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HIDRÁULICA E PNEUMÁTICA

Unidade 1 - O Ar

GINEAD
Hidráulica e Pneumática

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Apresentação
Nesta unidade serão abordados assuntos referentes à história da Pneumática,
aos conceitos de ar comprimido, à implantação de sistemas pneumáticos, suas
vantagens e suas limitações.

A história da Pneumática tem seu início há aproximadamente 2000 anos quando o


grego Ktesibios construiu a primeira catapulta a ar comprimido.

Curiosidade
Catapulta = são mecanismos de cerco que utilizam uma espécie de
colher para lançar um objeto (pedras e outros) a uma grande distância.

No século I d.C foi escrito um dos primeiros livros sobre o uso do ar comprimido
como energia. O termo “PNEUMÁTICA” deriva da palavra grega “PNEUMOS” que
significa respiração, fôlego, sopro e é definida como a matéria da física que estuda
o movimento dos gases e também a conversão da energia pneumática em energia
mecânica.

Apesar de a pneumática ser tão antiga, foi apenas depois da Segunda Guerra
(em torno de 1950) que ela começou a ser utilizada na indústria mundial. No
Brasil, o uso do ar comprimido ganhou força a partir de 1960 com a introdução da
indústria automobilística. Hoje, o ar comprimido tornou-se indispensável e, nos mais
diferentes ramos industriais, instalam-se aparelhos pneumáticos, principalmente na
automação.

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1.1 O Ar
Apesar de não podermos ver o ar, sabemos que ele existe e está em toda parte.
Podemos sentir seu impacto quando está ventando e quando respiramos. Desta
forma, concluímos que o ar existe e ocupa um lugar no espaço.

O ar possui algumas características específicas que serão vistas na sequência. Pelo


fato do ar não possuir uma forma definida, ele pode ser confinado em um recipiente
tomando o seu formato. Como as moléculas do ar estão dispostas aleatoriamente, o
ar pode ser comprimido através de uma força externa. A esta capacidade do ar dá-se
o nome de compressibilidade.

Quando a força externa é retirada, o ar tem a capacidade de retornar ao formato


inicial. A esta capacidade dá-se o nome de elasticidade.

O ar tem ainda a capacidade de misturar-se com outros gases não saturados. A esta
capacidade dá-se o nome de difusibilidade.

Caso o ar esteja confinado em um recipiente de um sistema fechado e a válvula seja


aberta, o ar irá ocupar os demais espaços do sistema. A esta capacidade dá-se o
nome de expansibilidade.

1.1.1 Características físicas do ar


Toda matéria física possui um peso e o ar, como matéria física, possui um peso que
corresponde a 1,293 x 10-3 kgf por litro a 0o C e ao nível do mar. À medida que a
altitude muda, o peso do ar também sofre alterações. Quando a temperatura muda,
também há alterações no peso do ar. Quanto mais quente estiver o ar, mais leve
ele estará, pois, quando o ar é aquecido, suas moléculas afastam-se, ocupando um
espaço menor e ficando menos denso.

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1.1.2 Lei geral dos gases ideais
Nos gases existem relações entre pressão, temperatura e volume que foram
definidas nas leis de Boyle-Mariotte, Charles e Gay Lussac, nas quais uma das
variáveis permanece constante. Porém, a transformação de um estado para outro
envolve o relacionamento entre todas. Desta forma, a fórmula que define esta
relação é dada por:

P1.V1 P2 .V2
= (Eq. 1)
T1 T2

À mesma temperatura, o volume diminui e a pressão aumenta; se o volume for o


mesmo, a pressão e a temperatura aumentam. Assim como, se a pressão for igual,
também ambos aumentarão.

Um exemplo de aplicação da lei dos gases ideais está a seguir:

Exemplo 1: Certa massa de gás ideal sob pressão de 10 bar e temperatura de


200 K ocupa um volume de 0,5 m3. Qual o volume ocupado pela massa de gás sob
pressão 20 bar e temperatura de 300 K?

Solução:

Utilizando a equação 1 e considerando T1, V1 e P1 as condições iniciais e T2, V2 e


P .V P .V
P2 as condições finais, tem-se: 1 1 = 2 2 (Eq.1). E isolando V2 e substituindo os
T1 T2
 P .T   10bar.300 K 
valores tem-se: V2 = V1.  1 2  → V2 = 0.5m3 .   → V2 = 0,375m
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 P2 .T1   20bar.200 K 

1.1.3 Princípio de Pascal


O princípio de Pascal diz que: “A pressão exercida em um líquido confinado em
forma estática atua em todos os sentidos e direções, com a mesma intensidade,
exercendo forças iguais em áreas iguais”.

Sobre um recipiente cheio de líquido é aplicada uma força de 10 kgf num êmbolo
cuja área é de 1 cm2. Neste caso, o resultado será uma pressão de 10 kgf/cm2 nas
paredes do recipiente.

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Este dado é obtido através da equação 2.

F
P= (Eq.2)
A

Fazendo o cálculo citado no exemplo acima e substituindo os valores na equação 2


10kgf
tem-se: P = 2
= 10kgf / cm 2
1cm

1.2 Implantação de um sistema


pneumático
Um sistema pneumático de produção e distribuição de ar comprimido é composto
basicamente pelos seguintes equipamentos: compressor, resfriador, vaso
acumulador, filtros, secadores e tubulação. A figura 1.1 mostra de forma simplificada
esse sistema.

Figura 1.1: Sistema de produção e distribuição de ar comprimido

Vaso
acumulador

Compressor Resfriador
Secador
Pré-Filtro Pós-Filtro

Distribuição

Fonte: A autora (2020).

O processo inicia-se no compressor, que tem a função de captar o ar, aprisioná-


lo e elevar sua pressão até o valor desejado. Com a redução do volume, há
um acréscimo na temperatura do ar que precisa passar por um processo de
resfriamento. O ar comprimido é enviado para o reservatório para posteriormente ser
distribuído.

Um dos fatores mais importantes para o bom uso do ar comprimido é o nível de


umidade do ar e outro fator é a quantidade de impurezas presentes no mesmo. Para
eliminar ou reduzir as impurezas são utilizados filtros; e para reduzir ou eliminar a
umidade são dispostos secadores no sistema.

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1.2.1 Compressor
Há diversos tipos de compressor no mercado. Estes são divididos em dois grandes
grupos: deslocamento positivo e deslocamento dinâmico. Os compressores de
deslocamento dinâmico funcionam de forma que o ar é admitido e seu volume é
reduzido gradualmente, processando-se a compressão. Já nos compressores de
deslocamento dinâmico, o ar admitido entra em contato com um elemento rotativo
em alta velocidade que transforma a energia cinética em energia de pressão.

Curiosidade
Energia Cinética = é a forma de energia que um corpo qualquer possui
em razão de seu movimento Em outras palavras, é a forma de energia
associada à velocidade de um corpo (HELERBROCK, 2020).

Na classificação de deslocamento dinâmico destaca-se o compresso de fluxo


radial que trabalha a altas rotações, o que implica um deslocamento mínimo de ar.
Esse compressor tem uma eficiência menor para baixas vazões e por esta razão é
utilizado quando se necessita de grandes volumes de ar comprimido.

Na classificação de deslocamento positivo destacam-se os compressores tipo


parafuso e os compressores de pistão (simples e duplo efeito). Para que a
temperatura das válvulas, do bloco e do ar que está sendo comprimido seja mantida
durante as fases da compressão, os compressores possuem um sistema de
refrigeração que pode ser tanto a água quanto a ar. O mais eficiente é a água, pois
provoca condensação de umidade; os demais não provocam condensação.

Para a correta seleção do compressor a ser utilizado, alguns fatores devem ser
considerados, como o volume efetivo de ar, pressão de regime, pressão de trabalho,
tipo de acionamento e sistema de regulagem.

1.2.2 Resfriador posterior


O ar comprimido sai do compressor com umidade, prejudicial ao bom uso deste. A
melhor forma de retirar uma parte desta umidade é a inclusão de um resfriador tipo
trocador de calor, situado entre o compressor e o reservatório.

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1.2.3 Reservatório de ar comprimido
O sistema pode ter um ou mais reservatórios que são vasos de pressão projetados
e fabricados de acordo com as normas da ABNT. Em geral, o reservatório possui a
função principal de armazenar o ar comprimido, além de resfriar o ar, estabilizar o
fluxo e controlar as marchas dos compressores.

Quanto à localização, o reservatório deve estar em local de fácil acesso e ventilado,


não deve ser enterrado e, preferencialmente, fora da casa dos compressores. Deve
possuir, minimamente, dreno na parte inferior, manômetro para controle da pressão
e válvula de segurança.

1.2.4 Filtros e secador


A função do pré-filtro (antes do secador) é separar o restante da contaminação
sólida e líquida (~30%); enquanto a função dos pós-filtro (depois do secador) é
eliminar a umidade residual (~30%), garantindo um ar limpo e seco na distribuição.
Já o secador tem a função de reduzir a umidade do ar.

1.3 Vantagens e limitações da


pneumática
As vantagens da pneumática podem ser listadas como:

• Incremento da produção com investimento relativamente pequeno;


• Redução dos custos operacionais;
• Robustez dos componentes pneumáticos;
• São de fácil manutenção;
• Facilidade de implantação;
• Resistência a ambientes hostis;
• Simplicidade de manipulação.

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Como limitações da pneumática, podem-se citar:

• O ar comprimido necessita de uma grande preparação para estar apto ao uso;


• Os componentes pneumáticos são normalmente projetados e utilizados a uma pres-
são máxima de 1723,6 kPa; portanto, as forças envolvidas são pequenas, se compa-
radas a outros sistemas;
• Velocidades muito baixas são difíceis de serem obtidas com o ar comprimido devido
às suas propriedades físicas;
• O ar é um fluido altamente compressível; portanto, é impossível obterem-se paradas
intermediárias e velocidades uniformes.

Saiba mais
O artigo do link apresenta um estudo de melhoria da eficiência deste de
compressores do tipo parafuso, muito usado na pneumática. Disponível
em: https://www.researchgate.net/profile/V_P_B_Aguiar/publication/
301650474_ANALISE_DE_EFICIENCIA_ENERGETICA_DOS_TIPOS_
DE_ACIONAMENTO_DE_UM_SISTEMA_DE_AR_COMPRIMIDO/
links/571fe5d008aefa64889a87da.pdf.

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Fechamento
Foi visto nesta unidade que o ar é uma importante fonte de energia. E para produzi-
lo e distribuí-lo, vários equipamentos e cuidados são necessários. O sistema
pneumático possui grandes vantagens, como facilidade de implantação e baixa
manutenção. Em compensação, possui algumas limitações como o uso de pequenas
forças e a impossibilidade de realizar paradas intermediárias.

Palavras-chave

Ar comprimido, compressor, pneumática.

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Referências
FESTO DIDACTIC. Introdução à pneumática, S.L.: Festo Didactic, 1999.

FIALHO, A. B. Automação hidráulica: projetos, dimensionamento e análise de


circuitos. 5. ed. São Paulo: Éric, 2010.

HELERBROCK, Rafael. Energia cinética. Brasil Escola. Disponível em: https://


brasilescola.uol.com.br/fisica/energia-cinetica.htm. Acesso em: 17 mar. 2020.

TECNOLOGIA PNEUMÁTICA INDUSTRIAL. Parker Training, 2000.

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