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16/05/2019 Política: Fraternidade, igualdade e liberdade - Empório do Direito

Política: Fraternidade, igualdade e liberdade


Thiago Brega de Assis 24/12/2017

O conceito de política está ligado ao de força pública oficial, de poder público, de exercício de uma autoridade
coletiva, o governo segundo uma ordem de ideias. A ordem de ideias que dominou o ocidente até o século
XVIII, com impacto direto no âmbito político, era religiosa, e com a revolução francesa, principalmente, que
teve o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, uma ordem com ideias seculares passou a dominar o
mundo político, forçando a separação de conceitos religiosos e políticos.

Com as revoluções americana e francesa, destarte, pela influência do que foi chamado de “Iluminismo”, houve a
suposta mudança da cosmovisão religiosa e dogmática para a visão científica e racionalista de mundo, deixando
de ser aceita a ideia de origem divina do poder dos reis, para justificar o exercício do poder político por uma
monarquia, passando a dominar a concepção de origem popular do poder, de democracia, do governo segundo a
vontade do povo.

Em virtude da posição dos partidários e opositores do rei, durante a revolução francesa, uns sentados à direita e
outros à esquerda do rei, passou-se a identificar a direita com os conservadores e a esquerda com progressistas.
Em uma análise histórica de maior alcance, é cabível a interpretação de que, principalmente no âmbito
econômico, a esquerda se ligou à ideia de “igualdade”, com máxima expressão política durante o regime
comunista na União Soviética, e a direita ao tema da “liberdade”, que domina as ideias capitalistas do
Ocidente, tendo em vista o lema da revolução francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade).

Pode-se dizer, de outro lado, que fracassaram as ideias revolucionárias, a liberdade foi usada para permitir a
dominação dos semelhantes, pois o poder político foi tomado pela elite financeira no capitalismo, também tendo
naufragado a proposta de tratamento social igualitário do comunismo.

E com a derrocada dos regimes comunistas, a humanidade presenciou a ascensão ao poder do capitalismo em
nível global, em que a política é exercida no plano mundial segundo os interesses de mercado. Em ambos os
casos, contudo, havia e há uma concepção religiosa de mundo, de um lado o marxismo-leninismo, reconhecido
como religião por muitos teóricos, inclusive com o culto dos líderes, e de outro um capitalismo de matriz
protestante, cultuando os indivíduos.

O egoísmo, outrossim, é a ordem de ideias que governa a política mundial, pois as nações, em momentos
de dificuldade econômica, invariavelmente se fecham, enaltecendo as divisões nacionais entre “nós e eles”,
entre nacionais e estrangeiros, o que ocorreu no regime nazista, o que foi a motivação do Brexit e para a
eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA. Tal egoísmo também se aplica a propostas
religiosas, tanto no Ocidente como no Oriente, seja entre católicos e protestantes, entre as castas hindus,
israelenses e palestinos ou xiitas e sunitas.

No caso norte-americano houve, do mesmo modo, um fator religioso que motivou a vitória eleitoral dos
republicanos, porque o candidato que se sagrou presidente manifestava compromisso eleitoral com valores
morais religiosos, do que foi exemplo sustentar a proibição do aborto, prometendo a indicação de ministros
conservadores para a Suprema Corte daquele país.

Reforça a existência de ideias religiosas subjacentes à política a recente declaração de Trump reconhecendo
Jerusalém como capital do Estado de Israel, o que aponta para o cumprimento de profecias milenares.

Pelo que foi exposto, pode-se considerar que a cosmovisão dogmática e religiosa do antigo regime foi
substituída por outras visões dogmáticas e religiosas, mascaradas sob a forma de ideias científicas e
racionalistas, como um comunismo ateísta e religioso, de um lado, e um capitalismo falsamente científico e
também religioso, de outro lado.

No momento de se tomar uma posição política relevante, como regra, as pessoas abandonam a razão e se apegam
a posições particulares e partidárias, porque a verdadeira Religião está no deserto, o Cristianismo autêntico,
com a prática política da fraternidade, a ideia Cristã, por excelência, do lema da revolução francesa, não
se realizou, não se tornou prática política.

No Brasil, quando um lado ideológico propôs uma reforma da previdência, por exemplo, o lado que estava na
oposição foi contra, e diante da mudança das posições, invertida a oposição para governo e vice-versa, as ideias
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mudaram.

A má política, a vontade de poder pelo poder, tomou o lugar de Deus, tomou o lugar da razão, o que ocorre desde
antes do tempo de Jesus Cristo.

Na realidade, a partir da Queda, o mundo político jaz no poder do maligno, do anticristo, e para resgatar a
humanidade Deus enviou Jesus Cristo, para nos libertar da escravidão do egoísmo, que governa as nações. Jesus
Cristo, além de sacerdote, tem função política evidente, é o Messias, o Rei dos Reis, o Líder Político
máximo da humanidade, e seu Reino está próximo, mesmo que não seja por ele exercido de forma
presente e visível.

Dentre os ideais da revolução francesa, a Liberdade não foi corretamente praticada, porque significou a
exploração do homem pelo homem, o mesmo ocorrendo com a Igualdade, porque somos iguais em dignidade,
mas faticamente diferentes. A Fraternidade, finalmente, inaugurada e antecipada por Jesus Cristo vivendo
como filho de Deus e tratando a todos os humanos com igual dignidade, é o ideal da era messiânica, em
vias de ser atingido, após a tribulação.

A Bíblia narra a escolha de Israel por Deus, nação protegida que, no final dos tempos, liderará a humanidade na
era messiânica, em que a Justiça prevalecerá. Contudo, com Jesus Cristo, a Israel se transformou de nação carnal
para povo espiritual, independentemente de sua origem nacional, e por isso a religiosidade seguida pelo Estado
de Israel e por Trump é equivocada. Não é por acaso que o reconhecimento de Jerusalém como capital da Israel
carnal viola a Lei, ainda que muitas orientações normativas da ONU sejam equivocadas, segundo A Lei.

De todo modo, a humanidade é uma só, e o Reino de Deus será um governo político mundial, segundo as
Leis divinas, que são as Leis da natureza, a partir de Jerusalém, pela nação de Israel espiritual. Os livros
de Daniel e do Apocalipse narram os grandes períodos históricos de impérios humanos, de domínios políticos
por nações imperiais, até a chegada do Reino de Deus.

“Tiveste, ó rei, uma visão. Era uma estátua. Enorme, extremamente brilhante, a estátua erguia-se diante de ti, de
aspecto terrível. A cabeça da estátua era de ouro fino; de prata eram seu peito e os braços; o ventre e as coxas
eram de bronze; as pernas eram de ferro; e os pés, parte de ferro e parte de argila. Estavas olhando, quando
uma pedra, sem intervenção de mão alguma, destacou-se e veio bater na estátua, nos pés de ferro e de
argila, e os triturou. Então se pulverizaram ao mesmo tempo o ferro e a argila, o bronze, a prata e o ouro,
tornando-se iguais à palha miúda na eira de verão: o vento os levou sem deixarem traço algum. E a pedra
que havia atingido a estátua tornou-se uma grande montanha, que ocupou a terra inteira. Tal foi o sonho.
E agora exporemos a sua interpretação, diante do rei. Tu, ó rei, rei dos reis, a quem o Deus do céu concedeu o
reino, o poder, a força e a honra; em cujas mãos ele entregou, onde quer que habitem, os filhos dos homens, os
animais do campo e as aves do céu, fazendo-te soberano deles todos, és tu que és a cabeça de ouro. Depois de ti
se levantará outro reino, inferior ao teu, e depois ainda um terceiro reino, de bronze, que dominará a terra inteira.
Haverá ainda um quarto reino, forte como o ferro, como o ferro que reduz tudo a pó e tudo esmaga; como o ferro
que tritura, este reduzirá a pó e triturará todos aqueles. Os pés que viste, parte de argila de oleiro e parte de ferro,
designam um reino que será dividido: haverá nele parte da solidez do ferro, uma vez que viste ferro misturado à
argila de oleiro. Como os pés são parcialmente de ferro e parcialmente de argila de oleiro, assim esse reino será
parcialmente forte e, também, parcialmente fraco. O fato de teres visto ferro misturado à argila de oleiro indica
que eles se misturarão por casamentos, mas não se fundirão um com o outro, da mesma forma que o ferro não se
funde com a argila. No tempo desses reis o Deus do céu suscitará um reino que jamais será destruído, um
reino que jamais passará a outro povo. Esmagará e aniquilará todos os outros reinos, enquanto ele mesmo
subsistirá para sempre. Foi o que pudeste ver na pedra que se destacou da montanha, sem que mão alguma a
tivesse tocado, e reduziu a pó o ferro, o bronze, a argila, a prata e o ouro. O grande Deus manifestou ao rei o que
deve acontecer depois disso. O sonho é verdadeiramente este, e digna de fé é a sua interpretação” (Dn 2, 31-45).

A pedra que destrói os impérios mundiais é Jesus Cristo, cuja ideia contraria a política mundana e levou à
revolução francesa, pelos ideais decorrentes de sua Vida, especialmente a fraternidade, nunca realizada no
plano político internacional, o que ocorrerá na era messiânica.

O livro de Daniel narra, ainda, outra visão, também relativa a longo período histórico da política internacional:

“'Esses animais enormes, em número de quatro, são quatro reis que se levantarão da terra. Os que receberão o
reino são os santos do Altíssimo, e eles conservarão o reino para sempre, de eternidade em eternidade'. Quis,
então, saber a verdade acerca do quarto animal, que era diferente de todos os outros, extremamente terrível, com
dentes de ferro e garras de bronze, que comia e triturava, e depois calcava aos pés o que restava; e também sobre
os dez chifres que estavam na sua cabeça — e outro chifre que surgiu e diante do qual três dos primeiros caíram,
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esse chifre que tinha olhos e uma boca que proferia palavras arrogantes, e cujo aspecto era mais majestoso que o
dos outros chifres... Estava eu contemplando: e este chifre movia guerra aos santos e prevalecia sobre eles, até o
momento em que veio o Ancião e foi feito o julgamento em favor dos santos do Altíssimo. E chegou o tempo em
que os santos entraram na posse do reino. E ele continuou: 'O quarto animal será um quarto reino sobre a
terra, diferente de todos os reinos. Ele devorará a terra inteira, calcá-la-á aos pés e a esmagará. Quanto
aos dez chifres: são dez reis que surgirão desse reino, e outro se levantará depois deles; este será diferente
dos primeiros e abaterá três reis; proferirá insultos contra o Altíssimo e porá à prova os santos do Altíssimo; ele
tentará mudar os tempos e a Lei, e os santos serão entregues em suas mãos por um tempo, dois tempos e metade
de um tempo. Mas o tribunal dará audiência e o domínio lhe será arrebatado, destruído e reduzido a nada até o
fim. E o reino e o império e as grandezas dos reinos sob todos os céus serão entregues ao povo dos santos do
Altíssimo. Seu império é um império eterno, e todos os impérios o servirão e lhe prestarão obediência'” (Dn 7,
17-27).

O livro do Apocalipse traz a mesma mensagem:

“'A Besta que viste existia, mas não existe mais; está para subir do Abismo, mas caminha para a perdição. Os
habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo, ficarão
admirados ao ver a Besta, pois ela existia, não existe mais, mas reaparecerá. Aqui é necessário a inteligência
que tem discernimento: as sete cabeças são sete montes sobre os quais a mulher está sentada. São também
sete reis, dos quais cinco já caíram, um existe e o outro ainda não veio, mas quando vier deverá
permanecer por pouco tempo. A Besta que existia e não existe mais é ela própria o oitavo e também um
dos sete, mas caminha para a perdição. Os dez chifres que viste são dez reis que ainda não receberam um
reino. Estes, porém, receberão autoridade como reis por uma hora apenas, juntamente com a Besta. Tais
reis têm um só desígnio: entregar seu poder e autoridade à Besta. Farão guerra contra o Cordeiro, mas o
Cordeiro os vencerá, porque ele é Senhor dos senhores e Rei dos reis, e com ele vencerão também os
chamados, os escolhidos, os fiéis'. E continuou: 'As águas que viste onde a Prostituta está sentada são povos e
multidões, nações e línguas. Os dez chifres que viste e a Besta, contudo, odiarão a Prostituta e a despojarão,
deixando-a nua: comerão suas carnes e a entregarão às chamas, pois Deus lhes colocou no coração realizar o seu
desígnio: entregar sua realeza à Besta, até que as palavras de Deus estejam cumpridas. A mulher que viste,
enfim, é a Grande Cidade que está reinando sobre os reis da terra'” (Ap 17, 8-18).

Tais descrições se referem a um longo tempo histórico, desde a época de Nabucodonosor, no sexto século a.C.,
até os dias atuais, passando pelo tempo de Roma, narrando o tempo do nascimento de Jesus Cristo, filho da
Mulher, a Igreja de Deus, então representada por Israel, mas que com a crucificação de Jesus Cristo, o Messias
rejeitado pela Israel carnal, passou a morar no deserto, o que indica que o verdadeiro Cristianismo não se
manifestou no mundo, no plano coletivo, no aspecto político.

“Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça
uma coroa de doze estrelas; estava grávida e gritava, entre as dores do parto, atormentada para dar à luz.
Apareceu então outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e sobre as
cabeças sete diademas; sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra. O Dragão
colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse. Ela
deu à luz um filho, um varão, que irá reger todas as nações com um cetro de ferro. Seu filho, porém, foi
arrebatado para junto de Deus e de seu trono, e a Mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia
preparado um lugar em que fosse alimentada por mil duzentos e sessenta dias. Houve então uma batalha no
céu: Miguel e seus Anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão batalhou, juntamente com seus Anjos, mas foi
derrotado, e não se encontrou mais um lugar para eles no céu” (Ap 12, 1-8).

A Igreja de Cristo, assim, está no deserto, mas no céu, no plano das Ideias, Miguel, o nome celeste de Jesus
Cristo, já venceu o Dragão. A autêntica Ciência Jurídica atesta que o governo humano, o Estado, tem a
função de servir a humanidade, de promover a vida humana, construindo uma sociedade fraterna e
pluralista, livre, justa e solidária.

A ciência humana já provou a união das pessoas no planeta, que tudo que o homem faz retorna, seja positiva ou
negativamente. Os fenômenos naturais são interdependentes, há uma interconexão natural ligando todos nós, dos
pensamentos, das ideias até os aspectos climáticos.

É consenso entre os cientistas a necessidade de uma política racional em termos humanitários e ecológicos,
comprovando a urgência da prática fraterna, não só entre os homens, mas de respeito com a natureza, o que já era
de conhecimento de um dos maiores Cristãos, Francisco de Assis.

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A política, assim, quando fundada e exercida para a Fraternidade, na dignidade humana segundo Jesus
Cristo, se transforma e Política, realizando o Reino de Deus.

Imagem Ilustrativa do Post: Palacio do planalto // Foto de: Marcio Cabral // Sem alterações

Disponível em: https://flic.kr/p/5q5wS6

Licença de uso: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou


posicionamento do Empório do Direito.

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