pelo estudo de redes elétri- em Sines que os municípios devem apostar na diversificação dos
cas subterrâneas, gestão de re- investimentos e trabalhar no novo ciclo de fundos comunitários. “Neste
jeitados e de resíduos, reaterros momento, estamos a acelerar muito o Portugal 2020 porque começámos
da mina, hidrologia, tratamento mais tarde e perdemos, a nível nacional, três anos em que praticamente se CDU CANDIDATA LEONEL RODRIGUES
de água, infraestruturas, manu- fez muito pouco”, disse Carlos Miguel, no âmbito das comemorações do À CÂMARA DE BARRANCOS
seamento de materiais, forne- 24.º aniversário da elevação de Sines a cidade. À margem da inauguração
cimento de energia, infraestru- das Fábricas Romanas e da Casa-Forte do Museu de Sines, o governante O candidato da CDU à Câmara de Barrancos nas próximas
turas de transporte e logística. sublinhou a importância de os municípios começarem a trabalhar “e a eleições autárquicas, Leonel Rodrigues, defendeu “uma visão
Ficará ainda responsável pelo li- desenhar projetos” para o novo ciclo de fundos comunitários. “Temos diferente” e “de futuro” que tire partido das “potencialidades”
cenciamento ambiental e social, uma grande pressão para acabar o 2020 agora, mas ao mesmo tempo não deste concelho. Atual vereador sem pelouro eleito como
planificação de encerramento de podemos descuidar do 2030 e temos de fazer projetos”. Para o governante, independente, Leonel Rodrigues, de 45 anos, é a aposta da
atividades, economia e modela- “é bom que se desenhem e se desenvolvam projetos, que não se aposte nas CDU para recuperar uma autarquia que só não liderou nos
ção financeira e preparação do mesmas áreas, mas em projetos diversificados e em áreas diferentes” para mandatos de 2001-2005 e de 2017-2021. “Barrancos não pode
relatório completo da avaliação evitar que os territórios “coloquem os ovos todos no mesmo cesto”. parar, nem perder mais tempo”, defendeu o candidato. O ex-
económica preliminar. presidente de câmara, António Tereno, será o mandatário da
O estudo, cuja conclusão está candidatura.
10 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

RESIALENTEJO AUMENTA RECOLHA


DE RESÍDUOS
A Resialentejo, empresa intermunicipal de tratamento e
valorização de resíduos, recolheu no primeiro semestre deste
ano 1 045 toneladas de papel e cartão, mais 13,7 cento do que no
primeiro semestre do ano passado. De acordo com a empresa,
foram também recolhidas mais 693,3 toneladas de vidro (um
aumento de 12,1 por cento) e mais 856,4 toneladas de plástico
e metal, uma subida de 10,3 por cento comparativamente com
o período homólogo de 2020. A empresa serve os concelhos de Taxistas de Beja dizem
que negócio “está fraco”
Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura,
Ourique e Serpa.

ALVITO IPBEJA COM


REQUALIFICA CANDIDATURAS
Situação “já não era boa” mas agravou-se com a pandemia
ERMIDA DE PARA BOLSAS Quem observa a praça de táxis da colegas que estão doentes, quem fica veio acentuar mais a situação.
SANTA ÁGUEDA DE ESTUDO Rua Conde da Boavista percebe a trabalhar acaba por ter mais um Ainda assim, a conjuntura não é
que o dia está movimentado, o te- servicinho para fazer”. “negra” em todas as vertentes. Para
As obras de conservação O Instituto Politécnico lefone toca com frequência e é A capital do Baixo Alentejo é das os taxistas que trabalham “para fora”,
e restauro da Ermida de de Beja (IPBeja) está a com pressa que os vários taxis- regiões do País onde a população segundo acordos para apoio a sinis-
Santa Águeda, em Vila receber candidaturas para tas começam um novo serviço. idosa mais faz uso dos taxímetros tros automóveis, os serviços estão se-
Nova da Baronia, estão atribuição de bolsas, no para as deslocações ao supermercado, melhantes às do período pré-pande-
quase no fim, revelou
a Câmara de Alvito,
acrescentando que a
intervenção, orçada em
cerca de 350 mil euros,
âmbito do Projeto Link Me
Up – 1000 Ideias – Sistema
de Apoio à cocriação de
inovação, criatividade
e empreendedorismo.
“É incerto! Podemos dizer que
o negócio está ligeiramente
melhor desde que come-
çou a pandemia, mas muito pouco.
Tirando um dia ou outro, como é o
ao centro de saúde ou à farmácia. “O
táxi agora é um serviço mais caro e
as pessoas também têm dificuldades,
por isso só nos chamam quando não
há outra forma para se deslocarem”,
mia. “O negócio para mim não está
assim muito difícil, porque os meus
serviços são quase 80 por cento para
fora, mas pelo que eu percebo dos
meus colegas o negócio não está nada
contou com financiamento Podem candidatar-se caso de hoje, que até está mexido, diz o taxista Francisco Marques. Por rentável”, explica José Lampreia, com
comunitário. Classificada todos os estudantes que mas possivelmente da parte da tarde esse motivo, costuma haver um ou 32 anos de experiência.
como Monumento de participem nas equipas do estaremos aqui todos”, diz António outro serviço em que a faixa etária Há já muito tempo que não se con-
Interesse Público, a processo de cocriação de Brincheiro, taxista há 35 anos. são os mais jovens, ou porque se atra- segue determinar o valor de um dia
ermida foi fundada no inovação, com inscrição Francisco Carocinho, profissio- sam para as aulas ou vindos de uma bom, porque a instabilidade do negó-
início do século XVI, tendo válida num curso técnico nal na mesma praça há cerca de 50 saída noturna. cio não é de agora, nem veio apenas
sido agora alvo de uma superior profissional, anos, tem uma explicação para este Contudo, há consenso: no geral, com a pandemia, mas a esperança do
intervenção de fundo com numa licenciatura ou um aumento de serviços na cidade – “este o negócio está muito fraco. O preço setor alargou-se um pouco com a rea-
reparações ao nível da mestrado, independente mês as pessoas receberam o subsídio dos combustíveis e os valores comer- bertura faseada do país e com a se-
estrutura, coberturas e da unidade orgânica que de férias, logo, há mais um serviço ou ciais dos carros já prejudicavam a ati- gurança da população em retomar a
conservação dos frescos. frequentem. outro” – e acrescenta que, “como há vidade, e a pandemia da covid-19 só vida no “novo normal”.
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16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 11

Q
A Câmara de Odemira está a elaborar o Programa Municipal de Apoio a
Famílias Numerosas destinado a famílias residentes no concelho há mais
de um ano, monoparentais ou nucleares, com três ou mais descendentes
de idade igual ou inferior aos 25 anos e com ou sem rendimentos
próprios. Entre as medidas previstas incluem-se apoios na saúde e
educação e um tarifário específico no serviço de abastecimento de água.

Beja vai ter centro nacional


de apoio a migrantes
Concelho tem cerca de “14 mil imigrantes”, o que representa
“10 por cento da população” deste território, diz governante
D.R.

Beja vai ter uma extensão


do Centro Nacional de Apoio
à Integração de Migrantes
de Faro. O objetivo é faci-
litar a relação dos utentes
com os diversos serviços da
Administração Pública e rea-
lizar um acompanhamento de
proximidade às comunidades
de imigrantes, refugiados e et-
nia cigana do distrito.

TEXTO NÉLIA PEDROSA

A ex tensão do C ent ro
Nacional de Apoio à
Integração de Migrantes
(Cnaim) de Faro, prevista abrir na
cidade de Beja, irá ajudar a comu-
nidade imigrante no território “a
ultrapassar um conjunto de cons-
trangimentos”, nomeadamente,
ao nível “da integração” e “do
acesso à habitação condigna”, diz
o presidente da Câmara Municipal
de Beja ao “Diário do Alentejo”.
O protocolo de cooperação para
a instalação da extensão, “a pri- TRADUTORES Sistema Nacional de Saúde, pos- já no mês de agosto o Alto diferentes a que os imigrantes
meira no interior do País”, subli- DO ACM DÃO APOIO sam ser tratadas e através de in- Comissariado para as Migrações por norma têm de se dirigir e lhes
nha Paulo Arsénio, foi assinado no formação multilingue”. “É mais a desloque os primeiros dos seis possa, assim, de alguma maneira,
final da semana passada entre a au-
EM ODEMIRA comunidade imigrante que sente funcionários para Beja, que fi- facilitar a vida”.
tarquia e o Alto Comissariado para Questionada pela Lusa sobre se grandes constrangimentos, porque carão a trabalhar na Divisão de Isaurindo Oliveira frisa que
as Migrações (ACM). Atualmente a extensão de Beja dará resposta a comunidade de etnia cigana, nor- Desenvolvimento e Inovação os imigrantes que se deslocam ao
existem centros nacionais de apoio aos problemas relacionados com malmente, acede aos serviços pú- Social da câmara, ainda sem aten- Claim existente na Caritas, “que
à integração de migrantes em as condições precárias de trabalho blicos de uma forma regular”, diz. dimento ao público numa pri- presta apoio numa série de ati-
Lisboa, Porto e Faro. e de habitação de imigrantes, O autarca sublinha ainda que meira fase”, revela. vidades de natureza adminis-
Na ocasião, em declarações nomeadamente, no concelho de a abertura do centro em Beja “é trativa, entre outras”, na “maio-
à Lusa, a secretária de Estado Odemira, a secretária de Estado uma resposta muito proactiva”, “NÃO VAI RESOLVER TODOS OS PROBLEMAS” ria das vezes têm, depois, de
para a Integração e as Migrações, para a Integração e as Migrações que demonstra que a secretaria Para Alberto Matos, membro da se dirigir à Segurança Social,
Cláudia Pereira, afirmou que o respondeu que terá de ser “um de Estado para a Integração e as direção nacional da Associação Finanças, Serviço de Estrangeiros
novo espaço vai “dar contribu- trabalho sempre em parceria”. “É Migrações e o Alto Comissariado Solidariedade Imigrante (Solim) e Fronteiras, entre outros organis-
tos para aumentar a informação” um trabalho que apenas resulta para as Migrações “estão atentos e responsável pela delegação do mos”, e “nos quais encontram, por
aos imigrantes sobre “trabalho quando é em colaboração com ao problema do território e às so- Alentejo, com sede em Beja, a aber- vezes, muitas dificuldades, seja
digno” e sobre “habitação digna”. a câmara, com os proprietários, luções que nem sempre consegui- tura da extensão “é, de alguma ma- porque os funcionários não conhe-
Segundo a governante, o concelho com os empregadores e mos dar”, e, “sobretudo, faz com neira, o reconhecimento da im- cem a legislação mais recente, seja
de Beja tem cerca de “14 mil imi- empresários e, neste caso, com que o Alto Comissariado esteja no portância de Beja e do Alentejo no porque há interpretações diferen-
grantes”, o que representa “10 por o Alto Comissariado para as terreno ao lado destas comunida- quadro da imigração”. tes, seja por problemas da língua”.
cento da população” deste territó- Migrações (ACM)”, sublinhou. des durante todo o ano e não de “Havia os organismos descen- O dirigente sublinha, ainda,
rio, pelo que foi “uma das razões” Cláudia Pereira revelou que forma pontual e esporádica”. tralizados, os Centros Locais de que a Caritas tenta “colmatar” os
da criação da extensão. O centro, “vários tradutores do (ACM têm Segundo Paulo Arsénio, a ex- Apoio à Integração de Migrantes “diversos problemas” sentidos
que contará com uma equipa de dado apoio, desde há cerca um tensão “ainda demorará a abrir”, (Claim), agora temos um centro pela comunidade imigrante atra-
seis técnicos, pretende também mês e meio, em Odemira”, em dado que a câmara e o Alto que tem âmbito nacional. É como vés de um “projeto de mediação”
dar apoio “às populações portu- parceria com a ‘task force’ local, Comissariado aguardam que digo, reconhece o peso da imigra- implementado em parceria com a
guesas ciganas e refugiadas de criada na sequência da situação o edifício que a irá albergar, si- ção em Beja. Obviamente não vai Câmara de Beja. “Temos um me-
todo o distrito”. epidemiológica do concelho. tuado na rua Luis de Camões e resolver todos os problemas, mas diador para esta área que vai fa-
Paulo Arsénio adianta que a que pertencia ao Ministério da é uma porta à qual podemos bater zendo um pouco deste trabalho.
extensão “é uma espécie de bal- Agricultura, “possa ser cedido à sempre que necessário”. A vinda do centro nacional para
cão único de resposta integrada autarquia até ao final do mês”. O presidente da Caritas Beja facilitará muitas destas ati-
a vários problemas da comuni- Fronteiras, Segurança Social, Depois disso, refere, será ainda Diocesana de Beja, por sua vez, vidades. A língua é, por vezes, um
dade imigrante”, ou seja, “onde Autoridade Tributária, Autoridade alvo de “algumas intervenções, considera que a instalação do cen- processo complicado. Portanto,
um conjunto de matérias rela- para as Condições do Trabalho, nomeadamente, ao nível do chão, tro “é uma tentativa de reunir pensamos que é extremamente
cionadas” com entidades como Instituto do Emprego e Formação da pintura e da rede elétrica”. no mesmo espaço um conjunto vantajoso termos um Cnaim loca-
o “Serviço de Estrangeiros e Profissional, centros de saúde e Contudo, “é provável que de organismos e de entidades lizado em Beja”.
12 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

Q
Ao longo deste mês de julho, 15 jovens do concelho de Vidigueira, vão poder participar num campo de férias
residencial, denominado “Summerpolis”, organizado pelo Futuro Ativo – Contrato Local de Desenvolvimento
Social 4G de Vidigueira, com o objetivo de os capacitar e promover o desenvolvimento de competências
pessoais e sociais. Esta iniciativa, realiza-se no âmbito da intervenção familiar e parental preventiva que
tem vindo a ser desenvolvida junto dos jovens pelo projeto Futuro Ativo CLDS 4G, coordenado pela Terras
Dentro – Associação para o Desenvolvimento Integrado.

Nova campanha arqueológica


no Outeiro do Circo
Última campanha do Projeto Arqueológico Outeiro do Circo
(Beja) vai decorrer no próximo mês de agosto
D.R.

A última campanha do projeto


Arqueológico Outeiro do Circo
(PAOC) vai realizar-se entre os
próximos dias 2 e 27 de agosto
e pretende concluir os traba-
lhos desenvolvidos desde 2019,
que permitiram a descoberta de
um troço da muralha da Idade do
Bronze e novos dados relacio-
nados com a ocupação do sítio
durante a Idade do Ferro.

A s escavações arqueológi-
cas irão incidir numa área
da muralha que revelou um
bom estado de conservação, dete-
tando-se um muro em pedra, ram-
pas de barro cozido e um possí-
vel fosso, e que permitiu a recolha
de grande quantidade de cerâmi-
cas e restos faunísticos da Idade do
Bronze Final. Esta campanha será a
última do projeto, dando-se por ter-
minado um ciclo de investigação so-
bre o Outeiro do Circo e que incluirá
a realização, até final do ano, de um
colóquio em Beja de balanço e en-
cerramento dos trabalhos realiza-
dos ao longo dos últimos 13 anos
A equipa científica, coordenada
pelos arqueólogos Miguel Serra,
Eduardo Porfírio e Sofia Silva, con- AZULEJARIA DO SÉCULO XVIII era conhecida de trabalhos ante- rodeavam na totalidade, e conhecer
tará com estudantes de arqueolo- NA CRIPTA DE ALCÁCER riores”, tendo sido igualmente “do- melhor as ocupações de períodos
gia das universidades de Coimbra, cumentada a presença de vestígios” posteriores à Idade do Bronze, sobre
Évora e Santiago de Compostela, A exposição “A Azulejaria do Século XVIII” ESTÁ patente ao público na da Idade do Ferro junto à muralha, as quais têm surgido alguns indícios
para além de participantes de ou- cripta arqueológica do castelo de Alcácer do Sal até ao próximo dia 5 “maioritariamente” materiais cerâ- nos últimos anos”.
tras áreas de formação e arqueólo- de agosto. Composta por alguma azulejaria onde predomina a temática micos, incluindo diversas peças de- Na região onde se insere o po-
gos profissionais. figurativa e o azul, a mostra pode ser visitada de terça-feira a domingo, coradas e alguns recipientes frag- voado do Bronze Final do Outeiro do
Devido à situação pandémica, a das 9:30 às 13:00 e das 15:00 às 18:30 horas. Chegado à Península Ibérica mentados e elementos de adorno Circo, a agricultura e a pecuária sem-
equipa do Projeto Outeiro do Circo através da expansão islâmica, o azulejo teve a sua origem nos centros metálicos. “Estes indícios não per- pre moldaram a paisagem e os rit-
decidiu não realizar o ciclo de con- hispa-mouriscos de Valência, Sevilha e Marrocos, que o exportaram mitem ainda esclarecer a natureza mos da atividade humana. Do seu
ferências que habitualmente orga- para Portugal durante os finais do século XIV, o século XV e a primeira da ocupação do Outeiro do Circo cimo, a meros 276 metros de altitude
niza nestas datas, mas irá manter metade do século XVI. Ainda que não o tenham inventado, os portugueses durante a Idade do Ferro, período sobre a vasta planície circundante,
as ações de formação destinados aos descobriram novas formas de utilizá-lo, recriando-o. Num país como em que já estaria abandonado, mas assiste-se hoje a uma transformação
voluntários. De igual forma não se- Portugal, com uma importante tradição de trabalho do barro e outros continuaria ainda a ser frequentado agrícola de larga escala, com a mono-
rão desenvolvidas as atividades de materiais cerâmicos, o reduzido custo do azulejo e a facilidade de o pelas populações que habitariam cultura intensiva de olival a ocupar
educação patrimonial dirigidas a trabalhar proporcionaram, através da sua aplicação nas fachadas dos sobretudo nas zonas de planície en- toda a terra. Em simultâneo observa-
grupos de jovens em férias, mas ha- edifícios, uma visão mais rica e inovadora da arquitetura. Em finais volventes”, explicou o diretor cien- -se a regressão dos anteriormente
verá a possibilidade de receber pe- do século XVII surgiu uma nova ciclo para a azulejaria, uma etapa tífico das escavações, o arqueólogo vastos campos cerealíferos, a teimosa
quenos grupos em visitas guiadas marcada pela pintura exclusivamente azul, influenciada pela porcelana Miguel Serra. resistência de algumas manchas de
aos trabalhos arqueológicos, sendo da China, sendo um sinal de sofisticação e qualidade. Procurado pela O Outeiro do Circo, que terá sido montado, a escassez da floresta me-
asseguradas todas as medidas de sociedade portuguesa para renovação decorativa de palácios e igrejas, o grande centro de poder regional diterrânica no cimo de algumas coli-
proteção necessárias. o azulejo marca presença nestes monumentos e adapta-se às novas antes da cidade de Beja, que se de- nas e os ténues bosques ripários nas
O Projeto Outeiro do Circo conta necessidades de representação. A grande procura do azulejo de Delft senvolveu a partir da Idade do Ferro, secas linhas de água que sulcam os
com o financiamento da Câmara (Holanda) fez com que as oficinas portuguesas reagissem começando a no século VII a.C., tem sido alvo terrenos de barro preto. Há três mil
Municipal de Beja e com o apoio criar azulejaria de figura avulsa, também conhecido como “azulejos de de trabalhos arqueológicos desde anos, este território era a base de ex-
da União de Freguesias de Santa estrelinhas”. O século XVIII pautou-se também pelo designado “Ciclo 2008. Os trabalhos do projeto de in- ploração de um regime agropecuário
Vitória e Mombeja e da empresa de dos Mestres”. Os temas religiosos e profanos são combinados e surgem vestigação que termina este ano têm que permitiu a emergência e consoli-
arqueologia Palimpsesto. lado a lado, adaptando-se ao gosto barroco, revestindo superfícies como principal objetivo “clarificar a dação de uma comunidade capaz de
Recorde-se que o “principal des- parietais, cúpulas e abóbadas ou em composições enquadradas por ocupação do espaço interior do po- construir as muralhas complexas de
taque” da campanha de 2020 foi a molduras ricamente decoradas por uma vasta gama de motivos. voado, documentando os aspetos um dos mais vastos povoados conhe-
descoberta de um troço de uma mu- do seu quotidiano e a respetiva ar- cidos no sudoeste ibérico, durante a
ralha da Idade do Bronze, que “já ticulação com as muralhas que o última etapa da Idade do Bronze.
PUBLICIDADE | 16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 13
14 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

OPINIÃO Ser do ser


humano
VANESSA SCHNITZER

H
Mão-de-obra externa – queremos oje o tema não é o habitual,

fazer parte da solução


impôs-se em mim a necessi-
dade de dar luz e voz a uma
grande mulher, cuja vida e
história me tocaram pro-
RUI GARRIDO PRESIDENTE DA ACOS – ASSOCIAÇÃO DE AGRICULTORES DO SUL fundamente, e com quem

A
aprendi e aprendo diaria-
mente lições de vida, coragem e dignidade.
o abrigo do artigo 25.º da Lei de Imprensa, o Não sabemos, por exemplo, de onde são os trabalhadores. A mulher extraordinária que dá corpo
presidente da direção da ACOS vem solicitar a Dantes eram mais ucranianos, romenos, pessoas da Europa a esta crónica chama-se Maria Romão,
retificação da informação descontextualizada e de Leste, agora são mais asiáticos. Por exemplo, na altura uma mulher generosa, empreendedora,
sem identificação da fonte usada na terceira pá- da colheita da azeitona, quando chegam à nossa região mi- corajosa, guerreira que viveu vários anos
gina do “Diário do Alentejo”, edição de 2 de ju- lhares e milhares de trabalhadores, o agricultor não sabe se fora deste país sem esperança onde nada
lho. A frase usada em destaque foi a seguinte: estas pessoas vivem em Serpa, em Moura, em Odemira, no avança e nada acontece, como escrevia
”Naturalmente que fazemos parte do pro- Penedo Gordo ou em Beja. Nem em que condições estão a vi- o poeta Ruy Belo. Para que a vida fosse
blema e isso porque a mão-de-obra, oriunda de vários países, ver, ou como foram contratados. Esses são dados que nós não mais do que sobreviver a taxas e impos-
faz falta. Se não existisse não havia capacidade para apanhar conhecemos. tos, emigrou para Inglaterra, onde acumu-
tanta azeitona, nem tanta fruta, nem tanta hortaliça”. Temos sim, forma de conhecer, a idoneidade da em- lou vários trabalhos, que sustentavam a
O texto de onde foi extraída a frase faz parte da crónica as- presa no que respeita, por exemplo, à sua situação perante a promessa de um dourado horizonte na re-
sinada pelo presidente da ACOS, Rui Garrido, para a Rádio Autoridade Tributária, ou à existência de seguros de aciden- forma. Contrariamente ao esperado, Maria
Pax, divulgada no dia 25 de junho, que enviamos na íntegra: tes de trabalho para todos os trabalhadores. Até porque esta- Romão foi há alguns anos confrontada com
O setor agrícola revelou-se fundamental na linha da frente mos sujeitos à solidariedade fiscal caso haja alguma irregula- a ultima surpresa que esperava na vida, um
para suprir as necessidades básicas do ser humano. “A agri- ridade a este nível. cancro da mama, pois à sua frente sentia
cultura não para”, como diz o ‘slogan’, sendo que também Mas queremos ajudar na resolução deste problema. o tempo de alguns anos para fazer as coi-
está continuamente a tornar-se mais eficiente. Ninguém mais do que nós está interessado em que estes tra- sas que gostava, sem ter a obrigação de en-
A modernização da agricultura está cada mais depen- balhadores venham e tenham condições dignas de habitabili- trar cedo nos serviços de oncologia do IPO,
dente da precisão das novas tecnologias no entanto, esta é dade. Como é que isto se consegue? Só se consegue com mais cujos corredores já conhece tão bem como
uma atividade de pessoas para pessoas. E como todos sabe- fiscalização, porque se não houver fiscalização e controlo, nada o mal que lhe foi diagnosticado: um pe-
mos, apesar da modernização e das novas tecnologias, este é disto se deteta. Ou só agora, por causa da pandemia, é que toda queno caroço na mama que foi avançando
um setor que precisa de muita mão-de-obra que não temos, a gente se lembrou daqueles trabalhadores? Agora é que se des- em silêncio, devastador, que foi tomando
em boa parte, disponível no nosso país. Precisamos, também cobriu que há empresas que, pelos vistos, fazem negócio disto conta da sua energia, vitalidade e mobi-
para reequilibrar as dinâmicas demográficas no nosso país, e exploram estas pessoas? Nós queremos ajudar a resolver esta lidade, e que a empurrou de uma forma
de mão-de-obra externa. situação e fazer parte da solução. Mas não somos nós o pro- drástica para uma cadeira de rodas.
Falamos de migrantes, de quem tanto se tem falado nos blema. É importante que isto fique claro! E diante desta injusta realidade incon-
últimos tempos. E é preciso não deixar cair em saco roto este tornável, a Maria responde prontamente
debate e esta reflexão. Esta é uma questão que diz respeito Nota da Direção: para onde vai. “Estou indo para a vitória.
a todos. Porque aquela imagem que algumas pessoas que- Entendemos que invocação do direito de retificação, apli- Cada dia é uma vitória. No campo de ba-
rem fazer passar de que os agricultores são os maus da fita cado a este caso concreto, não faz sentido, na medida em que talha todas as circunstâncias conspiram
não corresponde minimamente à realidade. Naturalmente a frase citada, publicada na secção “Ipsis Verbis” do “DA” do para fazer o prisioneiro perder o seu con-
que fazemos parte do problema e isso porque a mão-de-obra, passado dia 2 de julho, corresponde integral e factualmente à trole. Todos os objetivos comuns da vida
oriunda de vários países, faz falta. Se não existisse não ha- afirmação proferida/escrita pelo presidente da ACOS. Ainda estão desfeitos. A única coisa que resta é
via capacidade para apanhar tanta azeitona, nem tanta fruta, assim, decidimos publicar integralmente todo o texto, tendo “a última liberdade humana” - a capaci-
nem tanta hortaliça. em conta a relevância da temática abordada, e de forma a dade de escolher a atitude pessoal que se
No entanto, os agricultores, quando contratam uma em- permitir aos leitores a possibilidade de aferirem da sua con- assume diante de determinado conjunto de
presa apenas sabem que fornece mão-de-obra e pouco mais. textualização. LUÍS GODINHO circunstâncias.
Já que não podemos mudar as circuns-
D.R.

tâncias, podemos mudar a forma como li-


damos com a circunstância. E esta mulher
tornou-se uma lenda, uma inspiração, não
só pelo exemplo de coragem, pela enorme
dignidade no sofrimento. Quando es-
teve internada no hospital, era chamada
de princesa. Isto comoveu-me muito e fez-
-me pensar que vale a pena viver entre os
Homens e com eles. Todo o sofrimento é
injusto. É muito injusto, qual a razão disto?
Sempre me intrigou a razão deste sofri-
mento porque o do interior tê-lo-emos
sempre. Em tantas histórias diferentes e
únicas e, por isso, tão belas, algo em co-
mum: um caminho de virtudes percorrido
por mulheres e homens que fizeram e fa-
zem a diferença em suas famílias, comuni-
dades e na vida de tantas pessoas que se de-
param com seus exemplos.
Ao lidar com experiências como estas,
apercebemo-nos que nada é tão impor-
tante como a vida e a forma como vivemos.
Devemos aprender muito com este frag-
mento biográfico. Percebemos o que um
ser humano faz quando subitamente com-
preende que não tem nada a perder senão
sua existência tão ridiculamente nua.
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 15

A proximidade,
marca
de humanismo
do poder local
MARCELO GUERREIRO PRESIDENTE DA CÂMARA DE OURIQUE

A
pandemia afetou as nossas dinâmicas individuais e comu-
nitárias, condicionando as marcas do exercício de funções
públicas nos territórios junto das pessoas. Aliás, a pande-
mia e os seus impactos estão a ser pretexto para ações de
racionalização dos recursos, por exemplo, na banca, que
não podem ter projeções nos territórios de baixa densi-
dade, em que a população é mais envelhecida e precisa de
todas as respostas possíveis para o seu bem-estar.
A proximidade é um pressuposto de humanismo, de respeito
pela dignidade humana, pelo acesso a bens e serviços essenciais,
que em territórios mais descontinuados, em contexto rural, assume
uma relevância fundamental para a coesão social e territorial.
Em Ourique, a proximidade é um pilar das políticas municipais,
porque ajuda a decidir melhor, a estar sintonizado com as pessoas e
com os territórios, porque os serviços públicos têm de chegar para
que ninguém fique para trás.
O mundo rural sempre se fez de proximidade, de equilíbrios
próprios e de solidariedade entre as pessoas que perfazem as co-
munidades. Nos tempos em que o Estado faltou e as autarquias não

Não tenho liquidez para podiam acorrer a tudo, foi a proximidade que permitiu a resiliên-
cia, a sobrevivência e a superação das dificuldades do campo.

pagar o IRS, e agora?


O sentido de proximidade tem de continuar a estar presente nas
ações, na vontade política dos diversos patamares de poder e nos
recursos disponibilizados para concretizar soluções para as pes-
soas e para as nossas terras. Naturalmente, com rigor, sustentabi-

O
LUÍS PICA, SOLICITADOR* lidade e eficácia.
Valorizar o interior e o mundo rural é também assumir a impor-
pagamento de impostos é uma o Estado está obrigado. tância da proximidade, das respostas e das soluções como instru-
inevitabilidade que se encon- Por este motivo, a lei permite que os sujei- mentos de combate à pobreza, à exclusão, ao isolamento e à quali-
tra associada ao devir da vida tos passivos que não possam, ou não consi- dade de vida. Soluções de proximidade contribuem para a fixação
em sociedade e à necessidade gam, em tempo útil pagar as suas obrigações da população, para os que já se encontram nos territórios e para os
de um Estado social em que fiscais consigam cumprir as suas obriga- que possam ser atraídos para o interior em função das novas rea-
este presta um conjunto inú- ções através do pagamento faseado, designa- lidades laborais e da procura de novos estilos de vida por parte de
mero de serviços públicos a damente através da celebração do acordo de quem vive nos grandes centros urbanos.
um preço reduzido ou mesmo gratuitos. pagamento em prestações, podendo a dívida Portugal continua a ter grandes desafios estruturais, que resul-
Parafraseando Benjamin Franklin, “há duas fiscal ser paga em várias prestações, com o tam do passado, e novos desafios referentes às consequências da
coisas certas na vida: a morte e os impostos”, limite máximo de 12 prestações dependendo pandemia e às grandes opções de futuro em matéria de sustentabi-
não escapando aqueles que auferem rendi- do valor em dívida do imposto a pagar. Esta lidade, de alterações climáticas e de transição energética e digital.
mentos ao dever de pagar impostos. possibilidade permite ainda a celebração Em momento algum pode haver a ideia ao nível central de que
Aqueles que residam em território na- deste acordo sem necessidade de apresen- a transição digital, de que as soluções digitais naturalmente ao al-
cional ou aqui obtenham rendimentos en- tação de garantia idónea, sempre que o va- cance de qualquer um que tenha os equipamentos e as redes de co-
contram-se sujeitos ao pagamento de IRS lor em dívida seja inferior a cinco mil euros, municação podem substituir a expressão física de proximidade que
relativamente a esses rendimentos auferi- sendo obrigatório, nos valores superiores a os autarcas e os serviços públicos asseguram e devem continuar a
dos, variando a tributação em conformidade esta quantia, a apresentação de garantia - assegurar nos territórios de baixa densidade com o perfil popula-
com a maior capacidade económica demons- designadamente hipoteca ou caução -, para cional que temos.
trada. Por isso, quem receber maiores ren- efetiva celebração do acordo. O País, como um todo, precisa de manter mínimos de proximi-
dimentos terá, em regra, de pagar um maior Muito embora se observe uma aparente dade no acesso a bens e serviços essenciais. Houvesse maior pro-
imposto do que aqueles sujeitos que even- simplicidade, nem sempre se mostram tão ximidade à realidade e seria fácil entender que o processo legal de
tualmente aufiram um menor número de facilmente cognoscíveis as obrigações fiscais decisão tem de estar mais próximo das dinâmicas e das necessida-
rendimentos. que impendem sobre os contribuintes, sendo des reais.
Contudo, a possibilidade de pagamento que para salvaguarda dos interesses dos ci- O mundo rural de Ourique e do Baixo Alentejo vai continuar a
e a liquidez imediata, que se encontra as- dadãos será de todo conveniente a ajuda do exercitar a proximidade às pessoas e às nossas terras como pilares
sociada à vida económica dos sujeitos, nem solicitador no aconselhamento de todo este do poder local democrático, assim sejamos acompanhados na von-
sempre permitem uma plena e imediata ca- processo, acompanhando-o na obtenção da tade, na ação e nos recursos por outros patamares de decisão.
pacidade de resposta para dar cumprimento documentação necessária, bem como no Em defesa de respostas de proximidade para os territórios de
às obrigações a que estão adstritos, pelo que cumprimento das obrigações fiscais. baixa densidade, continuaremos a trabalhar, como sempre, ao lado
deve a lei ser benevolente quanto a estas im- das pessoas, agora com as precauções que a pandemia ainda vai
possibilidades de liquidez imediata que * Artigo publicado no âmbito de uma par- impondo. A proximidade é o futuro.
se insurge como consequência do chama- ceria entre o “Diário do Alentejo” e a Ordem
mento a suportar os encargos públicos a que dos Solicitadores e dos Agentes de Execução

Estatuto editorial do “Diário do Alentejo” 2.  O “Diário do Alentejo” é um jornal semanário independente através de um trabalho eficaz, criativo e interativo, com o objetivo 5.  O “Diário do Alentejo” considera que os factos e as opiniões
cuja linha editorial é submetida a critérios de total rigor e de bem informar e esclarecer um público plural. devem ser separadas com evidência: os primeiros são intocáveis
1.  O “Diário do Alentejo” é um jornal semanário regionalista, de seriedade, recusando quaisquer influências ideológicas ou dos 4.  O “Diário do Alentejo” não estabelece quaisquer hierarquias e as segundas são livres.
informação geral, que pretende através do texto e da imagem dar poderes político, económico e religioso. para as notícias e pretende contribuir para o debate e a reflexão 6.  O “Diário do Alentejo” determina como únicos limites para
cobertura aos acontecimentos mais relevantes da região, e que sem se 3.  O “Diário do Alentejo” produz um jornalismo transparente, sobre as grandes questões da região e do País, pelo que cria a sua intervenção aqueles que são determinados pela lei, pela
remeter a posições de neutralidade proporciona espaço ao pluralismo abrangendo os mais variados campos da sociedade portuguesa espaços apropriados para expressão de opiniões e não estabelece deontologia jornalística e ética profissional e por tudo aquilo que
político e de ideias, e aos valores da democracia e da liberdade. em geral e da alentejana em particular, com exigência e qualidade, barreiras a qualquer corrente de comunicação. diga respeito à vida privada de todos os cidadãos.
AMBIENTE
16 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

Publicada Lista
Vermelha da Flora
Vascular de Portugal
Continental. Um
trabalho cientifico
que retrata o estado
das plantas no País,
indicando que o
panorama no Baixo
Alentejo é “muito
preocupante”, com a
maior concentração
de plantas ameaçadas
localizadas nos
“barros de Beja”. O
problema deve-se
essencialmente
à intensificação
agrícola em “larga
escala”, a que se tem
vindo a assistir nas
últimas duas décadas.
Situação que se
Há 86 espécies de plantas ameaçadas
de extinção no Baixo Alentejo

perigo
repete no sudoeste
alentejano, onde as
plantas mais afetadas
são associadas a
brejos, charcos
temporários e outras
zonas húmidas.
TEXTO JÚLIA SERRÃO FOTO MIGUEL PORTO

“T emos sinalizadas 86 espé-


cies de plantas ameaça-
das de extinção no Baixo
Alentejo. Mais de 20 estão associa-
das ao desaparecimento dos olivais
tinental a título de exclusividade, 53
estão ameaçadas de extinção.
André Carapeto diz que o dis-
trito de Beja foi trabalhado “com
maior insistência” porque estavam
Baixo Alentejo”, cuja distribuição
está concentrada nos arredores de
Beja: Beringel, Ferreira do Alentejo
e Serpa. O biólogo explica que a
substituição dos olivais tradicio-
está a fazer”, observa, explicando
que a planta não aparece nos “dois
locais designados” para a sua pro-
teção desde 2005. É perentório: “Se
não cumprem a função, deviam ser
particularidade de se prever a sua
conservação mas isso não estar a
acontecer, a linária dos olivais já se
tornou uma espécie “emblemática
de todas elas”. Mas, sobretudo, su-
tradicionais de sequeiro”, observa sinalizadas algumas ameaças, que nais pelas culturas de regadio tem reavaliados, de forma a corrigir-se blinha o coordenador técnico do
António Carapeto, um dos respon- acabaram por se “confirmar”, sobre- vindo a contribuir para “o gradual este paradoxo”. A espécie está ava- projeto, “de toda uma biodiver-
sáveis técnicos pela elaboração da tudo relacionadas com a intensifica- desaparecimento do habitat” desta liada como em perigo de extinção sidade que está a desaparecer no
Lista Vermelha da Flora Vascular de ção agrícola na região. “Apostámos espécie, exclusivamente associado no Livro Vermelho, “porque prati- Baixo Alentejo”.
Portugal Continental. Um levanta- muito em fazer trabalho de campo a sistemas agrícolas de sequeiro: camente 99 por cento da sua área Das espécies arvenses associa-
mento que avaliou o risco de espé- no Baixo Alentejo, principalmente searas e olivais tradicionais. Revela de distribuição global está den- das aos olivais e ás culturas tradi-
cies ameaçadas, e cujo trabalho no na zona dos regadios, mas também que este é um caso curioso, já que se tro da área de influência do em- cionais de sequeiro em solos bási-
campo ocorreu entre 2016 e 2018. na faixa litoral. Os resultados são trata de uma “planta protegida a ní- preendimento de Fins Múltiplos de cos, e por isso sob grande pressão,
Debruçando-se sobre 630 espécies muito preocupantes”. vel europeu, da Diretiva Habitats”, Alqueva”. há pelo menos mais dois nomes a
de plantas, identificou 381 ameaça- Uma das plantas identificadas estatuto que prevê que sejam defi- reter: alcachofra rasteira (‘Cynara
das de extinção e 19 já extintas. Das como das mais ameaçadas de ex- nidas áreas para a sua conservação. DISSEMINAÇÃO DE CULTURAS INTENSIVAS tournefortii’) e olho-de-perdiz
cerca de 110 espécies endémicas que tinção é a linária dos olivais (‘liná- “Existe um sítio da Rede Natura de- Muito referida quando se fala em (‘Adonis annua’). Estão avaliadas
existem em território nacional con- ria ricordi’), um “endemismo do signado para a proteger, que não o plantas ameaçadas, talvez por esta como vulneráveis, no levantamento
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 17

As principais ameaças e pressões sobre a planta ficam a


dever-se à expansão da intensificação agrícola e conversão
dos sistemas agrícolas extensivos de sequeiro em intensivos de
regadio, que levam à destruição do seu habitat ou à alteração das
condições ecológicas necessárias ao seu desenvolvimento”.

especializado. A primeira, um pois foi destruído um dos últimos


cardo, é um “endemismo ibérico” núcleos existentes, por expansão
com população maioritariamente agrícola”, adianta. Pelo mesmo fe-
em Portugal. “Distribui-se de forma nómeno, a ‘Ononis hackelli’, está
dispersa pelo Baixo Alentejo, tendo avaliada como vulnerável. Na faixa
um grande núcleo populacional litoral coloca-se ainda a questão flo-
no Torrão”, explica o biólogo. A se- restal. Na Serra do Cercal, “os eu-
gunda tem uma distribuição global caliptos são a grande ameaça de
alargada, concentrando-se no terri- uma planta única”, avaliada como
tório alentejano, mas com maior in- vulnerável, a ‘Bupleurum acutifo-
cidência no Baixo Alentejo. O Livro lium’, conhecida como a “Beleza
Vermelho explica que “as princi- do Cercal”. Segundo o coordenador
pais ameaças e pressões sobre a técnico do trabalho, a limpeza da
planta ficam a dever-se à expansão mata é outra questão que tem que
da intensificação agrícola e conver- ser pensada, pois se há espécies que
são dos sistemas agrícolas extensi- respondem muito bem a limpezas
vos de sequeiro em intensivos de re- sazonais, reaparecendo depois, ou-
gadio”, que levam “à destruição do tras não podem ser mexidas, com
seu habitat ou à alteração das con- risco de não voltarem. Por isso, “as
dições ecológicas necessárias ao seu práticas de limpeza florestal devem
desenvolvimento”. ser ajustadas aos valores em pre-
André Carapeto diz que é pre- sença”. Ainda na Serra do Cercal,
ciso agir com celeridade, para evi- esclarece que a ‘Senecio lopezii’, que
tar que mais plantas endémicas “ocorre em sobreirais bem conser-
restritas ao Baixo Alentejo se ex- vados com escassa perturbação hu-
tingam, a exemplo da arméria de CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DA BIODIVERSIDADE mana, e ameaçada pelas limpezas”,
Beja (‘Armeria neglecta’). Dá conta terá “regredido bastante no passado
que a planta foi “alvo de prospe- Há o antes e o depois do Livro Vermelho da Flora, que o é continuar a “insistir nos erros no passado para devido aos povoamentos florestais
ção” ao longo do século passado, e coordenador técnico do projeto diz ser o “diagnóstico justificar o investimento” feito. Há tipos de ocupações de eucalipto”.
deste estudo, e continua a não ser da situação, identificador de sintomas e causas”, “que se fazem em solos básicos”, que são importantes Apesar do quadro sombrio,
encontrada. Não havendo registos sugerindo algumas estratégias e boas práticas. Uma habitats de algumas espécies, que “poderiam ser feitos houve surpresas felizes, encon-
da sua ocorrência na natureza há das primeiras coisas a fazer “é pôr em prática a em outros tipos de solos”. No sudoeste alentejano, trando no Baixo Alentejo quatro
mais de um século, os investiga- Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da por exemplo, existem muitas áreas onde “podiam ser plantas que não se conheciam em
dores decidiram “considerá-la ex- Biodiversidade” que já existe no papel. Sublinhando ser instaladas as estufas, sem provocarem tanto dano Portugal. “Todas elas estão asso-
tinta”. A “pressão resultante da ati- “errada” a ideia de que a conservação é “impeditiva” para a conservação da biodiversidade”, exemplifica. ciadas aos solos básicos com olivais
vidade agrícola” durante o século de atividade económica, fala na importância de um Mas, “infelizmente”, está-se a optar por inseri-las tradicionais”. A ‘Anchusa puec-
XX poderá estar na origem da sua ordenamento do território que permita “compatibilizar” num Parque Natural. Finalmente, porque a maior parte chi’, nos arredores de Beringel e
extinção. as duas coisas. “A questão é saber quais as zonas dos valores naturais estão em terrenos particulares, Serpa, a ‘Trigonelle ovalis’, na Serra
Mas outras ameaças começam a importantes para a conservação da biodiversidade, que é “preciso pensar em algum tipo de compensação de Ficalho, a ‘Bellevalia trifoliara’,
adensar-se na região. O olho de lobo agora estão localizadas, e assegurar que se preserva financeira, fundos a que estes se possam candidatar um jacinto que aparece nas searas,
(‘Onosma tricerosperma’), uma uma parte delas”. O que não faz sentido, garante, para manter, por exemplo, atividades tradicionais”. nos arredores de Beja e fr Ferreira
espécie “muito rara” encontrada do Alentejo, e a ‘Prolongoa his-
em Ferreira do Alentejo, em 2009, pânica’, que ocorre numa mina
“numa zona pedregosa de pasta- abandonada, em Barrancos – à se-
gem com pastos e mato, teve um avança também pelo sudoeste desaparecimento de outros, “como milfontinum’. Acrescenta: “Por melhança de uma urze já conhe-
núcleo destruído por um parque so- alentejano desde os anos 90, ape- brejos, trufeiras e charcos tempo- pouco não perdíamos mais uma cida, a ‘Erica andevalensis’ que,
lar e um laranjal”. O coordenador sar das zonas estarem integradas rários, onde se encontrava grande espécie endémica de Portugal. Há em Portugal, só existe nas Minas
técnico do projeto diz que quando em Rede Natura e em boa parte do número de espécies de distribuição mesmo falta de conhecimento dos de São Domingos. As primeiras
começaram a fazer a lista de plantas Parque Natural. A proteção é insu- restrita”. nossos valores, e falta de mais es- duas estão avaliadas como critica-
alvo de estudo, não tinham sinali- ficiente para assegurar a conserva- André Carapeto lembra que tudos aprofundados para mostrar mente em perigo, e as duas restan-
zado qualquer ameaça para além da ção da biodiversidade. O biólogo esta zona era prolífera de charcos que realmente temos uma biodi- tes como vulneráveis.
raridade da espécie: “Conhecíamos fala em muitas espécies sinaliza- temporários e lagoas que foram versidade que vale a pena proteger, A Lista Vermelha da Flora
apenas dois ou três locais onde ela das nesta área: “Algumas estão em sendo drenados, não só para apro- e que está em processo de destrui- Vascular de Portugal Continental
ocorria, com menos de 10 plantas regressão clara, outras há muito veitamento da água para a agricul- ção acelerada”. é resultado de um projeto coorde-
em cada um”. Em 2019, verificaram tempo não são avistadas.” Uma das tura, mas também para regadios, André Carapeto diz que no su- nado pela Sociedade Portuguesa
que numa parte de um dos núcleos avaliadas pelas equipas do projeto, por vezes relacionado com pasta- doeste há ainda outro problema de Botânica e pela Associação
tinha sido instalado um pomar in- o linho marítimo (‘Linum mariti- gens. O biólogo diz que o litoral su- “muito grave”, que são as plan- Portuguesa de Ciência da
tensivo de laranjeiras, na outra mum’), restrita ao sudoeste alen- doeste está completamente “desca- tas invasoras, exóticas. Uma de- Vegetação, em parceria com o
um parque solar: “Já não há condi- tejano que habita em prados e so- raterizado” paisagisticamente. “Era las, a acácia, está em “expansão” Instituto da Conservação da
ções de qualquer habitat ali; foi des- los húmidos, foi vista a última vez um território com imenso poten- ao longo das ribeiras e das zonas Natureza e das Florestas. A comu-
truído”. André Carapeto alerta para em meados da década de 90 do sé- cial, nomeadamente turístico, mas arenosas. “Desenvolve-se rapida- nidade botânica contribuiu com
que a conservação dos locais de so- culo passado. Comenta que o lugar muito dele já foi perdido.” mente, causa ensombramento de 130 colaboradores, dos quais 115
los únicos, habitats por excelência foi transformado em campo agrí- Sobre a ‘Apium repens’, uma es- grandes extensões de território, voluntários. O coordenador técnico
de muitas espécies, seja “uma prio- cola e, entretanto, já se construiu pécie de aipo selvagem também e altera completamente as condi- do projeto gostaria de ver continui-
ridade”. Pois quando se perdem, uma série de estufas nos arredo- analisado, conta que a população ções do habitat.” São muito difí- dade neste trabalho, não só porque
não há como voltar atrás. Enquanto res, sendo que a zona está comple- estava reduzida a um “cantinho” de ceis de erradicar, assegura. Nas ar- ainda ficaram 4/5 das plantas nati-
estas infraestruturas podem ser tamente modificada. Uma situação um local que se tinha transformado ribas e nas dunas, o problema é o vas para avaliar, mas também por-
instaladas noutros locais. “Muito que se repete por muitos e mui- numa pastagem para gado bovino chorão da praia: “É uma das prin- que a informação tende a desatua-
do que se pode fazer pela conserva- tos hectares. Mostra-se preocu- e depois num campo de milho: “O cipais ameaças” aos vários ende- lizar-se. Diz que enquanto faziam
ção passa por se tomar opções cor- pado com o impacto das estufas e núcleo estava praticamente des- mismos das arribas do sudoeste. o trabalho, tiveram que reescrever
retas, e compatibilizar certas ativi- dos regadios. “Não se trata só da truído”. Entretanto, encontraram Ameaçado pela expansão agrícola fichas de algumas plantas, inclusi-
dades com o que realmente existe “ocupação física dos espaços para a planta noutro local, mais a norte, e de exóticas, o ‘Plantago almogra- vamente do Baixo Alentejo, sem-
de valores naturais”, sublinha. a instalação das estufas”, que con- “mas estudos posteriores demons- vensis’, um endemismo da região, pre que o regresso a um habitat por
sequentemente “destroem uns ha- traram tratar-se de uma espécie di- foi avaliado como estando em pe- causa de uma sinalização revelava
DRENAGEM DE ZONAS HÚMIDAS O pro- bitats”, mas também da “drena- ferente, nova para a ciência, e para rigo. No entanto, “a sua categoria o desaparecimento da espécie ou
cesso de intensificação agrícola gem de zonas húmidas” que leva ao o litoral alentejano: a ‘Helosciadium de ameaça poderá ter-se agravado, diminuição da sua população.
18 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021 | PUBLICIDADE
DESPORTO
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 19

“Passei uma infância muito ativa, como era comum nos meios rurais. Cresci numa quinta onde, desde
muito novo, usava a corrida para explorar e brincar. Essa quinta fica num vale profundo que dá para
o rio Douro e é ladeada de serras com mais de mil metros de altitude. Apreciava aqueles montes
e sentia uma enorme vontade de ir aos pontos mais altos, explorar e correr por aqueles blocos de
granito que, no inverno, ainda me desafiavam mais porque ficavam semanas a fio cobertos de neve”.

aventura
TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO
Luís Duarte
L uís Duarte nasceu, há 32 anos,
numa pequena vila do conce-
lho de Resende, na margem
sul do rio Douro. Nestas três déca-
das de vida tem dado muito ao ‘trail’,
fazendo tudo o que podia para ser
bem-sucedido. “Sinto-me uma pes-
soa realizada e feliz mas, ao nível des-
portivo, sinto que se tivesse tido os
apoios e ajudas certas, teria sido um
atleta internacional”, confessa o des- que tinha que experimentar o ‘trail’. que era no sábado. Acabei por chegar
portista, lamentando que os seus Já acompanhava algumas provas, já a Leiria às 23:00 horas, e não pude ar-
dias sejam “curtos”, pois “para ser pai tinha visto alguns feitos realizados rancar para Caminha pois iria fazer
de família, trabalhar, treinar como pelo Carlos Sá nos Alpes e no Sahara, a prova com uma direta e com mui-
um profissional, necessitava que o e senti um apelo. Senti uma necessi- tas horas de viagem. Estava no topo
dia tivesse umas boas horas a mais”. dade de aventura, de exploração”. de forma e com uma vontade enorme
Na sua infância procurava pi- Foi uma espécie de regresso ao de participar, mas fui condicionado
nhais, bosques e matas para explo- passado, de regresso à infância, aos pelo trabalho”.
rar. “Aos seis anos de idade perdi o vales e encostas do Douro. Para Mas também tem tido um exce-
meu pai e esse acontecimento obri- isso também constituiu “fator in- lente desempenho desportivo, fez
gou-me a crescer muito rápido, a ter fluente” a leitura de um livro cha- grandes provas, conquistou muitos
muitas responsabilidades, a traba- mado “Nascidos para correr”. “É um pódios, muitas vitórias e foi campeão
lhar no campo e, inclusive, a traba- misto de corridas, aventuras e relatos nacional – um palmarés de excelên-
lhar para fora”, lembra. Partilha a re- de ultramaratonas. O livro era de tal cia. Algo a que o atleta não atribuiu
cordação: “O meu primeiro salário, modo nostálgico que me despertou o muita importância, lamentando que
ainda em escudos, foi de 38 contos interesse do endurance extremo. Foi o ‘trail’ seja um desporto “sem qual-
(atualmente 190 euros), numas férias então que, em março de 2012, decidi quer reconhecimento e apoios. Por
da Páscoa. Também trabalhei, poste- que iria fazer os 100 quilómetros de mais que se treine, por mais que se
riormente, na construção, onde tinha uma prova chamada Oh Meu Deus, ganhe, um atleta de topo sente-se
que fazer o mesmo que os adultos de na Serra da Estrela. Depois de alguns sempre sozinho. E o que fez nunca
30 e 40 anos para receber metade do treinos de preparação, lá fui eu, com tem relevância, pois só o que está
que eles ganhavam, mas não me im- 23 anos, em busca de aventura, su- por fazer é que é importante”. Por
portava. Eu queria ajudar, em casa, peração dos limites. Ia com receio isso, este ano até pensou fazer os dois
com as despesas. Isso serviu para me do desconhecido, mas o objetivo era campeonatos de ultra ‘trail’ e ‘en-
tornar uma pessoa mais resiliente e terminar e, de preferência, com uma durance’ e depois deixar de compe-
forte a todos os níveis”. boa história para contar aos netos. tir, “tal é o desalento e muitas vezes
A prática desportiva começou, Foi a primeira prova, 12:50 horas, o sentir que somos atletas do inútil”.
claro, na escola. “Estava presente em onde se passou um pouco de tudo. Quanto ao futuro, neste tempo de
tudo o que eram corta-matos e cor- Acabei por ficar em segundo lugar incertezas, a confiança alicerça-se no
ridas longas… Joguei futebol de 11 da geral e primeiro sénior e cheio de seu valioso palmarés. “Já fiz provas
e futsal – no primeiro ano levámos vontade de voltar a fazer uma ultra e maravilhosas, já representei a sele-
a equipa da terra a vice-campeã dis- voltar a correr nos trilhos”. ção nacional, mas há sempre desafios
trital de juniores”. Terminado o 12.º E voltou! Tanto assim que, nos úl- que podem ser aliciantes, quando se
ano, não se inscreveu no ensino su- timos nove anos, fez 14 provas com tem apoio, a todos os níveis, para os
perior. “Fiquei a ajudar a minha mãe mais de 100 quilómetros, dezenas realizar. Quem sabe, talvez volte à se-
com [o trabalho na] quinta e conti- de provas curtas, campeonatos na- leção nacional pois, para isso, darei o
nuava a estudar para os exames na- cionais de ultra endurance, taças de melhor no próximo dia 18 julho, na
cionais, pois tinha a vontade de ir Portugal, provas internacionais e dois Madeira, na final do Campeonato
para a Academia da Força Aérea. Na Ser piloto nunca o fascinou, achava No início da carreira profissio- campeonatos do mundo, onde repre- Nacional de Ultra Trail”. Mas a sua
altura, por desconhecimento, pen- mesmo desinteressante, em compa- nal começaram as competições. sentou o nosso País: “Foram muitos corrida de eleição, o sonho maior, se-
sava que era necessário ir para acade- ração com o “abrir e ver as entranhas Representou o Clube de Atletismo da momentos de superação, realização ria “competir na ‘HardRock100’, essa
mia para poder trabalhar na manu- da máquina, perceber como fun- Barreira (Leiria) e o Amieirinhense e aventura”. Mas nem tudo são ro- acho que nunca passará de uma mi-
tenção dos F-16”. ciona, reparar e fazê-la voar”. “Faço (Marinha Grande). Correu em pista, sas, não é Luís Duarte? “Conciliar a ragem, pois, para além dos custos
Ainda muito jovem, já adorava 20 anos e entro na Força Aérea, na em estrada, fez meias maratonas até profissão e a competição, nem sem- que tem ir aos Estados Unidos fazer
aviões. É Luís Duarte que conta: especialidade de mecânico de mate- que, nos treinos na Serra das Meadas, pre foi fácil e, muitas vezes, impediu- uma prova destas, nunca conseguiria
“Tinha um fascínio especial por rial aéreo, fiquei nos primeiros luga- entre a sua terra natal e Lamego, -me de competir”. O atleta, primeiro- estar à altura do desafio. A prova rea-
aviões de combate. Teria ainda uns res, consegui escolher uma base de “surgiu o bichinho do ‘trail’ e das -sargento da Força Aérea Portuguesa, liza-se a três mil metros de altitude e
quatro ou cinco anos e recordo-me caças e fui trabalhar para o sistema corridas longas. E houve um ‘click’. dá até um exemplo: “Em setembro de atinge ainda os quatro mil durante o
de correr para a eira da quinta, que do avião que queria (motores/pro- Apesar de estar a melhorar muito a 2017, na semana anterior ao campeo- percurso. Sem uma adaptação cor-
tinha uma vista ampla para o vale, pulsão), realizando assim um sonho minha velocidade naquela altura, e nato de ultra ‘trail’, na Serra de Arga, reta, até poderia colocar a saúde em
para ir ver os A-7, que faziam um de miúdo. Foi fantástico! Aprendi de me estar a tornar competitivo na tive que vir à Base de Beja desempa- risco. De qualquer forma, seria com
ruído infernal e passavam a uma ve- imenso, senti-me um privilegiado. estrada, com a ajuda do meu treina- nar um F-16 que aterrou de emergên- muito gosto que levaria o nome de
locidade louca. E assim nasceu o so- Fiz um trabalho que poucos fazem e dor de então, Raimundo Santos, an- cia. As ações de manutenção demora- Mértola e do Alentejo por todo lado”.
nho de fazer voar aquelas máquinas”. temos que ser muito bons”. tigo atleta olímpico nacional, decidi ram até à sexta-feira antes da prova, Vamos ver.
20 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

Q Q
Campeonato Nacional da III Divisão de Andebol – Seniores Masculinos 2.ª Fase Os prazos de filiação de clubes e inscrição em provas
Zona 3 (4.ª Jornada): Torrense-Samora Correia, 24-20; Alverca-CCP Serpa, 29-36; de futebol e futsal, organizadas pela Associação de
Belenenses B-Boa Hora B, 33-23. Classificação: 1.º Belenenses B, 12 pontos. 2.º Futebol de Beja, estão a decorrer até ao próximo dia
CCP Serpa, 10. 3.º Torrense, 10. 4.º Samora Correia, 8. 5.º Alverca, 4. 6.º Boa Hora 23 do corrente ou, em período extraordinário, entre os
B, 4. Próxima Jornada (17/7): CCP Serpa-Torrense (18:00 horas); Samora Correia- dias 24 e 30 de julho com agravamento de 50 por cento
Belenenses B; Boa Hora B-Alverca. sobre o valor da filiação.

Campeonato Regional Pesca à Boia encerrou na Barragem de Chança

A PESCA COMO PAIXÃO


A Barragem do Chança, junto à
povoação de Santana de Cambas
(Mértola), foi o palco da terceira
e última prova do Campeonato
Regional de Pesca à Boia, para
escalões jovens, uma competi-
ção organizada pela Associação
Regional do Baixo Alentejo de
Pesca Desportiva (Arbapd).

TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO

Q uinze pescadores, nas ca-


tegorias de iniciados, juve-
nis, juniores e esperanças,
em representação de três clubes,
encerraram a sua participação no
Campeonato Regional de Pesca
à Boia, realizada em águas da
Ribeira de Chança, depois de, nas
provas anteriores, terem estado na
Barragem do Roxo (1.ª prova) e no
Rio Xarrama (2.ª). “Um sítio espe-
tacular para a pesca desportiva”,
considerou António Combadão,
dirigente da Associação Regional
de Pesca Desportiva do Baixo
Alentejo que aqui comenta o atual
momento da pesca desportiva na
área da formação.

Quinze atletas a disputarem este


campeonato é um bom número ou
nem por isso? tância entre pesqueiros, que o pró- poucas provas, é tempo de férias, representados três clubes… o Clube esta modalidade por paixão. A
Claro que gostaríamos de ter mais prio regulamento obriga, têm que depois temos que adaptar sempre Bejense o CAP Baixo Alentejo, e o pesca é uma modalidade [vivida]
mas, tendo em conta aquilo que é estar a 15 metros de distância entre os campeonatos regionais ao ca- próprio Abelense, não têm jovens. com paixão. O prazer que a modali-
o panorama nacional, é um bom si, portanto, à partida, esse pressu- lendário nacional e, este ano, feliz- dade proporciona, com a captura do
número… dá para aquilatar o que posto cumpre, desde logo, a questão mente, temos tido algumas provas O CAP Viana do Alentejo estará na peixe, e a própria devolução à água,
se passa em termos nacionais. Do do distanciamento social. E depois nacionais na nossa zona. O nacio- rota da distinção como “clube do os momentos da captura, o respeito
ponto de vista da formação temos é uma competição que acontece ao nal de ‘feeder’ da I Divisão realizou- ano”, galardão que já foi conquistado pela natureza… podemos consi-
lutado para haver um aumento do ar livre, onde, teoricamente, estaría- -se em Odivelas, em maio, pela pri- quer pelo Clube Mourense quer pelo derar que eles são pescadores para
número de pescadores, mas não é mos todos menos sujeitos à infeção. meira vez neste formato dos quatro CPD Mértola… o futuro. Dizemos-lhe sempre que
fácil nesta modalidade. A realidade Mas as restrições que foram impos- dias consecutivos, o nacional da III Neste momento, o título de “clube a formação tem a ver com isso. Se
portuguesa é muito “curta”. Se for- tas foram iguais para todos e nós es- Divisão, individual, foi também em do ano” não é muito fácil de obter. não quiserem ser atletas de grande
mos ver, no ano passado, a Arbapd tivemos durante muito tempo priva- Odivelas, em junho e, no final deste Quem poderá renovar esse galar- nível, pelo menos não deixem a
tinha praticamente um terço da- dos do exercício da pesca desportiva. mês teremos o nacional de clubes de dão é o clube de Mértola. Quando modalidade. Repare que o Diogo
quilo que são os pescadores em Também as questões do confina- ‘feeder’, mais uma vez em Odivelas; a Federação Portuguesa de Pesca Carvalho (Capva) esteve na Irlanda
campeonatos nacionais e isso dá mento e a limitação de circulação ou seja, depois os regionais também Desportiva instituiu essa distinção, no campeonato do mundo, a Joana
para ver qual é a realidade nacio- entre concelhos criaram-nos algu- ficam condicionados a estas realiza- os clubes não lhe deram muita im- Ramalho (CM) esteve em vários
nal. Somos, de facto, um país com mas dificuldades que depois, paula- ções, portanto tivemos dificuldades portância e depois, pouco a pouco, mundiais e foi campeã do mundo, o
títulos na formação a nível europeu tinamente, fomos superando e, neste em conciliar as provas. começaram a concorrer. Por isso, Daniel Mendes, de Viana, esteve em
e mundial, mas com poucos prati- momento, a modalidade de pesca, Mértola, é neste momento o clube Itália num campeonato do mundo,
cantes. Gostaríamos de ter muito nas suas variadas áreas, tem decor- Os campeonatos de jovens foram dis- com mais atletas inscritos nas vá- o João Encarnação (Mértola) es-
mais, mas este número de 15 con- rido de uma forma mais regular e putados por poucos clubes tendo em rias disciplinas. O Mourense foi teve no mundial na Irlanda, esteve
correntes jovens é, de momento, o os campeonatos estão na sua maio- conta o universo da Arbapd. Nem to- uma vez primeiro e duas vezes se- noutro disputado em Coruche, o
possível. Já tivemos menos e tam- ria a terminar. Mas os nacionais fo- dos os clubes se dedicam à formação? gundo, depois tem-se quedado pela Luís Palma, de Mértola, esteve num
bém já tivemos mais… esta situação ram atrasados, fruto também deste Temos aqui atletas de três clubes, o quinta e sexta posição. O CAP Viana mundial em Coruche. Estes refe-
pandémica também não veio aju- problema. O nacional de jovens ti- CPD Mértola é quem tem mais jo- do Alentejo, com a envolvência que renciais são importantes para eles
dar em nada, tem sido difícil orga- nha um formato diferente, seria rea- vens, o CAP de Viana do Alentejo tem atualmente, pois tem feito um manterem esta paixão pela pesca
nizar treinos e as competições estão lizado em quatro dias consecutivos, tem vindo a ganhar o seu espaço trabalho muito bom a nível regio- desportiva e pelo contacto com a na-
condicionadas. mas era em março, quando estava e, ao nível dos mais novinhos, tem nal e nacional, pode almejar esse tureza e isso tem um valor forma-
tudo fechado… Voltou ao formato atletas em todos os escalões. O CPD reconhecimento. tivo importantíssimo.
A pandemia também limitou muito a inicial e as provas passaram mais Mértola só tem atletas nos juvenis
pesca desportiva? para o final do ano. e nos juniores e o Clube Mourense, Estes miúdos estão, efetivamente, CAMPEÕES – INICIADOS : Gonçalo
Muito. Contrariamente ao que ini- atualmente, só tem juniores e espe- comprometidos com a pesca despor- Borda d ’Água (CAP Viana
cialmente se pensaria, pois a prá- O calendário regional está mais ou ranças, e mesmo aqui está a chegar tiva? Serão futuros atletas seniores? A lentejo). Juvenis: Tomá s
tica desta modalidade não envolve menos a meio… ao fim desse ciclo, porque a Joana É sempre difícil garantirmos isso, Cegonho (CPD Mértola); Juniores:
riscos [de contágio por covid-19], Os campeonatos regionais estão Ramalho está no último ano dessa sobretudo, nesta modalidade e na Daniel Mendes (CAP Viana
os pescadores têm na sua organi- realmente a meio da sua organiza- categoria e o Leonel terá mais uma região onde estamos. Mas penso Alentejo); Esperanças: Joana
zação de provas a condição da dis- ção. Agosto é sempre um mês com época. Essencialmente, estão aqui que sim, penso que eles praticam Ramalho (Clube Mourense).
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 21

Q Q
Após o cancelamento de toda a atividade competitiva referente à época 2020/2021, O Instituto Português da Juventude e Desporto anunciou que
a Fundação Inatel prepara já a próxima temporada desportiva, com o anúncio da decorrerá, entre os dias 9 de julho e 16 de agosto, o período de
manutenção de medidas excecionais para as inscrições, considerando que “a registo e candidaturas à medida Reativar Desporto, programa
atual tabela está ajustada à realidade e construída em função das dificuldades que disponibilizará um montante de mais 30 milhões de euros,
existentes”. Renovações - Liga e Taça Fundação Inatel: 65 euros (equipa com a fundo perdido, para apoio direto a clubes desportivos, no
campo); 190 € (equipa sem campo) Primeira inscrição: 130 e 380 euros. processo de retoma da atividade desportiva federada.

Campeonatos Distritais Absolutos e Veteranos encerraram a temporada

A ÉPOCA POSSÍVEL…
A Associação de Atletismo de
Beja encerrou e época despor-
tiva 2020/2021 com a realiza-
ção do Campeonato Distrital
de Absolutos e Veteranos,
competição que reuniu na
pista de atletismo do Complexo
Desportivo Fernando Mamede,
na cidade de Beja, um total de
80 atletas.

TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO

U ma época curta, planeada


num tempo difícil, que
obrigou à redução do ca-
lendário a 18 provas, disputa-
das entre finais de abril e meados
de julho. A boa notícia, ainda as-
sim, foi a reutilização da pista be-
jense, infraestrutura que permi-
tiu a organização de um conjunto
de provas que atenuaram alguma
inatividade em que os clubes e os
atletas se debatiam. Foi a época
possível – esta é uma ideia genera-
lizada entre técnicos e dirigentes
de alguns clubes do distrito, ouvi-
dos pela reportagem do “Diário do
Alentejo”.
José Silveira, treinador da
Juventude Desportiva das Neves, vamos ver… estão a aparecer no- Núcleo Desportivo e Cultural de A bejense Sara Inácio, atleta
confirmou esse pensamento: vas fornadas de miúdos, havia um Odemira. “Fizemos o possível, da Associação Despor t iva
“Sim, foi a época possível, mas nós certo receio dos pais em deixá-los conseguimos ainda participar em e Recreativa Água de Pena
praticamente não parámos, ape- vir aos treinos, por causa da co- alguns eventos na pista de Beja, [Madeira] competiu à margem
sar da pandemia. Treinámos sem- vid-19, mas temos confiança que com os jovens que ainda conse- dos campeonatos e revelou ter
pre, a pista só abriu em abril, mas podemos ultrapassar isto. Acho guiram treinar a partir do dia 24 sido esta a sua última prova da
nós trabalhávamos no parque de que iremos conseguir”. de maio, que foi quando tivemos época, porque as competições na-
estacionamento da Ovibeja, trei- Fazemos um balanço O presidente do Beja Atlético acesso à pista. Esta situação da co- cionais que estavam calendari-
návamos na estrada, fomos fa- positivo da nossa Clube, João Cruz, também co- vid-19 dificultou-nos muito a vida, zadas já se concretizaram. “Tem
zendo o possível. Quando abriu munga desta ideia: “Em face das agora vamos olhar em frente, ten- sido uma época muito compli-
época, conseguimos
a pista tentámos melhorar os ín- circunstâncias da pandemia, foi tar recomeçar em setembro para cada, por causa da covid-19. Não
dices, mas depois as competi- alcançar os objetivos nas a época possível, mas nós faze- prepararmos a nova época, reunir conseguia treinar, foi um período
ções eram muito concentradas… provas onde estivemos mos um balanço positivo da nossa com os veteranos. Temos cerca de muito complicado e agora vamos
julgo que coletivamente estivemos época, conseguimos alcançar os 16 miúdos que querem retomar a retomando, aos poucos. O foco é
presentes, conquistando
muito bem”. objetivos nas provas onde estive- atividade em setembro, temos que tentar melhor as marcas que te-
Satisfeito com os resultados vários títulos distritais, mos presentes, conquistando vá- começar tudo de novo”. nho, nos 800 e nos 1500 metros”.
obtidos, o histórico técnico re- somos campeões do rios títulos distritais, somos cam- O clube do litoral alentejano O campeonato disputado em
corda: “Estivemos em provas na- peões do Alentejo e terminámos a vai reforçar a sua aposta na for- Beja foi também valorizado pela
Alentejo e terminámos a
cionais e a maior parte da seleção época desportiva com o campeo- mação, garantiu o também atleta presença da consagrada Sandra
do Olímpico Jovem é composta época desportiva com o nato de veteranos, onde obtive- e técnico odemirense. “Vamos fo- Teixeira, atleta do Sporting
por atletas das Neves, ganhá- campeonato de veteranos, mos também bons resultados”. É car-nos mais nos escalões jovens, Clube de Portugal, que explicou
mos coletivamente uma prova de com uma forte ambição e uma de- o escalão de veteranos é quase au- a sua presença em Beja: “Vinha
onde obtivemos também
corta-mato, também vencemos liberada aposta nos escalões mais tónomo, tendo em conta que tem aqui para competir mas, infeliz-
coletivamente os campeonatos bons resultados”. jovens que o também atleta do atletas que gostam de diversifi- mente, lesionei-me durante a se-
de juvenis, juniores, absolutos, o JOÃO CRUZ, BEJA ATLÉTICO CLUBE clube bejense olha para o próximo car a sua atividade. Tentaremos mana e isso impediu-me de o fa-
olímpico jovem, portanto, em ter- futuro. “Os nossos objetivos man- refletir, depois destes momentos zer. Trouxe as atletas que treinam
mos coletivos o que havia para ga- têm-se ambiciosos. A nossa aposta que foram fundamentais, com os comigo em Lisboa, para elas po-
nhar, ganhámos. Agora não temos será sempre na escola de forma- campeonatos distritais, regionais derem competir aqui. São atle-
veteranos, também não investi- ção e, claro, vamos tentar refor- e nacionais de veteranos mas, es- tas de vários clubes, algumas es-
mos em veteranos, não é o nosso çar a nossa equipa sénior e man- sencialmente, vamos focar-nos na tão comigo no Sporting, outras no
objetivo, mas ganhámos as ou- esta questão da pandemia me- ter a equipa de veteranos. Não é formação e vamos começar tudo Belenenses, mas são treinadas por
tras provas coletivamente e nes- lhore, mas nós temos um pro- fácil manter estas vertentes, da- de novo. A ideia é essa: em se- mim. Sabemos que, em Portugal,
tes campeonatos absolutos tam- blema, porque a maior parte das das as circunstâncias em que vive- tembro de 2021, começar tudo de as provas têm sido poucas e en-
bém ganhámos em masculinos e nossas atletas são juniores e en- mos, numa modalidade que é difí- novo, quer com a equipa de atle- tão temos que aproveitar as pou-
femininos”. tão, nessa altura, vão embora. Mas cil e também pelos compromissos tismo, quer com a equipa de na- cas que existem. Mas Beja sempre
Contudo, é com algum ceti- é esse o atletismo que temos aqui profissionais dos nossos atletas”, tação, que também tem estado foi uma cidade que me acarinhou
cismo, apesar da esperança no fu- no nosso distrito. Depois, só ficam sublinha. numa situação difícil, porque há muito, por isso é um prazer estar
turo, que José Silveira olha para a aqueles atletas seniores que não Começar tudo de novo é a ideia dois anos que os miúdos não têm aqui presente e aproveitarmos o
próxima temporada. “Espero que entrarem na universidade, mas de Raul Lourenço, presidente do vivências na água”. dia”, concluiu.
22 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

BOLA DE TRAPOS
JOSÉ SAÚDE

Desportivamente 

O
mundo empresarial e das SAD’s que
proliferam agora no futebol profissio-
nal, são enigmáticas e tornaram-se tri-
viais. Os seus mentores puxam dos ga-
lões, estipulam valores para o craque,
convencem, à séria, os adeptos, alguns
ainda se deixam cair na esparrela, en-
quanto os intervenientes retiram das negociatas ele-
vadíssimos proveitos pessoais. A plebe, em parte, de-
fende até à morte o emblema do seu coração, bate Ultra Maratona Melides-Tróia e Corrida Atlântica Comporta-Tróia
palmas ao líder e, desportivamente, numa conversa
básica, o sabichão da bola não consegue distinguir o
trigo do joio e vá de misturar alhos com bugalhos.
Porém, a celeridade dos tempos que atravessamos
ÚNICAS EM SOLO EUROPEU
carrega sobre os ombros do esforçado escriba de per-
severantes crónicas, mesmo que estas sejam datilo- A 16.ª Ultra Maratona Melides- vismo desportivo, peças fundamen- atualmente, com atletas vindos de
grafadas por um simplório entusiasta, mas que o Tróia (43 quilómetros) e a 7.ª tais no sucesso do evento. Espanha, Alemanha, Países Baixos,
submete a um exame factual, onde não cabem as im- Corrida Atlântica Comporta- Irlanda, Roménia, França e Porto
previsibilidades e nem tão-pouco meras invenções Tróia (15), duas organizações O facto de o País se encontrar em si- Rico, num total de cerca de 20 atletas.
por ora auscultadas em público. O espaço que ocupo da Câmara de Grândola que se tuação de calamidade em resultado
no universo da escrita submete-me a fundamentos disputam na orla costeira do da pandemia de covid-19, obriga, ne- O evento tem ganhado prestígio no
básicos que conduzem a explanações despretensiosas concelho, realizam-se a 25 de cessariamente, a implementar me- País e além-fronteiras. Considera que
e sobretudo isentas. Ponto final! julho. didas de controlo sanitário. Quais as é uma das grandes bandeiras para
Numa velha expressão lusitana, de “aqui d’el rei”, limitações? promoção do concelho de Grândola?
afirmo que nos meus tempos de futebol, onde tam- TEXTO E FOTO FIRMINO PAIXÃO Ambas as corridas foram adaptadas Sim, este evento é uma das bandeiras
bém fui ator, nunca conheci os tais empresários des- às regras em vigor e aos constran- do município para promover as carac-
portivos, ou as pomposas SAD’s, sendo que estas
componentes que agora se instalaram no futebol caí-
ram do céu como abençoadas estrelinhas. As contas
são movimentadas em ‘offshore’ e longe de ténues
olhares por parte de quem de direito, visto que elas,
A pós o interregno de um
ano, devido à crise pandé-
mica, as competições têm
o regresso previsto para o pró-
ximo dia 25 de julho, com parti-
gimentos existentes, no que se re-
fere, em especial, aos momentos de
partida, abastecimentos, chegada à
meta e entrega de prémios. A cor-
rida propriamente dita, por decorrer
terísticas ímpares do concelho ao nível
da sua faixa costeira, assim como para a
prática desportiva no geral.

A atleta belga Chantal Chervelle é


as contas, residem em paraísos fiscais. Mas eis que das diferidas em 30 minutos, da ao longo da costa e ao ar livre, não le- uma das totalistas da Ultramaratona.
quando a corda aperta e o sufoco acontece, estes opu- Praia de Melides (ultra maratona) vanta problemas de maior. Estamos a Trata-se de uma verdadeira embaixa-
lentos criadores de um desenfreado cosmos futebolís- e da Praia da Comporta (Corrida avaliar o plano de contingência com dora da prova?
tico são confrontados com possíveis ajustes de contas Atlântica), ambas com destino à a Autoridade Local de Saúde e espe- A Chantal Chervell é uma grande
na barra do tribunal, e logo surgem os senhores das Praia do Bico das Lulas, na penín- ramos, durante a próxima semana, atleta. É um grande orgulho para
leis que entram em campo, levam a mala cheia de vi- sula de Tróia, onde serão conhe- avançar com a comunicação aos atle- nós vê-la a participar em todas as
ciados “remédios”, fazem um primeiro exame auto- cidos os sucessores dos vencedo- tas das medidas pontuais que terão edições da Ultra Maratona, desde
ritário ao atemorizado lesionado e defendem, numa res da edição de 2019, os atletas de ser implementadas, algumas de- 2005, encontrando-se novamente
primeira instância, aquilo que, para eles, é defensá- José Gaspar e Palmira Quinhama las já previstas no regulamento anun- inscrita para 2021. Venceu quatro
vel. O tribunal mais tarde decidirá. (Ultra Maratona), Bruno Paixão e ciado no passado mês de março. das edições em que participou: 2005,
Ontem rei, hoje sem trono, lá temos o equilibrista Inês Marques (Corrida Atlântica). 2007, 2009 e 2010. Na edição de 2017
a manter-se hirto num arame que, desportivamente, Carina Batista, vereadora do As inscrições terminarão hoje, mas já não conseguiu concluir a sua prova,
o vai reequilibrando. Discutir o futebol e todo o seu município de Grândola com o pe- está superado o recorde de participa- mas manteve sempre uma forte
mundo submerso é para os homens que conhecem to- louro do desporto, garantiu ao ções registado em 2019? Que signifi- presença, alegre e de uma grande
das essas jigajogas, não para aprendizes e atrevidos “Diário do Alentejo” que a orga- cado atribui a esta grande procura? simpatia.
propagandistas. Eu, desportivamente como laico, nização está a fazer “tudo” para A Ultra Maratona Atlântica tem ca-
desconfio destas incoerentes opulências arremessa- que o evento aconteça no dia 25 racterísticas únicas, que a tornam Anuncia-se a presença de vencedores
das por estes “misteriosos” donos da razão. Existem, julho. “A aquisição de bens e ser- desafiante. Percorrer 43 quilóme- de edições anteriores, como Patrícia
sim, paradigmas populares que levam o mais incauto viços, o recrutamento de pessoal, tros junto ao Atlântico é uma expe- Serafim, Palmira Quinhama, José
comum dos mortais a parafrasear princípios de his- as questões de mobilidade e se- riência que a maioria dos atletas pro- Gaspar e Custódio António. Espera-se
torietas de fadas contadas pelas nossas avós que nos gurança, licenças e autorizações, cura repetir. O recorde de inscrições muita competitividade para esta
relatavam encantadoras narrações e que deixavam a está tudo a decorrer com nor- alcançado com a Corrida Atlântica edição?
pequenada completamente pasmada. malidade para recebermos uma é, na nossa opinião, o resultado de Sim, com atletas inscritos já com
Agora, em pleno século XXI, o futebol resvalou prova que é única em Portugal e uma boa divulgação do evento, das larga experiência em cada uma das
para impropérios que cada um de nós, caso o quei- na Europa pela singularidade do características da prova, com 15 qui- competições, a competitividade vai
ramos assumir, tem o dever de saber ler: a profundi- piso em que se realiza”. lómetros percorridos em areia, en- ser elevada.
dade da “coisa” e os valores milionários que o sistema tre o oceano, as dunas e a serra da
movimenta. Desportivamente desconfio da fartura, Tudo a postos para receber os atle- Arrábida, bem como do maior nú- A organização está confiante no su-
mormente a avalanche de impérios descomunais tas que vão participar nas duas mero de pessoas que atualmente cesso da prova?
construídos com base em absurdas traficâncias, mas competições? praticam desporto no geral e a cor- Sem dúvida. Estamos confiantes de
que esbanjam riqueza à custa daqueles que vendem Além da grande experiência dos tra- rida em particular. Só de residentes que a prova vai ter muito sucesso
o seu esforço físico no interior do retângulo de jogo. balhadores do município nos seto- no concelho de Grândola esperamos e, apesar das alterações que terão
res mais envolvidos, tais como, des- perto de 80 atletas no conjunto das de acontecer em termos logísti-
porto, transportes, proteção civil, duas competições. cos, tudo faremos para que os atle-
comunicação, artes gráficas, sanea- tas se sintam satisfeitos no final e
mento, telecomunicações e apoio Tem registo de algumas inscrições de ao longo de todas as etapas, quer ao
logístico, entre outros, contamos atletas estrangeiros? nível da sua prestação desportiva,
igualmente com o envolvimento de A presença de atletas estrangei- quer em termos logísticos, de se-
colaboradores regulares, afetos às ros tem sido uma constante e esta gurança, prémios e restantes áreas
juntas de freguesia e ao associati- edição não é exceção. Contamos, que integram o evento.
PUBLICIDADE | 16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 23
INSTITUCIONAL | DIVERSOS
Diário do Alentejo n.º 2047 de 16/07/2021 Única Publicação sidente nas suas faltas e impedimentos e Carla Maria Silvestre de Ornelas, técnica
superior;
Vogais suplentes: Norine da Cruz Brito e Jennifer Baptista Paraíba, ambas téc-
nicas superiores;
Ref.ª C:
Presidente: Ana Margarida Páscoa Raposo, dirigente intermédio de 2º grau;
Vogais: Rui Fulgêncio Piedade Costa, Dirigente intermédio de 2º grau, que subs-
titui o presidente nas suas faltas e impedimentos e Teresa de Jesus Varela Betten-

CÂMARA MUNICIPAL DE SERPA court, especialista de informática;


Vogais suplentes: Vasco José Margalho Capitão, especialista de informática e

Notas Culturais AVISO Nº 1/2021 Norine da Cruz Brito, técnica superior;


Ref.ª D:

ESTÁGIOS PEPAL – 6ª EDIÇÃO 2.ª FASE Presidente: Ana Margarida Páscoa Raposo, dirigente intermédio de 2º grau;
Vogais: Rui Fulgêncio Piedade Costa, Dirigente intermédio de 2º grau, que subs-
Direção Regional de Cultura do Alentejo titui o presidente nas suas faltas e impedimentos e João Carlos Rações Pêgas, téc-
Torna-se público, nos termos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 166/2014, nico superior;
de 6 de novembro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2019 de 10 de abril, Vogais suplentes: Fernando José Horta Mósca e Norine da Cruz Brito, técnica
conjugado com o estabelecido no artigo 3.º da Portaria n.º 114/2019, de 15 de abril, superior;
que se encontra aberto, pelo prazo de 10 dias úteis, contados a partir da data da pu- Ref.ª E:
Requiem para o Mosteiro de Santa Clara - Concerto blicitação do presente aviso no sítio da Internet, candidaturas aos procedimentos de Presidente: Maria Manuel dos Anjos Oliveira, dirigente intermédio de 2º grau;
recrutamento e seleção de estagiários, do Município de Serpa, no âmbito da 6.ª edi- Vogais: Norine da Cruz Brito, técnica superior, que substitui o presidente nas
por Metáfora das Flores - Ensemble de Música Barroca, ção – 2.ª fase do Programa de Estágios Profissionais na Administração Local (PE- suas faltas e impedimentos e Miguel António Paixão Serra, técnico superior;
sob direção de Magna Ferreira, terá lugar dia 18 de PAL), nos seguintes termos: Vogais suplentes: Rui Fulgêncio Piedade Costa, Dirigente intermédio de 2º grau
1. Legislação aplicável e Maria João da Silva Ferreira Vieira, técnica superior;
julho, às 18h00, na Igreja de S. Francisco, em Évora. Decreto-Lei n.º 166/2014, de 6 de novembro, alterado e republicado pelo De- Ref.ª F:
O programa é maioritariamente constituído por obras creto-lei n.º 46/2019, de 10 de abril - estabelece o regime jurídico do PEPAL. Presidente: Maria Manuel dos Anjos Oliveira, dirigente intermédio de 2º grau;
Portaria n.º 214/2019, de 15 de abril – regulamenta o PEPAL. Vogais: Norine da Cruz Brito, técnica superior, que substitui o presidente nas
do compositor Frei Francisco de São Boaventura (séc. Portaria n.º 256/2014, de 10 de dezembro - fixa o montante mensal da bolsa de suas faltas e impedimentos e Miguel António Paixão Serra, técnico superior;
XVIII), escritas para o Mosteiro de Santa Clara (Porto). estágio no âmbito do PEPAL. Vogais suplentes: Rui Fulgêncio Piedade Costa, Dirigente intermédio de 2º grau
Portaria n.º 142/2019, de 14 de maio – fixa o número máximo de estágios na 6.ª
Este concerto é uma iniciativa da Igreja de S. Francisco, edição – 2.ª fase do PEPAL.
e Maria João da Silva Ferreira Vieira, técnica superior;
Nos termos do disposto no artigo 6º do decreto-lei nº166/2014 de 6 de novem-
de Évora, que conta com o apoio da Direção Regional de Despacho nº 8035/2019, de 11 de setembro - distribui pelas entidades promoto- bro, alterado pelo Decreto-lei nº46/2019, de 10 de abril, os presentes procedimentos
ras o contingente de estágios da 6.ª edição – 2.ª fase do PEPAL.
Cultura do Alentejo. A entrada é livre. + info.: 266704521 2. Ofertas de estágios
são publicitados no sítio da internet do Município de Serpa, em dois órgãos de comu-
nicação social, de expansão regional ou local, sendo ainda comunicado à DGAL, para
- Página da Igreja de S. Francisco de Évora, no Facebook Tendo em conta os estágios atribuídos no mapa anexo ao Despacho nº efeitos de divulgação.
8035/2019, de 11 de setembro, foram fixados em 14 os estágios atribuídos ao Municí- Anexo I
pio de Serpa e considerando que muitos ficaram desertos, republica-se nas seguin- (Descrição das funções)
tes áreas de formação: ANTROPOLOGIA
Ref.ª A - Nível de qualificação 6 - 1 estágio para licenciado em Antropologia;
“filMAR para sensibilizar” (3.ª edição) - Promovido – Reconhecimento de terreno e definição das áreas de pesquisa antropológica
Ref.ª B - Nível de qualificação 6 - 1 estágio para licenciado em Solicitadoria; no concelho de Serpa;
pelo Município de Sines, o concurso foi alargado a todos Ref.ª C - Nível de qualificação 6 - 1 estágio para licenciado em Informática; – Definir e elaborar, com o orientador, o Plano de Atividades do Estágio a ser
os jovens do concelho, até aos 18 anos de idade, e o Ref.ª D - Nível de Qualificação 6 – 1 estágio para licenciado em Turismo/Ges- desenvolvido;
tão Turística; – Pesquisa de âmbito bibliográfico, oral, fotográfico e videográfico sobre a an-
prazo para envio de trabalhos prolongado até 28 de julho, Ref.ªE - Nível de Qualificação 6 – 1 estágio para licenciado em Arqueologia; tropologia da região;
Dia Mundial da Conservação da Natureza. A presente Ref.ª F - Nível de Qualificação 6 – 1 estágio para licenciado em Conservação e – Participação em projetos do Município que estejam em curso e/ou planeados
Restauro. que versam sobre práticas culturais materiais e imateriais no concelho, nomeada-
edição apela à criatividade para a produção de um vídeo 3. Planos dos estágios mente os que integram a operação “Património Cultural em Rede”;
(máx. 2 minutos) sobre a importância da preservação Anexo I – Intervenção e participação no projeto de requalificação do Museu Municipal
4. Destinatários de Etnografia de Serpa tendo como foco o estudo das coleções etnográficas que inte-
do ecossistema dunar, primeira linha de contacto entre Para além das habilitações académicas descritas no ponto 2 deste aviso, os gram o acervo e questões como a do processo de expropriação, apropriação e repa-
a terra e o mar, nos ambientes litorais, com o objetivo candidatos devem preencher os seguintes requisitos: triamento dos objetos; a do seu colecionismo e inserção no museu; a da estratégia de
Tenham até 30 anos de idade, inclusive, ou até 35 anos se forem portadores de exibição; a da produção de conhecimento sobre – e a partir – dos objetos;
de contribuir para a alteração de comportamentos que deficiência com grau de incapacidade igual ou superior a 60%, ambas aferidas à data – Colaborar na conceção e produção de textos sobre essas temáticas;
coloquem em risco o referido ecossistema. + info.: de início do estágio; – Participação na inventariação e recolha de património cultural material e ima-
Estejam inscritos nos serviços de emprego do Instituto do Emprego e da Forma-
269630600 - https://www.sines.pt/ ção Profissional (IEFP, I.P.), na qualidade de desempregados.
terial do concelho, incluindo o registo sonoro e vídeo;
– Apresentação de propostas de ações e eventos temáticos que promovam a
5. Candidatos portadores de deficiência com um grau de incapacidade supe- valorização, fruição e divulgação do património histórico e cultural concelhio;
rior a 60%: SOLICITADORIA
Os/as candidatos/as referidos têm preferência em igualdade de classificação, a - Conhecer a estrutura orgânica, competências, áreas e metodologias de traba-
Prémio Literário Joaquim Mestre (3.ª edição) qual prevalece sobre qualquer outra preferência legal, conforme n.º 5 do artigo 9.º da lho do Município de Serpa;
Portaria n.º 114/2019, de 15 de abril. - Conhecer as aplicações informáticas em uso nos Serviços do Município;
- Instituído pela ASSESTA, em parceria com a 6. Local de realização dos estágios - Efetuar consultas em serviços e repartições públicas (Finanças, Conservató-
DRCAlentejo e com o apoio do Município Beja, este Na área do Município de Serpa. rias, Notariado);
7. Duração dos estágios - Solicitar a emissão de documentos, efetuar participações e promover pedidos
Prémio bienal pretende promover, defender e valorizar 12 meses não prorrogáveis. de inscrição de imoveis no Serviço de Finanças e Conservatórias competentes;
a língua portuguesa e a identidade e diversidade cultural 8. Remuneração e outros apoios - Colaborar no processo de faturação do Serviço de Águas e Saneamento e pro-
- Bolsa de formação mensal de montante correspondente a:
da região Alentejo, incentivar a criação literária na Estagiário nível 6 – 724,04€
mover processos de execução fiscal;
- Acompanhar e desenvolver processos de contraordenação;
modalidade de romance, fomentar o gosto pela leitura - Subsídio de refeição de valor correspondente ao praticado para a generalidade - Acompanhar e desenvolver procedimentos de recrutamento de pessoal;
dos trabalhadores que exercem funções públicas (4,77€/ dia útil);
e pela escrita e homenagear o romancista e contista - Seguro que cubra os riscos de eventualidades que possam ocorrer durante e
- Colaborar nas atividades desenvolvidas no Serviço de Recursos Humanos.
INFORMÁTICA
alentejano Joaquim Mestre. Podem concorrer maiores por causa das atividades do estágio. - Acompanhamento e apoio na implementação de novas aplicações do sistema
9. Seleção de estagiários
de 18 anos, portugueses ou estrangeiros a residir em de gestão municipal – ERP AIRC;
9.1. Avaliação Curricular (AC) - Implementação do sistema de rede sem fios municipal – acompanhamento e
Portugal. O prémio é de 3000€ e a obra vencedora Para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 7.º da Portaria n.º 114/2019, de 15 de gestão;
será publicada numa editora de referência. Os originais abril, na avaliação curricular consideram-se os seguintes fatores: - Apoio e acompanhamento a utilizadores/serviços e munícipes;- Infraestrutura
a) Habilitação académica; de redes informáticas – implementação e manutenção
podem ser entregues em mão ou via CTT, na Biblioteca b) Classificação final obtida; TURISMO/GESTÃO TURÍSTCA
Municipal de Beja, até dia 31 de dezembro de 2021. + d) Formação profissional; - Recolha, atualização e tratamento de informação no âmbito do turismo (estatís-
e) Experiência profissional. ticas de visitantes, atualização da base de dados de alojamentos e restauração, aná-
info.: assesta@sapo.pt - www.cultura-alentejo.pt/ 9.2. Entrevista Individual (EI) – Na Entrevista Individual, consideram-se os se- lise do site visitserpa.pt e atualização de informação, entre outros dados que vierem a
guintes fatores: ser considerados relevantes);
A= Reflexão curricular e motivação; B= Capacidade de integração e orientação - Apoio no planeamento e acompanhamento dos eventos, atividades e projetos
para objetivos; C= Atitude; D= Capacidade de expressão e fluência verbal. municipais do âmbito do Turismo;
9.3. Classificação Final - Elaborar proposta e diagnóstico do setor turístico do concelho;
A Cidade Incompleta - Exposição de Fernanda A classificação final será expressa de acordo com a seguinte fórmula: - Apresentação de relatório do trabalho desenvolvido;
Fragateiro, patente ao público no Museu de Arte CF = AC (50%) + EI (50%) ARQUEOLOGIA
É excluído do procedimento de avaliação o candidato que tenha obtido uma va- - Tratamento, limpeza, marcação, inventário, registo fotográfico e gráfico de ma-
Contemporânea de Elvas, até 16 de janeiro de 2022. loração inferior a 9,5 valores em qualquer um dos métodos de seleção. teriais arqueológicos resultantes de trabalhos arqueológicos municipais, de doações
Reúne obras da última década que, sob formas diversas, 9.4. Preferência aos candidatos residentes na área do município e das reservas do Museu Municipal de Arqueologia;
Nos termos do nº6 do art.8 DL 166/2014 alt pelo DL 46/2019, têm preferência os - Organização das coleções (materiais orgânicos e inorgânicos) das reservas do
refletem sobre a relação entre espaço arquitetónico, a candidatos residentes na área do município. Museu Municipal de Arqueologia.
sua vivência e a história. A mostra encontra-se agrupada 10. Prazo de formalização da candidatura - Preenchimento das fichas de inventário para as coleções das reservas do Mu-
As candidaturas deverão ser apresentadas no prazo de 10 dias úteis, contados a seu Municipal de Arqueologia;
por salas com ambiências específicas que propõem partir da data da publicitação do presente aviso no sítio da Internet. - Realizar proposta de aquisição de materiais de acondicionamento para as co-
uma deambulação frequentemente interrompida ou 11. Formalização de candidatura leções do Museu Municipal de Arqueologia;
As candidaturas são formalizadas através do preenchimento do formulário do
dificultada. Org.: Câmara Municipal de Elvas–Museu nível de qualificação de que o candidato é detentor, disponível no Portal Autárquico
- Elaboração de proposta de organização de uma exposição com materiais ar-
queológicos das reservas da do Museu Municipal de Arqueologia;
de Arte Contemporânea de Elvas. + info.: 268626218 - (www.portalautarquico.dgal.gov.pt) e também no sitio da Internet desta entidade, - Desenvolver ações educativas na área da arqueologia para o Museu Munici-
acompanhado obrigatoriamente de cópia dos documentos a seguir indicados:
https://www.cm-elvas.pt/ - Cópia de documento comprovativo da morada;
pal de Arqueologia.
CONSERVAÇÃO E RESTAURO
- Declaração da Segurança Social, da qual conste o registo de remunerações do - Diagnóstico do estado de conservação das coleções (materiais orgânicos e
candidato (ou a não existência do mesmo); inorgânicos) do Museu Municipal de Arqueologia e Museu Municipal de Etnografia;
- Cópia do comprovativo da incapacidade igual ou superior a 60%, quando - Criação de modelo de ficha de conservação e restauro para o Museu Municipal
aplicável; de Arqueologia e Museu Municipal de Etnografia;

ACESSÓRIOS
- Cópia do certificado de conclusão do curso de licenciatura ou mestrado inte- - Preenchimento das fichas de conservação e restauro para as coleções do Mu-
grado onde conste a média; seu Municipal de Arqueologia e Museu Municipal de Etnografia;
- Cópia do certificado de conclusão do ensino secundário, onde conste a média; - Conceção de plano de conservação preventiva das coleções do Museu Munici-
- Cópia do certificado de conclusão de Mestrado ou Doutoramento, quando pal de Arqueologia e Museu Municipal de Etnografia;
aplicável; - Elaboração de proposta para criação de espaço de conservação e restauro, in-
- Cópia dos certificados de formação profissional onde conste o número de cluindo proposta da aquisição de materiais e equipamentos;

PARA TODOS OS TIPOS horas;


- Declaração da experiência profissional, se aplicável;
- Realizar proposta de intervenção de conservação e restauro para peças das
coleções do Museu Municipal de Arqueologia e Museu Municipal de Etnografia;
- Curriculum vitae, datado e rubricado;
DE TRATORES AGRÍCOLAS
- Realizar intervenções de conservação e restauro em peças das coleções do
11.1 A não apresentação ou a não comprovação dos requisitos constitui motivo Museu Municipal de Arqueologia e Museu Municipal de Etnografia;
de exclusão da edição do PEPAL. - Elaborar plano de acondicionamento das coleções em reserva;
E INDUSTRIAIS 11.2 As candidaturas são enviadas por correio para: Município de Serpa, Praça
da República, 7830-289 Serpa, ou entregues em mão no Serviço de Atendimento ao
- Elaborar contributos na área da conservação e restauro para a criação das
reservas do Museu Municipal de Arqueologia, Museu Municipal de Etnografia e
Público, mediante marcação prévia para o número 284 540 101 ou para o email ge- Reservas;
ral@cm-serpa.pt. - Elaborar contributos na área da conservação e restauro para o regulamento do
CONSULTEM-NOS 12. Prazo de validade do procedimento
Os procedimentos para o preenchimento dos lugares de estágio cessam, para
Museu Municipal de Arqueologia, Museu Municipal de Etnografia e Reservas;
- Desenvolver ações educativas na área da conservação e restauro para o Mu-

SIPEMA este efeito, 30 dias após o início dos respetivos estágios.


13. Constituição do júri
Ref.ª A:
seu Municipal de Arqueologia, Museu Municipal de Etnografia e Reservas.
Serpa, 6 de julho de 2021

Presidente: Maria Manuel dos Anjos Oliveira, dirigente intermédio de 2º grau;


O Presidente da Câmara Municipal
Vogais: Rui Fulgêncio Piedade Costa, Dirigente intermédio de 2º grau, que subs-
TELEFONES: 243 32 30 45 / 243 32 83 30 titui o presidente nas suas faltas e impedimentos e Maria João da Silva Ferreira Vieira,
Tomé Alexandre Martins Pires

TELEMÓVEL: 96 245 80 63 técnica superior;


Vogais suplentes: João José Saldanha Lopes Correia Martins e Norine da Cruz
WHATSAPP: 96 194 82 17 Brito, ambos técnicos superiores;
Ref.ª B:
E-MAIL: sipema_str@hotmail.com Presidente: Rui Fulgêncio Piedade Costa, Dirigente intermédio de 2º grau;
Vogais: Alzira dos Santos Pé-leve Figueira, Técnica superior, que substitui o pre-
24 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021
SAÚDE
Análises Clínicas  Cardiologia  Psicologia 

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Telef 284998261 6ª e sábado das 14 às 20 horas 2ª Feira e 5ª Feira: 14h às 20h
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Contatos: Clínica - 284 326 752
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SAÚDE | DIVERSOS 16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 25

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26 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021
NECROLOGIA | INSTITUCIONAL | DIVERSOS
Diário do Alentejo n.º 2047 de 16/07/2021 Única Publicação

EXTRACTO PARA PUBLICAÇÃO


NOTÁRIO JOÃO RICARDO MENEZES
CERTIFICO, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escri-
tura de treze de julho de dois mil e vinte e um, exarada de folhas Dois a folhas Nove, do
Livro de Notas para Escrituras Diversas número 199 – A, do Cartório Notarial do con-
celho do Porto, a cargo de João Ricardo da Costa Menezes:
ANTÓNIO JOSÉ PANEIRO PINTO, que também é conhecido por António José
de Aboim Inglez Paneiro Pinto, NIF 122.715.357, natural da freguesia de São Sebas-
tião da Pedreira, concelho de Lisboa, casado com Maria Luísa Leite Garcia Paneiro
Pinto, sob o regime da separação de bens, residente na Rua João Camilo Alves, nº 1,
freguesia de Bucelas, concelho de Loures, portador do Cartão de Cidadão nº e letras
00314485 2ZY1, emitido pela República Portuguesa e válido até 11/04/2022;
JOSÉ FERNANDO OROZCO PANEIRO, que também é conhecido por José SANTA C
CLARA DE LOUREDO
O BEJA SALVA
ADA
Fernando de Aboim Inglez Orozco Paneiro, NIF 126.628.165, natural da freguesia de
São Sebastião da Pedreira, concelho de Lisboa, casado com Maria Tereza Gonçal-
ves Neto Ferreira Orozco Paneiro, sob o regime da separação de bens, residente na
Rua Jaime Brasil, nº 5, freguesia de Benfica, concelho de Lisboa, portador do Cartão
de Cidadão nº e letras 02391586 2ZZ3, emitido pela República Portuguesa e válido
até 05/09/2028, declaram:
Que são donos e legítimos possuidores de sessenta e cinco, setenta avos indivi-
sos do seguinte imóvel:
Prédio urbano, composto por casa de rés do chão, 1º andar, adega, cavalariça,
arrecadação e quintal, sito na Rua Cândido dos Reis, na união das freguesias de Al-
justrel e Rio de Moinhos, concelho de Aljustrel, descrito na Conservatória do Registo
Predial de Aljustrel sob o número dois mil setecentos e vinte e cinco, da freguesia de
Aljustrel, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 1134.
Que a aquisição do referido prédio encontra-se registada, nos seguintes termos:
a) um meio (1/2) a favor de ARMANDO LOPES DE ABOIM INGLÊS, nos termos
da inscrição que resulta da “Apresentação quinze, de vinte e um de março de mil nove-
centos e trinta e um”;
b) quinze setenta avos (15/70) a favor de MARIA BENEDITA LOPES DE ABOIM
INGLÊS PANEIRO,; de MARIA LUISA LOPES DE ABOIM INGLÊS BARATA,; e de
HENRIQUE LOPES DE ABOIM INGLÊS, nos termos da inscrição que resulta da
“Apresentação dois, de treze de abril de mil novecentos e quarenta e nove”; †
†. Faleceu o Exmo. Sr. MARIA ANO ††. Faleceu o Exmo. Sr. LUÍS JOAQ QUIM †. Faleceu u o Exmo o. Sr. ANT TÓNIO
c) cinco setenta avos (5/70) a favor de MARIA ANTÓNIA LOPES DE ABOIM IN-
GLÊS, nos termos da inscrição que resulta da “Apresentação onze, de seis de maio de J
JOAQUIM M MARQUES SIMÃO, de 79 DDOS SANTO OS, de 90 anos, naturaal de FRANCISC CO PARDAL L, de 101 anos,
mil novecentos e quarenta e nove”; a
anos, naturaal de Nossa a Senhora das BBeja, viúvo. O funeral a cargo d desta natural de Salvada
S - Beeja, viúvo. O funeral
d) cinco setenta avos (5/70) a favor de FRANCISCO PAULA LOPES DE ABOIM N
Neves - Bejaa, casado com a Exma. S Sra. AAgência reallizou-se no passado diaa 11, a cargo desta
d Agênccia realizou--se no
INGLÊS, nos termos da inscrição que resulta da “Apresentação doze, de seis de maio
de mil novecentos e quarenta e nove”;
D
D. Ana da Conceição Vicente Ma atias ddas Casas Mortuárias d de Beja, pa
ara o passado dia 12, da CasaC Mortuá
ária de
e) um setenta avo (1/70) a favor de MARIA ISABEL HAHNEMANN SAAVEDRA S
Simão. O fun o desta Agência
neral a cargo ccemitério dessta cidade. Salvada, paara o cemitérrio local.
DE ABOIM INGLÊS, nos termos da inscrição que resulta da “Apresentação treze, de re
ealizou-se no passado ddia 11, da C
Casa
seis de maio de mil novecentos e quarenta e nove”; M
Mortuária dee Santa Clara de Loure edo,
f) um setenta avo (1/70) a favor de MARIA LUÍSA HAHNEMANN SAAVEDRA
DE ABOIM INGLÊS, nos termos da inscrição que resulta da “Apresentação catorze,
p
para o cemité
ério local.
de seis de maio de mil novecentos e quarenta e nove”;
g) um setenta avo (1/70) a favor de MARIA MARGARIDA HAHNEMANN SAA- BEJA
VEDRA DE ABOIM INGLÊS, nos termos da inscrição que resulta da “Apresentação
quinze, de seis de maio de mil novecentos e quarenta e nove”;
h) um setenta avo (1/70) a favor de CARLOS HAHNEMANN SAAVEDRA DE
ABOIM INGLÊS, nos termos da inscrição que resulta da “Apresentação dezasseis,
de seis de maio de mil novecentos e quarenta e nove”;
i) um setenta avo (1/70) a favor de ANTÓNIO HAHNEMANN SAAVEDRA DE
ABOIM INGLÊS, nos termos da inscrição que resulta da “Apresentação dezassete,
de seis de maio de mil novecentos e quarenta e nove”;
j) cinco setenta avos (5/70) a favor de ANTÓNIO FILIPE GOUVEIA DE ABOIM
INGLEZ, CARLOS EDUARDO BARATA DE ABOIM INGLEZ, CARMEN BARATA DE
ABOIM INGLEZ, JOÃO CARLOS GOUVEIA D’ABOIM INGLEZ, MARIA ALEXAN-
DRA GOUVEIA DE ABOIM INGLEZ, MARIA CLARA BARATA DE ABOIM INGLEZ
CALDAS PIRES, MARIA DA GRAÇA BARATA D’ABOIM INGLEZ SILVA CARVALHO,
MARIA TERESA BARATA DE ABOIM INGLEZ LOPES DA FONSECA, NUNO BA-
RATA DE ABOIM INGLEZ e VASCO MIGUEL GOUVEIA DE ABOIM INGLEZ, em co-
mum e sem determinação de parte ou de direito, nos termos da inscrição que resulta
da “Apresentação três, de quinze de maio de dois mil e dois”.
Que o referido prédio (“Casa de Aljustrel”), pertence há várias gerações à famí-
lia Aboim Inglez, tendo pertencido, na proporção de metade cada, a Mariana Paula
Lobo D’Aboim Inglez e ao seu irmão, António Lobo D’Aboim Inglez. Este era casado
com Maria Luísa de Novais Lopes D’Aboim Inglez, com quem tinha oito filhos (Ar- †
†. Faleceu o Exmo. Sr. J JOSÉ MANU UEL
mando, Maria Benedita, Maria Luísa, Henrique, Maria Antónia, Francisco, António e
Carlos), e que viria a falecer no ano de mil novecentos e trinta e um, dando lugar a “In- P
PINHEIRO, de 62 ano os, natural de
ventário Orfanológico” por sua morte, tendo sido adjudicada a metade pertencente S
Santiago Maiior - Beja. O funeral a ca
argo
ao casal ao filho menor, ARMANDO LOPES DE ABOIM INGLÊS, facto que originou a d
desta Agênccia realizou-sse no passsado
inscrição em vigor identificada na alínea a). d
dia 13, das Casas Morttuárias de B Beja,
Que Mariana Paula Lobo D’Aboim Inglez faleceu em treze de fevereiro de mil
novecentos e quarenta e sete, deixando por testamento a sua parte do imóvel (35/70), p
para o cemité
ério desta cid
dade..
em igual proporção (5/70), a cada um dos sete sobrinhos (excluindo o sobrinho Ar-
mando que já era titular de metade e tendo sucedido ao sobrinho Carlos, pré-falecido
a Mariana Paula Lobo D’Aboim Inglez, os seus cinco filhos Maria Isabel, Maria Luisa,
Maria Margarida, Carlos e António), facto que resultou nas inscrições em vigor identi-
ficadas nas alíneas b) a i).
Que, por partilha subsequente à morte de ANTÓNIO LOPES DE ABOIM IN-
GLÊS, os cinco setenta avos que detinha no imóvel foram adjudicados a seu cônjuge,
Cármen Caseiro Mendes Barata de Aboim Inglês, facto que deu origem à inscrição
que resulta da “Apresentação dois, de quinze de maio de dois mil e dois”, encontrando-
-se atualmente registados, em comum e sem determinação de parte ou direito, a fa-
vor dos herdeiros da referida Cármen, nos termos da inscrição identificada na alínea j).
Que os factos descritos têm já tradução registal.
Que em data que não podem precisar, mas certamente em meados da década
de mil novecentos e quarenta, os titulares inscritos, ARMANDO LOPES DE ABOIM
INGLÊS, MARIA ANTÓNIA LOPES DE ABOIM INGLÊS e FRANCISCO PAULA LO- MISSA
PES DE ABOIM INGLÊS, emigraram para o Brasil, tendo vendido aos seus irmãos
(Maria Benedita, Maria Luísa e Henrique) as partes das quais eram titulares na Casa
de Aljustrel (um meio e dez setenta avos), não tendo, contudo, formalizado qualquer
contrato.
Que em data que não podem precisar, mas certamente no final da década
de mil novecentos e cinquenta, os titulares inscritos, MARIA LUÍSA HAHNEMANN
SAAVEDRA DE ABOIM INGLÊS, MARIA ISABEL HAHNEMANN SAAVEDRA DE
ABOIM INGLÊS, MARIA MARGARIDA HAHNEMANN SAAVEDRA DE ABOIM IN-
GLÊS, CARLOS HAHNEMANN SAAVEDRA DE ABOIM INGLÊS e ANTÓNIO HAH-
NEMANN SAAVEDRA DE ABOIM INGLÊS, mandataram a sua mãe para vender aos
seus tios (Maria Benedita, Maria Luísa e Henrique) os cinco setenta avos de que eram
titulares, venda que concretizou não tendo, contudo, formalizado qualquer contrato.
Que a “Casa de Aljustrel” foi sempre utilizada por toda a família, como casa de
férias e nas deslocações a Aljustrel, participando todos os interessados, na propor-
ção a que tinham direito, nos encargos e despesas relativos à manutenção do imóvel.
Que os titulares inscritos MARIA BENEDITA LOPES DE ABOIM INGLÊS PA-
NEIRO, MARIA LUISA LOPES DE ABOIM INGLÊS BARATA e HENRIQUE LOPES
DE ABOIM INGLÊS, eram os principais utilizadores do prédio e detentores de ses-
senta e cinco setenta avos, por força das várias transmissões enunciadas.
Que, por falecimento destes, os seus herdeiros na impossibilidade de continuar
a assegurar a manutenção e administração da “Casa de Aljustrel” entregaram, a título
gratuito, em data que não conseguem determinar mas seguramente em meados do Carlos Manuel Hilário Dias Gonçalves Aleixo
ano de mil novecentos e noventa e oito, o que lhes pertencia no imóvel aos outorgan-
tes, seus primos, e netos da titular inscrita MARIA BENEDITA LOPES DE ABOIM IN- 19.º Ano de Eterna Saudade
GLÊS PANEIRO, por revelarem vontade e capacidade financeira para tal, não tendo,
contudo, formalizado qualquer contrato.
A partir daquele momento tomaram posse do imóvel, promovendo obras de
manutenção e conservação do mesmo e dele fruindo, pedindo as respetivas autori- Será celebrada missa pelo seu eterno descanso no dia
zações junto do Município de Aljustrel. 20/07/2021, terça-feira, pelas 18 e 30 horas, na Igreja do
Que, em finais do ano de mil novecentos e noventa e oito, regularizaram junto
do Serviço de Finanças os valores referentes à então Contribuição Autárquica (Im- Carmo, em Beja.
posto Municipal sobre Imóveis) e junto das entidades prestadoras dos serviços de
água, luz e gás os valores em dívida, bem como, contrataram empregadas para pro-
cederem à limpeza da habitação, que logo começaram a utilizar nas suas desloca-
ções a Aljustrel.
Que apesar de várias diligências no sentido de encontrar títulos que legitimem

Dê SANGUE
as referidas transmissões, não lograram encontrá-los, e demonstraram-se infrutífe-
ras as várias diligências junto dos herdeiros dos titulares inscritos, para procederem
à regularização da situação registal, que se mantinha inalterada desde mil, novecen-
tos e quarenta e nove, pois estes alegavam que os seus pais ou avós tinham vendido
as partes que detinham no imóvel, não se considerando proprietários do mesmo nem
tendo intenção de considerar o bem como património hereditário.

dê VIDA
Que inexistindo título formal que comprove as referidas transmissões e dada a
antiguidade dos factos, não lhes é possível reunir os elementos necessários à legiti-
mação, pelos meios normais, das indicadas transmissões.
Que, em consequência destes atos, continuam na posse e fruição do mencio-
nado prédio, iniciada no ano de mil, novecentos e noventa e oito, e, portanto, há mais
de vinte e dois anos, administrando-o, conservando-o, pagando os respetivos impos-
tos, nomeadamente o IMI, tudo isto ininterruptamente, sem violência ou oposição de
quem quer que seja e à vista de toda a gente;
Esta posse, contínua, pacífica e pública conduziu à aquisição, do direito de pro-
priedade do mencionado prédio, na indicada proporção de 65/70, por usucapião.
É certidão narrativa sob a forma de extracto, que vai conforme o original na
parte reproduzida.
Associação Humanitária
Porto e Cartório Notarial de João Ricardo da Costa Menezes, aos treze de julho
de dois mil e vinte e um. dos Dadores de Sangue
O Notário
João Ricardo Menezes
de Beja
INSTITUCIONAL | DIVERSOS 16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 27

Diário do Alentejo n.º 2047 de 16/07/2021 Única Publicação

Semanário

CÂMARA MUNICIPAL DE BEJA Regionalista


Independente

AVISO
Torna-se público que se encontra aberto procedimento con-
cursal comum para ocupação do seguinte posto de trabalho na
modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por
tempo indeterminado:
- 1 Assistente Técnico (área de Arquivo/Biblioteca e Docu-
mentação), para a Divisão Administrativa e Financeira/Gabinete
de Modernização Administrativa.
Os requisitos de admissão, forma de apresentação de can-
didaturas e métodos de seleção, constam do aviso publicado na
Bolsa de Emprego Público (www.bep.gov.pt) e na página eletró-
nica deste Município (www.cm-beja.pt), em Município de Beja;
Recursos Humanos; Recrutamento e Seleção; Procedimentos
Concursais; Contratos Por Tempo Indeterminado; Procedimen-

Seja o primeiro a ler


tos Abertos.
Para mais informações, contactar o Gabinete de Recursos
Humanos através do telefone nº 284311824.
O prazo para apresentação de candidaturas expira no dia
23/07/2021.

o seu “DA” todas as semanas


Beja, 12 de julho de 2021.
O Presidente da Câmara
Paulo Jorge Lúcio Arsénio

no computador, telemóvel
Diário do Alentejo n.º 2047 de 16/07/2021 Única Publicação

ASSOCIAÇÃO DO COMÉRCIO,
SERVIÇOS E TURISMO
DO DISTRITO DE BEJA
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LICENCIADO EM ENG. ALIMENTAR( M/F)
Requisitos:
– Experiência profissional na área da restauração e si-
milares há mais de 3 anos
– Carta de condução
– Disponibilidade imediata
Regalias:
– Contrato a tempo integral
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a categoria profissional
Os interessados deverão enviar C.V. para:
ACSTDB, Rua Luís de Camões, n º 37, 7800-508 Beja
ou email: associados@acdb.pt

Diário do Alentejo n.º 2047 de 16/07/2021 Única Publicação

ASSOCIAÇÃO DO COMÉRCIO,
SERVIÇOS E TURISMO
DO DISTRITO DE BEJA

ASSEMBLEIA
GERAL EXTRAORDINÁRIA

Faça já a assinatura digital


Em cumprimento do disposto no n º 1 do artigo 9º do Regu-
lamento Interno em vigor, convocam-se todos os associados no
pleno gozo dos seus direitos, para uma reunião da Assembleia
Geral Extraordinária, a realizar no dia 13 de Agosto de 2021, pelas
19:30 horas, na sede da Associação do Comércio, Serviços e Tu-

por 15 euros/ano
rismo do Distrito de Beja, sita na Rua Luís de Camões, n º 37, em
Beja com a seguinte ordem de trabalhos:
1 – Apresentação de candidaturas aos órgãos e cargos so-
ciais da ACSTDB
A data limite para a apresentação de candidaturas é o dia 11
de Agosto de 2021, até às 17:00 na sede da Associação do Co-
mércio, Serviços e Turismo do Distrito de Beja.
Deverão ser aceites as candidaturas que reúnam as condi-
ções mencionadas no n º 1, 2, 3, 4, 5 e 6 do artigo 11º do Regu-
lamento Interno da ACSTDB. O Regulamento Interno encontra-
-se à disposição na sede da Associação para qualquer associado
que o pretenda consultar.
A Assembleia Eleitoral realizar-se-á no dia 17 de Setembro
de 2021, com abertura das urnas às 14:00 e término às 18:00, em
Beja, na Rua Luís de Camões, n º 37.
O apuramento do acto eleitoral far-se-á logo que seja encer-
rada a votação, através da contagem de votos entrados nas ur-
nas, considerando-se eleitas as listas mais votadas. Para fazer a sua assinatura aceda a www.diariodoalentejo.pt
O Presidente da Assembleia – Geral da ACSTDB
Comendador Dr. António Silvestre Ferreira e preencha o formulário on line
ETC.
28 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

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MÚSICA, PATRIMÓNIO JOÃO MÁRIO CALDEIRA

E BIODIVERSIDADE. O VERÃO
O TERRAS SEM SOMBRA
D.R.

CHEGA A SANTIAGO
O Festival Terras sem Sombra estreia amanhã, dia 17 de julho,
numa iniciativa de Carla Caramujo (soprano) e João Paulo Santos
(piano), duas “estrelas” no universo da música portuguesa, um
ciclo de 13 melodias nunca escutado na íntegra em Portugal.
“Clairières dans le Ciel” [“Clareiras no Céu”] é uma autêntica
celebração da vida que ultrapassa as convenções do género e
oferece um hino de esperança.
O concerto promete “inundar” o auditório municipal António
Chainho, a partir das 21:30 horas, com uma mensagem poética
e musical de renascimento, amor, redenção e luz. A temática
enquadra-se no mote desta 17.ª edição do Festival, “Através do
Incêndio: Contingências, Expectativas e Superações na Música
Ocidental (Séculos XVI-XXI)”.
“Não há melhor definição do que todos sentimos neste momento,
do que um renascimento das cinzas após um grande incêndio; foi
como uma artista ressuscitada desta pandemia que arrasa sonhos
e vontades, que recebi o convite para um recital neste festival”,
diz Carla Caramujo, sublinhando ainda a “emoção” deste seu
regresso ao festival, “numa época tão difícil para artistas e
profissionais das artes e da cultura”.
O programa tem como peça central o ciclo de Boulanger,
compositora francesa falecida aos 21 anos que, apesar da sua
morte prematura, deixou uma obra notável e que revela o seu
particular interesse pelo lirismo bucólico e pela ecuménica O verão só não é um produto do Alentejo porque aqui não quarenta graus começam a ser triviais nos tempos de
religiosidade, repleta de laivos fraternos, da poesia de Francis foi criado como os melões, os espargos e as saudades. hoje, com a população aflita em habitações que não se
Jammes, poeta reconvertido ao cristianismo após desilusão Mas é coisa familiar, continuada e sofrida. É um presente adequam à sua enormidade. A taipa e as abóbadas foram
amorosa que sublimou através da espiritualidade (presente na envenenado oferecido aos alentejanos, conferindo- banidas da arquitetura das casas por serem contrárias
narrativa deste ciclo). lhes a exclusividade da sua ardência. Prémio que eles ao lucro imediato dos construtores civis e as caixas
declinariam de boamente, se pudessem. Não podendo de betão e ferro que estes fabricam são autênticas
livrar-se do mal que durante quatro meses o atormenta, frigideiras onde rechinam os moradores. Os aparelhos
PATRIMÓNIO E BIODIVERSIDADE Como habitualmente, a o homem do sul tenta viver com o inimigo. Tem com o de ar condicionado entraram inevitavelmente em cena
programação do Terras Sem Sombra será complementada com verão um pacto de amor/ódio. Mais de ódio que de amor, enchendo o bolso a outros negociantes, indiferentes ao
as ações direcionadas para o património e salvaguarda da à medida que o clima entra em descontrolada loucura. inferno em que se tornam as ruas com o sopro aquecido
biodiversidade. Assim, na tarde de sábado, a proposta é uma Todavia, se tirassem ao Alentejo a “rechina da dessas estranhas máquinas de frio desfigurando o
visita guiada ao sítio arqueológico de Miróbriga. Esta antiga calma” em que o mercúrio se alcandora na fasquia do exterior das habitações. Fabricar frio é também agredir
cidade, sede de um vasto município, perdurou até ao século IV termómetro e em que a “costureirinha”, na mornidão das a sombrinha benfazeja que nos protege da ameaça a que
d.C. As ruínas estão referenciadas desde o século XVI por André velhas casas, perde o fôlego dando ao pedal na máquina todos estamos sujeitos, até os que só querem encher
Resende e representam um eloquente testemunho da ocupação misteriosa, o Alentejo não era Alentejo. Valha, por isso, os bolsos desprezando consequências. O desequilíbrio
do período romano no Sudoeste Peninsular. Os guias são dois à população a fornalha que lhes deram. Sofrem, mas são ambiental é já evidente como prova a ferocidade e a
profundos conhecedores do local, Manuela de Deus e José Raul diferentes. Mergulham em vida no caldeirão de Belzebu, extensão dos fogos florestais, as repentinas cheias
Tiago. mas têm essa ardente exclusividade! dos rios que tudo arrasam, os frios glaciais ou calores
O topónimo denuncia a origem remota do sítio, que entrou na - Só desistiremos feitos em torresmos - afirmam alguns tórridos em zonas temperadas, as pandemias que
esfera da influência de Roma a partir do século II a.C. Em pleno mais destemidos com alguma ponta de humor ainda que agridem a humanidade.
século I, Miróbriga foi beneficiada por notáveis campanhas esbraseado. O futuro não se antevê promissor. Todos os anos
arquitetónicas, com realce para o conjunto do fórum. O Outros, saudosos, cantam de longe: Deus põe mais uma acha na fornalha atanazando
aglomerado urbano estendeu-se então às zonas mais baixas, - Eu hei de ir ao Alentejo mesmo que seja no verão. a gente do Alentejo. Os ambientalistas inibem-se
onde se implantaram termas e, perto delas, uma ponte. Embora Só que a “hora da calma” é cada vez mais comprida de culpar a divindade, apontando o dedo aos que
as estruturas habitacionais, desenvolvidas ao longo de calçadas, e mais forte a ardência do astro-rei. Se se perguntar comandam os destinos do mundo. Ainda há pouco
permaneçam pouco estudadas, evidenciam a riqueza da terra; à gente mais antiga, especialmente a que sofreu a Trump (felizmente apeado da presidência de um dos
algumas são decoradas com frescos. inclemência do verão durante as ceifas e debulhas, países mais importantes da terra) fazia a apologia do
Na manhã de domingo, 18 de julho, a partir das 9:30 horas, a todos dirão que, nesses tempos, só uma vez por outra o carvão dando de barato o que se acordou em Quioto.
proposta é uma reflexão sobre sustentabilidade e património mercúrio montava até à casa dos quarenta. Mas mesmo Inacreditavelmente a irresponsabilidade também dá
natural com um percurso pelo Pinhal do Concelho, herdade assim era total o respeito que todos guardavam pelo votos, fazendo ascender tiranos à cadeira do poder.
que pertence à Câmara de Santiago do Cacém – um baldio sol. Só as mãos, por inevitável, deixavam a descoberto. Só que o descontrole ambiental de hoje encurta cada
povoado nos meados do século XIX, para evitar a ação dos Preceitos de uma cultura prudente hoje posta em vez mais a iminência da catástrofe que não irá poupar
ventos marítimos –, em que os participantes beneficiarão causa pelo tostado da pele que se tornou moda com o ninguém se não se der um passo atrás.
das explicações e observações de quatro conhecedores deste ‘agrément’ dos vendedores de cosméticos e o inevitável O alentejano já torce o nariz à caloraça. Tudo o que é
território: Albano Pereira (vereador), Joaquim Pinheiro recurso às medicinas da derme. demais não presta, diz agastado. As previsões impõem
(engenheiro agrónomo), José Matias (técnico de património) e Face ao desvario do sol, temperaturas superiores a sensatez.
Luís Cavalinhos (funcionário municipal aposentado).
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 29

MÚSICA
RITA PALMA NASCIMENTO

“O CANTE NASCEU NO TRABALHO DURO DE SOL A SOL E NA TABERNA,


NUM REFRESCAR DE GARGANTA E DE ALMA”
Com um novo disco pronto, mas cujo lançamento tem vindo a Há um disco que estou ansioso em lançar e que a pandemia
ser adiado devido á pandemia de covid-19, António Caixeiro é não tem deixado apresentar publicamente. Quero lançá-lo
um dos músicos que participa no Festival BA, promovido pela com gente em frente ao palco. Só assim faz sentido. Nós, os
Cimbal. Até final do mês de julho tem concertos marcados músicos, vivemos do calor do público, dos aplausos, da energia
para Aljustrel (dia 21 de julho), Castro Verde (23), Moura (24), de quem assiste aos espetáculos, pelo que não faz sentido
Serpa (29) e Alvito (30). Em agosto irá atuar em Almodôvar lançar um disco apenas pela via digital.
(dia 5) e em Barrancos (19).
São tempos pardacentos, manifestamente marcados pela resiliência,
Começaste a cantar aos 13 anos, influenciado pelas tradicionais resistência, crença e esperança no setor cultural. Que olhar é o de um
vivências e cantares dos homens nas tabernas de Cuba. Nesse artista, no teu caso em início de carreira, sobre o presente?
palco, tão diferente de outros já pisados por cantadores, um pouco O setor cultural foi dos primeiros a parar e será, porventura,
por todo o mundo, sente-se o Cante de forma diferente? um dos últimos a retomar a sua dinâmica normal. É
Claro que se sente. O Cante nasceu no campo, no trabalho preocupante o estado em que o setor se encontra, mas, mesmo
duro de sol a sol e na taberna, após mais um dia de trabalho, diante de notícias preocupantes temos que manter presente
num refrescar de garganta e de alma. E essa magia, que a crença de que o dia de amanhã será melhor que o de hoje.
acontece sem hora nem dia marcado, ainda marca presença O foco é fazer música, compor, criar com continuidade, para
nos dias de hoje nas tabernas da Cuba, onde há lugar a que, quando possível, apresentar a todos aqueles que me
enganos, ao esquecimento da letra e até do estilo (melodia) acompanham. Os alentejanos são resilientes e saberão esperar
da moda cantada. Porque o Cante é dos homens, sejam eles por dias melhores.
analfabetos ou letrados, é dos operários e dos agricultores,
de estudantes e dos doutores. O cante é do povo. Do povo
alentejano, mas é, também, desde 2014, do mundo. És um dos artistas que integra o Festival BA, uma iniciativa
promovida pela Cimbal e pelos 13 municípios que a integram. Que
importância tem para ti esta oportunidade?
Rapidamente te assumiste solista, estatuto predominantemente Esta oportunidade que a Cimbal me propôs assume extrema
atribuído aos mais velhos… importância, porque me traz uma visão de esperança e futuro.
A minha escola foram os Ceifeiros de Cuba, um grupo de É um gesto de humanidade. Pensar nos territórios, pensar nos
1933, onde conheci os melhores cantadores alentejanos com se canta e ensina. Porque estas aulas são muito mais do que músicos, atores, bailarinos, técnicos, produtores, enfim… em
quem já privei. São ídolos e é neles que nos revemos e é deles cantar, são o princípio da transmissão da cultura do nosso todos aqueles que têm passado por sérias dificuldades. Que
que queremos seguir pisadas. Quem ama aquilo em que se povo, das nossas gentes. seja o pontapé de saída para que os espetáculos voltem às ruas,
envolve quer sempre superar-se a cada etapa e quando entras largos e feiras do nosso Baixo Alentejo.
num grupo coral como este, entras para ser parte de um leque
de 20 homens que, na altura, faziam tremer o chão. Dou como Sentes-te um exemplo de inspiração para os mais novos?
exemplo a mestria com que Ermelindo Galinha cantava o ponto Com o passar dos anos comecei a sentir que era uma Uma vez itinerantes, os espetáculos percorrerão o Baixo
(solista), isso aguçava-me ainda mais o desejo de um dia poder inspiração, e não só para os mais novos. O resultado das Alentejo, permitindo-te cativar novos públicos. Como é que
ser eu a fazê-lo. Essa vontade, aliada à dedicação do mestre que minhas horas de trabalho, de pesquisa, de intérprete, tem-me descreves o público alentejano?
me ensinava os preceitos de “cantar à alentejana”, ditou o meu colocado mais perto das pessoas e quando vejo reconhecida a Um dos pontos que mais me agradou foi poder fazer
caminho porque, creio, para se fazer um bom cantador não minha dedicação é sinal que consegui tocar que me ouve. espetáculos em locais que não esperava. Estamos a falar
pode apenas existir a parte do aprendiz, mas também a vontade de um leque de espetáculos em locais onde, por questões
e disponibilidade daquele que o quer ensinar. financeiras e logísticas, não seria possível a sua realização
A tua carreira a solo teve início em 2018, momento a partir do em circunstâncias normais. Pensar-se em aldeias e vilas, que
qual te assumiste com novas sonoridades no panorama musical não são sedes de concelho, mostra sensibilidade, até porque
É tua a convicção de que pertence às gerações mais novas o papel português. O EP contou com a produção e letras de Paulo Ribeiro, são esses meios mais rurais que muitas vezes me inspiram. É
preponderante da continuidade da tradição? Existe essa vontade? mas também de Paulo Abreu Lima. O que representa para ti, lá que recolho temas para trabalhar e apresentar.
Sim. Estou convicto que os mais novos são aqueles que podem enquanto pessoa e artista, ter a oportunidade de, num primeiro
e devem continuar este legado. Primeiro aprender a raiz, para trabalho em nome próprio, trabalhar com estes dois nomes?
que se seja capaz transmitir o sentimento e significado de cada Em 2018, após vários anos envolvido em projetos (que São também objetivos deste festival a promoção, dinamização e
moda. Depois, poder-se-á começar a inovar e a criar o novo, foram fazendo sentido, cada um em sua altura), como desenvolvimento do património cultural, enquanto instrumento
com base nas tradições, perpetuando-as. Se for respeitado o os Ceifeiros de Cuba, Cant’Aí, Moda Mãe, Mestre Cante, de diferenciação e competitividade dos territórios. Como é que
que nos foi deixado, a inovação será bem vista pelos que nos Adiafa, D’Empreitada, Bafos de Baco, decidi, com a a região, em teu entender, se poderia assumir mais competitiva,
ouvem, caso contrário não, perde-se a essência do Cante. experiência adquirida, mudar o rumo e criar coisas novas, atrativa e diferenciadora, a nível cultural, numa perspetiva
com conhecimentos novos. Falei com o Paulo Ribeiro e com nacional?
o Paulo Abreu Lima e convidei-os a escrever para mim. Em A região torna-se mais atrativa e diferenciadora quanto mais
Dos muitos projetos que integras, o Cante nas escolas tem um primeiro lugar é um orgulho imenso ter escritores deste nível a genuínos e diferentes forem os nossos produtos. Valorizar o
lugar especial. Fala-nos sobre a tua experiência e importância do comporem para mim. Segundo, mais orgulhoso me sinto por que é nosso, passar de boca em boca aquilo que fazemos, para
projeto. ambos terem acreditado, desde o primeiro momento, neste que se ganhe projeção e consiga maior importância junto
O Cante nas escolas entrou na minha vida em 2015. Comecei projeto a solo. daqueles que nos governam. O Alentejo está, há muitos anos,
por dinamizar aulas em Beja, na Escola de Santa Maria e nas na moda! Pelas praias, pela gastronomia, pelos vinhos e pela
escolas de Beringel, Trigaches e São Matias. Foi um desafio sua cultura. A música não é exceção! Apostar nos artistas
e um misto de sentimentos de dever e de responsabilidade. Há um disco por lançar, inicialmente previsto para 2020 e adiado locais é abrir-lhes caminho a novas oportunidades nacionais
Dever no sentido da transmissão de conhecimento e por força da pandemia. Qual é a previsão e o que podemos esperar e/ou até internacionais. Valorizar cá dentro para que se
responsabilidade no ato de contextualizar tudo aquilo que do novo álbum de António Caixeiro? consiga reconhecimento lá fora.
30 | Diário do Alentejo | 16 julho 2021

D.R.
FILATELIA
GEADA DE SOUSA

A FILATELIA NO ALGARVE
O Algarve é, talvez, a região do País mais ativa no colecionismo,
com especial destaque na filatelia. O último “Mensageiro
Filatélico”, boletim das Agremiações Filatélicas e de
Colecionismo do Algarve referente a 2019 (o último ano de
normalidade filatélica), dá-nos detalhada conta de 14 eventos,
13 dos quais foram exclusivamente filatélicos.
Estas atividades aconteceram em Alcoutim, Armação de Pêra,
Carvoeiro, Faro, Lagos, Portimão, São Brás de Alportel e Vila
Real de Santo António, o que cobre geograficamente todo o
GASTRONOMIA
Algarve desde a fronteira terrestre (de Alcoutim e Vila Real de VIRGÍLIO NOGUEIRO GOMES, GASTRÓNOMO
Santo António até quase à fronteira marítima a oeste, Lagos).
Fez-se, desta forma uma revisitação de vários aspetos da
história local e até nacional, como foi o caso, entre outros, do
10.º aniversário da Biblioteca Municipal Vicente Campinas e do
80.º aniversário do naufrágio do Cerco de Pesca “Purita Pérez”,
SARDINHA, RICA SARDINHA
A sardinha faz parte do grupo de peixes teleósteos dos elementos que entrava no famoso ‘garum’. Este
tragédia acontecida em 23 de dezembro de 1939, ambos em Vila
Real Santo António; a apresentação do bilhete-postal “Portimão ‘abdominai’ e adquire o nome científico de ‘Sardina seria uma pasta de peixe imaginada como sistema
Cidade Europeia do Desporto” e os 700 anos da fundação da pilchardus’. Não pensem que vou continuar com de conservação do peixe após a chegada dos barcos,
Ordem de Cristo, acontecimento ocorrido em Castro Marim no esta linguagem ou com as definições técnicas deste e de cujo fabrico temos informações de Setúbal e
dia 14 de março de 1319, instituição criada por bula pontifícia de maravilhoso peixe que nos identifica no mundo. Monte Gordo, condizentemente os locais onde se
João XXII a pedido do rei Lavrador, D. Dinis. A sardinha sempre foi associada a alimentação estabeleceram as primeiras indústrias de conserva.
Os agrupamentos algarvios desenvolveram há já mais de dez popular e recentemente assistimos à sua utilização Durante a Idade Média haveria até 240 dias
anos uma parceria com o Círculo Filatélico Y Numismático por grandes chefes e para grandes mesas, quer de jejum de carne por ano, pelo que os frutos
de Huelva, agrupamento com que repartem anualmente a dizer, alta gastronomia ou cozinha de autor. pesqueiros seriam a base da alimentação. A
realização de uma importante exposição de filatelia em que Ninguém como os portugueses para se deliciarem sardinha era primordial. Consta mesmo que no
apenas podem participar filatelistas naturais ou residentes com sardinhas assadas e colocadas sobre fatia primeiro “restaurante” instalado na Praça da
naquelas regiões. São as Algarpex (em Portugal) e as Onugarve de pão de mistura. Claro que instintivamente a Ribeira, o “Mal Cozinhado”, se prestaria a fritar o
(na Andaluzia). tradição de comer sardinhas está associada à época peixe e servi-lo sobre fatias de pão.
São vários os clubes filatélicos algarvios que vão mantendo em que o seu sabor é melhor. Por isso a sardinha A sardinha transformou-se num produto popular
com regularidade a atividade exposicional. Da quase dezena transforma-se em emblema culinário das festas pelo seu preço, e vulgarizou-se, como a melhor
que compõe o conjunto destacam-se a AFAL – Associação populares de junho. E lá diz o ditado: “No S. João forma de a saborear, assada na brasa. Durante
Filatélica do Algarve e a Secção de Colecionismo da Associação a sardinha pinga no pão”. Claro que a sardinha é o século XX teve picos de glória e de abandono,
Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo também o elemento culinário do Santo António. deixando de ser prato de mesas finas ou abastadas.
António. É de facto neste tempo que a sardinha está gorda, Para o interior vinham em barricas com sal pois para
a sua pele liberta-se com facilidade e a sua gordura as grandes tarefas agrícolas era necessário contratar
EMISSÕES DE JULHO “Áreas Protegidas” (dia 2); “400 Anos embebe o pão de forma gulosa. galegos que não abdicavam de comer peixe. Outras
do Terço da Armada da Coroa de Portugal” (dia 6); “Joias do Domingos Rodrigues (1680), autor do primeiro formas, de conservação, levaram à criação de outro
Mediterrâneo” (dia 9); “Liberdade de Imprensa” (dia 12); “500 livro de receitas em Portugal, sugere os meses receituário como as empadas ou bolas de sardinha.
anos da Chegada de Fernão de Magalhães às Filipinas” (dia 19); de novembro e dezembro, apesar de não dar A importância popular da sardinha foi, e é, tão
“440 Anos da Batalha da Salga” (dia 25). Em 1981, uma emissão nenhuma receita. Lucas Rigaud (1780) nem sequer grande que a linguagem proverbial a adotou em
de dois selos (8$50 e 33$50) assinalou o quarto centenário da menciona as sardinhas. Já João da Mata (1876) vários sentidos: “Da garganta para baixo, tanto
sua ocorrência. concede-lhe honras de três receitas: sardinhas à sabe a galinha como a sardinha”; “Na tua casa não
Mata, sardinhas em pastelinhos à portuguesa, e tens sardinha e na alheia pedes galinha”; “Nem
sardinhas em espiches. sempre galinha, nem sempre sardinha”; “A mulher
Olleboma (1936), autor de “Culinária Portuguesa”, e a sardinha querem-se pequenina”; “A mulher e
recomendava que a sardinha fosse consumida de a sardinha quanto maior mais danadinha”; “Não
junho a outubro pois eram os meses de melhor há comida abaixo da sardinha, nem burro abaixo
sabor e menciona que “a sardinha é o peixe de jumento”; “Se tens sardinha… não andes à cata
mais abundante em toda a costa de Portugal… de peru”; “Estar apertado como sardinha em lata”;
consome-se fresca, salgada e em conserva de azeite”. “Comer sardinha e arrotar pescada”; “Tirar a
Como modos de confeção apresenta várias receitas sardinha com a mão do gato”. Para todas as ocasiões
de fritas, grelhadas ou assadas na brasa, recheadas e e para todos os sentidos.
fritas com molho de tomate à moda de Setúbal. A sardinha assada é, para mim, um elemento
Não vou continuar a relatar a presença da diferenciador da alimentação portuguesa. Os países
sardinha nos clássicos de receituários de mais próximos que consomem sardinha, como
culinária portuguesa. Devo, no entanto, referir Espanha, França ou Itália, não o fazem como nós. E
a importância que a indústria conserveira teve muito menos com o ato convivial de comer sardinhas
durante o século XX.O sistema de conserva dos assadas na brasa, em conjunto, à volta do assador.
alimentos após cozedura e isolamento do ar E com a simplicidade de o fazer à mão e sobre uma
foi descoberto por um cozinheiro francês de fatia de pão. Claro que estará sempre por perto uma
nome Appert, em 1804. Mas é em Inglaterra que boa salada com pimentos e um bom vinho.
se estabelece em 1810 a primeira indústria de Não resisto a lembrar o único sítio que comi
conservas em folha-de-flandres, sendo o produto sardinhas assadas e me fez lembrar, ou poder
final muito caro pelo seu manuseamento. pensar que estava em Portugal. Em Essaouira,
Curioso é encontrar já uma receita de sardinhas Marrocos, antiga praça portuguesa de Mogador,
no famoso livro, que eu traduzo diretamente do junto à lota, há uma espécie de restaurantes que
francês para “As delícias da mesa e os melhores se limitam a ser umas mesas corridas e apenas
tipos de comida”, de Ibn Razin Tujibi, escrito temos que escolher o peixe. Está incluído o pão,
entre 1238 e 1266, e publicado no tempo da salada de tomate e refrigerantes (é um país
dinastias Almohade e Mérinide, no domínio de Al muçulmano e há uma mesquita na proximidade).
Andalus e do Maghreb. Isto porque a sardinha era Escolhi três variedades de peixe e, a medo, apenas
considerada um peixe popular, ou menor. duas sardinhas. Chegado o peixe comecei pelas
Alcar-do-Algarve moeda de 5 € Será fácil admitir que a sardinha já constava dos sardinhas e de imediato pedi mais seis. Voltei lá
peixes que os romanos consumiam e que seria um mais vezes só para comer sardinhas.
16 julho 2021 | Diário do Alentejo | 31
D.R.

TEATRO
LITORAL EMCENA
COM “SORRISO”
NO FINAL DE JULHO
O Litoral EmCena chega este mês a mais localidades da costa
alentejano, levando o espetáculo “Sorriso”, pelo Teatro Só, a Santiago
do Cacém, Vila Nova de Santo André e Sines e também à aldeia
turística de Porto Covo e à Lagoa de Santo André, entre 26 e 30 de julho.
Com encenação e dramaturgia de Sérgio Fernandes, “Sorriso” é um
espetáculo poético sobre o amor e as recordações. Tendo a rua como
palco, Sérgio Fernandes, que também entra em cena como ator, e Ana
Gabriel contam uma história de amor inspirada na vida comum de um
velho casal para quem o amor se consumou numa vida de sorrisos.
O Teatro Só é uma companhia de teatro portuguesa sediada em Berlim,
na Alemanha, e em Odemira, em Portugal. Tem vindo a desenvolver

FESTIVAL um trabalho multidisciplinar relacionando artes circenses, técnica


de máscara, teatro físico e artes plásticas. Todas estas componentes
convergem para um teatro imagético, mudo, visualmente poético em
que a comunicação entre os atores e o público se desenvolve pela
MARTA LOURO gestualidade.
Os temas em cena tocam diretamente os estigmas sociais, transversais
a diversas culturas e gerações, nos quais o público é testemunha

MUPA CRUZA GERAÇÕES, COSTUMES de si mesmo, não pelo uso da palavra, mas pela poesia visual e
linguagem emocional do corpo. Esta aparente simplicidade do

E GÉNEROS MUSICAIS
Teatro Só representa a própria simplicidade da condição humana,
uma fragilidade que qualquer um entende independentemente da
nacionalidade, religião ou condição social.
O Litoral EmCena é um projeto intermunicipal promovido pela
associação Ajagato em parceria estratégica com as Câmaras de
Depois de um ano de intervalo, e de uma primeira Associação Juvenil CuturMais, em parceria com Santiago do Cacém e de Sines e com cofinanciamento do Alentejo 2020.
edição esgotada, o Festival Música na Planície a Câmara de Beja, a Direção Regional de Cultura De acordo com a organização, a programação foi preparada como um
(MUPA) está de regresso a Beja. A iniciativa, que do Alentejo, o Instituto Português do Desporto e festival de longa duração, com uma grande variedade de linguagens
pretende “cruzar gerações, costumes e géneros Juventude e as juntas de freguesia da cidade. artísticas e estéticas que tem como um dos principais objetivos o
musicais” vai este ano “criar uma aliança entre desenvolvimento de fluxos de público para o teatro, bem como a
a música ao vivo e a memória coletiva” do centro projeção desta região como centro de criação, pesquisa e divulgação
histórico de Beja. Pelo Pax Julia Teatro Municipal e ASSOCIAÇÃO CRIADA HÁ NOVE ANOS A
Associação Juvenil CulturMais surgiu em 2012, teatral.
pelo jardim público da cidade irão passar, ao longo Para 2021, estão previstos 50 espetáculos apresentados por 13
de dois dias, 12 artistas dos mais variados estilos. altura em que Vítor Paixão estava à frente da Junta
de Freguesia de Santa Maria (hoje denominada companhias de teatro que, até dezembro, vão passar por Vila Nova de
O cartaz é “diverso” e destinado a diferentes Santo André, Santiago do Cacém e Sines, mas também por localidades
públicos mas, assegura a organização, os artistas União de Freguesias de Salvador e Santa Maria da
Feira) e organizava o Santa Maria Summer Fest. rurais do interior dos concelhos.
“unem-se pela qualidade”. Sem cabeças de cartaz, “Teatro em sala e na rua, exposições e ‘workshops’ fazem parte de
o MUPA “é um festival em que todos os artistas “Era um festival muito simples e com entrada
livre. Aos poucos, começou a tornar-se algo uma programação geralmente apenas reservada a grandes salas de
importam, por si só”, explica Vítor Domingos, espetáculo das maiores cidades do País, contribuindo assim também
presidente da Associação Juvenil CulturMais, mais sério e já não fazia sentido o meu pai estar
a fazer a iniciativa através da junta de freguesia. para uma descentralização da cultura e para combater desigualdades
entidade promotora da iniciativa. territoriais de acesso à cultura”, acrescenta a mesma fonte.
Hoje, dia 16 de julho, o Pax Julia abre portas para Queríamos dar o grande passo para começar a fazer
dois concertos gratuitos de André Gonçalves e investimento nosso e fazer o festival crescer”.
D.R.

Gabriel Ferrandini. “Serão as únicas atuações Desta forma surgiu a CulturMais, que com o passar
grátis do evento, sendo necessária inscrição do tempo foi crescendo. “Em 2017 tivemos uma
prévia”. Neste primeiro dia, a organização espera edição do festival com mais de duas mil pessoas,
“uma atuação que vai fazer vibrar toda a sala com vindas de vários pontos do mundo, incluindo do
as pulsações firmes vindas de uma percussão que Canadá e da Noruega, com bandas dos Estados
respira liberdade”. Unidos e da Finlândia”.
Ainda esta sexta-feira, pelas 20:00 horas, o jardim Apesar disso, a iniciativa teve os dias contados,
público servirá de palco para Bleid, (Von) Calhau!, “porque não conseguiu alcançar o público
Maria Reis e Pop Dell’Arte. Pelo mesmo, mas necessário” para se afirmar na região. Em 2019
sábado, dia 17, irão passar Xesy e Mazarin (às 16:30 nasceu o MUPA, mas antes a associação trouxe a
horas) e Pista, Scúru Fitchádu e Landim (às 21:00). Beja artistas como António Raminhos, Herman
Pelo meio, às 19:00 horas, o Pax Julia recebe Tó José, UHF e The Gift. A missão da CulturMais
Trips, membro dos Dead Combo. é “ser promotora cultural na cidade de Beja”,
O festival, que começou em 2019, “junta artistas com o intuito de criar novas iniciativas e novos
da velha guarda, com nomes da música que estão espetáculos. “Não queremos transformar o festival
a surgir”. O objetivo, diz Vítor Domingos, é numa iniciativa em que as pessoas apenas compram
“apresentar todos os artistas convidados em sítios o bilhete e vão assistir. Não é isso que queremos.
da cidade, onde por norma, são pouco habituais” Queremos envolver a comunidade e, no futuro,
para este tipo de iniciativas, mas que são queridos o objetivo passa também por criar residências
por toda a população”. artísticas”.
Ao mesmo tempo, que dinamiza e promove a O presidente da associação diz não querer ser
cultura, o MUPA, vai, também, “incentivar ao diferente, antes “tentar criar uma linguagem para
turismo” na cidade e “dar vida aos espaços que são que a população de Beja perceba e compreenda
ou foram emblemáticos”. Quanto aos bilhetes, o que os eventos organizados pela CulturMais
passe geral, para os dois dias, tem cum custo de 13 têm associada uma garantia de qualidade”. Para
euros e o bilhete diário de sete euros. além do MUPA, a associação promove o Festival
O Festival Música na Planície é promovido pela Química, entre Beja e Lisboa.
FUNDADO A 1/6/1932 POR CARLOS DAS DORES MARQUES E MANUEL ANTÓNIO ENGANA  PROPRIEDADE DE CIMBAL – COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DO BAIXO ALENTEJO
Presidente do Conselho Intermunicipal Jorge Rosa | Edição, direção e redação Praceta Rainha D. Leonor, 1 – 7800-431 BEJA | Telefone 284  310 165
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D.R.
Assinatura anual País: 32,00€ Europa: 41,50€ Resto do Mundo: 54,50€ | Diretor  Luís Godinho (CP 935A) | Redação Aníbal Fernandes (CP 5938A), José
Nº 2047 (II Série) | 16 julho 2021 Serrano (CP 3019A), Nélia Pedrosa (CP 2437A ) | Fotografia José Ferrolho | Cartoons e ilustração António Paizana, Paulo Monteiro, Pedro Emanuel
Santos, Susa Monteiro | Desporto Firmino Paixão | Colunistas e colaboradores António Nobre, Francisco Marques, Geada de Sousa, Jorge Feio, José
Saúde, Júlia Serrão, Luís Miguel Ricardo, Marta Louro, Né Esparteiro, Rita Palma Nascimento, Vítor Encarnação | Opinião Ana Matos Pires, Ana Paula
Figueira, Hugo Cunha Lança, Luís Covas Lima, João Mário Caldeira, José Filipe Murteira, Manuel António do Rosário, Manuel Maria Barroso, Mário Beja
Santos, Martinho Marques, Rui Marreiros, Santiago Macias | Publicidade e assinaturas Ana Neves, Dina Rato | Departamento comercial Edgar Gaspar
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NADA MAIS HAVENDO A ACRESCENTAR...


VÍTOR ENCARNAÇÃO BOMBEIROS DENUNCIAM
Realidade A realidade é das coisas mais subjetivas que só cuidarmos de conhecer o que há no nosso grupo, na nossa
existem, dizia o homem sentado na esplanada. Nada é tão rua, no nosso tempo, a nossa argumentação, mesmo que seja DÍVIDAS DO HOSPITAL
desprovido de substância como os factos invocados por partes aos berros e aplaudida em transe, será sempre rudimentar. DO LITORAL ALENTEJANO
antagónicas, os olhos de uma parte veem claramente o que os Há em nós, fruto da nossa educação, uma predisposição e um
A Federação dos Bombeiros do distrito de Setúbal
outros não conseguem, ou não querem, ver. O que parece ser preconceito que nos levam a concluir inequivocamente tudo
denunciou a existência de uma dívida da Unidade
exato e indiscutível resulta apenas da nossa aprendizagem muito mais depressa do que seria desejável. E essa conclusão
Local de Saúde do Litoral Alentejano (Ulsla), de
e da nossa perspetiva. Se deixarmos de lado o amor pelo sem remissão, apenas baseada em pressupostos, nunca aceita
cerca de meio milhão de euros, às corporações
saber, e, particularmente, pela investigação das causas e dos o que é diferente. A nossa ideologia, o nosso partido, a nossa
da região. Em causa estão pagamentos relativos
efeitos, se não fizermos uma análise lógica e racional de tudo religião, o nosso clube, dão-nos uma especial capacidade de
ao transporte de doentes desde janeiro de 2021
aquilo que é relevante para a existência humana, individual e só vermos o que nos interessa. A realidade está dentro de cada
a 10 corporações do litoral alentejano, oito dos
coletivamente, com base na compreensão do ser e do universo, cabeça. Basta conseguirmos entrar dentro delas e manipulá-las
concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago
se nos ligarmos apenas ao que é tangível, visível, palpável, se para que tudo se torne mais real.
do Cacém e Sines e duas no concelho de Odemira.
“Desde janeiro de 2021 que a Ulsla tem atrasado os
pagamentos aos bombeiros, quando a lei diz que as

QUADRO DE HONRA MARIA ANA DE CARVALHO AMEIXA , 53 ANOS, NATURAL DE FERREIRA DO ALENTEJO
faturas devem ser pagas às associações a 45 dias”,
revela o presidente da federação, João Ludovico.

É licenciada em Biologia pela Universidade de Coimbra, professora de Biologia e


Coordenadora de Centro de Ciência do Agrupamento de Escolas n.º1 de Beja. É autora MOURA LA CAIXA
de vários romances literários, bem como de diversas peças para teatro. Escreveu DISPONIBILIZA FINANCIA
a novela radiofónica “Menorah”, transmitida, em 2015, pela Singa FM (Ferreira do
‘KITS’ PROJETOS
Alentejo) e interpretada pelo grupo de teatro Ritété. É membro da Assesta – Associação
de Escritores do Alentejo. Escreveu o argumento da teatrela “Novos Rumos”.
PARA NO BAIXO
CRIANÇAS ALENTEJO
‘Kits’ de atividades, A Fundação para a Ciência
“A expressão artística revela que incluem jogos,
mandalas ou puzzles,
e Tecnologia (FCT), o BPI
e a Fundação La Caixa

o que de melhor existe no ser humano” vão ser disponibilizados


pela Câmara de Moura
vão disponibilizar 2,5
milhões de euros para
para contribuir para a apoiar 19 projetos e ideias
ocupação das crianças para desenvolvimento
“Analogias Reais”, um livro de Maria Ana Ameixa do concelho que estão do interior de Portugal.
de férias. O município Com base “em critérios

“A nalogias Reais” é o título do


mais recente romance de
Maria Ana Ameixa, uma
história na qual o leitor tem, de acordo
com a autora, “oportunidade de se cru-
exatamente para chamar a atenção
para vários problemas da atualidade,
daí a designação de Analogias Reais –
comparação entre os reinos e os gover-
nos do mundo. Todas as problemáti-
tipo de transformação do ser humano.
Boas escolhas, aquelas que promovem
a expressão do melhor de nós, tornam o
ser humano mais semelhante ao ser ra-
cional e superior que somos; más esco-
indicou ter decidido criar
estes ‘kits’ de atividades,
à semelhança do que já
tinha feito no ano passado,
pela “impossibilidade
de qualidade”, o júri
selecionou 10 projetos-
piloto, cinco dos quais
no Baixo Alentejo: um
sobre resiliência às
zar com famílias reais cujos dramas cas são apresentadas de forma simples lhas, aquelas que fazem libertar o lado de realizar os habituais alterações climáticas,
de vida são análogos aos existentes no e clara, de modo a envolver emocional- negro de cada um, tornam o mundo ‘ateliers’ de verão”, devido outro para deteção de
nosso mundo”. mente o leitor. Para tal, recorro aos fi- cada vez mais desagradável e egoísta. à pandemia de covid-19. pragas em montado, um
lhos dos governantes como narrado- Estão previstos ‘kits’ terceiro de regeneração
Como nos apresenta este seu romance? res da história e geração inconformada Qual a importância que a literatura po- para crianças entre os 5 de pastagens, outro ara
Este novo romance pertence a um gé- com determinadas posturas governati- derá ter na “construção” de uma cida- e os 10 anos, que serão promover a gestão da
nero literário diferente de todos os vas. Desflorestação, descriminação so- dania com maior capacidade de com- disponibilizados, de paisagem e um quinto para
meus anteriores trabalhos. Trata-se de cial, sede de poder e de riqueza e explo- preensão entre “nós” e os “outros”? forma gratuita, a partir do reforçar a circularidade do
uma história do fantástico, com reinos ração dos desconhecidos são alguns dos Esta é uma questão muito relevante próximo dia 26 de julho. setor da construção.
imaginários, mas como as emoções são temas abordados. e que considero de primordial valor.
praticamente todas vividas por huma- Penso que a literatura deve inspirar
nos é muito fácil estabelecer analogias Por outro lado, sobre que valores re- realizações altruístas. Toda e qualquer LISBOA ATRIBUI MEDALHA
com a nossa vida. À semelhança das flete neste seu livro? forma de expressão artística genuína re- DE HONRA A RUI NABEIRO
histórias publicadas anteriormente, há A história está construída de forma vela o que de melhor existe no ser hu-
uma forte mensagem de superação da a que seja o leitor a fazer as suas pró- mano e, por isso, serve para motivar os O comendador Rui Nabeiro recebe na passada quarta-
natureza humana. prias analogias de valor, em função da outros a desejarem ir mais além, a esca- feira, dia 14, a medalha de honra da Cidade de Lisboa,
sua vida e das suas escolhas. Todavia, varem no seu íntimo à procura do seu pelas mãos do presidente do município, Fernando
Ainda que ficcional pretende esta obra destaco uma que, em minha opinião, melhor. Quando o principal objetivo de Medina, que destacou a figura “inquestionavelmente
levantar algumas questões, problemá- é comum a toda a humanidade: inde- vida do ser humano é a sua metamor- ímpar e incontornável” do empresário alentejano. A
ticas, atuais? pendentemente das circunstâncias en- fose, sem verdadeira consciência disso, autarquia salienta o vasto percurso de vida de Manuel
Os diferentes reinos desta história são volventes, todos nós temos escolhas a ele está a transformar o mundo que o Rui Azinhais Nabeiro como empresário, humanista,
governados por reis muito díspares, fazer e o caminho escolhido ditará o envolve. JOSÉ SERRANO filantropo e mecenas de causas sociais, desportivas e
culturais.
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