1-Quais os elementos que contribuíram para a formação do materialismo
histórico, por Marx e Engels?
Frederico Engels passou muitos anos de sua juventude na Inglaterra, interessando-se de perto pelo movimento operário e recebendo os primeiros estímulos que pouco a pouco o conduziram ao materialismo histórico. O segundo elemento que contribuiu para a formação do materialismo histórico foi o estudo da revolução francesa, o qual influiu especialmente sobre Marx, então residindo em Paris. 2-Como Marx e Engels chegaram à explicação da materialidade da história? Marx e Engels encontraram a chave da explicação materialista da história. E a encontraram observando a maneira pela qual os homens procuram seus meios de subsistência. Empregaram para isso a expressão “modo de produção”. 3- Como Marx considera a dialética? Marx, com efeito, considera a dialética como a soma das leis gerais do movimento do mundo material e das leis do desenvolvimento do pensamento humano correspondentes às primeiras. Ou, em outras palavras: o mundo material é dialético. 4- De que forma o senso comum e o idealismo definem a existência do mundo externo? O senso comum não é o juiz supremo nas questões da ciência. Os filósofos idealistas fazem-lhe objeções muito importantes, dizendo que, em última análise, a pedra não cai fisicamente sobre a cabeça, mas sim, como uma representação, isto é, não faz senão entrar em minha consciência. Se examino atentamente o que me sucede, verifico, de acordo com a concepção idealista, que tudo que sei não é senão uma série de representações que sucedem em minha consciência. É assim que o idealismo chega à conclusão de que o mundo não existe independentemente da consciência humana e que só nela existe. Nada se pode saber que não seja um fenômeno da consciência. Daí resulta que a consciência é tudo. 5- Quais as consequências da definição idealista? Da afirmação, segundo a qual o mundo não existe senão em minha consciência, outras consequências interessantes se derivam. Assim sendo, com efeito, a terra não teria podido existir antes do homem. Do mesmo modo, ao dormirmos (supondo que não sonhemos ao dormir), o mundo deve deixar de existir, uma vez que durante esse tempo nada se passa na consciência. 6- Quais as diferenças entre as percepções subjetivas e objetivas? As impressões subjetivas unicamente são percebidas por aqueles que as experimentam, enquanto eu as impressões objetivas são percebidas por todo mundo. 7- Como é definida a materialidade do mundo externo para o idealismo e para o materialismo? O idealismo, o de Hegel, por exemplo, o qual declara que as coisas não existem independentemente da consciência humana e que as coisas não tem uma essência material, mas uma essência espiritual (idealismo subjetivo). O materialismo entende que o mundo externo é de uma essência material, conforme há muito o provaram as ciências naturais. 8- Qual o ponto de vista idealista sobre a essência das coisas? Segundo a concepção idealista, não possível conhecer a essência das coisas, uma vez que todo conhecimento somente se pode verificar mediante o pensamento, por meio do qual é obtido. Muito bem. O pensamento não toma as coisas como são em si, mas somente transformadas por ele. 9- Como o materialismo responde à concepção idealista da essência das coisas? Mas se suprimirmos essa forma, as coisas ficam fora dele. Por conseguinte, o dilema, a contradição é, na aparência, a seguinte: ou as coisas ficam fora do pensamento e nesse caso não podem ser conhecidas ou sucedem no pensamento e, então, são transformadas por ele, de tal modo que, em caso algum, poderemos conhecê-las como são na realidade. Esse é o ponto de vista da concepção idealista. 10- Como é estabelecido o critério de verdade? Essa questão é resolvida do seguinte modo: reconhece-se a verdade pelo fato de não ser contraditória. A contradição é característica do erro. 11-A observação e experimentação são critérios de verdade? Explique. O critério da verdade não consiste, pois, em comparar entre si as diferentes noções, mas em compará-la com a realidade. Isso se faz, primeiro, por meio de observação. É possível que a ideia dos espectros não encerre em si contradição alguma, mas está, contudo, em contradição com a experiência geral, por meio da qual sabemos que as funções espirituais se acham sempre ligadas aos órgãos corporais. 12-É possível se chegar ao conhecimento exato ou absoluto das coisas? O que você pensa sobre isso? A isso podemos responder: coisa alguma pode ser reconhecida definitivamente à primeira vista. O processo, tanto para o conhecimento de uma coisa isolada como para o conhecimento do Universo, é um processo infinito, a isto é, o conhecimento completo das coisas não se realiza senão por meio de uma série de conhecimentos relativos incompletos. 13- Podemos conhecer o mundo na sua totalidade? Posicione-se. É possível conhecê-lo em sua totalidade, mas não de uma vez, porque é demasiado vasto. Somente pouco a pouco, é possível conhecê-lo em suas deferentes partes. Para isso, é preciso dominar as diversas ciências. 14- Quais as principais fases de desenvolvimento da dialética? Heráclito, que representa a primeira fase da dialética, desenvolveu a dialética da sucessão. Platão e Aristóteles, que representam a segunda fase, a dialética da coexistência. Essa segunda fase da dialética está em contradição com a primeira, da qual é a negação. Hegel reuniu as duas, elevando-as a uma fase superior e desenvolvendo a um só tempo a dialética da sucessão e a dialética da coexistência, mas sob uma forma idealista. É uma dialética histórica idealista. 15- Por que a dialética é limitada na antiguidade? Na antiguidade, a dialética era limitada ao extremo. A causa, conforme tivemos ocasião de ver, residia no modo de produção e nas relações de classes da Grécia antiga e, mais particularmente, na economia escravagista e nas relações sociais a que essa economia dava lugar. 16- Descreva a definição de dialética, citando suas principais fontes. A primeira é a natureza, a observação dos fenômenos naturais. Foi por esse caminho que Heráclito chegou à ideia da dialética. A segunda é o estudo da história humana e as transformações produzidas no curso das diferentes épocas históricas, transformações no modo de produção, nas formas sociais e nas ideias derivadas dessas formas sociais. A terceira, finalmente, é o estudo do pensamento em si. Surge, agora, outra questão. 17- Quais os principais fundamentos da dialética? O primeiro e mais geral e do qual se derivam os restantes é a lei da penetração dos opostos. Essa lei implica noutra imediatamente. É fato inegável que todas as coisas, todos os fenômenos, todas as ideias chegam, finalmente a uma unidade absoluta, ou, dito de outra maneira é fato não existir nenhuma contradição nem diferença que não se possa reduzir à unidade. A segunda lei da dialética e que é tão absoluta quanto a primeira é que todas as coisas são a uma só vez absolutamente diversas e opostas como absolutamente iguais entre si. É a lei da unidade polar de todas as coisas, aplicável tanto para cada coisa isolada, para cada fenômeno isolado, como para o mundo em geral. 18- Cite dois exemplos de obstáculos à dialética. Compreendemos, hoje, perfeitamente, que tanto o proprietário de escravo como o próprio escravo são homens, embora exista entre eles o maior antagonismo social que se possa conceber. Mas, se dissesse ao grego mais culto daquele tempo que o proprietário de escravos e os escravos são iguais como homens, ele não o admitiria, e responderia que são completamente opostos e que não pode haver nenhuma espécie de igualdade entre eles. Tomemos, agora, uma relação moderna: o capitalista e o proletário, o empregador e o operário. 19- Quais as fontes da primeira lei fundamental da dialética? É uma simples generalização da experiência, confirmada pela experiência da vida quotidiana e pela ciência, as quais se ocupam constantemente de investigar as igualdades e desigualdades das coisas. A experiência ensina, com efeito, que não existe limite algum imutável para a descoberta das igualdades e desigualdades das coisas. 20- Qual o segundo princípio fundamental da dialética? Em que se baseia? A lei da negação da negação, ou lei do desenvolvimento através das contradições. É a lei mais geral do movimento do pensamento. Vamos formulá- la, a seguir, ilustrando-a com exemplos. Mostraremos em que se baseia e as relações que mantêm com a primeira lei, anteriormente mencionada, da penetração dos opostos.