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INFORMÁTICA NO PROCESSO EDUCATIVO

Prof. João Francisco Favoreto


Especialista em Informática pela PUCCamp
Professor do curso de Ciência da Computação
Faculdade Comunitária Santa Bárbara D´Oeste - SP
joaofrancisco234@uol.com.br

RESUMO:

O surgimento do computador e dos processos computacionais tem revolucionado


as estruturas sociais humana, a educação não pode estar alheia a esta “revolução” que
as novas tecnologias de informação tem propiciado. O computador pode ser uma
excelente ferramenta de mediação na construção do conhecimento. Para formação do
individuo na sociedade competitiva que vivemos é importe associar ao processo
educativo estas novas ferramentas de mediação e construção do conhecimento que a
informática têm disponibilizado aos educadores e educando. O computador por si só
não é capaz de educar nem formar nenhum individuo, mas associado a um processo
educativo mediado por um educador, pode proporcionar ao educando excelentes
resultados.

Palavras chaves: Informática educativa, educação, informática, construção do


conhecimento, epistemologia.

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1. INTRODUÇÃO:

Há pelo menos dez anos, os estabelecimentos escolares abriram espaço para


uma peça que em pouco tempo, transformou-se em um recurso indispensável no
processo de aprendizagem: o computador, que passou a ser uma ferramenta de auxílio
na construção do conhecimento em todas as áreas da educação. Usado desde as
primeiras séries do ensino fundamental, o micro computador desenvolve o raciocínio
lógico-matemático, a capacidade de concentração, o desenvolvimento da coordenação
motora, orientação espacial, etc. A informática veio para dinamizar o processo de
aprendizagem, aguçando a curiosidade dos alunos e desvendar um mundo de novidades
tecnológicas, contudo o computador não substitui a presença do educador na sala de
aula. Presente, inicialmente na rede particular de ensino e depois na rede pública, o
computador é uma ferramenta facilitadora do ensino, muitos educadores são unânimes
na opinião de que a informática veio para dinamizar e operacionalizar o processo
pedagógico.

A cada dia que passa, a informática está mais presente na sociedade, desde as
atividades profissionais até as atividades de lazer, de casa ao trabalho, em todo os
lugares depara-se com o computador. Não é diferente quando se trata do processo
educacional, o computador já é um instrumento presente na maioria das escolas. A
informática é um importante instrumento de desenvolvimento pedagógico, portanto, não
só pode como deve ser utilizado em todos os níveis de desenvolvimento da relação
ensino – aprendizagem.

A introdução dos computadores e da informática na escola pode ocupar um lugar


de destaque pelo poder de processamento de informação que possui. A informática é ao
mesmo tempo uma ferramenta e um instrumento de mediação. É uma ferramenta porque
permite ao usuário (seja ele aluno ou professor) construir objetos virtuais, modelar
fenômenos em quase todos os campos do conhecimento, desenvolver a capacidade de
concentração e possibilitar o estabelecimento de novas relações para a construção do
conhecimento. O educador ao mediar um novo modo de representação do conteúdo
ensinado, além de proporcionar ao aluno uma atividade educacional oferece um
instrumento motivador.

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2. INFORMÁTICA COMO FERRAMENTA EDUCATIVA:

O computador como ferramenta de ensino possui diversos recursos que podem


ser explorados, a fim de facilitar o processo de desenvolvimento da construção do
conhecimento. A informática disponibiliza recursos que são excelentes ferramentas que
não só despertam o interesse e a concentração como também aperfeiçoam o
desenvolvimento da criatividade e habilidade do educando.

As escolas vivem um momento em que a disseminação do computador no


processo educativo atingiu larga escala, mas o impacto das mudanças que ele pode
provocar ainda não ocorreu, embora existam modalidades de uso cujos ambientes de
aprendizagem informatizados podem contribuir para transformações. Uma das formas é
o emprego do computador como ferramenta educacional, com a qual o aluno resolve
problemas significativos. Isso pode ocorrer, por exemplo, através do uso de aplicativos
como editores de textos, planilhas eletrônicas, editores de apresentações, jogos
interativos e outros aplicativos correlatos que favoreçam a aprendizagem ativa, isto é,
que propicie o desenvolvimento do aluno a partir de suas próprias ações. Nessa
abordagem o computador não é o detentor do conhecimento, mas um facilitador de sua
construção, sendo utilizado como ferramenta que permite ao aluno a desenvolvimento
cognitivo.

Conforme Piaget apresenta em seu livro “A equilibração das estruturas


cognitivas”, o desenvolvimento cognitivo é dirigido por um conjunto de estruturas
internas e externas do aluno, num ambiente informatizado de aprendizagem o
desenvolvimento cognitivo e a construção do conhecimento dá-se de forma espontânea,
sendo estimulada naturalmente pelo próprio educando.

Quando se discute a informática educativa, não se pode esquecer da Internet. A


rede mundial de computadores é um dos adventos mais marcantes da sociedade humana
no final do século 20, com sua conectividade e acessibilidade é capaz de transformar
completamente a vida e os conceitos de nossa sociedade. A internet tem sido
considerada como um evento quase mágico que cai sobre a escola para ser assimilada
pelos educadores, considerada muitas vezes como um acontecimento à parte da escola,
ou somente como fonte de acesso à informação adicional. Ante as tecnologias
inovadoras da informática e da internet a escola é muitas vezes considerada
ultrapassada. Uma das dificuldades dos novos processos tecnológicos é identificar a
essência do novo. É fundamental reconhecer o que há de singular na inovação, esta deve
associar-se ao processo educativo, pois não são excludentes, mas sim associativas.

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A internet deve facilitar o trabalho do educador uma vez que ao interconectar a
escola com outras entidades educacionais, agiliza a troca de informações, acabando com
as dificuldades de tempo e espaço, a informática e a internet, portanto são facilitadores
da educação, onde a aprendizagem ocorre com e não a partir delas. Navegar livremente
na internet, como uma aranha atravessando sua teia, é, sem dúvida, uma das sensações
mais delirantes para o educando. A estrutura de hipertexto na www (Word Wide Web) é
um poderoso engenho de busca de informação, permitindo que o usuário siga sua
intuição, utilizando sua própria configuração de inteligência e curiosidade para buscar
locais com informações novas e interessantes, sendo assim uma ferramenta de grande
versatilidade, mas este processo deve ser dirigido e orientado pelo educador a fim de
explorar e desenvolver toda sua potencialidade.

Não é somente importante ter o acesso à Internet, mas saber aproveitar o que ela
oferece, pois com sua acessibilidade é mais fácil encontrar “lixo eletrônico” do que as
informações e dados que sejam importantes. A Internet no processo de Educação passa
impreterivelmente no ensino da filtragem e seleção do acesso aos dados e informações
disponíveis, este é um dos papeis primordiais do educador.

3. INFORMÁTICA COMO INSTRUMENTO DE MEDIAÇÃO

A informática possibilitou o surgimento de inúmeros softwares e aplicativos


desenvolvidos especialmente para a educação na construção do conhecimento. Dewey
propôs que a aprendizagem se caracteriza por um “continuun” experimental , isso é,
que a aquisição do saber é fruto da reflexão sobre a experiência , continuamente
representada ou reconstruída. “Toda conhecimento em desenvolvimento faz uso das
experiências passadas e influi nas experiências futuras” (Dewey,1979, 26). Portanto,
não há conhecimento sem construção e não há construção sem experiência. É necessário
que as experiências tenham um significado educativo e motivem o aluno ao prazer de
aprender. Nesse sentido, cabe ao educador compreender o processo de aprendizagem
dos educandos e prover um direcionamento para suas experiências, a educação deve se
desenvolver segundo os princípios da continuidade e interação do conhecimento que
está sendo construído e as experiências que estão sendo experimentadas.

A informática deve ser vista como um instrumento de interação com o educando,


a fim de proporcionar um ambiente experimental, o que significa que o ambiente de
aprendizagem e descoberta que o educando vivencia nas experiências de investigação
da aprendizagem cria um processo cíclico de ação-testagem-depuração-generalização

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que por fim acabam gerando o conhecimento. Portanto, os softwares educativos podem
ser extremamente proveitosos se utilizados no processo experimental da aprendizagem.

Segundo propôs Piaget, o conhecimento não é transmitido mas construído


progressivamente por meio de ações e coordenações de ações, que são interiorizadas e
se transformam. A inteligência surge de um processo evolutivo no qual muitos fatores
devem ter tempo para encontrar seu equilíbrio. - ”a partir de suas próprias ações, o
educando, como ser ativo, constrói suas estruturas de conhecimento em interação com
seu meio, pois o conhecimento não procede, em suas origens, nem de um sujeito
consciente de si mesmo nem de objetos já construídos que a ele sejam impostas. O
conhecimento resulta das interações que se produzem a meio caminho entre os dois,
dependendo, portanto dos dois ao mesmo tempo, mas em decorrência de uma
indiferenciação completa e não de intercâmbio entre formas distintas....” (Piaget,
1972:14).

Para Piaget a inteligência é um instrumento de adaptação ao meio, o que implica


no processo de construção e reconstrução permanente das estruturas do pensamento que
são gerados a partir de ações interiorizadas, com isso o conceito de experiência é
considerada fundamental para aquisição, assimilação e construção do conhecimento a
ser adquirido.

Durante quase cinqüenta anos, Piaget e seus colaboradores elaboraram uma


epistemologia de incontestável valor para compreensão do desenvolvimento humano,
para a compreensão das práticas pedagógicas e de sua evolução. Seygmour Papert após
trabalhar durante cinco anos no Centro de Epistemologia Genética de Piaget,
desenvolveu uma proposta construtivista de educação utilizando a informática, para isso
criou a linguagem Logo (1985 - 1994). Posteriormente com o surgimento de novas
ferramentas de informática, suas idéias foram aplicadas a outros ambientes
computacionais, o uso de computadores segundo os princípios propostos por Papert
foram alicerçados em diferentes pensadores contemporâneos que se inter-relacionam
num processo de descrição-execução-reflexão-depuração dos pensamentos de Dewey,
Freire, Piaget e Vigostsky.

No final dos anos 80 e início dos anos 90, após ter trabalho com a equipe de
Jean Piaget, onde colaborou com os estudos sobre o construtivismo, Seygmour Papert,
ao articular os conceitos da inteligência artificial com a teoria piagetiana de
epistemologia construtivista, propôs inicialmente uma metodologia, ou “filosofia” ,e
uma linguagem de programação – Logo, que constituíram uma abordagem
construtivista da educação associada à informática. Posteriormente, com advento de
novas ferramentas da informática, suas idéias foram aplicadas à outros ambientes

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computacionais, além do Logo, tais como redes de comunicação à distância (internet e
similares), programas e aplicativos diversos (editores de texto, planilhas eletrônicas,
etc..) jogos, simuladores e outros.

Segundo os princípios construtivistas propostos por Papert, o computador é a


ferramenta que propicia ao educando formalizar seus conhecimentos intuitivos,
identificar seu estilo de pensamento, conhecer o próprio potencial intelectual e empregá-
lo no desenvolvimento de habilidades e aquisição de novos conhecimentos, assim
sendo, o computador passa ser mais do que uma mera ferramenta utilizada no processo
de educação; um tutor que auxilia o educando a construir suas próprias estruturas de
pensamento e desenvolvimento intelectivo, construindo assim seu próprio
conhecimento.

Outra questão que pode ser abordada quando se trata da informática como
instrumento de mediação do conhecimento é o Ensino à Distância. No mundo
globalizado em que vivemos hoje a informação e a comunicação estão cada vez mais
dinâmicas, rápidas e simplificadas. O desenvolvimento tecnológico cada vez mais
permite que o homem atinja tais propósitos, basta observarmos como tem sido feito a
cobertura jornalística da atual guerra no Iraque, os jornalistas carregam um pequeno
computador (tipo laptop) com um modem e uma pequena antena parabólica (cerca de
20 cm) para comunicação via satélite, (todo equipamento não ultrapassa o peso de 8 kg),
e assim podem transmitir ao vivo as informações dos campos da batalha para a televisão
de nossas casas graças a internet e o videofone.

A internet é, portanto, um dos mais fáceis e econômicos meios de comunicação


da atualidade, a educação não pode se furtar a utilizá-la como meio de transmissão do
conhecimento e também como “sala de aula”. O ensino a distância, como atividade de
ensino, é uma das maneiras mais atuais de desenvolvimento educacional. Entende-se
ensino a distância como qualquer atividade de ensino e aprendizagem sem que o
educador esteja fisicamente próximo do educando, mas exista pelo menos um meio de
comunicação para que a aprendizagem ocorra, independente do tipo de comunicação
utilizada, podendo ser o mais diversificado possível, como televisão, rádio difusão,
correspondência e principalmente a internet.

A Educação à distância é, portanto uma estratégia educativa baseada na


aplicação tecnológica de comunicação no processo de construção do conhecimento, sem
limite de lugar, tempo, ocupação e idade do aprendiz, implica assim num novo papel,
novos enfoques metodológicos e novo tipo de relacionamento entre o professor e aluno.

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4. CONCLUSÃO:

Nos dias atuais, não há como viver alheio à utilização da informática. Os


processos de informação e informatização estão cada vez mais presentes em todas as
atividades humanas, por isso a informática deve ser utilizada cada vez mais no processo
educativo, pois além de uma excelente ferramenta educacional e um instrumento
mediador da construção do conhecimento, é uma tecnologia indispensável para o
desenvolvimento das atividades humanas no século 21.

5. BIBLIOGRAFIA:

ALMEIDA, Fernando Jose & MORAES FONSECA, Fernando – “Projetos e


Ambientes Inovadores”, Volume I - Ministério da Educação – Secretaria
de Educação a Distancia, Brasília, DF – 2000
ALMEIDA, Fernando Jose & MORAES FONSECA, Fernando – “Projetos e
Ambientes Inovadores”, Volume II - Ministério da Educação – Secretaria
de Educação a Distancia, Brasília, DF – 2000
ALMEIDA, Maria Elizabeth – “Informática e Formação de Professores”,
Volume I - Ministério da Educação – Secretaria de Educação a Distancia,
Brasília, DF – 2000
ALMEIDA, Maria Elizabeth – “Informática e Formação de Professores”,
Volume II - Ministério da Educação – Secretaria de Educação a Distancia,
Brasília, DF – 2000
BARROS DE OLIVEIRA – “Informática em Psicopedagogia” , Editora
SENAC – São Paulo, SP – 1996.
DEWEY, J – “ Experiência e Educação” , Editora Nacional - São Paulo, SP –
1979
GADOTTI, Moacyr - “ Educação e Poder” – Editora Cortez – São Paulo, SP -
1983
PIAGET, Jean – “A Epistemologia Genética” , Editora Vozes – Petrópolis, RJ
– 1972
PIAGET, Jean – “Fazer e Compreender” , Edições Melhoramento - São Paulo,
SP- 1972

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