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FACULDADE ÚNICA

DE IPATINGA

POLÍTICA BRASILEIRA
Rodrigo Gonçalves
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são
para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com
uma função específica, mostradas a seguir:

UNIDADE 02
01 UNIDADE

03
UNIDADE
UNIDADE SUMÁRIO

04 UM PRÓLOGO DA DEMOCRACIA BRASILEIRA ............................................7


1.1 PERÍODO COLONIAL ................................................................................................................................7
1.2 O BRASIL COLONIAL 1500-1822 .......................................................................................................9
1.3 O CRESCIMENTO COLÔNIA ..............................................................................................................12
UNIDADE 1.4 A VINDA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL.............................................................................16
1.5 DO IMPÉRIO A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ................................................................19

05
FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................22

UMA NOVA REPÚBLICA .........................................................................25

UNIDADE 2.1 MOTIVOS QUE LEVARAM A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ...................................25


2.2 COMEÇA-SE UMA NOVA E CONTURBADA REPÚBLICA .................................................26

06
2.3 PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA ..................................................................................................30
2.4 UMA REPÚBLICA EM CONSTANTE CONFLITO ........................................................................32
2.5 CLAMORES POR UMA REFORMA POLÍTICA ............................................................................34
2.6 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922.................................................................................35
2.7 REVOLUÇÃO DE 1930: PRELÚDIO...........................................................................................35
2.8 ALGUMAS LEIS RELEVANTES DESTE PERÍODO.........................................................................38
FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................39

A ERA VARGAS...................................................................................42
3.1 PRIMEIROS ANOS APÓS A REVOLUÇÃO DE 1930.........................................................42
3.2 SÃO PAULO DURANTE O GOVERNO PROVISÓRIO DE VARGAS.............................45
3.3 UMA NOVA CONSTITUIÇÃO EM 1934 ........................................................................................47
3.4 A CONSTITUIÇÃO DE 1937 .................................................................................................................49
3.5 ESTADO NOVO DENTRO DO CONTEXTO DO PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
............................................................................................................................ 51
3.6 CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1946 ..........................................................................................52
3.7 O LIBERALISMO É A PALAVRA DE ORDEM........................................................................53
FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................55

UM PRÓLOGO DA DITADURA MILITAR....................................................59


4.1 VARGAS RETORNA À PRESIDÊNCIA .............................................................................................59
4.2 O GOVERNO KUBITSCHEK ..................................................................................................................61
4.3 O GOVERNO JÂNIO QUADROS.........................................................................................65
4.4 O GOVERNO DE JOÃO GOULART (JANGO)................................................................67
FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................70

DITADURA MILITAR...........................................................................................73
5.1 FATORES QUE IMPULSIONARAM O INÍCIO DE UMA DITADURA MILITAR .............74
5.2 PERÍODO DA DITADURA MILITAR...................................................................................................77
FIXANDO O CONTEÚDO........................................................................................................84

O RETORNO AO REGIME REPUBLICANO .......................................................88


6.1 GOVERNO SARNEY.....................................................................................................88
6.2 A CONSTITUIÇÃO DE 1988, A CARTA CIDADÃ ....................................................................89
6.3 O GOVERNO COLLOR..........................................................................................92
6.4 A ERA FHC................................................................................................................94
6.5 O GOVERNO LULA................................................................................................95
6.6 O GOVERNO DE DILMA ROUSSEFF.........................................................................................97
6.7 AS ELEIÇÕES 2018 ATÉ O PRESENTE .....................................................................101
6.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................101
FIXANDO O CONTEÚDO.....................................................................................................102

RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO..............................................106


REFERÊNCIAS ..........................................................................................107
CONFIRA NO LIVRO

Na primeira unidade, “Um Prólogo da Democracia Brasileira”,


apresentaremos uma breve síntese do período colonial e imperial
brasileiro no intuito de introduzir questões relevantes que
embasaram o surgimento de nossa república com a Constituição
de 1891.

A segunda unidade, “uma nova república”, terá como finalidade


apresentaremos os primeiros anos do Brasil Republicano apontando
suas principais leis e os principais desdobramentos políticos que
geraram o marco político conhecido como a Era Vargas.

Nessa unidade, “A Era Vargas”, estudaremos a ascensão e a


queda do período que durou exatos quinze anos de nossa
república. Mostraremos nesta oportunidade os feitos positivos e
negativos daquele que é um dos presidentes mais lembrados do
país. Nesta oportunidade falaremos do governo subsequente, de
Eurico Gaspar Dutra, e seus feitos políticos.

Nessa unidade, “A Era Vargas”, estudaremos a ascensão e a


queda do período que durou exatos quinze anos de nossa
república. Mostraremos nesta oportunidade os feitos positivos e
negativos daquele que é um dos presidentes mais lembrados do
país. Nesta oportunidade falaremos do governo subsequente, de
Eurico Gaspar Dutra, e seus feitos políticos.

Nessa unidade, “Ditadura militar”, estudaremos um dos períodos


históricos da política brasileira que mais sofrem revisão literária.
Veremos como se deu o processo de ascensão enrijecimento e
posterior flexibilização deste regime. Ao final preparemos os
aspectos sócio políticos que levaram ao processo de reabertura
para o regime republicano

A sexta unidade, “O retorno ao regime republicano”, objetivará


fazer um balanço do período político no qual nos encontramos.
Veremos como as questões socioeconômicas interferiram
profundamente na legislação pátria dos anos 80 até os dias atuais.
Será um balanço geral que se inicia no Governo Sarney fechando
com os eventos das eleições de 2018.
INTRODUÇÃO

Quando somos chamados a imergir nesta disciplina em meio a tanta


efervescência dialética no cenário político de nossa nação, muitas vezes nos
colocamos em debates pouco frutíferos e, em alguns casos, permeamos o
desrespeito a opinião contraditória gerando conflitos um tanto desnecessários.
Aqui, na nossa disciplina, iremos buscar as raízes históricas que levaram nosso
Estado sair de um sistema político monárquico para um democrático de direito
considerando uma discussão de cunho histórico, econômico e social.
Para tal, para que tudo faça um melhor sentido, abordaremos em nossa
disciplina a atividade legislativa em estreita associação ao poder executivo,
flertando sempre que possível com a atividade judiciária. Esses três poderes serão
regularmente unidos em nossos estudos principalmente pelas Constituições, leis
e decretos de cada época, como você poderá ver mais à frente.
Com isso poderemos ter um panorama geral do republicano e democrático
nacional. E acreditamos que você, aluno, poderá sair mais maduro para uma
discussão sobre a política e seus temas contemporâneos.
UM PRÓLOGO DA UNIDADE
DEMOCRACIA BRASILEIRA

Ao
ingressar nos
estudos sobre
política
brasileira, o
aluno deve
primeiro afixar
seus olhares em
dois momentos.
O primeiro, pré-
democrático,
que envolve o
momento
colonial,
perpassando
pelo marco da
chegada da
família real no
Brasil, e anos
mais tarde pela
instituição do
Império até sua
queda jurídica.
O segundo
momento, é o
mais
efervescente
historicamente,
pois trata-se do
período
democrático, ao
qual este que
vivemos.
São fatos históricos distintos que se entrelaçam em
diversos planos das ciências humanas, porém
conectados de tal modo que geraram consequências
em nossa sociedade até hoje.
Portanto, adianto, que embora nossa disciplina
guarde foco nas nuances históricas democráticas-
republicanas, é imperativo que revistemos pontos
históricos relevantes do período anterior Constituição
Da República Dos Estados Unidos Do Brasil promulgada
em de 24 de fevereiro de 1891.

1.1 PERÍODO COLONIAL

Para entender o Brasil a partir do marco de sua


descoberta oficial, em 1500 d.C., é preciso impingir um
pouco do contexto histórico vivido na Europa nesta era,
em especial dos países da península ibérica, quais sejam,
Portugal e Espanha. Seguir em frente sem tratar deste
momento é um pouco perigoso, pois muito do Brasil atual
é reflexo da forma de como fomos colonizados, e por
que não dizer, geridos pela corte portuguesa.
Durante anos, o sistema feudalista que foi bem
sucedido por séculos, começou a apresentar sinais de
falência. Paralelamente a isso, com o delineamento
das
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fronteiras por conflitos e consequente surgimento e crescimento das cidades, houve
uma regressão dos sistemas de trocas econômicas, enfraquecendo o valor da
atividade e consequentemente do produto rural, apesar de não desaparecerem
completamente.
Neste mesmo contexto, o poder político se fragmentava-se e se
descentralizava-se, ascendendo uma nova comunidade, a qual chamamos de
Burguesia, fazendo com que pouco a pouco fosse decaindo a força dos reinados e
dos imperadores.
A prática da compra de bens não produzidos no domínio rural, alterou o
consumo e o modo de produção que destinava-se a atender primeiramente o
luxo da aristocracia. Isso fazia com que as cidades começassem sendo
paulatinamente transformadas em redutos de relativa liberdade. Contendo uma
nova classe laboral que consistia em artesãos, comerciantes que fugindo dos
campos.
Evidentemente este processo durou séculos e alcançou seu ponto crucial
entre 1450 e 1550 d.C.
Portugal, que por sua posição geográfica se colocava longe dos conflitos
que cercavam a Europa, em especial, pela tentativa dos mouros de ocuparem a
Península Ibérica, ao mesmo tempo voltada para o atlântico, o fez um povo
propício para o desenvolvimento de técnicas marítimas.
A atração pelo ouro e pelas especiarias fez com que Portugal e Espanha
iniciasse um projeto expansionista conquistando ilhas e territórios, tomando para
si rotas comerciais. É no bojo desse projeto que o Brasil é então conquistado e
então colonizado.
Sobre o evento histórico do Descobrimento do Brasil em 1500 d.C. pontua
Fausto (2019, p. 16)

Desde o século XIX, discute-se se a chegada dos portugueses ao


Brasil foi obra do acaso, sendo produzida pelas correntes marítimas,
ou se já havia conhecimento anterior do Novo Mundo e Cabral
estava incumbido de uma espécie de missão secreta que o levasse
a tomar o rumo do ocidente. Tudo indica que a expedição de
Cabral se destinava efetivamente às índias. Isso não elimina a
probabilidade de navegantes europeus, sobretudo portugueses,
terem frequentado a costa do Brasil antes de 1500. De qualquer
forma, trata-se de uma controvérsia que hoje interessa pouco,
pertencendo mais ao campo da curiosidade histórica do que à
compreensão dos processos históricos

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Assim, iniciamos a era chamada de Brasil Colonial.

1.2 O BRASIL COLONIAL 1500-1822

Ao se depararem com terras extremamente férteis, os portugueses


observaram que haviam povos amerígenas, ou seja, indígenas, representando
uma verdadeira vitória para aquele povo europeu e uma catástrofe para os povos
que aqui viviam.
Além de absorver o modo de vida dos índios, os portugueses observaram que
os grupos dispersos indígenas não estavam organizados de forma a constituir
uma nação, o que facilitou os muitos conflitos travados, e a dominação e
eventual escravidão destes povos. Hoje percebemos que os índios foram vítimas
de uma autentica violência cultural, além de serem sujeitados as epidemias e
mortes, sendo desde então relegados por nossa sociedade.

Figura 1: Desembarque de Cabral em Porto Seguro

Fonte: Silva (1922)

Nos primeiros anos após a chegada dos portugueses em nosso território, o


Brasil foi visto apenas como terras propícias para extração, em especial, do pau-
brasil.
O litoral foi primeiramente delimitado e em seguida as terras interioranas.
Somente cerca de 30 anos após a chegada, implementaram o sistema de
capitanias
hereditárias, que seriam o esbouço do território dos estados no futuro. Esse sistema
perdurou no Brasil por quase 200 anos, quando a Coroa portuguesa resolve
tomar para si os territórios a ela pertencentes.
Na verdade isso deu por alguns fatores, um deles é que o sistema de
capitanias fracassou, pois salvo as Capitanias de São Vicente e Pernambuco, as
outras experiências se saíram frustrantes; umas em maior e outras em menor grau,
seja por falta de recursos, seja desentendimentos internos, por ataques de índios ou
até pela inexperiência e incompetência dos encarregados.
Porém, além destes percalços, para nós, é mais visível enxergar outro fator
que desencadearia a falência do sistema de capitânias, este por sua vez mais
decisivo.
É que o comércio pelas índias foi ficando cada vez mais inexpressivo
paulatinamente, ou seja, não havia quem comprasse os produtos extraídos do Brasil.
Além disso a coroa espanhola havia incrementado com grade êxito o extrativismo
de minerais preciosos, coisa que só viemos intensificar em meados do século XVII.
Ou seja, não havia viabilidade operacional para manter o Brasil por muitos anos.
Não havia vantagem econômica.
E devido a isto, Dom João III retomou estas terras em favor da coroa
instaurando o governo geral do Brasil. Mesmo com esse avanço, o governo geral
restava-se problemático, pois a longa extensão territorial dificultava a
comunicação entre as capitanias com o governador, e por sua vez, a
comunicação do governador com a coroa. Mas foi através desta maneira que
consolidou-se a aquisição de propriedades privadas de terras, para fins agrícolas,
tendo como o principal produto o açúcar. Também foi nessa era que intensificou a
aquisição de força de trabalho compulsória, em outras palavras, com a crescente
demanda agrícola os produtores passaram adquirir mão de obra escrava, para
fins de trabalhos forçados e não remunerados.

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Figura 2: Navio negreiro trazia os escravos para o Brasil

Fonte: Rugendas (1830)

Devido a esta necessidade iniciou um processo forçoso para trazer, pela


via da comercialização, os negros ao continente americano.
Aqui certamente um dos nossos momentos históricos mais tristes se
iniciam. Considerados como seres humanos inferiores e de baixo intelecto, os
negros eram trazidos como objetos, e sem direitos.
Nesse sentido, o aluno pode questionar, qual o papel das colônias, como o
Brasil neste momento?
A resposta é tecnicamente simples, as colônias deveriam ser autossuficientes
em prol da metrópole, fornecendo reservas no que puderem em prol desta.
É triste pensarmos por este âmbito, mas é verdade. Caso não tenha fica
do claro, nós vamos facilitar o entendimento com um exemplo. Imagine uma
casa cercada por uma área verde, porém, na escritura pública, pertence a ti
apenas a área referente ao imóvel edificado. Como ninguém nunca reivindicou
estas áreas verdes você, inicia um processo de cerceamento, delimitando a área
por cercas, tomando posse dessa tal área incorporando à casa aqui ilustrada.
Tudo que a área verde produz tecnicamente é seu, já que nenhum dono nunca
reivindicou a posse. Desse modo, a área verde serve ao imóvel edificado. Aqui
neste exemplo, Portugal é a casa e o dono que toma para si todo conteúdo da
área verde, e as áreas verdes são as colônias.
Mas o aluno pode ainda perguntar: e os índios que aqui estavam, eles
eram os reais donos? A resposta é relativa. Lembrem-se que os índios não tinha o
status de nação no sentido jurídico greco-latino, então embora se
portassem como possuidores das terras, não havia o elemento jurídico da
propriedade para atestarem o que em direito chamamos de animus proprietatis,
ou seja, algo que prove que a propriedade fosse sua, portanto as terras

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foram tomadas, pela força, pelos

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portugueses.
Evidentemente que embora horrendo aos dias atuais, as atitudes portuguesas
são fundadas em institutos latinos antigos de posse e propriedade, portanto,
sendo plausíveis para a época e para a comunidade europeia.
Felizmente hoje superamos muitos destes paradigmas, porém não vencemos
por completo.

1.3 O CRESCIMENTO COLÔNIA

Diante do quadro apresentado, o crescimento da então colônia era


impreterível, vez que além do que aqui fora dito, outros povos, como
holandeses, franceses e espanhóis começaram com algum empenho a querer
tomar para si as posses territoriais portuguesas. Com isso muitos fortes foram
criados para defesa. Porém, os ataques não se davam sempre de forma tão
assertiva a nossas terras como bem fala Fausto (2019, p. 32)muitas das investidas
se davam outras formas:

Tratava-se de impedir ao máximo que navios estrangeiros


transportassem mercadorias da colônia, sobretudo para vender
diretamente em outros países da Europa. Inversamente, procurava-
se também impedir que mercadorias, em especial as não produzidas
na metrópole, chegassem à colônia em navios desses países. Em
termos simplificados, buscava-se deprimir, até onde fosse possível, os
preços pagos na colônia por seus produtos, para vendê-los com
maior lucro na metrópole. Buscava-se também obter maiores lucros
da venda na colônia, sem concorrência, dos bens por ela importados.
O "exclusivo" colonial teve várias formas: arrendamento,
exploração direta pelo Estado, criação de companhias privilegiadas
de comércio, beneficiando determinados grupos comerciais
metropolitanos etc.

Todavia, mesmo com todos esses percalços ainda era mais vantajoso manter
a subserviência da colônia em favor da metrópole, isso fez com que pouco a
pouco povoados se tornassem vilas. Desenvolvendo um rudimentar, mas
promissor, comércio interno nestes lugares.
De todo modo, viver no Brasil nesta época não era nem de longe, algo
fácil. As embarcações demoravam para chegar. Estima-se que demoravam entre
quatro a seis meses, e diante deste quadro, aumentava-se muito custo
operacional. Paralelamente a isso, firmava-se o regime absolutista da coroa
sobre a colônia, principalmente no reinado de Dom João IV (1640-1656), que
passou a cobrar impostos sobre a colônias, gerando evidentemente grande
insatisfação.
Aqui um dado importante para nossa disciplina, aqui, não havia a separação
de poderes como hoje há. Os poderes executivo, legislativo e judiciário estavam
centrados na figura do rei, que eventualmente delegava para alguém alguma
dessas competências. Nas colônias a pessoa que se torna delegada, ou seja, o
mandatário era a figura dos governadores gerais, que foram também chamados
de vice-reis.
Figura 3: Mapa com a divisão da América portuguesa em capitanias.

Fonte:Teixeira (1574)

Mas no geral, os vice-reis deveriam dentre outras coisas, promover a


defesa dos territórios e administrar o comércio local, e principalmente organizar
as exportações para a metrópole. Na fase da administração dos vice-reis, a
produção para a exportação era basicamente voltada para o açúcar e fumo. Para
ajudar a ocupar cada vez mais o interior da colônia brasileira, foi incentivado a
produção pecuarista, havendo a expansão rumo aos sertões, como assim era
chamada na
época. E foi nestas expansões que por volta de 1730 d.C. que se encontrou ouro
e pedras preciosas. Avivando e consolidando o interesse da coroa pelas terras
brasileiras. Estas preciosidades foram encontradas em sua maioria no que hoje são
os estados de Minas Gerais, na Bahia, Goiás e Mato Grosso.
Os últimos anos do século XVIII foram marcados por uma série de
transformações no mundo ocidental no plano da literatura filosófica, por
exemplo, surgiram autores da era iluminista, como Montesquieu, Voltaire,
Diderot, Rousseau que impulsionaram os ideários da época em várias vertentes
do pensamento. Para nós, nesta disciplina, as mais importantes lições, são
extraídas no campo político. O pensamento destes autores impulsionou a reforma dos
antigos regimes absolutistas, por uma concepção liberal em diferentes matizes. Estes
regimes estavam sobrepostos na sociedade desde o início do século XVI.
Tais ideias chegaram mais tarde ao Brasil e na América Latina como um todo,
gerando, o que se convencionou chamar de direito dos povos à insurreição,
principalmente embasadas pela obra Riqueza das Nações, escrita por Adam
Smith em 1776, que fazia uma crítica ferrenha ao sistema colonial, que distorcia os
fatores de produção bem como o desenvolvimento do comércio como promotor
da riqueza.
A partir daí, os movimentos pró- independência surgiram em todo continente
americano. Aqui no Brasil os principais momentos que clamavam por revolução
foram a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração dos Alfaiates (1798) e
a Revolução de 1817 em Pernambuco.
E neste mesmo ínterim despontava o início da revolução francesa e a
crescente revolução industrial. Fundido a isto, iniciava-se na Europa as primeiras
discussões sobre abolição escravagista, e a decadência do pensamento religioso.
No meio desta efervescência política que vivia a Europa, Portugal já era
considerado um país atrasado, por exemplo, os Estados Unidos obtiveram sua
independência em 1776 d.C., e França e Inglaterra aboliram a escravatura em
1802 e 1807 respectivamente.
Todavia a administração do então Marquês de Pombal mantinha-se
aparentemente frutífera como bem pontua Boris Fausto (2019, p. 68)

De acordo com as concepções do mercantilismo, Pombal criou


duas companhias privilegiadas de comércio - a Companhia Geral
do Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755) e a Companhia
Geral de Pernambuco e Paraíba (1759). A primeira tinha por
objetivo
desenvolver a região Norte, oferecendo preços atraentes para
mercadorias aí produzidas e consumidas na Europa, como o cacau,
o cravo, a canela, o algodão e o arroz, transportadas com
exclusividade nos navios da companhia. Introduziu também
escravos negros que, dada a pobreza regional, foram na sua maior
parte reexportados para as minas de Mato Grosso. A segunda
companhia buscou reativar o Nordeste dentro da mesma linha de
atuação. A política pombalina prejudicou setores
comerciais do Brasil marginalizados pelas companhias
privilegiadas, mas não teve por objetivo perseguir a elite colonial.
Pelo contrário, colocou membros dessa elite nos órgãos
administrativos e fiscais do governo, na magistratura e nas
instituições militares.

No meio de tanto caos na Europa, e uma administração tumultuada e


relapsa a coroa de Portugal começa a capengar, precisando cada vez mais do
sustento através dos empréstimos ingleses. Para piorar mais a situação que se
agravava através dos anos, França e Inglaterra viviam no ápice de uma guerra, e
em prol da França, estava Napoleão Bonaparte, em pleno projeto expansionista.

Figura 4: Napoleão Bonaparte

Fonte: David (1812)

Napoleão impõe um bloqueio que impedia a Inglaterra ter acesso


ao continente. Espanha e Portugal por serem vizinhos da França, eram
estrategicamente pontos acentuados para impingir tal bloqueio. Para manter a
sobrevivência, não só da família real, mas de todo patrimônio colonial da coroa,
a família real não vê outra alternativa a não transferir sua sede metropolitana para
a melhor e mais promissora de suas colônias, o Brasil.
E é partir deste ponto que os contornos políticos do Brasil passam a ter outros
traços, pois importava não só o estabelecimento da corte, mas fazer do Brasil o
centro administrativo de todas a colônias.
1.4 A VINDA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL

Conforme afirmamos acima, a vinda da Coroa portuguesa ao Brasil se deu


em meio a uma circunstância política europeia muito delicada, devido as guerras
napoleônicas que assolavam aquele continente. Estes eventos remontam-se entre os
anos de 1805-1815.
Nesta altura a sede administrativa da Coroa no Brasil, já se encontrava no Rio
de Janeiro.
Com a notícia que a Família Real estava por chegar, evidentemente a
sociedade local entrou em polvorosa.

Figura 5: Desembarque da família real no Brasil

Fonte: Albert (1807)

Neste sentido, erigida ao local onde se concentraria a mais alta estirpe da


corte, muitos costumes tidos como inapropriados precisaram ser mudados. Lopes
(2014)chega a afirmar que “determinados eventos eram lembrados com uma missa
cantada; outros eram assinalados pelo “beija-mão” no Paço e havia as grandes
comemorações que articulavam uma série de eventos festivos, como as
Aclamações reais”.
Nessa mesma esteira, Iara Lis C. Schiavinatto (1999, p. 53)em seus estudos,
conclui que com a vinda da Família Real “era fundamental que os signos e
sentidos da realeza circulassem pelo tecido social, fossem comunicados e, de
alguma forma, apreendidos”
Havendo, portanto, uma reestruturação administrativa da Corte.
Dentre os avanços vindos ao Rio de Janeiro, foi a ampliação da guarda,
tanto a serviço da Coroa como dos prédios públicos como teatros e praças.
Houve então um aparelhamento para um desenvolvimento de um Ministério
dos Negócios
Estrangeiros e da Guerra. Isso se tornou um prerrogativa máxima, pois conforme
entoa com muita destreza Maria de Lourdes Viana Lyra (1994, p. 72)“construir uma
unidade nacional luso-brasileira era a ideia central da nova política proposta pelo
ministro, demonstrando o quanto o governo ilustrado estava atento às questões
cruciais daquele momento vivido”.
Estes fatos são bem relatados por Chico Castro (2013, p. 33 e 34)

Tomou providências, um ano após a sua chegada, para que


houvesse interesse pela educação e literatura brasileiras no ensino
público, abrindo vagas para professores. Instalou na Bahia uma
loteria para arrecadar fundos em favor da conclusão das obras do
teatro da cidade; mandou estabelecer em Pernambuco a cadeira
de Cálculo Integral, Mecânica e Hidromecânica e um curso de
Matemática para os estudantes de Artilharia e Engenharia da
capitania; isentou do pagamento de direitos de entrada em
alfândegas brasileiras de matérias-primas a serem manufaturadas
em qualquer província e criou, pela primeira vez no país, um curso
regular de língua inglesa na Academia Militar do Rio de Janeiro

O desenvolvimento local ficou tão visível em 1812 já se falava em um projeto


de um novo império lusitano com sede no Brasil.
Os portos ficaram mais abertos para as nações tidas como amigas, leia-se
aqui, principalmente, a Inglaterra. Isso facilitou a negociação bem como a
ampliação destes pontos.
Para o Rio de Janeiro houve a instauração da primeira Junta do Comércio e
a primeira Escola de Cirurgia que mais tarde seria Faculdade de Medicina do
Estado. Além disso, podemos frisar como avanços pertinentes aos nossos estudos, a
criação do Museu da Biblioteca Nacional, da Imprensa Régia, Academia
Militar e da Marinha e a Academia de Belas Artes, e o Banco do Brasil.
É certo que a Família Real vendo de perto quão promissora era nossa
terra, que em 1815, por ato da Coroa, foi o Brasil declarado como reino unido ao
de Portugal e Algarves, deixando o status de Colônia.
Todavia, em Portugal iniciava paulatinamente uma onda de insatisfação
gerando a chamada Revolução do Porto. Isso era no mínimo obvio, pois Portugal
foi devastada por Napoleão, largada à míngua, para que negociantes estrangeiros
praticassem atos negociais livremente em detrimento dos negociantes nacionais,
fazendo com que Dom João precisasse voltar para sua terra natal para apaziguar
os ânimos de seu povo, deixando seu filho Dom Pedro I como governante
responsável, em 26 de abril de 1821. Tal decisão agradou em cheio a elite agrária
da época com
quem tinha boas relações com Dom Pedro I.
Em 7 de Setembro de 1822, Dom Pedro I declarou a Independência do
Brasil. Este ato veio precedido de um decreto que deliberou que as leis
portuguesas só teriam efeito no Brasil após sanção do então Regente. Com a
independência factual feita, era necessário dar ares jurídicos ao ato, esta
medida culminou na primeira Assembleia Constituinte e posterior promulgação da
primeira constituição do Brasil, conclamada de Constituição Política Do Império Do
Brazil De 25 De Março De 1824. (BRASIL, 1824)
Esta constituição é o primeiro ato com efeito de lei no nosso território. A
saber, uma constituição é uma lei que prepondera sobre todas as outras leis, é
partir dela que encontramos os limites de cada Estado como ente jurídico.
A constituição em comento trazia em seu Art. 10 a organização dos
poderes, sendo, portanto, formado nosso Estado pelos poderes Legislativo,
Moderador, Executivo, e o Judicial.
Juridicamente respondiam pela nação brasileira o Imperador, e a
Assembleia Geral, distribuída em Câmara de Deputados, e Câmara de Senadores,
ou Senado.
A Câmara dos Deputados era eletiva, e temporária. Já o Senado era
composto de Membros vitalícios, e seria organizado por eleição Provincial. A dizer, as
províncias eram territórios que dariam origem no futuro aos Estados da Federação.
Os membros do poder legislativo eram eleitos por voto indireto, e compunham
fundamentalmente o quadro de eleitores homens adultos da aristocracia.
O Imperador exerce aqui o poder executivo e moderador. O poder
moderador, como nome sugere, é o poder que controla o equilíbrio entre os
outros poderes. O poder executivo além de exercido pelo imperador era
subsidiariamente e exercido pelos seus Ministros de Estado.
O poder judiciário, assim como hoje, é feito por membros investidos em
cargos vitalícios, porém diferente dos dias de hoje, a forma de aquisição do cargo
era por indicação e não por concurso público. Os juízes de direito julgariam qualquer
matéria de ordem civil e criminal, ou qualquer pleito ordenado pelo imperador.
Havia também a figura dos juízes de paz, que indicariam os vereadores dos
municípios, que ainda não eram dotados de autonomia como hoje são.
As províncias eram regidas pelos respectivos presidentes, pois aqui, a
nomenclatura “governador” só iria aparecer nas constituições posteriores. Os
presidentes eram nomeados pelo Imperador, que o poderia remove-los, quando
entender, enquanto prestarem um bom serviço do Estado.
Importante frisar que o período em que o império foi instaurado, não houve
muita calma, pois havia bastante efervescência política. Os movimentos em favor
do abolicionismo ganhavam força, além disso alguns grupos cortejavam
a independência em favor de uma república e não de outra monarquia. Além
disso, a nova nação começava com uma dívida quase que impagável, cerca de 2
milhões de libras como indenização aos portugueses pelas terras perdidas.

1.5 DO IMPÉRIO A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

Diferente da tendência de outras colônias, o Brasil não precisou entrar em


nenhum embate com a metrópole para adquirir controle da nação, posto que na
prática, as nações guardaram certo respeito recíproco, pois detinham a mesma
linhagem real. Todavia, o Brasil não tinha um exército qualificado e numeroso
para proteger as terras e nem controlar revoltas.
Este cenário facilitou, o surgimento de dois partidos políticos no Brasil.
Nesse sentido, havia um partido mais liberal, reformador, e outro conservador que
por sua vez tinha o pensamento voltado ainda na antiga monarquia portuguesa.
Lembram que dissemos acima que as nações guardaram respeito em razão
da linhagem? Pois bem, isso foi relevante historicamente. Em 1926, chega ao Brasil a
notícia que Dom João VI havia falecido, e diante do quadro atípico, Dom Pedro I
volta a Portugal para assumir seu trono por legitimidade, abdicando do trono
brasileiro, deixando seu filho, Pedro II, ainda menor para se tornar imperador,
porém, por não ter idade adequada para o mandato, o Brasil passa por um
período de Regência. O aluno pode perguntar o porquê não reunir os Estados
outra vez. A resposta é um tanto complexa, porém a saída mais aceita
historicamente é que os povos das duas nações não aceitariam a unificação.
Sobre o período de Regência, este se deu entre 1831 a 1840. Foi findado pela
declaração de maioridade de Dom Pedro II. Para resumir esta era precisamos ilustrar
a situação política destes nove anos.
Ao partir para reivindicar a coroa portuguesa, Dom Pedro I, deixou seu
filho com apenas cinco anos para ser o próximo monarca. Porém, por ser muito
jovem, até que ele tivesse 18 anos três regentes deveriam tutelar o herdeiro e os
requerimentos do povo. Aqui o poder moderador ficou suspenso, e para facilitar
a governabilidade houve a criação de Assembleias Legislativas provinciais, que
viriam a ser mais tarde a câmara de deputados estaduais. O sistema trino de
regência com tempo decai, passando para um único regente.
Surgem aqui três grupos políticos nítidos, os Liberais moderados que
embora monarquistas queriam diminuir os poderes do imperador; os Liberais
exaltados os mais progressistas que defendiam a federalização; e por fim, os
Restauradores, eram defensores do retorno de D. Pedro I ao trono brasileiro,
portanto, nitidamente conservadores.
Diante do quadro, a instabilidade política estava formada. Eclodiram
revoltas em várias partes do Brasil.
Para manter o poder constituído de 1824, e trazer estabilidade, declaram Dom
Pedro II maior de idade e apto para exercer o cargo de Imperador, chamado por
alguns de Golpe da Maioridade em 1840.
Os liberais foram os mais beneficiados, pois os conservadores retiraram-se do
joguete político.
O segundo reinado é marcado estabilidade interna e de prosperidade
econômica. Dom Pedro II iniciou um tempo de progresso no país, investiu em linhas
férreas e telégrafos, agilizando o comércio. Um monarca conhecido pelo seu zelo,
só escolhia seus políticos com grande cuidado, coibia a corrupção, e respeitava a
legislatura, sem exercer pressões inadequadas. O Brasil passou por um momento
semelhante a monarquia parlamentarista.

20
Figura 6: Imperador Dom Pedro II do Brasil

Fonte: Mathew Brady (1876)

Mesmo com a imersões em guerras, e um investimento maciço nesta área,


o Brasil passava a sensação interna e externa de nação moderna.
Sempre muito bem articulado politicamente, Dom Pedro II inicia
paulatinamente a abolição escravagista embora tenha havido represália por parte
da aristocracia rural que enfurecida, começou a articular um apoio ao movimento
republicano. Este descontentamento tomou força suficiente para o que hoje o
então golpe de Estado de 15 de novembro de 1889 instaurando república
factualmente e juridicamente através da Constituição Da República Dos Estados
Unidos Do Brasil De 24 De Fevereiro De 1891. (BRASIL, 1891)
Todo este apanhado histórico que empenhamos neste capítulo foi para
entregar para ti, caro aluno, os quase 400 anos de vivência real, de colônia ao
Império. Agora com estes conhecimentos revisados, acreditamos que estejas
pronto para imergir de vez nestes mais de cem anos de república. Este resgate
se fez necessário para que você futuramente, ao longo de nossos capítulos,
entenda que cada decisão tomada teve uma raiz histórica profunda. Entenda
esse capítulo como um prólogo para os estudos daqui por diante teremos.

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1. Nesta unidade tivemos a oportunidade de estudar questões relevantes anteriores
ao Brasil republicano. Vimos tanto eventos ocorridos na Europa como aqui
ocorreram, neste sentido marque a alternativa verdadeira:

a) Oficialmente os portugueses chegaram ao Brasil no ano de 1.501.


b) Primeiramente a mão de obra oriunda dos povos indígenas foi a utilizada em
nossas terras.
c) A chegada da família real não foi decisiva para o desenvolvimento de nosso
país.
d) O Brasil promulgou sua primeira Constituição no ano de 1891.
e) Já no império era não possível visualizar a formação de partidos políticos

2. Vimos que o projeto expansionista do imperador francês Napoleão Bonaparte


fez com que ele tomasse os territórios de Espanha e Portugal para promover
táticas de guerra contra a Inglaterra. Sobre a chegada da Família Real no
Brasil aponte a alternativa verdadeira:

a) Muitos hábitos tidos como inadequados não tiveram que ser modificados em
virtude da chegada da família real.
b) Não houve a construção prédios públicos como teatros e praças.
c) O Brasil não saiu do Status de Colônia para Reino amigo de Portugal
d) Portugal não passou por um processo de deterioração política e econômica em
virtude da investida de Napoleão.
e) Dom Pedro I foi o primeiro imperador do Brasil.

3. Ao declarar a independência do Brasil, Dom Pedro I convoca uma Assembleia


Constituinte para confeccionar uma Constituição plausível para o novo estado
que surgia. Sobre a Constituição de 1824 podemos dizer que é correto:

a) Havia a previsão de apenas três poderes


b) O poder moderador era exercido pelos ministros de Estado
c) O cargo de Senador era por tempo determinado.
d) O poder moderador era exercido exclusivamente pelo Imperador.
e) Os deputados tinham cargos vitalícios

4. O período em que governou o segundo imperador do Brasil, Dom Pedro II, foi
reconhecido com um período de bastante reconhecimento interno e externo
como nação avançada. Sobre período é correto afirmar:

a) O Brasil nunca viveu um regime semelhante a de uma monarquia parlamentarista


b) Dom Pedro II não tinha intenções abolicionistas o isso agradava a elite agrária do
país.
c) Dom Pedro nunca investiu massivamente na área bélica para opor-se às guerras
iminentes.
d) A queda do império se deu devido a um processo natural que representou a
ascensão da república em nosso país.
e) O então imperador era conhecido como um chefe de estado de reputação
ilibada.

5. Por muitos anos o Brasil permaneceu como colônia portuguesa. Inicialmente o


Brasil passou a fornecer quase que exclusivamente o pau-brasil, e mais tarde
açúcar e fumo. Sobre o período colonial é correto afirmar:

a) Para melhor administrar as terras foi instituído o regime de secretarias


hereditárias.
b) O regime de capitanias hereditárias mostrou-se frutífero com os anos.
c) Para otimizar o projeto expansionista em nossas terrar, os portugueses
usaram mão-de-obra escrava num primeiro momento.
d) Embora bastante rudimentar era impossível ver que existia um comércio promissor.
e) Os vice-reis, eram pessoas delegadas pelo próprio povo para administrarem
as colônias.

6. Estudamos que em um dado momento da Europa, Portugal foi considerado


um país atrasado, pois, os Estados Unidos obtiveram sua independência em 1776
d.C., e França e Inglaterra aboliram a escravatura em 1802 e 1807
respectivamente, sobre o Brasil Colônia e Império é correto afirmar:

a) Para melhor administrar as terras foi instituído o regime secretarias hereditárias.


b) O regime de capitanias hereditárias mostrou-se frutífero com os anos.
c) Dom Pedro I não tornou-se rei de Portugal.
d) Marquês de Pombal foi um grande escravagista.
e) O desenvolvimento local ficou tão visível em 1824 já falava-se em um projeto de
um novo império lusitano com sede no Brasil.
7. Estudamos que além de absorver o modo de vida dos índios, os portugueses
observaram que os grupos dispersos indígenas não estavam organizados de
forma a constituir uma nação, o que facilitou os muitos conflitos travados, e a
dominação e eventual escravidão destes povos. Sobre o contexto do Brasil
colonial marque a alternativa correta:

a) Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração dos Alfaiates (1798) foram


movimentos pós-republicanos do Brasil
b) Dom João IV (1640-1656), que passou a cobrar impostos sobre a colônias,
gerando evidentemente grande satisfação.
c) O Brasil desde a época colonial tinha uma governabilidade fácil diante de seu
vasto território.
d) Pernambuco foi a capitania mais rentável para império.
e) As províncias eram regidas pelos respectivos presidentes.

8. O Brasil quanto colônia vivia praticamente da monocultura da cana-de-açúcar


e fumo, consoante ao que estudamos, por muito tempo tais culturas foram
bastante lucrativas para a metrópole. Sobre o Brasil colônia apresente a
alternativa correta:

a) O Brasil foi descoberto num momento em que o feudalismo estava em alta.


b) Embora as terras brasileiras estivessem em posse dos índios, estes por sua
vez sintetizavam uma nação nos moldes europeus.
c) Para otimizar o projeto expansionista em nossas terrar, os portugueses
usaram mão-de-obra escrava num primeiro momento.
d) Durante a colônia não foi possível implementar nenhuma atividade comércio.
e) Os poderes executivo, legislativo e judiciário estavam centrados na figura do
presidente da república, que eventualmente delegava para alguém alguma
dessas competências.
UMA NOVA REPÚBLICA UNIDADE

Nesta unidade, conforme o título anuncia, iremos mergulhar de vez no


cerne de nossa disciplina, a República Brasileira, para tal vamos começar de suas
raízes mais profundas e nos capítulos posteriores iremos caminhar historicamente
para os governos mais contemporâneos. E aí? Vamos lá?

2.1 MOTIVOS QUE LEVARAM A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

Enquanto o Brasil conquistava o respeito fora do país, Dom Pedro II não


lograva o mesmo êxito internamente. Dizemos que a queda da monarquia aqui
no Brasil foi ocasionada por uma gama relativa de coisas.
A primeira delas e mais apontada foi que após o triunfo do Brasil sobre o
Paraguai, o exército ganhou popularidade em nosso território, principalmente sobre
o nome do Marechal Deodoro da Fonseca, não só na elite urbana como na elite
rural. Assim, o exército ganhou voz social e passou a reivindicar melhores condições.
Alguns oficiais foram aos periódicos fazer valer melhor audíveis os pleitos. Dom Pedro
II por sua vez, vedou este tipo de ato, calando a voz dessa classe.
A aristocracia rural era nitidamente a mais insatisfeita, pois devido aos
inúmeros atos abolicionistas, a classe sentiu a necessidade der dar uma resposta à
altura. Aqui, portanto, a segunda causa para a proclamação da república.
A terceira causa que podemos apontar é o fato da ascensão da Maçonaria
que patrocinava a filosofia do positivismo aqui no país.

Por fim, sabe-se que a igreja católica também estava desgostosa com o
imperador. Dentro da estrutura organizacional o clero responde ao Papa e não ao
imperador, diferente do Anglicanismo, por exemplo, em que o monarca
concentra a chefia de Estado com a Chefia da Igreja. Dom Pedro II, queria aqui
ou acolá fazer as mesmas interferências inerentes aos chefes de estado
anglicano, o que gerava alguns atritos.
Embora a política local estivesse em ebulição, é sabido que esta não era a
vontade geral da nação, pois a população em geral tinha grande estima por seu
imperador.
Porém, e 15 de novembro de 1889, tomando alguns prédios públicos, com um
punhado significativo de soldados, o Marechal Deodoro da Fonseca proclama a
república, e às pressas a família real sai exilada, tornando somente muitos anos
depois.
E em 24 de fevereiro de 1891 é promulgada a Constituição Da República
Dos Estados Unidos Do Brasil.

Figura 7: Marechal Deodoro da Fonseca

Fonte: Bradley e Rulofson (1876)

2.2 COMEÇA-SE UMA NOVA E CONTURBADA REPÚBLICA

Por aclamação Deodoro da Fonseca torna-se nosso primeiro presidente,


porém o quadro político estava longe de ser calmo. O então presidente tinha a
fama de ser destemperado e muito embora um militar afamado em batalhas,
jamais demonstrou liderança para um cargo executivo, apresentando vieses
ditatoriais.
Logo de início, uma gama de equívocos foram feitos, durante o período de
transição, antes da promulgação da nova constituição, o então ministro da
fazenda, o famoso jurista Ruy Barbosa, adotou medidas no sentido de incentivar
o crédito e iniciar um projeto de industrialização, para que os bancos privados
tiveram que emitir papel-moeda. O resultado em pouco tempo foi catastrófico.
Uma crise financeira foi gerada. Estima-se que houve um aumento da
especulação no mercado de ações e aumento da inflação gerando falências de
empresas e esvaziamento dos cofres públicos.

Porém, a nova república não deixou de ser alvo de críticas. A imprensa da


época foi acusada de incitar perturbações contra o regime político, e por isso
decretando-se a censura e supressão a liberdade de imprensa.
Alguns historiadores dizem que foi instaurado uma ditadura militar, porém ao
nosso ver, embora houvesse um decréscimo do direito de imprensa, com o
passar dos anos, paulatinamente isso decaiu, não representando uma ditadura
propriamente dita. Isso somente demonstrou uma atitude totalitária do
governante.
Figura 8: Deodoro da Fonseca

Fonte: Kronstrand (1889)

Sobre a Constituição de 1891 as evoluções foram inúmeras. Passemos a tratar


das mais relevantes e usualmente mais comemoradas.
Com a nova Carta Magna, como se era de se esperar há a extinção do
poder moderador, exercido apenas pelo imperador, mantendo os três poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário.
Com a influência da Maçonaria e da literatura filosófica produzida até
aquela época, aqui há separação entre o Estado e a Igreja Católica.
Do ponto de vista administrativo, o Estado tornou-se o responsável pela
emissão de certidões e certificados e a igreja católico deixou de receber total
subvenção do Estado. Os reflexos disso seriam mais sentidos no Código Civil de
1916, com leis de cunho privado. Como consequência direta a este ato foi
concebida a liberdade de culto para todas as religiões, o Estado tonou-se laico.
É importante frisar que reside uma certa confusão até hoje sobre o termo
“Estado Laico”. Para tal, vamos fazer um esforço de cunho filosófico, portanto vamos
pensar um pouco:
Diante dessa separação um tanto amigável com igreja, uma outra garantia
que foi erigida a direito constitucional foi a do ensino primário obrigatório, laico e
gratuito.
Outra inovação é a proibição do uso de brasões ou títulos nobiliárquicos
(ou seja, da nobreza) nos prédios públicos.
O voto passa a ser universal para cidadãos alfabetizados. Entretanto, leia-
se com Cidadãos, nos termos desta constituição, homens, já que as mulheres não
eram conduzidas aos estudos e também tinham direito ao voto ainda, mesmo que
fossem alfabetizadas. Esse direito só seria conquistado muitos anos depois.
Podemos ainda dizer que o direito a voto continuou pertencendo ainda às classes
mais abastadas da sociedade, pois poucos eram os negros e índios que liam no
início da república.
Nesta Constituição podemos dizer que houve a consolidação do Poder
Legislativo bicameral, ou seja, com Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
Os deputados tinham um mandado de três anos, já os senadores de nove anos.
Com isto houve o fim do Senado vitalício.
Por fim, houve o surgimento do Poder Legislativo provincial, que futuramente
seria a Câmara de Deputados Estaduais. Através deste ato, as províncias
poderiam criar suas próprias leis e impostos, ganhando, portanto, mais autonomia
em relação ao poder central.
Com a nova constituição, os historiadores numa tentativa mais didática
separaram o período em dois marcos, a república velha 1891-1930, e a república
nova que vem desta era até o período atual, que começa, portanto, da era
Vargas
até os dias atuais. Para fins de nossos estudos, no presente capítulo iremos
apenas tratar dos eventos políticos e legais da chamada república velha. Como o
período chamado república nova houve uma atividade política mais volumosa
ante a grandes e rápidas transformações que passava o mundo, guardaremos os
próximos capítulos somente para tratar de forma acurada esta era.

2.3 PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA

Ficando nítido que a república instaurada no Brasil tem sua corrente filosófica
pautada no Positivismo, Liberalismo, alguns autores afirmam que tivemos a
criação de uma república Jacobina, em referência ao partido francês que se
proclamava querer ter um alcance mais social, em prol da igualdade. Na prática
não foi o que se observou.

Para que fique mais claro vamos contextualizar melhor.


Os negros recém abolidos, estavam desempregados, passavam
frequentemente fome, e se refugiavam em locais afastados das cidades e vilas,
que era praticamente feitas para abarcar o modo de vida da aristocracia rural
ainda muito forte. Estes locais afastados deram origem mais tarde as favelas e
os bairros menos favorecidos.
Quando reconduzidos para o mercado de trabalho, muitos ganhavam
apenas a alimentação e em alguns pouquíssimos casos os salários eram baixíssimos,
que mal abarcavam os proventos mensais. Há relatos de muitos negros que voltaram
apara seus antigos senhores para trabalhar apenas pelo prato de comida em
virtude dessas condições.
Às mulheres brancas não havia muito o que fazer, pois eram proibidas de

30
trabalhar de forma plena. Às mulheres negras e índias os trabalhos eram voltados
aos serviços domésticos.
Havia um grande descarte de crianças, principalmente negras. As que não
morriam de fome, ou seja, as mais sortudas eram criadas pelas casas
assistenciais católicas.
Os índios pouco a pouco foram conduzidos mais e mais para o interior do país,
salvo poucas comunidades que foram aos poucos sofrendo os alcances das
civilidades.
Este era o real retrato do governo jacobino, avançado, liberal e progressista
implantado juridicamente.
Este retrato fez com que ficasse mais visível a distância social, e ficando visível
também preconceito, que não diminuiu.
Esse foi o balanço social dos trinta anos de república velha. A república
que deveria ser um governo para todos, era centrado na permanência e
manutenção de uma Oligarquia.
No ponto de vista econômico, a cultura do açúcar e fumo já havia entrado
e decadência. Porém, ganhava força a cultura do café e atividade pecuarista,
principalmente para atender o mercado do leite. Como os métodos de
conservação da carne bovina eram bem rudimentares, o mercado de carne não
era tão forte como hoje em dia.
Contudo a força destas duas produções era tamanha, que elas passaram a
financiar campanhas políticas, momento em que foi chamado de política do café-
com-leite.
Dessa forma, os grandes agricultores e pecuaristas (ambos chamados de
coronéis), conseguiram por quase três décadas eleger seus representantes, que
evidentemente, em algum ponto do futuro, iriam favorecer de alguma forma com
projetos políticos estas classes. Esta prática foi chamada de Clientelismo. E embora
tenha sua marca explícita nesta era política do Brasil, ela ainda existe, ensejando os
casos de corrupção vistos até os dias de hoje.
Pouco falada, se destacava também, mas com menor potencial lucrativo, a
extração da matéria prima para a borracha e o cacau.
A industrialização neste período inicia de forma tímida seus primeiros passos,
principalmente concentrada na região sudeste, porém sem nenhuma produção
que tivesse expressividade. A primeira guerra mundial é um dos grandes gatilhos

31
para que

32
os empresários brasileiros tivessem interesse em investir no setor industrial, pois uma vez
que a Europa estava praticamente parada por conta dos conflitos, a importação
de artigos industrializados passou a ganhar destaque em nossa produção. Diga-
se passagem, embora convencionamos chamar Primeira Guerra Mundial, apenas
o Continente Europeu e os países que tinham influência sentiram os impactos da
tal guerra.

2.4 UMA REPÚBLICA EM CONSTANTE CONFLITO

Tumultuada pelo agravamento do distanciamento social. O Brasil passava


pelos últimos remodelamentos de território. Entre 1893 e 1895 Brasil e Argentina
travaram forte embate por grande parte da região que compreende o estado de
Santa Catarina. Batalha esta que só foi ganha graças ao auxílio financeiro dos
Estados Unidos.
Em 1900 França (através da Guiana Francesa) e Brasil disputam o território do
Amapá. Tal guerra teve o auxílio da Suíça. Vencida a guerra, o Brasil incorpora toda
região.
Em 1903 as tensões criadas por Brasil e Bolívia por conta da extração do Látex
chegam ao fim. O Brasil compra por dez milhões de dólares a região que hoje
conhecemos como Acre, o chamado Tratado de Petrópolis.
Porém, embora territorialmente tenhamos conseguido a paz,
internamente, socialmente eclodem revoltas das mais variadas ordens.
Em ordem cronológica podemos citar a guerra de Canudos na Bahia,
liderados por Antônio Conselheiro e durou entre 1896 a 1897.
O que inicialmente começou por uma insatisfação pela miséria local,
ganhou proporções insurgentes. Coronéis e até membros da Igreja Católica
aderiram ao conflito. Os principais motivos eram o descaso com a seca e com o
trabalhador rural, aumento considerável de impostos, e a separação entendida
descabida do Estado com a Religião acarretada pela proclamação da república.
Após quatro expedições militares Canudos é massacrada.
Figura 9: Mappa geral da Republica dos Estados Unidos do Brasil

Fonte: Calmon (1908)

Em Juazeiro do Norte no estado do Ceará, no ano de 1913 Padre Cícero


lidera um exército formado por fiéis por causa da retirada do poder da tradicional
família Accioly. Aqui as questões foram resolvidas entre o governo do Estado e os
fiéis. A família retoma o poder e o Padre Cícero vira um fenômeno político.
A Guerra do Contestado (1912 – 1916) se deu, de certo modo, por
motivos diversos aos que aqui foram apresentados. Primeiramente temos que
dizer que a região a qual passaram os conflitos houve uma desapropriação de
terras em favor de Americanos e Ingleses. Os camponeses que estavam na posse
do imóveis foram literalmente expulsos, gerando marginalização e revolta desses. E
por ato do governo, os participantes foram massacrados assim como em Canudos.
Estes movimentos revoltosos mostraram a população a força do governo,
indisposto a negociações. Porém, havia outros movimentos esparsos, conhecidos
como banditismo social, geralmente relacionados à região nordeste. Consistiam
em bandos armados que sobreviviam de crimes. Alguns redistribuía renda
adquirida ilegalmente para as pessoas carentes, mas em regra eram
saqueadores. O grupo mais conhecido foi o de Lampião, cujas lendas circulam
ainda hoje nas regiões nas quais grupos desse tipo passaram. Tais grupos foram
caçados e seus representantes mortos sem um devido processo legal.
Aqui falamos apenas alguns exemplos, porém outros movimentos
ocorreram em menor porte. São também ocorrência deste período republicano: A
revolta da Vacina, A Revolta da Chibata, Movimento Operário, O tenentismo,
Rebelião Paulista e outras.
Carece destaque de nossa parte tratar do Tenentismo e Revolta do Forte
de Copacabana. A primeira foi idealizada por oficiais do exército que queriam
moralizar as eleições que sempre passaram pela interferência das oligarquias que
por sua vez promoviam fraudes.
Do movimento do Tenentismo o seu ponto mais alto foi a Revolta do Forte
de Copacabana, também chamada de revolta dos 18 por sido uma passeata com
esta quantidade de pessoas. Muito embora tenha havido vítimas e mortos, os
acontecimentos desta revolta abriram janela para o que chamamos de revolução
de 1930 que passaremos a ver agora.

2.5 CLAMORES POR UMA REFORMA POLÍTICA

Com este quadro podemos ver que o Brasil não era um país garantidor, e
estava longe de ser uma república democrática. Ante a isto, surgia no campo
ideológico clamores por uma reforma política, sob a influência da literatura alemã
e russa, que na época apontavam como expoentes da produção científica e
artística. Crescia aqui o pensamento comunista cujo o maior nome e defensor
era Vladimir Ilyich Ulianov, ou como ficou mais conhecido, Lenim.
Destaca-se neste momento Luís Carlos Prestes, diretamente influenciado pelo
marxismo Lenista, criou um periódico chamado Coluna Prestes que ajudou a difundir
os ideais comunistas no país, recrutando adeptos.
Seus atos impulsionaram a formação do Partido Comunista do Brasileiro (PCB),
que no plano legislativo ajudaram a conquistar benéficas garantias às minorias,
equalizando os debates com grupos ultraconservadores do governo.
2.6 SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922

Muito embora, não seja o cerne de nossa disciplina o estudo dos reflexos
no campo artísticos deste acontecido, a data é frequentemente lembrada junto
com a Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana e a fundação do Partido
Comunista, como um marco do início da crise oligárquica no Brasil.
Ligados a vanguarda artística, este marco institui o modernismo no Brasil. Os
artistas dos mais variados campos preceituaram a ruptura do pensamento
artístico tradicional e conservador.
Aqui tendia-se olhar para a expressão artística autenticamente brasileira,
valorizando identidade nacional e buscando romper com a influência europeia.

2.7 REVOLUÇÃO DE 1930: PRELÚDIO

Vista essa breve síntese dos fatos, vimos que os primeiros anos da
república foram constituídos de conflitos, ascensão da classe oligarca, e debates
políticos acirrados.
Chagamos ao governo de Washington Luís, o décimo primeiro presidente
da república. E Último do que chamamos de república velha. Seu governo não
trouxe tantas questões que carecem nosso apreço. Ele continuou o combate a
Coluna Prestes e o avanço a tendência comunista que já estava tão acesa na
Europa.

Figura 10: Washington Luís

Fonte: Galeria de Presidentes (1926-1930)


O Mundo vivia uma situação extremamente delicada, eram momentos pré-
segunda guerra mundial.
Durante seu governo, o café, principal produto de exportação,
experimentou de forma mais forte seu declínio. Além disso, o mundo viu a quebra da
bolsa de Nova Iorque.
Para conter um já visualizado declínio da economia nacional, com auxílio
do então ministro da fazenda, Getúlio Vargas, sanciona o Decreto nº 5.108 com
medidas que autorizava o executivo, dentre outras disposições, fazer as operações de
credito internas ou externas necessárias para a melhor execução desta lei,
combinando prazo, juros, amortização e garantias.
O então presidente, criou através do decreto nº. 17.999 de 29 de novembro
de 1927, o Conselho de Defesa Nacional, visando uma coordenadoria de
conhecimentos acerca de questões de ordem financeira, econômica, bélica e
moral, referentes ao amparo da nação. Este conselho mais tarde seria
responsável pela inteligência de segurança nacional.
Investiu fortemente em estradas asfaltadas no eixo Rio- São Paulo.
Washington Luís inicia o rompimento com a política de Café-com-Leite,
lançando Júlio Prestes para a campanha à presidente, ganhando a adesão dos 17
estados que exatamente não tinham grande representatividade em virtude dos
anos em que a tal política os repelia.
Formando a Aliança Liberal, os Estados restantes, quais sejam, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, lançam campanha eleitoral com o nome de
Getúlio Vargas como presidente e o presidente (leia-se, governador) do Estado
da Paraíba João Pessoa. Esta aliança, embora aparentemente pouco numerosa,
ganhou apreço de muitas personalidades de peso da época, o que fez com que a
proposta do liberalismo estatal e econômico ganhasse força.
Mais uma vez no tabuleiro político nacional estava uma banda
conservadora, cafeicultora, decadente por causa da crise de 1929, e noutra
banda uma liberal, e apoiada por outros seguimentos nacionais.
As passeatas nesta época sempre eram marcadas por violência, mas era
nítido aqui que as tensões ficaram mais fortes. Um dos momentos marcantes ocorreu
poucos dias antes da eleição, sucedida no dia 6 de fevereiro, evento chamado de
atentado de montes claros, quando apoiadores de Júlio Prestes foram alvejados,
alguns chegando a óbito.
Estes eventos iriam desencadear de vez a revolução de 1930.
No ano em comento, Júlio Prestes ganha as eleições. Como era habitual,
as eleições eram sempre fraudulentas, de toda sorte, estima-se 1.091.709 dos
votos foram a favor de Júlio prestes, contra 742.794 votos a favor de Getúlio Vargas.
Diante desta proximidade, a Aliança Liberal declarou que houve fraude e
rejeitou a validade destas eleições. Todavia em virtude da derrota, ela começou
a esfacelar. Contudo, as revoltas contra os partidos apoiadores de Prestes eram
ainda frequentes, e efervescência persistiu no Brasil sempre com nuances de
violência e com emprego de armas.
Os que permaneceram em apoio a Aliança Liberal, iniciaram um processo
conspiratório com sede no Estado do Rio Grande do Sul, que tinha como cunho
principal retirar e legitimidade das eleições e os apoios aferidos a Júlio Prestes.
Em Pernambuco, meses depois o candidato a vice-presidente João Pessoa
é assassinado por questões eminentemente pessoais, ou seja, aparentemente
sem nenhuma relação política, porém sua morte foi entendida pela Aliança como
o estopim.
Washington Luís, ainda estava finalizando o mandato quando soube que
algumas marchas caminhavam para derruba-lo do poder, este por sua vez nada
fez. No dia 03 de outubro de 1930, inicia-se a revolução, Getúlio Vargas infiltra
alguns dos seus afiliados e toma a 3º Região Militar com sede em porto alegre,
iniciando uma marcha rumo a Santa Catarina com destino ao Rio de Janeiro, que
nesta época era sede ainda do governo. No Nordeste alguns governadores são
depostos de seus cargos.
Vargas sabia que o plano não poderia dar errado pois segundo o artigo
107 do decreto nº 847, 11 de outubro de 1890, tentar diretamente e por fatos,
mudar por meios violentos a Constituição política da República ou a forma de
governo estabelecida teria pena de banimento aos autores e aos partícipes a
reclusão por 5 a 10 anos.
Embora, não tivesse a adesão inicialmente em todos os Estados, pouco a
pouco Vargas vai conseguindo a reunir forças militares em todos eles. Muitos políticos
influentes foram presos ou exilados dentre eles Washington Luís e Júlio Prestes.
Getúlio toma o poder através de um golpe militar, encerrando a República
Velha, derrubando as Oligarquias que desde o Tenentismo já eram criticadas.
2.8 ALGUMAS LEIS RELEVANTES DESTE PERÍODO

Podemos apresentar atos relevantes promovidos como decretos para


nossa disciplina:

 726, de 8.21.1900 Autoriza o Governo a dar permanente instalação,


em prédio público de que possa dispor, à Academia Brasileira de Letras,
fundada na capital da República, e decreta outras providencias;
 979, de 6.1.1903 Faculta aos profissionais da agricultura e industrias rurais
a organização de sindicatos para defesa de seus interesses;
 1.102, de 21.11.1903 Institui regras para o estabelecimento de empresas
de armazéns gerais, determinando os direitos e obrigações dessas
empresas;
 2.044, de 31.12.1908 Define a letra de câmbio e a nota promissória e
regula as Operações Cambiais;
 2.591, de 7.8.1912 Regula a emissão e circulação de cheques;
 2.784, de 18.6.1913 Determina a hora legal;
 3.708, de 10.1.1919 Regula a constituição de sociedades por quotas,
de responsabilidade limitada.

Como dissemos, estes são os mais relevantes, porém não impedem que
possamos fazer menção honrosa a outras leis. Uma delas é o Código Civil de
1916, que era extremamente patriarcalista, e por que não dizer, muitas vezes
machista, que tinha as mulheres apenas como objetos dos homens, e seres sem
praticamente sem nenhuma personalidade jurídica. Este código permaneceu em
vigor, pasmem, até 2002.
1. Nesta unidade pudemos ver melhor as causas apontadas para o declínio do
Império no Brasil e a ascensão de uma nova e tumultuada República. Desse
contexto podemos considerar como afirmação verdadeira:

a) O movimento pela abolição da escravatura foi responsável pela queda do


regime imperial
b) A Igreja Católica era satisfeita com o Imperador que queria fazer interferências
no clero.
c) A aristocracia rural satisfeita pelos atos abolicionistas do governo não apoiou
o movimento republicano
d) A Maçonaria que defendia o liberalismo e o positivismo não apoiou a queda do
império
e) O aumento do prestígio do exército não tem influência com a queda do império

2. Em 15 de novembro de 1889, tomando alguns prédios públicos, com um punhado


significativo de soldados, o Marechal Deodoro da Fonseca proclama a
república. E em 1891 é promulgada a nova constituição brasileira. Desse
contexto podemos considerar como afirmação verdadeira:

a) A constituição previa o equilíbrio de 3 poderes.


b) A nova constituição não previa a criação de um estado laico, independente da
igreja;
c) Haveria cargos vitalícios para senadores.
d) A constituição não previa a criação Poder Legislativo provincial.
e) Aqui houve a consolidação do sistema tricameral para o legislativo.

3. Os primeiros anos de república restaram-se extremamente difíceis uma vez


que existiam problemas de ordem social de muitas ordens, sem falar que o país
tomou inicialmente medidas econômicas equivocadas. Desse contexto
podemos considerar como afirmação correta:

a) Os negros recém abolidos, foram admitidos em empregos estáveis


b) Mulheres não poderiam exercer seu direito à voto.
c) Os índios pouco a pouco foram conduzidos mais e mais para suas terras de
origem.
d) O distanciamento social não ficou mais evidente.
e) A república, em seu início, ficou marcada por pelo crescimento da cultura do
milho.

4. Estudamos nesta unidade que os grandes agricultores e pecuaristas (ambos


chamados de coronéis), conseguiram por quase três décadas eleger seus
representantes, que evidentemente, em algum ponto do futuro, iriam
favorecer de alguma forma com projetos políticos estas classes. Esta
atividade ficou conhecida como

a) Corrupção.
b) Clientelismo.
c) Estelionato
d) Descaminho
e) Atendimento

5. A nova república foi recoberta por grandes manifestações em desfavor do


governo. Dentre as alternativas abaixo, aponte a única revolta que ocorreu no
período colonial e não no republicano:

a) A Guerra de Canudos.
b) A Guerra do Contestado
c) Inconfidência Mineira.
d) A Revolta da Chibata.
e) O tenentismo.

6. A partir da década de 1920, o Brasil passa por transformações políticas. Com


o enfraquecimento da política do café-com-leite, o modelo de liberalismo
político- econômico passou a ser clamado por parcela da população. Sobre os
eventos ocorrido nesta década aponte a afirmação correta:

a) A semana de arte moderna não mostrou no campo artístico valorização de


uma identidade nacional, buscando romper com a influência europeia
b) Nesta década não houve a consolidação do partido Comunista.
c) O tenentismo não foi um dos movimentos que impulsionaram o a revolução
de 1930.

40
d) Washington Luís iniciou o rompimento com a política de Café-com-Leite
e) O Candidato de Washington Luís era Luiz Carlos Prestes.

7. A revolução de 1930 marca o fim da chamada República Velha instaurando


um novo momento histórico em nosso país. Sobre os eventos que conduziram a
este momento aponte a alternativa verdadeira

a) A Aliança Liberal foi composta por representações políticas do Rio Grande do


Sul, Paraíba e São Paulo.
b) O Conselho de Defesa Nacional, foi uma coordenadoria somente para fins
bélicos
c) Getúlio Vargas incialmente foi vice-presidente de Washington Luiz.
d) A morte do candidato a vice-presidente João Pessoa não influenciou a
revolução de 1930.
e) Júlio Prestes ganha as eleições com margem expressiva sobre Vargas

8. A República Velha é um termo didático que assinala para era que se inicia
1891 com a promulgação da primeira constituição republicana e vai até 1930
com a chegada de Getúlio Vargas ao poder. Das disposições legais desta era,
aponte para a única que é referente a este marco.

a) 3.270, de 28.9.1885 Publicado na CLBR de 1885 que regula a extinção gradual do


elemento servil;
b) 3.129, de 31.12.1882 Publicado na CLBR de 1882 que regula a concessão de
patentes aos autores de invenção ou descoberta industrial;
c) 646, de 31.7.1852 Publicado na CLB de 1852 que Fixa a Força Naval para o ano
financeiro de 1853 - 1854.;
d) decreto nº 847, 11 de outubro de 1890, Código penal;
e) 2.044, de 31.12.1908 Define a letra de câmbio e a nota promissória e regula
as Operações Cambiais

41
A ERA VARGAS UNIDADE

Chegamos neste capítulo na República Nova, momento histórico político no


qual estamos inseridos, por se tratar de um ponto muito específico que durou muitos
anos, dedicaremos este capítulo para tratar da Era Vargas. Vamos lá?

3.1 PRIMEIROS ANOS APÓS A REVOLUÇÃO DE 1930

Uma vez que a democracia fora tomada à força por Getúlio Vargas
conjuntamente com suas alianças político-militares, o Brasil vive entre 1930-1934
um governo provisório. A situação jurídica aqui é extremamente temerária. Pois
uma vez que instituída a democracia, estava no poder alguém que não tinha
legitimidade para exercer o cargo de Presidente da República.

Ao tomar posse, em seu discurso, Vargas assim asseverou:

Senhores da Junta Governativa: Assumo, provisoriamente, o Governo


da República, como delegado da Revolução, em nome do Exército,
da Marinha e do povo brasileiro, e agradeço os inesquecíveis serviços
que prestastes à Nação, com a vossa nobre e corajosa
atitude, correspondendo, assim, aos altos destinos da Pátria (BRASIL,
2009, p. 51)

Do ponto de vista jurídico, em seu primeiro Decreto 19.398 de 11 de


novembro de 1930 consta significativamente pontos que extinguiu o modelo
federalista. Com este decreto, é visível o golpe contra a constituição de 1891.
(BRASIL, 1891)
Interessante apontar que a base liberal, de onde Vargas sempre teve seu
apoio, estimava o modelo federativo.
O decreto acima mencionando, literalmente dissolveu, as assembleias
estaduais e as câmaras municipais, nomeando interventores que iriam substituir
os governadores estaduais.
Esta medida, dentre outras coisas, visou retirar o controle financeiro dos
estados e consequentemente centralizando-o no governo central. Com isso os
estados foram impedidos de tomarem empréstimos, com entes internos ou externos,
sem prévia autorização do governo.

Figura 11: Getúlio Vargas

Fonte: Galeria de Presidentes (1930)

O governo nestes primeiros anos trabalhou no sentido de diminuir os efeitos


da crise de 1929, dentre eles foi em compor grande número de leis trabalhistas que
mais tarde resultariam na Consolidação de Leis do Trabalho – CLT.
Sob o mesmo decreto, Getúlio criou o Tribunal Especial que viria a ser
responsável por processar e julgar criminosos políticos, funcionais e outros não
discriminados.
Aos revoltosos ainda vivos de 1922 à 1924 o presidente concedeu anistia,
ou seja perdão pelos crimes cometidos, dentre eles estava uma personalidade ilustre
dos livros de História, o General Castelo Branco, que viria a ser presidente do
Brasil no período mais tarde chamado de ditadura militar.
Com isso algumas personalidades que foram exiladas iniciaram um movimento
de retorno ao país. Dentre eles, citamos a família real do Brasil, que desde o
golpe em favor da república estava na Europa.
No ano de 1931, Vargas juntos com ministros Aliancistas, através de um
manifesto, funda a Legião de outubro, ou Clube 03 de Outubro, cujo nome é uma
homenagem direta ao golpe dado no ano anterior que instituiu o Governo
provisório. Embora o nome pareça amistoso, este intento, originou uma
organização nacional, com qualidades de um exército civil, para adicionar as
forças da Revolução. Este ato também tinha um objetivo de aprofundar a Aliança
Liberal em outras áreas como economia, educação. A legião de outubro
brecava medidas antirrevolução de 1930, reprimindo qualquer pleito por novas
eleições. Desse modo, ela alongava a ditadura recém instaurada, assim como,
instaurava a criação de organizações revolucionárias nos estados, que, assim
que fundadas desbaratavam
os partidos políticos.
Incontestavelmente, nesta altura, os direitos políticos foram oprimidos.
A força de Vargas fica tão visível aqui, que através da redação deste
manifesto, a população era chamada a "empunhar as armas" caso fosse
necessário.

Figura 12: Revolucionários de 1924 Castelo Branco (em pé, o 2º a partir da direita)

Fonte: Iconographia (1924)


3.2 SÃO PAULO DURANTE O GOVERNO PROVISÓRIO DE VARGAS

Neste momento uma das figuras históricas mais importantes foi o militar
pernambucano João Alberto Lins de Barros, ou como politicamente foi chamado
João Alberto, participante da Revolta Paulista de 1924 e da Coluna Prestes, este
foi um tenentista que se tornou um vulto importante para Vargas.
Uma vez que São Paulo era um reduto contrário ao então Presidente
Provisório, Getúlio Vargas nomeou João Alberto por sua tenacidade e liderança.
No seu ato do mandato, João Alberto regulamentou, via decreto, um
aumento imediato de 5% os salários dos operários e reduzindo a jornada de trabalho
para 40 horas semanais, e caso a medida não fosse ajustada poderia ser usado o
emprego da força, chegando inclusive ao confisco das fábricas. Embora soe
aparentemente justa, a medida foi adotada com muita assertividade, gerando
um desequilíbrio na economia local, pois adveio sem preparar a classe
empregadora para o aumento repentino do orçamento das empresas.
Evidentemente isso gerou uma enorme insatisfação.

Figura 13: João Alberto

Fonte: Aureliano Leite (1954)

Essa medida foi deveras contrastante, pois enquanto por um lado fora
totalitária, do outro lado, nas falas do próprio João Alberto, o povo (chamado por
ele de operário) era impedido de fazer greve ou qualquer agitação característica
de
ordem comunista ou anarquista.
É claro que estas falas não foram endereçadas para o proletariado, pois
eles estavam sendo privilegiados obviamente pela medida, e sim para a classe
empregadora que era naquele instante era afetada.

Todavia, com a forte crise econômica instaurada no Brasil, fundido com o


regime ditatorial que se apontava, manifestações começaram as surgir em
muitos estados do Brasil. Tais atos começaram a ser reprimidos com o emprego
da força pelo governo. Importante destacar que embora a repressão destes
movimentos foram embasados como combate ao comunismo.
Devido à efervescência vivida pela industrialização principalmente nos
estados de São Paulo, não era incomum alguns adeptos do regime stalinista que
naquele instante afigurava. Inclusive houve uma Associação dos Empregados do
Comércio que diretamente ligados ao Partido Comunista do Brasil que apoiavam
o stalinismo.
Contudo, estes movimentos ajudaram a favorecer a atividade sindical.
Por fim, a cafeicultura enfrentava seus últimos suspiros de vida. Com o
comércio internacional em baixa, o governo toma para si, dentre outras coisas, a
aquisição, guarda e liquidação dos estoques de café. Como não havia demanda
para a compra do produto o governo se viu obrigado a queimar centenas de
sacas de café. Isto ficou tão acentuado que Noel Rosa, famoso sambista, assim
escreveu e cantou:
O partido democrático, em manifesto, pede a retirada do Interventor João
Alberto e interromper a assembleia constituinte que já começava a ser preparada
com a finalidade de produzir o texto da constituição de promulgada 1934. Após
vários conflitos, e muitos revoltosos presos, o então interventor deixa o governo,
sendo substituído logo em seguida.
Durante seu governo, João Alberto autorizou o funcionamento do Partido
Comunista do Brasil, bem como, permitiu a criação da Sociedade dos Amigos da
Rússia, e ajudou a fundar a seção estadual em São Paulo da Legião
Revolucionária.
Entre 1932 e 1933 a assembleia constituinte é convocada ainda sob
muitos conflitos e no âmbito internacional Hitler torna-se Embaixador da Alemanha.

3.3 UMA NOVA CONSTITUIÇÃO EM 1934

Após 4 anos de muitas revoltas, é promulgada, em 16 de julho de 1934, a


nova Constituição Da República Dos Estados Unidos Do Brasil. Como dissemos,
uma constituição é a lei máxima que dita os limites jurídicos de um
Estado. Em seu preâmbulo assim consta:

Nós, os representantes do povo brasileiro, pondo a nossa


confiança em Deus, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte
para organizar um regime democrático, que assegure à Nação a
unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico,
decretamos e promulgamos a seguinte (BRASIL, 1934)

Para iniciar os estudos sobre esta constituição, precisamos entender que


nossas cartas constitucionais, em regra, foram inspiradas em outras cartas
constitucionais de outros Estados.
A constituição francesa inspirou a brasileira de 1824, a constituição de 1891 foi
inspirada na constituição americana, daí o nome oficial do Brasil aqui ser
“Estados Unidos do Brasil”.
Aqui, a constituição de 1934 sofre influência da carta da República de
Weimar, nome que Alemanha ostentou 1919 à 1933, período entre as guerras
mundiais. Neste período, a Alemanha viveu com firmeza o liberalismo, fazendo
emergir uma gama grande de direitos sociais, chamados também de direitos
fundamentais, como o direito à vida digna. É através dela que começamos a ver
juridicamente garantias importantes como a proteção ao trabalho, à educação, à
cultura, e uma novidade, à previdência.
Nossa Constituição irá beber exatamente dessa fonte. Contudo ela era
apenas um texto bonito, inaplicável ao Brasil daquela época. Vide o Art 178, § 5º que
dizia que “Não serão admitidos como objeto de deliberação, projetos tendentes a
abolir a forma republicana federativa”. Ora nobilíssimo aluno, 4 anos antes da
promulgação da Carta de 1934, Vargas havia tomado o poder e abolido a mesma
forma republicana, e 3 anos depois, em 1937, lança nova constituição, para
continuar promovendo sua ditadura.
Isso é só um de tantos exemplos que poderíamos dizer que comprovaram a
ineficácia desta Constituição, mas isso faria com que o texto ficasse cansativo.
Todavia, para que o aluno tenha alguma noção passemos a citar mais alguns
exemplares de ineficácia.
O Estado a partir desta constituição passou a promover a educação, e é
desta época que remota a fundação da Universidade de São Paulo – USP. Em que
pese ser uma instituição de ensino superior público, apenas os filhos de pessoas
abastadas poderiam estudar nesta época. Além do ensino superior não ter ainda
tanta importância para o mercado de trabalho como hoje temos, poucas
pessoas
enveredavam por estes estudos. Não havia um pensamento de promover
políticas públicas mais assertivas que pudessem conduzir um indivíduo com
maior facilidade ao ensino superior. Ou seja, embora belíssimo o texto
constitucional, na prática, os “direitos sociais” só eram exercidos por poucos.
No campo do Direito do Trabalho, embora tenhamos avanços expressivos
no plano legal, a aplicabilidade inicial era mínima, pois embora as leis
trabalhistas favorecessem aos empregados, poucos iam promover reclamações
no âmbito das Juntas de Conciliação e Julgamento, que mais tarde seriam
erigidas a condição de Justiça do Trabalho, no ano de 1941. Ademais, cumpre-se
dizer que era muitíssimo comum na época condições análogas ao trabalho
escravo.
Por fim, como Brasil ainda tinha poucas sedes realmente urbanas, estando
a população concentrada em sua maioria nas zonas rurais, basicamente poucos
cidadãos se deslocavam as sedes Juntas de Conciliação e Julgamento foram
instalados nos grandes centros para promover uma demanda trabalhista por
conta dos desgastes com o deslocamento. Ou seja, era um direito que só seria
exercido de fato, por um trabalhador que exercesse uma profissão numa esfera
urbana e que tivesse instaurada alguma Junta de Conciliação e Julgamento, caso
contrário o pleito laboral pereceria.
A mesma Constituição previa o Direito ao voto à mulheres. Embora pareça ser
um avanço, como o Brasil viveu um longo período de eleições indiretas, ou seja,
aquelas em que a casa legislativa é quem vota nos representantes, esse direito ficou
iníquo, ou seja, sem nexo, já que o parlamento consistia apenas por homens.
Ou seja, estávamos diante de uma lei extremamente avançada para o
contexto social que se vivia. Portanto, ela era muito mais uma meta, um objetivo do
que uma questão regulatória propriamente dita.

3.4 A CONSTITUIÇÃO DE 1937

Três anos depois após a promulgação da Constituição de 1934, o Brasil


sofre nova alteração Jurídica, advindo uma nova ordem jurídica implantada
pela constituição de (1937). A este período passou a ser chamado como Estado
Novo.
Aqui, o Golpe de Estado fica cada vez mais nítido. No contexto social aqui
já citado, a então assembleia constituinte elege indiretamente Getúlio Vargas no
intuito de legitimar sua posse do estado de presidente. Dois grupos políticos
ficam muito
cristalinos, a Ação Integralista Brasileira, um grupo conservador e a já comentada
Aliança Nacional Libertadora, apoiada pelo Partido Comunista Brasileiro.
Em 1935 é aprovada a Lei De Segurança Nacional no intuito de combater
crimes contra “ordem social”. Getúlio Vargas pressiona o congresso e decreta Estado
de Sítio. Com isto o governo passa perseguir diretamente os que eram assim
chamados de comunistas, todavia na verdade foram perseguidos aqueles que se
opunham de alguma forma ao governo vigente.
O termo estado de sítio, caso o aluno não saiba, nesta época, guardava
relação com a supressão de direitos e garantias fundamentais, dentre eles o
direito ao devido processo legal, ao contraditório e a ampla defesa.
Comunistas Stalinistas declarados como Luiz Carlos Prestes foram presos e
torturados.
Com o poder legislativo e o judiciário à mercê do poder executivo, Getúlio
Vargas em 10 de novembro de 1937 implementou novo golpe. Uma ditadura
totalitária é firmada.
Usando do seguinte discurso,

Entre a existência nacional e a situação de caos, de


irresponsabilidade e desordem em que nos encontrávamos, não
podia haver meio termo ou contemporização. Quando as
competições políticas ameaçam degenerar em guerra civil, é sinal
de que o regime constitucional perdeu o seu valor prático,
subsistindo, apenas, como abstração” (BRASIL, 2009, p. 51)

Vargas anuncia uma nova constituição, aqui vemos um presidente


extremamente afinado com os regimes nacionalistas e autoritários que estavam em
vigor na Europa, como o implementado por Adolf Hitler.
Neste momento, a liberdade de imprensa fora cassada, e os sindicatos
abolidos.
Por outro lado, o Estado começa a ficar cada vez mais aparelhado e
burocratizado para se tornar um instrumento de controle eficaz. Os Governos
Estaduais foram reprimidos de autonomia e deveriam servir com exatidão ao
Governo Federal.
Enquanto economicamente o Brasil mantinha afinidade e relações estreitas
com os Estados Unidos, internamente Vargas simpatizava mais e mais com os
governos Alemão e Italiano.
Sobre a Constituição de 1937, esta ganhou o nome de polaca, por guardar

50
demasiados traços com a Carta da Polônia, que vivia sob regime totalitário por
anos. Podemos citar como suas principais características desta Carta Estatal a
concentração dos poderes executivo e legislativo nas mãos do Presidente da
República, contudo na prática o judiciário também se subordinava a este ente da
república. No seu texto ficou expresso que a eleições seriam indiretas para presidente,
que teria mandato de seis anos. Na leitura podemos perceber que ela extingue
qualquer traço de liberalismo incluindo até a pena de morte. Embora tenha sido
uma época bastante propícia para acessão dos direitos do trabalho, o texto desta
Carta retira dos trabalhadores o direito de greve. Por fim, podemos dizer que o texto
desta Lei Maior permitia ao governo expurgar quaisquer funcionários que se
opusessem ao
regime.

3.5 ESTADO NOVO DENTRO DO CONTEXTO DO PÓS SEGUNDA GUERRA


MUNDIAL

Como se vê, desde 1930 houve de forma geral uma supressão de direitos,
muito embora alguns tenham aparecido formalmente depois de 1937. Com a
eliminação sumária do liberalismo, que neste momento histórico, estava fundido com
o comunismo, abriu-se lentamente espaço para ascensão dos movimentos mais
conservadores como a União Democrática Nacional.
Nesta altura de nossos estudos, estamos no ano de 1939 e a Segunda Guerra
Mundial tomava seus formatos decisivos. Os países, em sua maioria, do
hemisfério norte do globo viviam numa grande efervescência política e bélica. O
Brasil que se manteve longe por muitos anos do conflito une-se aos Aliados
(dentre seus representantes estão os Estados Unidos e Inglaterra) contra o Eixo
(países liderados pela Alemanha).
O mundo começava a mudar, e o pensamento nacionalista de cunho
extremista começavam a ser questionados. Vargas começa a encarar o cansaço
de suas atitudes. Em 1943, juristas de Minas Gerais lançam o manifesto pelo fim
da Ditadura de Vargas e pelo processo de redemocratização, este ato teria
adesão de muitas personalidades importantes de diversos setores do país.
Ainda um ano antes, em 1942, os alemães afundam submarinos
brasileiros, obrigando Vargas a responder e adentrar com maior firmeza na guerra.

51
A rejeição popular era nítida.
Para não sofrer um golpe, tal qual o mesmo promoveu, Vargas se viu obrigado
a anistiar os presos e convocar nova Assembleia Constituinte assim como marcar
novas eleições.
Isso não foi suficiente, pois o exército já estava articulado para destituí-lo.
Em 29 de outubro 1945, os militares que compunham o ministério invadiram o
Palácio do Catete para destituir o então Presidente da República. Porém, para
não sofre maiores penalidades resolve renunciar ao seu posto. Aqui a Segunda
Guerra estava em seu término.
Isso evidentemente não derrubou Vargas de imediato. Com o incidente de
sua renúncia, em dezembro do mesmo ano, ele viria a ser eleito senador pelo
seu Estado, o Rio Grande do Sul. E incrivelmente em 1951 tornaria a presidência
da república por ampla votação popular.

3.6 CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1946

O Brasil neste ponto estava organizado politicamente em torno de três


Partidos Políticos Partido Social Democrático - PSD, União Democrática Nacional -
UDN, Partido Trabalhista Brasileiro - PTB. Os dois primeiros eram endossados
basicamente por membros da mais alta classe social do país, portanto, defendiam
a implantação de um capitalismo mais aberto ao capital estrangeiro aliado às
grandes companhias internacionais. O último partido, era composto pela classe
proletarizada, que defendia o nacionalismo varguista, portanto, e um país
disperso de alianças internacionais. Isso é mais lógico pensar, pois foi na era
Vargas, o momento político de extrema proteção ao trabalhador, tendo seu ápice
a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT.
Os clamores populares pediam o retorno da Tripartição dos poderes e da
autonomia políticas dos Estados, e assim, com uma nova assembleia constituinte
formada, em 18 de setembro de 1946 é promulgada a Constituição Dos Estados
Unidos Do Brasil.
Aqui ficou perceptível que o legislador constituinte não se preocupou tanto
em elaborar um texto incrementado, trazendo em si, apenas, os institutos jurídicos
fundados nas constituições de 1891 e 1934.

3.7 O LIBERALISMO É A PALAVRA DE ORDEM

Além da reintegração dos institutos da Tripartição dos poderes e da


autonomia políticas dos Estados, uma das novidade foi que o Poder Judiciário
passou a ser formado pelos tribunais federais de cada estado e pelo Supremo
Tribunal Federal, isso concedeu alguma celeridade nos litígios.
Com a saída de Vargas, novas eleições foram convocadas, e o candidato
que concorreu ao cargo de Presidente da República e que se saiu vitorioso foi
Eurico Gaspar Dutra, através da coligação PSD-PDT. Militar de mais alta patente de
Vargas, este por sua vez o auxiliou firmemente nos eventos da revolução de 1930 e
no golpe do Estado Novo em 1937. Esteve entre os militares que lideraram a
campanha do Brasil na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, sendo em 1945
Ministro da Guerra de Getúlio Vargas. Assumindo o mais alto cargo de chefia do
ordenamento público em 31 de janeiro de 1946.
No cenário internacional começava o período chamado de Guerra Fria,
Dutra por sua vez, reforça a aliança com os Estados Unidos.
Dutra tinha como meta reforçar o mercado interno e encontrar formas de abrir
mercado para um comércio externo num mundo devastado.
Para tal lançou um plano sustentado em quatro pilares: Saúde,
Alimentação, Transporte e Energia, chamado plano SALTE. Dentre os méritos
deste plano estão a construção de rodovias, em especial, no eixo Rio-São Paulo,
cuja mais conhecida é BR-2, a Rodovia Dutra e a construção da Companhia
Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), com sede na Bahia. Estima-se que na
vigência deste plano o Brasil tenha crescido cerca de 6% ao ano.
Figura 14: Eurico Gaspar

Fonte: Galeria de Presidentes (1946)

Dentre as inovações, em seu governo Dutra reintegra o direito a


sindicalização. Porém, devido à forte crise econômica mundial a palavra de
ordem era a reorganização da economia. Neste intento Dutra e sua equipe
tomam a medida de absorver quantidade significativa de bens de consumo
incentivando as importações, principalmente dos Estados Unidos e em pouco
tempo, as reservas cambiais do país foram diminuindo, a indústria nacional
desacelerou e a dívida externa voltou a
crescer.
Com a aliança com os Estados Unidos parecia naquele momento próspera,
este país junto com o governo em questão a minaram momentaneamente
qualquer possibilidade comunismo em nosso território, e dessa forma pessoas
ligadas ao partido comunista foram cassadas e destituídas de cargos públicos. Mais
tarde o Brasil rompe em definitivo com a União Soviética.
Em 1950, o Brasil se prepara para uma nova eleição. A coligação do
Partido Trabalhista Brasileiro - PTB e do Partido Social Progressista – PSP, lançam mais
uma vez Getúlio Vargas ao pretenso cargo de chefe do executivo e UDN lança a
candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes. E como a História está escrita, Getúlio
Vargas vence, mesmo sem apoio da mídia, que havia sido censurada anos atrás por
este.
No próximo capítulo analisaremos o momento histórico do retorno de
Vargas e o deleitamento político-legal que embasou o início do período conhecido
como Regime Militar. Vejo você, lá!
1. Nesta unidade tivemos a oportunidade de estudar sobre a revolução de 1930
e seus efeitos. Sobre a Era Vargas é correto afirmar:
a) Vargas era inflexível com as críticas nos veículos de comunicação
b) Vargas não guardava simpatia com regimes nacionalistas europeus como o
nazismo.
c) Em 1937 é inaugurado o que se convencionou chamar de Estado Velho.
d) Vargas promoveu leis retrógradas para o trabalhador.
e) Vargas governou de 1934-1945 sob o regime de governo provisório.

2. Três anos depois após a promulgação da Constituição de 1934, o Brasil sofre nova
alteração Jurídica, advindo uma nova ordem pela constituição de 1937 este
período passou a ser conhecido como Estado Novo. Sobre a era Vargas
aponte a alternativa correta:

a) Comparada à Constituição de 1934, a nova carta de 1937 apresentava nítida


a centralização do poder.
b) Nessa fase da industrialização, tendo outras prioridades, Getúlio Vargas não
cuidou dos direitos trabalhistas.
c) A aliança com os EUA, no contexto da Segunda Guerra Mundial, não foi
utilizada por Getúlio Vargas para promoção da indústria.
d) A resistência à mudança econômica não provinha dos militares, porque ainda
estavam ligados às elites fundiárias da Primeira República.
e) Com a decretação do Estado Novo, em 1930, Getúlio Vargas tomou medidas
como, a diminuição da liberdade de imprensa e a extinção dos partidos
políticos.

3. (CESPE) Getúlio Vargas governou o Brasil entre 1930 e 1945. Esses quinze anos
da Era Vargas sintonizaram o país com a história mundial, seja pela adoção de
nova concepção de Estado, crescentemente centralizadora e autoritária, seja
pela participação direta na Segunda Guerra, ou, ainda, pela decisão de
modernizar a economia brasileira. Assinale a opção que representa um dos
aspectos marcantes desse período:
a) Se, na Primeira República, a questão social era vista como "caso de polícia", com
Vargas, o Brasil adota a moderna concepção de direitos sociais, de que seriam
exemplos exponenciais as sucessivas leis trabalhistas que dão origem, em
pleno
Estado Novo, à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
b) As negociações que envolveram a entrada do Brasil na Segunda Guerra
Mundial contribuíram para que o país decolasse relativamente à indústria
pesada, ponto de partida para a moderna industrialização. Símbolo desse
processo foi a criação da AGENCIA NACIONAL DE SAÚDE, com a
construção da usina de Volta Redonda.
c) Rompendo com os padrões conservadores da Primeira República, a liderança
de Getúlio Vargas distinguiu-se por opções claras e lineares, não hesitando
em colocar-se ao lado dos países que combateram as potências do Eixo na
guerra do Vietnã.
d) Para concretizar o golpe de 1945, origem do ditatorial Estado Novo, Vargas
contou com o apoio das lideranças militares, além de se valer do clima de
radicalização ideológica que, acompanhando o panorama europeu, era
protagonizado pelas forças políticas de esquerda e de direita, esta
majoritariamente conduzida pela Ação Integralista Brasileira.
e) Visto por muitos como manifestação brasileira dos vários fascismos que
vicejaram na Europa dos anos 1930, o Estado Novo não suprimiu o Poder
Legislativo, cassou o registro dos partidos políticos, asfixiou a federação,
estabeleceu férrea censura e fez uso contínuo da repressão e de instrumentos
de propaganda do regime e de seu líder máximo.

4. A Era Vargas marca o início do processo de efetiva modernização econômica


do país, com a implantação da indústria de base, sobre a era este marco
histórico aponte a alternativa correta:
a) A Era Vargas teve início com a derrota do político gaúcho nas eleições de 1930
b) A Era Vargas não foi um período claramente ditatorial com tendência à
centralização político-administrativa.
c) Em 1930 é inaugurado o que se convencionou chamar de Estado Novo.
d) O golpe que levou Vargas ao poder não refletiu a cisma das elites oligárquicas
e a elevação de novos atores políticos na vida nacional.
e) A chegada de Vargas ao poder foi fato que não facilitou a mudança do modelo
econômico agroexportador para o modelo mais industrial que o Brasil veio a
adotar nas décadas seguintes.
5. É fato que a força do setor industrial desenvolvido na era Vargas foi exemplo para
os governos subsequentes, mesmo que no plano político o então presidente
promoveu vieses ditatoriais. Sobre a Era Vargas é correto afirmar:
a) O tenentismo não foi um dos movimentos mais fortes que contribuíram para que
Vargas tomasse o poder.
b) O Estado Novo de Vargas levou ao extremo a prática do federalismo no Brasil,
refletindo o ambiente de liberdade e democracia dos anos 30.
c) Entre 1930-1945 Vargas governou com a anuência do voto indireto.
d) As leis trabalhistas não ajudaram na popularidade de Vargas.
e) Vargas introduziu no Brasil pela Constituição de 1934 uma gama enorme de
direitos sociais.

6. Os quinze anos da Era Vargas constituída entre 1930-1945 deu início da


modernização econômica, todavia trazendo retrocesso às instituições
plenamente democráticas no país. Sobre o governo Vargas é correto afirmar
a) O Estado Novo foi marcado pela descentralização da administração pública;
b) No período em que esteve no governo, Vargas concedeu liberdade de
imprensa;
c) A interferência Estatal dava-se somente no campo da economia.
d) Vargas declarou censura de todas as matérias da imprensa escrita e falada da
época.
e) O ensino virou pauta de governo.

7. A demonstração de simpatia do presidente Getúlio Vargas pelos regimes


totalitários nacionalista europeus tornou-se com uma das suas principais
características. Sobre a Era Vargas é correto afirmar:
a) O Brasil aceitou participar da Primeira Guerra sob forte pressão popular.
b) Vargas não ficou conhecido por garantir inicialmente direitos sociais e
mecanismos de proteção aos trabalhadores urbanos.
c) Entre 1930-1954 Vargas governou sem a anuência do voto direto.
d) O Estado Novo de Vargas levou ao extremo a prática do federalismo no Brasil,
refletindo o ambiente de liberdade e democracia dos anos 30.
e) A Constituição de 1934 assegurou o regime federativo.
8. Em 1945, foi iniciado o processo de redemocratização do Brasil sendo eleito
diretamente, o general Eurico Gaspar Dutra. Sobre esse governo em específico é
correto afirmar.
a) Durante o governo Dutra, lideranças da UDN conduziram diversas reivindicações
sociais, estimuladas pela falta de reajustes do salário mínimo;
b) o Brasil alinhou-se aos princípios econômicos e políticos da União Soviética;
c) O governo Dutra não enfrentou diversos problemas no campo da economia.
d) O Governo tentou através do plano SALTE, implantar um projeto de
crescimento do país.
e) Ocorreu uma aproximação política entre Brasil e União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas.

UM PRÓLOGO DA DITADURA UNIDADE


MILITAR

Nesta capítulo continuaremos a estudar os efeitos políticos e sociais do


Governo Vargas que irão desenbocar nos eventos políticos da Revolução de 1964
que originariam o período de Ditadura Militar aqui no Brasil. Vamos lá?

4.1 VARGAS RETORNA À PRESIDÊNCIA

Entre 1951 e 1954, Getúlio Vargas retoma o poder com forte aclamação
popular mediante quantidade expressiva de votos. Alguns autores costumam
dizer que este é o segundo governo de Vargas. Porém, ante aos golpes e
atividades tidas como legais, contabilizamos no mínimo quatro mandatos: o golpe de
1930 à 1934, de 1934 à 1937, de 1937 à 1945, e de 1951-1954 - o que nos motiva a
contabilizar assim são os atos jurídicos marcantes.
Vargas assume, evidentemente, sob forte pressão, pois anteriormente
havia sido praticamente deposto do cargo, o que não ocorrera em virtude de sua
renúncia.
Aqui neste capítulo, nas linhas aqui escritas, se sucederão os eventos que
desembocaram na ditadura eminentemente militar de 1964, que cairia mais
tarde com a Constituição de 1988.
Para retomar o poder, Vargas, nos anos afastados da presidência,
manteve- se vivo politicamente, tendo sido Senador da República por seu Estado.
Como vimos, manteve em constante empenho em fazer alianças políticas e com
membros da mais alta classe empresária do país, e esse fato o concedeu forças
para ganhar nas eleições. Nos palanques discursava sobre melhorias nos direitos
trabalhistas e um maior esforço para fazer com que a indústria crescesse.
Moldava suas palavras agora, para atender à população que clamava por uma
urgente redemocratização.
Porém, ao receber a máquina pública de seu antecessor, Eurico Gaspar
Dutra, deparou-se com uma problemática crise econômica agravada, por
causa de
ingerência. A UDN (União Democrática Nacional) colocou-se como principal
oposição neste momento, tornando insustentável a governabilidade.
De certa forma pareciam ser legitimas as composições feitas pela UDN,
uma vez que no poder estava uma pessoa que havia implementado uma ditadura
por 15 anos no país.
De toda forma os debates políticos se acirravam no campo
socioeconômico. Uns queriam uma tendência nacionalista, e outros uma
tendência liberal de mercado.
Como se era de esperar, dado a seu histórico, Getúlio pendia para o
nacionalismo: prova disso foi a criação de empresas estatais como a Eletrobras e
a Petrobras. Todavia, dado maior entusiasmo, a Petrobrás vingou e o projeto da
Eletrobras padeceu com um tempo.
Agora com muita força sindical e o direito de greve instaurado, Vargas
consegue a manutenção de seu apreço pela classe trabalhadora e desprezo pela
elite empregadora. É neste governo que se institui o Salário Mínimo.

Aproveitando do descontentamento, principalmente pelos partidos aliados


ao governo, a UDN conseguiu travar de vez qualquer governabilidade. O exército
fica dividido, e por isso Vargas não consegue seu apoio.
Se o aluno chegou até aqui, já pode perceber que o exército era chave
para o controle do governo, porém, reforçamos, como havia muitos debates
neste momento interno das forças armadas, Vargas ficou sem forças de defesa e
contra- ataque.
Além dessa confusão política, o governo era apresentado como corrupto,
aliado ao forte medo da Nação unir-se ao comunismo, as pessoas passaram a
temer que o Brasil visse a se tornar uma ditadura aos moldes do que aconteceu
na Argentina Peronista.

60
Ante ao quadro de insatisfação geral, ecoava-se o instituto que
conhecemos como impeachment. Pouco a pouco as forças políticas foram
minando, e Vargas foi se isolando. Estes eventos culminaram no seu suicídio,
havendo uma imediata comoção nacional. Logo a comoção virou uma série de
conflitos, que mais tarde foram sendo sanados.
Café Filho, vice de Vargas, toma posse, sendo este posteriormente substituído
por alguns dias pelo presidente da câmara de deputados Carlos Luz, e este por
sua vez, foi substituído pelo vice-presidente do Senado Federal, Nereu Ramos,
segundo a Constituição de 1946, permanecendo na presidência até a posse de
Juscelino Kubitschek.

4.2 O GOVERNO KUBITSCHEK

Juscelino Kubitschek era mineiro e tinha uma carreira política consolidada


vinculada sempre a pautas progressistas e liberais em seu Estado. Entre 1951 e 1955
foi governador de Minas Gerais, e com apoio das forças de oposição a Getúlio
Vargas, elege-se presidente do Brasil.
Como primeiro ato, requereu ao congresso que abolisse o estado de sítio
decretado pelo governo anterior. Isso trouxe ares republicanos de volta a política
nacional. Compuseram como seus ministros nomes indicados do PSD e do PTB,
aliança que o fez eleito presidente, muito embora tivesse apoio de grande parte
dos militares da época.
Juscelino requereu ao Congresso um projeto de lei que concedeu mais
tarde anistia ampla e irrestrita a todos os civis e militares que tivessem
participado de movimentos políticos ou militares no período de 10 de novembro
de 1955 a 19 de março de 1956.
Em ato histórico, em 18 de abril, Juscelino assinou, a mensagem que seria
enviada ao Congresso, requerendo o projeto de lei que pedia a transferência da
capital da República para o planalto Central.
Contudo, o governo de Kubitschek não foi isento de revoltas, das muitas
que podemos citar, está a que foi promovida pela União Nacional dos Estudantes
(UNE) por conta do aumento das passagens.
Em viagem histórica, no Panamá, o então presidente assina a Declaração
de Princípios da América, em que muitos representantes das Américas estiveram.
Depois

61
empreendeu destino para Equador, Peru e Chile, tendo sido o primeiro representante
do Brasil a pisar estas nações.
Sancionou a Lei nº 2.874, que afixava os limites do futuro Distrito Federal,
bem como autorizava o Governo Federal a instituir a Companhia Urbanizadora da
Nova Capital (NOVACAP). Brasília começava a ganhar forma física.
Nesta altura, os militares principalmente da Aeronáutica e da Marinha,
mantinham forte oposição, mas os ânimos foram paulatinamente sanados.
No ano de 1957 Oscar Niemeyer aprova o plano piloto criado pelo
urbanista Lúcio Costa. A ousadia de construir Brasília tinha um custo alto: o
Brasil pleiteia empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao
Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), chamado na
época de Banco Mundial. Em 1958, o Nordeste passava por uma das maiores
secas vistas até aquela época. O então Presidente da República convoca às
pessoas para trabalharem na construção da futura capital do país para atender
esta demanda como frente de emergência. Enquanto isso, a equipe de Governo,
através do BNDE, tenta melhorar
questões de irrigação no Nordeste, em especial no Ceará.
Ainda neste ano, o Brasil é chamado aos Estados Unidos para prestar
informações acerca de uma possível tentativa de reatar relações com a União
Soviética. Existia certos rumores que o Brasil tentava escoar a produção
excedente de café para URSS, e isso poderia influenciar diretamente nas
decisões sobre empréstimos tomados ao FMI.
Caro aluno, neste ponto merecemos certa nota.

Na verdade, a produção cafeeira já via sofrendo seu desgaste já havia


anos, e o governo de JK tentava a todo custo melhorar sua situação, como bem
narra Sílvia Pantoja:
Em outubro, em virtude da crescente deterioração dos preços do
café, ressurgiu a ideia da Marcha da Produção. Jânio Quadros,
ainda solidário com o movimento, veio ao Rio a fim de discutir o
problema com Juscelino e Lucas Lopes, trazendo um documento
reivindicatório dos agricultores. Como a situação financeira do país
estivesse muito precária tendo em vista a questão do déficit
orçamentário, a política cafeeira empreendida por Juscelino fora a
de estimular a produção destinada à exportação, criando, para
tanto, um grupo de trabalho no Conselho de Desenvolvimento.
Lucas Lopes, por sua vez, fazia restrições à política vigente de
retenção do café por considerá-la inflacionária. Entretanto, como a
filosofia oficial era de proceder ao desenvolvimento acelerado,
mesmo que este acarretasse o processo inflacionário, o governo
propôs um preço mais baixo para a compra do produto. Por outro
lado, tratou de aumentar o câmbio de custo para a importação de
gasolina, trigo e outros produtos de primeira necessidade. Essa
medida, tomada nos primeiros dias da administração Lucas Lopes,
além de refletir de maneira negativa sobre o custo de vida,
provocara agitação na lavoura cafeeira, notadamente entre os
produtores do Paraná e São Paulo, os primeiros liderados pelo
senador Nélson Maculan e os últimos por Jânio Quadros, de forma
menos ostensiva. (PANTOJA, 2009, p. 38)

A dizer, Jânio Quadros, que mais tarde seria presidente do país, era
governador de São Paulo nesta época. Sílvia Pantoja ainda prossegue:

Como a situação se agravava a cada dia no setor agrícola,


Juscelino enviou Lucas Lopes a São Paulo a fim de convencer Jânio
da inconveniência de ser rearticulada a Marcha da Produção. As
conversações com o governo de São Paulo não obtiveram êxito e
Juscelino solicitou a Lott que tomasse as providências necessárias
para impedir a manifestação. Segundo Maria Vitória Benevides, o
governo susteve o movimento pela pronta intervenção do Exército,
passando por cima das autoridades e polícias estaduais. (PANTOJA,
2009, p. 39)

Em 1959, Fidel Castro que acabara de liderar a revolução que foi vitoriosa em
seu país, veio ao Brasil, e visitou as obras de Brasília. Esses laços estreitos com
Cuba, aliás sempre foram tratados de forma bem sutil por nossos governantes.
Che Guevara, a propósito chegou a ser condecorado Grã Cruz da Ordem
Nacional do Cruzeiro do Sul, sendo esta uma Comenda dada somente a grandes
políticos estrangeiros que tenham por nossa nação estreitos laços de amizade.
Tal comenda foi dada no governo de Jânio Quadros.
Outras questões deixam bem estes indícios mais claros como o que
ocorrera em dia 17 de junho 1959, consoante ao Silvia Patoja afirma:

(...)tornou-se público o rompimento de Juscelino com o


FMI, provocado pela recusa do governo brasileiro em ceder às
exigências do órgão para a concessão de financiamentos. A
população do Rio, através de suas organizações de classe,
compareceu em massa ao Catete, em atitude de solidariedade ao
presidente, portando faixas e
cartazes em favor do estabelecimento das relações diplomáticas do
Brasil com a União Soviética e a China Popular. (PANTOJA, 2009, p.
40)

No fim de seu mandato, JK havia expandido o processo de industrialização


no Brasil, principalmente no Estado de São Paulo, e aprimorado com certo sucesso
outros setores como educação, energia e transporte.
No entanto, tais benesses socioeconômicas num prazo tão curto levaram o
país a graves consequências. Para obter tantos investimentos, o governo de JK
concretizou pesadas emissões de papel moeda paralelamente, o que abriu nossa
economia para o capital estrangeiro. Isso fez com que as dívidas provocadas
pelas multinacionais aqui instaladas fossem desviadas para seus respectivos
países de origem. Essa desgovernada emissão de moeda começou uma grande
desvalorização monetária e a consequente inflação.
Com problemas econômicos emergindo, a UDN iniciou uma frente de
ataque ao governo, deflagrando em público os escândalos de corrupção e o mau
uso dos recursos públicos.

Mesmo com tudo isso exposto, o Governo JK é considerado por muitos um


governo que não teve tantas intercorrências, e ao chegar ao fim do mandato os
partidos começaram as articulações para a sucessão presidencial.
Antes de continuarmos aqui, precisamos fazer um breve adendo quanto
ao processo de eleição desta época, pois o aluno deverá ficar atento, para que os
eventos que trataremos a seguir não fiquem confusos.
Cumpre-se dizer, caso ainda não saiba, que de acordo com a Constituição
de 1946, o mandato do Presidente da República vigoraria por cinco anos, e não
se permitia a reeleição para um novo mandato aos moldes atuais.
Pertine dizer, também, que o direito ao voto só era permitido aos
brasileiros com mais de dezoito anos de ambos os sexos, contudo os analfabetos
eram proibidos a votar.
Por fim, era vigente também que a eleição para presidente e vice-
presidente ocorresse de forma apartada. Isso permitia que Presidente e Vice
fossem até de partidos opostos.

Dito isso passemos a falar das eleições de 1960 e seus reflexos.


Neste exato ano, havia muitos nomes de destaque para serem apresentados,
visto que o número de partidos crescera no decorrer dos anos, porém, ainda
afiguravam de forma forte a Aliança PSD-PTB e a UDN, que representavam a
esquerda e a direta respectivamente.
A Aliança PSD-PTB lançou como candidato à presidência marechal
Henrique Baptista Duffles Teixeira Lott, este por sua vez havia sido ministro de JK e
como vice João Goulart (Jango). A UDN lança à presidência Jânio Quadros, com
uma campanha extremamente populista e ferrenhamente oposicionista e como
vice Milton Santos, um antigo dissidente PSD-PTB.
Ao final, Jânio Quadros foi eleito com grande margem de votos, e João
Goulart para seu vice. Todavia esta formatação trouxe grandes prejuízos em termos
políticos como veremos no tópico a seguir.

4.3 O GOVERNO JÂNIO QUADROS

Diante de tudo o que aqui dissemos, precisamos que você aluno, adentre
conosco num raciocínio. O Brasil, desde o início de sua República, foi até aqui um
tanto quanto desassossegado. Passamos por revoltas populares, ditaduras advindas
por golpes e reestabelecimento da democracia por contragolpes. Pense conosco
que nada até aqui foi realmente tranquilo. Além disso, agrava-se crises
econômicas e sociais. Conservadorismo e liberalismo disputavam o poder a todo
instante. É com esse raciocínio que o aluno deve chegar ao governo de Jânio
Quadros.
O Brasil, que vivera anos com governos liberais, tinha agora um governo
conservador que flertava com o Comunismo. Claro que as forças liberais não
iriam deixar por um dia sequer Quadros ter um governo tranquilo.
Ao chegar no governo, deparou-se com uma crise financeira aguda
causada por intensa inflação, e um déficit da balança comercial e crescimento da
dívida externa. Portanto, trazia consigo uma enorme responsabilidade para reordenar
tudo isso.
Segundo Fausto (2013, p. 375)numa tentativa de desacelerar a crise
econômica o então presidente desvalorizou a moeda nacional em 100%, além disso,
literalmente cortou os subsídios do trigo e do petróleo, produtos que detinham
relativa força na época isso evidentemente gerou um aumento expressivo nos
preços dos produtos relacionados a esses itens.
Embora internamente tenham de imediato soado muito mal tais medidas,
externamente, organismos de renome como FMI, as entenderam como bastante
benéficas, prova é tal que o país conseguiu renegociar as dívidas passadas, com
entidades e governos americanos e europeus.

Além disso, Quadros promoveu medidas culturalmente conservadoras como a


proibição de biquínis e de lança perfumes. Schwarcz E Starling (2015, p. 432)afirma
que o então presidente aboliu a gravata no dia a dia, quebrando um decoro
desnecessariamente, por outro lado fardou os funcionários públicos.
Este moralismo entendido como descabido, fundido com o desagrado da
população devido à alta dos produtos fez com que o Presidente e a UDN
perdessem apoio perante o Congresso, estimulado inclusive pelos partidos
adversários que aproveitaram a oportunidade para denegrir a imagem do
governo.
A situação se agravou quando o Brasil decretou sua independência política,
em uma era de Guerra fria em que nosso país tinha desde longa data afinidade
com
os Estados Unidos.
Diplomaticamente, Quadros estreita relação com a União Soviética, a
contragosto de seu partido, a UDN, chegando a condecorar Chê Guevara como já
dissemos. Dizia o então Presidente que tinha interesse em estreitar laços comerciais
com Cuba.
Sem apoio, Quadros começa a enfrentar forte pressão. Sem alternativa ele
renúncia ao cargo em 25 de agosto de 1961. Este incidente resultou no Brasil
uma gama imensa de conflitos, na seara política, jurídica e militar. Os eventos do
governo seguinte seriam, assim, as motivações decisivas para o que se
convencionou em chamar de golpe militar de 1964.

4.4 O GOVERNO DE JOÃO GOULART (JANGO)

Sob grandes conflitos políticos, João Goulart assume a Presidência da


República. Para o grande público, Jango representou uma esperança de retorno à
sensação de estabilidade que JK firmou, uma vez que era um Governo advindo
da mesma aliança política, porém não foi o que foi visto na prática.
Havia uma elite empresarial descontente que precisava ser apaziguada, e
havia uma demanda urbana que precisava de guarida empregatícia. No Brasil os
movimentos sociais eram crescentes e os sindicatos ganhavam bastante força.
A UDN não aceitou a posse pacificamente de Jango, todavia
constitucionalmente ele era quem deveria sentar-se na cadeira presidencial.
Houve acalorados debates e depois de incansáveis negociações políticas, Jango
torna-se então Presidente da República, em setembro de 1961.
O custo disso foi alto: na prática o Brasil teve que experimentar uma república
parlamentarista, sob o fundamento da Emenda Constitucional nº 4 a Constituição
de 1946, exclusivamente feita para validar esta situação.
Uma Emenda Constitucional, como o nome diz é um texto feito e aprovado
após a promulgação da Carta Constitucional. Geralmente ela altera trechos de Lei
Maior do Estado sem que precisemos promover uma nova constituição.
Aqui, para os nossos estudos, devemos entender que tal emenda visou
estabelecer que o Presidente da República deveria ser eleito por voto indireto, ou
seja, eleito por um parlamento. Haveria a figura do Presidente do Conselho de
Ministros que deveria cuidar da nomeação dos demais ministros de Estado.
Em síntese, o presidente passava a ser uma figura cerimonial, e basicamente
seu poder era restrito a demitir o Presidente do Conselho de Ministros, dissolver
a Câmara dos Deputados bem como, convocar novas eleições parlamentares em
um prazo de 90 dias.
Embora a experiência tenha sido ceifada anos depois, através de
plebiscito, importantes normas foram criadas neste período, dentre elas, podemos
citar a Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961, que criou a primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional; a Lei nº 4.214, de 2 de março de 1962,
que criou o Estatuto do Trabalhador Rural, sindicalizando a classe e estendendo a
legislação social ao campo; a Lei n.º 4.070, de 15 de junho de 1962, que elevou o
Território do Acre à categoria de estado; a Lei no 4.090, de 13 de julho de 1962, que
institui o Décimo Terceiro Salário no Brasil; Lei nº 4.137, de 10 de setembro de 1962,
que disciplina a repressão ao abuso de poder econômico.
Em 1963, pela insistência pública do próprio Jango, que não suportava ser tão
somente um coadjuvante, o Brasil retorna ao presidencialismo, através de
plebiscito. A pauta de Jango a partir desse momento, passou a ter o que ele
mesmo chamou, de reformas de base. Nesse
sentido, intentou estabelecer a
reforma agrária, tributária, bancária, urbana, educacional e eleitoral.
Como temos tentado expor, independente de qual espectro político
estivesse o governante, seja direta ou esquerda, conservador ou liberal, a Brasil
sempre, desde Vargas, teve alguns presidentes que tinham alguma inclinação ao
comunismo.
Neste sentido, Jango não seria diferente, sintetiza Jorge Ferreira (2013)

Ao longo do governo Goulart, os comunistas elegeram suas


estratégias e tiveram posições distintas. Na fase parlamentar do
governo, o PCB ignorava o presidente da República. A João
Goulart, os comunistas, mais do que críticos, expressavam
desprezo e, por vezes, hostilidade. Na fase presidencialista do
governo, os comunistas continuaram na oposição, mas passaram a
cobrar dele o afastamento do PSD e a formação de um governo
exclusivo das esquerdas, agrupando o próprio PCB, a FMP, o CGT e o
grupo político de Miguel Arraes na Frente Única. A resistência de
Goulart ao rompimento da aliança com o PSD provocou, nos
comunistas, posições bastantes críticas.

O terceiro momento do PCB durante o governo Goulart teve início


quando o presidente, desde fins de 1963, aproximou-se das esquerdas
e se aliou a elas. A proposta de Frente Única dos comunistas foi
vitoriosa. A partir desse momento, os comunistas passaram a apoiar o
governo Goulart.
O golpe militar ocorrido nos dias 31 de março e 1º de abril
interrompeu o processo em curso, resultando em ditadura. As
primeiras iniciativas do governo militar, não casualmente, foram as
de perseguir as esquerdas, particularmente trabalhistas e
comunistas, e o movimento sindical. (FERREIRA, 2013, p. 132)

O aluno pode até contestar tais fatos, porém a pauta da Reforma Agrária,
que já estava constante na Constituição de 1946, tomou debates mais acirrados
na constância de Jango.
O ponto mais acirrado da pauta era que, segundo o texto constitucional de
1946, a reforma agrária deveria ser realizada mediante indenização em dinheiro para
quem tivesse sua terra desapropriada. Porém, o governo federal exigia que houvesse
uma emenda constitucional que o permitiria indenizar aqueles que tivessem suas
terras desapropriadas com títulos da dívida pública atualizados de acordo com a
inflação.
Independente disso, o aluno precisa atentar que uma reforma agrária feria
imediatamente uma grande parcela da elite nacional que ainda era grande
possuidora de terras, e mesmo que fosse considerada improdutiva a desapropriação
soava como um confisco unilateral do governo, típico dos governos comunistas
que haviam se instaurado.
Enquanto isso, ganhava força no Brasil as Ligas Camponesas, que mais tarde
irá fundar o Movimento Sem Terras - MST, que tinham como seus representantes
líderes do Partido Socialista Brasileiro, como Francisco Julião.
Nos centros urbanos, grupos análogos aos de guerrilha começam a surgir,
fazendo saques a mão armada.
Ante ao quadro de instabilidade político e social, Jango tem suas forças
políticas enfraquecidas. Nos partidos já não era possível ver com clareza quem tinha
ideais comunistas ou não.
O Exército, junto com o parlamento e um amplo apoio civil, levam-nos ao
evento histórico chamado de Golpe de 1964. Todavia como há uma produção
legislativa intensa, incluindo tendências que levaram a revisões do texto
constitucional, guardaremos este assunto para o próximo capítulo. Até lá!
1. Vimos neste capítulo que entre 1951 e 1954, Getúlio Vargas retoma o poder com
forte aclamação popular mediante quantidade expressiva de votos. Aponte a
alternativa correta sobre este Governo de Getúlio Vargas
a) A PCB coloca-se como principal oposição neste momento
b) Vargas nesta gestão criou a ANATEL e a ANS.
c) O governo toma medidas de viabilizar os investimentos com a cana-de-açúcar
d) Ao retornar ao poder os sindicatos tinham grande força política e o direito de
greve havia sido instaurado.
e) A UDN não conseguiu travar de vez qualquer governabilidade de Vargas neste
período.

2. Com apoio das forças de oposição ao governo de Getúlio Vargas, o ex-


governador de Minas Gerais, Jucelino Kubitschek torna-se Presidente da
República. Sobre este governo aponte a alternativa correta.
a) Em seu primeiro ato, não requereu ao congresso que abolisse o estado de
sítio decretado pelo governo anterior.
b) JK não é considerado como fundador de Brasília.
c) Tornou-se o segundo representante do Brasil a visitar Equador, Peru e Chile.
d) o Governo JK é considerado por muitos um governo com muitas intercorrências
e) Para colocar seu projeto de crescimento a todo vapor, JK contrai uma grande
dívida externa.

3. Qual das alternativas a seguir faz parte dos méritos de JK?:


a) Criação de Brasília.
b) Criação do Bolsa Família
c) Obras de pequeno porte como longas estradas.
d) Pouco incentivo à industrialização.
e) Criação da CLT.

4. O Governo de Jânio Quadros, foi eleito com o propósito de varrer a corrupção


e trazer implementos para economia. Sobre este governo aponte a alternativa
correta:
a) Quadros não concluiu seu mandato.

70
b) Quadros não tinha uma conduta excessivamente conservadora para a época.
c) Quadros não buscou equalizar as contas recebendo elogios do FMI.
d) Numa tentativa de desacelerar a crise econômica o então presidente
desvalorizou a moeda nacional em 50%.
e) Ao chegar no governo, Quadros deparou-se com um quadro financeiro estável.

5. (ESsA) Jânio Quadros representou uma reviravolta no sistema político da


época, sendo eleito presidente da República por um partido de pouca
expressão nacional. O apoio de um partido tradicional, porém, foi decisivo na
obtenção de uma diferença de mais de um milhão de votos. Trata-se do partido:
a) PTB.
b) UDN.
c) PSB.
d) PSD.
e) PSDB.

6. Com a renúncia de Jânio Quadros, o país mergulhou em grave crise política,


com risco real de guerra civil. O governo de Jânio Quadros é correto afirmar:
a) Quadros estreita relação com os Estados Unidos, chegando a condecorar o
presidente americano daquela época.
b) O então Presidente chegou negou interesse em estreitar laços comerciais com
Cuba
c) Com Quadros o Brasil conseguiu renegocia dívidas pretéritas.
d) O presidente em questão não cortou os subsídios do trigo e do petróleo
e) Quadros estreita relação com os Estados Unidos, a contragosto de seu partido, a
UDN.

7. (UDESC) Com base nos seus conhecimentos sobre o governo do Presidente João
Goulart, assinale a alternativa correta:
a) As reformas propostas pelo Presidente João Goulart tornaram-se também
conhecidas como Reformas de Base.
b) O programa de reformas proposto pelo Presidente João Goulart tinha como
objetivo precípuo o fortalecimento das empresas nacionais.
c) Com o apoio das organizações sindicais e dos partidos políticos as reformas

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implantadas foram canceladas pelo regime militar, implantado em 1964.
d) O programa de governo de João Goulart pretendia implantar reformas na
constituição de 1937, que já não atendiam às exigências do país, na década
de 1960.
e) conjunto de reformas contido pelo programa do Presidente João Goulart foi
elaborado por Tancredo Neves e denominado Plano Trienal.

8. (IF-AL) O Governo João Goulart (1961/1964) foi marcado pela


interrupção e conseguinte instalação da ditadura militar no país. O governo
Goulart, na prática, ficou caracterizado em função das suas ações políticas,
como um governo:
a) Autoritário, com uma linha ideológica próxima ao socialismo chinês.
b) Democrático, sendo apoiado durante todo seu curto período pelos partidos de
esquerda, inclusive o partido comunista.
c) Conturbado, em que foi implantado o parlamentarismo, fato este, que não foi
suficiente para amenizar as crises políticas do período.
d) Democrático, sendo apoiado incondicionalmente pelas forças armadas.
e) Autor das reformas de base, sendo estas apoiadas por setores da chamada
classe média, dos trabalhadores e do empresariado mais progressista.
Obteve, assim, êxito na proposta de modernizar o país.
DITADURA MILITAR UNIDADE

Chegamos aqui no famigerado golpe de 1964, historicamente julgado


como controverso e sem motivação. Porém, nossa disciplina olha para a política
Brasileira de um ponto de vista legal e jurídico, e os atos legais que impulsionam
juízos nos levam para uma tendência diferente ao que geralmente é dito de forma
convencional.
Antes de adentrar no tema proposto para nosso penúltimo capítulo,
precisamos colocar algumas premissas e começar a delinear, já aqui, no início, o
raciocínio final do capítulo.
Em primeiro lugar, concordamos com o termo Ditadura Militar, prova é tal que
iremos demonstrar no plano legal que isso se deu de forma incontestável.
Todavia, não houve um golpe propriamente dito, até porque se o aluno bem leu
as linhas anteriores de nossos capítulos, o Brasil republicano fora golpeado
outras vezes, portanto usaremos o termo Golpe de 1964 por questões
didáticas, cabendo ao aluno, dentro dos seus convencimentos, declinar se
houve um golpe ou não. Mostraremos as atividades legais e seus efeitos jurídicos
para facilitar esse julgamento. Em segundo lugar, para entrar neste assunto, é
preciso ter em mente que a dicotomia Conservadorismo e Liberalismo (fundida
com o progressismo), desde a República Velha, não esteve tão bem dividida.
Entenda, nos partidos conservadores como a UDN, era possível ver
personalidades que clamavam por uma política econômica liberal, embora
ostentassem uma proposta tida como direita. Isso é extremamente possível
porque a política é feita com muitos espectros, não fincando seus pés somente na
dicotomia direita e esquerda, conservadorismo e liberalismo.
Portanto, teremos partidos que irão mesclar as duas pautas, e isso acontecia
desde o início da República, e perdura até os dias de hoje com o pluripartidarismo.
O terceiro ponto, portanto nossa terceira premissa, é que a inclinação ao
socialismo/ comunismo de certa forma sempre foi uma constante no nosso país,
embora muitas vezes não seja expressa.
Desde um pouco antes da revolução de 1930 já existia um temor
provocado na população em geral sobre o tema comunista, tanto pela banda
conservadora,
quanto na banda liberal dos políticos, para uma tentativa de angariar votos e
comoção social.
Porém, os partidos PTB e PSD guardavam certa afinidade com os ideários
do comunismo. No momento histórico em que se deu o então Golpe de 1964, era
impossível visualizar quem guardava relação com os ideais comunistas ou não,
mesmo dentro de partidos tidos como de direita como a UDN.
Dito isso, caro aluno passemos a visualizar o que levou ao “Golpe de 1964”.
Por fim, vale a revisão, caso sejamos forçados a usar a terminologia
“Golpe”,
é tão somente para fins didáticos.

5.1 FATORES QUE IMPULSIONARAM O INÍCIO DE UMA DITADURA MILITAR

O “Golpe” de 1964 é fruto de um movimento multifacetado, em que


coabitavam vários fatores que mais tarde o impulsionaram. Não houve, portanto,
uma coisa específica apontada como decisiva, prova que não é incomum
encontrar o termo “Revolução” de 1964. Tudo vai depender de quem irá deter a
narrativa política.
Passemos a ver os principais focos de forma sintética que o conduziu nosso
país a este momento histórico.

A reforma agrária, diga-se de passagem, era popularmente estimulada


pelas Ligas Camponesas que tinha entre seus líderes pessoas ligadas a guerrilhas
cubanas.
Perdendo apoio no Congresso, Jango tenta governar o país sob decretos,
ou seja, burlando o sistema legislativo. Uma dessas tentativas se deu em outubro de
1963, quando Jango, vendo o movimento das Ligas Camponesas crescendo,
resolveu decretar o Estado de Sítio para conseguir realizar o controle sobre a
violência que crescia nas localidades rurais.
O Congresso então, que era quem detinha essa autoridade constitucional, se
vê inflamado, pois, noutras épocas, a motivação do Estado Sítio era o pano de
fundo para a tomada do poder, tal como Vargas fez, por exemplo. O Brasil,
naquele instante tinha rejeição ao retorno de qualquer ditadura.
Em março de 1964, o povo estava nas ruas pedindo mudanças: de um
lado, movimentos grevistas e camponeses pediam celeridade nas reformas de
base; de outro, grupos repeliam esses pleitos e pedia melhorias econômicas. Jango,
portanto, passou a ser visto como um Presidente que não tinha força popular.
Uma das marchas mais famosas foi a Marcha da Família com Deus pela
Liberdade, iniciada em São Paulo, que depois foi acompanhada por todo Brasil.
Entenda que os termos desapropriação e estatização guardavam sim, uma
relação direta com o discurso nacionalista e com o que acontecia com os países
afiliados à União Soviética: o medo de um eventual comunismo aqui era
eminente. As pessoas sentiram que havia eminência de uma instauração futura do
comunismo.
Paralelamente a isso, rádios do Brasil aderiram ao movimento em desfavor de
um eventual comunismo. Fundido a este sentimento, havia greve sobre greve, além
de uma inflação desenfreada que elevava os preços semanalmente, e tornavam o
governo insustentável. Noticiava-se inclusive o risco de guerra civil, pondo brasileiro
contra brasileiro de forma eminente.
Com tanta instabilidade, as tropas militares mineiras marcharam para derrubar
a presidência, e com uma minoria do exército ao seu favor, Jango deixa a sede
do governo, abandonando-o completamente.
Entenda agora o momento histórico pela lei constitucional vigente: Jânio
Quadros havia renunciado ao Governo, tomando posse, sob muita pressão, João
Goulart, e este por sua vez, abandona o posto de presidente. Portanto na ordem
sucessória do governo, tomaria ao posto o Presidente da Câmara de Deputados,
In verbis:

Art 79, § 1º - Em caso de impedimento ou vaga do Presidente e do


Vice-Presidente da República, serão sucessivamente chamados ao
exercício da presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, O
Presidente do Senado Federal e o Presidente do Supremo Tribunal
Federal. ( (BRASIL, 1946)

Todavia, momentaneamente houve uma confusão jurídica muito grande,


pois Jango havia deixado seu gabinete temendo sua morte, e tinha ido a suas
terras gaúchas para dispersar as marchas opositoras, sem deixar uma renúncia
formal, ou seja, uma carta de renúncia de seu cargo.
Os órgãos de imprensa e o parlamento anunciaram a saída de João
Goulart, baseados noutro artigo político, in verbis:

Art 85 - O Presidente e o Vice-Presidente da República não


poderão ausentar-se do País sem permissão do Congresso Nacional,
sob pena de perda do cargo. (BRASIL, 1946)

Veja, havia Presidente ainda em território nacional. O Congresso, naquele


instante, devido ao momento extremamente atípico, baseando-se nestes dois
dispositivos, exonera Jango do cargo da presidência.
Portanto, é aqui onde os apoiadores da tese do golpe se baseiam, pois é
aqui onde reside toda a narrativa do golpe. Se não havia previsão legal expressa
na Constituição, obviamente o Presidente não deveria ser desconstituído de seu
cargo. Porém, se não havia presidente para promover um requerimento de
Emenda Constitucional, quem iria então fazê-lo?
Veja, o Brasil estava acéfalo de Chefe de Executivo. Então, para
equacionar toda aquela situação, a maneira encontrada foi essa.
Caro aluno, aqui, nós com um animus pacífico, é fácil julgar que houve um
golpe, porém, naquele dia 31 de março de 1964, os animus estavam acalorados.
Ademais, a matéria, se fosse para a matéria ser votada, deveria ser fruto
de emenda constitucional, que em regra leva meses para ser sancionada, coisa
que naquele instante de caos social, não poderia ocorrer.
Julgar estes termos com os animus pacíficos é fácil afirmar que houve
golpe, porém naquele dia 31 de março de 1964, repito, os animus estavam
acalorados. Portanto deixo para o aluno a eleição de qual narrativa seja mais
adequada.

A dizer, Jango logo após brevíssima estadia nas terras gaúchas, refugiou-se no
Uruguai, legitimando ainda mais o invocado art. 85 da CF/1946. E mais: Jango
poderia retornar e reivindicar seu cargo, que tinha legitimidade, mas preferiu manter-
se em exílio.
Essa matéria foi tão bem resolvida dessa forma, que não houve pleitos pelo
retorno de João Goulart, o que seria natural, assim como vimos que na derrubada do
império havia pleitos pelo retorno deste.
Com a queda de Vargas em 1945, o povo o reelegeu com bastante louro
para presidente em 1950. Dessa forma, o que queremos dizer, é que a situação
política social e econômica era tão calamitosa que ninguém promoveu o pleito
em favor do retorno de Jango, nem mesmo seu próprio partido.
E é partir daqui que temos o que a historiografia irá apontar comumente
como Golpe Civil-Militar de 1964, e parte da direita conservadora irá manter a
narrativa da Revolução de 1964.
Confesso, caro a aluno, que embora as nomenclaturas sejam bem distintas, os
fatos que as cercaram são indubitáveis, e estão nas literaturas de ambos os polos do
espectro político brasileiro. O que importa para nós, é que a partir deste
momento inicia-se um governo militar, que desencadeará em ações análogas a
de uma ditadura.

5.2 PERÍODO DA DITADURA MILITAR

Com o cargo de Presidente vacante, as forças armadas movem esforço e


promovem o Ato Institucional Nº1 (AI1). Nesse sentido, colocam-se como
órgão supraconstitucional, requerendo do Presidente da Câmara dos Deputados
que convoquem novas eleições nos termos da Constituição de 1946. Através de
votação indireta, com aclamação, é eleito o General Humberto de Alencar Castelo
Branco.
Estas eleições tiveram apoio da população que entendeu ter sido um ato
democrático. Naquela altura também, precisamos pontuar que o pensamento do
legislativo era que houvesse um processo de reestabelecimento da democracia.
Diga-se de passagem, Castelo Branco deveria ser o Presidente para uma
transição, até que este cumprisse ao mandato vacante deixado por Jango, e é
aqui meu caro aluno, onde este autor vislumbra o início de fato de uma Ditadura
Militar.
Diversos grupos políticos, dentro das Forças Armadas, discutiam os rumos do
Governo subsequente. Havia um grupo que queria manter viva a chama dos atos
da revolução de 31 de março de 1964, e este grupo tornou-se vitorioso nos debates
que por fim instituiu o Ato Institucional Nº 2 (AI-2).
O AI-2 estendeu o mandato de Castelo Branco e as eleições deveriam ser
indiretas, pelo Congresso. Imediatamente são formados dois partidos
políticos:
Aliança Renovadora Nacional – ARENA, e uma oposição consentida no Movimento
Democrático Brasileiro – MDB. Embora aparentemente fosse uma situação
envolta de um enorme cabresto, o MDB realmente exercia oposição, ainda que
fosse contida.
Porém, neste contexto, era chegado o tempo das eleições estaduais para
governadores, e para manter controle da situação, fora decretado o Ato
Institucional Nº3 (AI-3), em que constava que eleições estaduais e municipais
seriam indiretas, assim como permitia que Senadores e Deputados Federais ou
Estaduais, com prévia licença, exercessem o cargo de Prefeito de Capital de
Estado.
Com isso, solidificou de vez a intenção que os militares queriam
institucionalizar todo o sistema político da época, ou seja, ter para si todo
controle político sob o pretexto de tornar viva a chama de 31 de março de 1964.
Viria em seguida o Ato Institucional Nº4 (AI-4), que convocaria uma nova
constituinte para revogar a constituição de 1946. Este seria a propósito o último ato
relevante aos nossos estudos do governo de Castelo Branco. Sendo sucedido
pelo autoritário Arthur da Costa e Silva.
O governo de Costa e Silva, diferente do anterior foi marcado pelo
tecnicismo ministerial e o cerceamento de qualquer debate político. Os ministros, em
suma, eram especialistas em suas áreas, e o Parlamento, assim como qualquer
evocação popular sobre política, era imediatamente tolhido, podendo ser, inclusive,
pelo uso da força.
A ditadura se agrava. Os militares se imbuíram no espírito de centralizar o
poder em si com a finalidade de organizar o Estado.
Os grupos ligados a guerrilhas iniciam com investidas violentas, com
sequestros, saques e mortes, geralmente contra civis, porém estas ações
atingiam quartéis, e outras pessoas públicas. Um dos líderes mais conhecidos é o
Carlos Marighella, que chegou a escrever o Mini-manual do Guerrilheiro Urbano,
que influenciou muitos adeptos. Um dos feitos de Marighella foi o sequestro do
embaixador norte- americano.
Estas guerrilhas em nada tinham a ver com movimentos pró-democracia, em
verdade eram investidas de partidários do comunismo. A intenção desses grupos
nunca foi a restauração democrática, e sim a permuta da ditadura militar por um
regime que chamavam ditadura do proletariado.
Com apoio popular, que temia esta forte onda de violência, o Governo
encontra apoio e age respondendo com a mesma intensidade. E foi nesse clima
de
guerra que torturadores de ambos os lados se valiam para praticar seus atos
horrendos.

Neste governo, temos então a promulgação de uma outra Carta Magna, a


Constituição da República Federativa do Brasil de (1967). Em seu texto, podemos
observar que o presidente, govenadores e prefeitos deveriam ser eleitos de
forma indireta, por um Colégio Eleitoral, em sessão pública, para um mandato de
quatro anos. Ficava estabelecido o bipartidarismo. Também podemos observar que
no texto constitucional ficava instituída a pena de morte para crimes tidos contra
a segurança nacional. E por esse motivo a Justiça militar teria foro especial para
julgar crimes civis. Por fim, podemos dizer que o texto constitucional restringia o
direito de greve.
Porém, a intolerância de Costa e Silva chega ao seu ápice, e decretam o
Ato Institucional nº5 (AI-5) em 13 de dezembro de 1968. O mais famoso de todos
eles, que ao término do regime militar somavam 17 atos institucionais. O AI-5 foi
uma medida totalitária: por ele, o regime poderia fechar o Congresso Nacional e
as Assembleias Legislativas, podendo o Presidente e os Governadores assumirem
o a função de Poder Legislativo.
Haveria depois daquela data censura a toda expressão jornalística e
cultural, seja por rádio, música, teatro e demais meios de comunicação. Em
síntese, um fechamento total da política nacional por suas instituições,
centralizando de vez nas mãos da linha dura militar.
Em virtude do AI-5, em 17 de outubro de 1969 foi promulgada uma emenda
constitucional que revogou a recém proclamada Constituição de 1967.
Através dela, todos os dispositivos contrários ao AI-5 da recente
Constituição foram alterados. Era, portanto, uma reedição da constituição
anterior, prova é que alguns autores irão dizer que tivemos uma Constituição de
1969, porém judicialmente falando, essa percepção é descabida.
O MDB, em protesto e com medo de represália, se abstém de lançar uma
candidatura à presidência. E é nesse contexto que chegamos ao presidente
subsequente Emílio Médici.
O presidente Médici, embora seja da mesma linha dura de seu antecessor,
tinha maior simpatia da população nos atos públicos. Gerou-se um clima de
estabilização econômica que chamava a atenção dos investidores externos. Isso
se dava a grandes empréstimos tomados fora do país que eram usados para
alavancar o próprio crescimento. A população em massa via um clima de
ascensão nacional, fundido ao crescimento da propaganda nacionalista usando
inclusive as vitórias da Seleção Brasileira de Futebol, e na Fórmula 1.
Todavia, o regime via que o discurso de crescimento agradava ao público
mais velho, porém devido a uma série de mudanças culturais que eram
debatidas na época, o regime não tinha o mesmo apreço a comunidade mais
jovem. Pouco a pouco, foi se desenvolvendo uma anti-cultura contra o regime.
Era a época da ascensão do Marxismo Cultural, ou seja, a antiga estratégia de
romper barreiras políticas por guerrilhas mostrou-se infrutífera, a revolução
comunista deveria ocorrer de forma cultural e paulatina.
Ernesto Geizel é eleito para a gestão de 1974-1979 e torna-se o 29º
Presidente da República, marcando o início do fim da linha dura. Com isso, inicia-
se o processo de reabertura política. Todavia restou-se um governo
economicamente complicado vista a crise do petróleo que se instaurava no globo
neste momento.
O Brasil, evidentemente, fora frontalmente atacado pela crise. Porém,
ainda dentro de uma perspectiva desenvolvimentista, o Governo cria uma
quantidade significativa de estatais através de pomposos empréstimos, gerando
altas inflações
É em Geizel que começamos a visualizar a extinção da censura e do
modelo político implementado pelo AI-5. Contudo, o Governo estende seu
mandato por mais um ano, e um terço do Senado passou a ser eleito de forma
indireta. Isso gerou um desgaste imenso na população, pois havia um
contrassenso: entendiam inconcebível um Governo que surge com um discurso
de abertura política, e passou depois a fazer um ato dessa envergadura.
Eis que vem eleito ao cargo o Presidente João Figueiredo, que abertamente
diz que irá continuar o projeto de abertura política do Governo anterior. Dentre
as propostas do então Presidente, estava a anistia, ou seja, os presos políticos
seriam então liberados.

80
Com isso, antigos políticos aliados aos ideais comunistas retornam de seus
exílios pessoais. E, fundidos aos movimentos grevistas, pensadores e outros

80
apoiadores, surge então o Partido dos Trabalhadores.
Entretanto, outros partidos ganham vez e voz, porém muitos deles enviesados
com ideais liberais ou comunistas. O Brasil, portanto, ganha uma massa intensa
de partidos de centro esquerda.
O animus de “diretas já”, pleito por eleições diretas, eclodiu por todo
Brasil. Embora tais clamores apresentassem o escopo diretamente ligado ao
retorno de uma democracia propriamente dita, os clamores eram em muito
pedidos de alterações das políticas econômicas que poderiam tirar o país das
altas inflações ali vividas.

Neste momento político, dentre muitos, desponta o nome de Ulysses


Silveira Guimarães, como principal liderança pelo retorno da democracia. Na
verdade, todos os grandes nomes que despontaram nesta época eram de
oposição ao regime, e seguiam nesta linha Tancredo Neves, Mario Covas, Fernando
Henrique Cardoso, Luís Inácio Lula da Silva, como claros exemplos disso.

Figura 15: O então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva discursa ao lado do
sociólogo Fernando Henrique Cardoso, durante comício das Diretas Já.

Fonte: Revista VEJA (1984)

Importante destacar que o Regime Militar era considerado regime de direita,

81
e os partidos que eclodiram na época, de esquerda. E, mais oportuno ainda
destacar, é que muitos desses partidos ainda estão no cenário nacional. Isso com
o passar dos anos tornou-se tão cristalino que tudo que fosse remetido à direita
era execrável. E o Brasil mais tarde teria representantes somente da centro-
esquerda.
Ao final, isso ficou comprovado na disputa presidencial de 1985. De um
lado estava Tancredo Neves, antigo aliado de Vargas e Presidente da Câmara de
Deputados durante o Regime Parlamentarista de Jango, tendo como seu vice
José Sarney pelo PMDB, antigo MDB, partido que tinha oposição desde o
nascimento do regime. A campanha se deu contra o candidato Paulo Maluf e seu
vice Flávio Marcílio do Partido Social Democrático – PSD, partido que retornara
após anos de relativo banimento do cenário político.
Foram as últimas eleições indiretas de nossa história, e Tancredo Neves saiu-
se vitorioso. O povo, imbuído no espírito democrático, comemorou, pois, após
anos, seria o primeiro civil de fato chegando à cadeira presidencial.
O então novo presidente tinha duas missões urgentes: reestruturar a
economia que há quase uma década estava em crise; e promover junto com
uma nova Assembleia Constituinte um novo texto Constitucional com a finalidade
expurgar de vez o antigo regime.
Porém, poucos dias antes de sua posse, Tancredo Neves veio a falecer, sendo
empossado seu vice José Sarney, que em um dos seus primeiros atos da presidência,
através da Lei Nº 7.465, de 21 de abril de 1986, afirmou que seu parceiro de partido
deveria figurar na galeria dos que foram ungidos pela Nação Brasileira para a
Suprema Magistratura, para todos os efeitos legais, ou seja, que Tancredo Neves
deveria figurar como Presidente da República, mesmo não tendo sido
devidamente investido no cargo.
Daqui por diante, entraremos na esfera de nossa última unidade.
Lá, estudaremos o texto constitucional, suas leis ordinárias e complementares.
Aliado a isso, trataremos das transformações sociais ocorridas que influenciaram leis
de grande repercussão. Por fim, neste próximo capítulo, continuaremos a estudar
fazendo um apanhado histórico das movimentações políticas, principalmente no
plano do Executivo e Legislativo, tal qual temos feito durante nosso curso. Até lá!
Figura 16: Negrão de Lima Chanceler Brasileiro, João Goulart, Fidel Castro e JK

Fonte: Agencia O GLOBO (1959)


1. (CONSESP) obre o governo Castelo Branco é correto afirmar que:
a) Desestimulou os movimentos populares de inspiração esquerdista;
b) Instituiu o pluripartidarismo.
c) Encaminhou ao Congresso o projeto da Constituição de 1964.
d) Instituiu a Lei do Bolsa Família.
e) Castelo Branco não deveria ser inicialmente um Presidente para uma transição

2. Sobre os motivos que levaram a ditadura militar. Aponte a alternativa correta


a) Com o Ato Institucional n.º 1, de 1964, dissolveu imediatamente o Congresso,
b) Ficaram instituídas eleições diretas.
c) Durante o regime militar, foi instituído o pluripartidarismo.
d) Castelo Branco foi o primeiro presidente do Regime Democrático.
e) Costa e Silva era considerado maleável e não foi no governo dele que foi
decretado o Ato Institucional n.º 5.

3. (FAUEL) O período da ditadura militar no Brasil ocorreu entre os anos de 1964


a 1985, mas somente em 1989 foram realizadas novas eleições diretas para a
Presidência da República. Analise as alternativas a seguir e assinale a que
apresenta um dos Presidentes do Brasil durante o Regime Militar.
a) Luis Inácio Lula da Silva
b) Castelo Branco.
c) João Goulart.
d) Fernando Henrique Cardoso
e) Getúlio Vargas

4. (MPE-GO) Sobre o golpe militar e a implantação da ditadura militar no Brasil, é


CORRETO afirmar:

I. A ditadura militar se iniciou com o golpe militar em 31 de maço de 1964,


resultando no afastamento do Presidente da República, Getúlio Vargas, e a
tomada do poder pelo Marechal Castelo Branco.
II. O golpe militar de 1964 foi considerado um golpe de estado e conferiu ao
governo amplos poderes, dentre eles, o poder de modificar a constituição,
de
anular mandatos legislativos, de interromper direitos políticos e de aposentar
compulsoriamente aqueles que se posicionassem contra a segurança do
país.
III. O golpe militar, dentre outros, representou a repulsa de setores da sociedade
ao aumento do capital estrangeiro no país.
IV. O golpe militar foi apoiado por uma parcela da classe política e empresarial
do país e apresentava, como principal fundamento, a proteção contra o
comunismo internacional.
V. O golpe militar iniciou-se com um governo provisório, chefiado pelo “Supremo
Comando Provisório”, que instituiu uma eleição indireta para Presidente.

a) I e II
b) I e IV
c) II, III e V
d) II, III e IV
e) II, IV e V

5. (INSTITUTO PRÓ-MUNICÍPIO) No Brasil, uma junta militar passou a controlar do


país após 1º de abril de 1964, era composta dos ministros general Artur da Costa
e Silva, almirante Augusto Rademaker e brigadeiro Francisco Correia de Melo.
Em 9 de abril, foi decretado o Ato Institucional nº 1. Marque a opção
de uma das determinações do AI-1. Assinale a alternativa correta:
a) Cassação e suspensão de direitos políticos;
b) Suspender o direito de habeas corpus;
c) Aperfeiçoamento do SNI (Serviço Nacional de Informação) e o DOPS
(Departamento de Ordem Política e Social);
d) Pena de banimento e a prisão perpétua em caso de “guerra revolucionária”.
e) todas estão incorretas.

6. (CESGRANRIO) O movimento de 31 de março de 1964 tinha sido


lançado, aparentemente, para livrar o país da corrupção e do comunismo e
para restaurar a democracia.

O novo regime começou a mudar as instituições do país através dos


chamados Atos Institucionais (AI), justificados como decorrência do
“exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as revoluções”.
A partir de 1966, passado o primeiro impacto da repressão, a oposição vinha
se articulando. Muitos membros da Igreja defrontaram-se com o governo,
os estudantes começaram a se mobilizar em torno da UNE e os grupos de luta
armada começaram suas primeiras ações em 1968. Nesse contexto, Costa e Silva,
em 13 de dezembro de 1968, baixou o AI-5. Ao contrário dos Atos anteriores, o
AI- 5 não tinha prazo de vigência.

Sobre a ação autoritária do AI-5, afirma-se que o(a)


a) Presidente da República tinha a competência de enviar projetos de lei que
viessem a criar ou aumentar a despesa pública, assim como suspender as
imunidades parlamentares, e o Comando Supremo da Revolução passou a
cassar mandatos e a suspender os direitos políticos por 10 anos.
b) Ato criou as bases para a instalação dos Inquéritos Policial-Militares (IPMs), a
que ficaram sujeitos os responsáveis “pela prática de crime contra o Estado ou
seu patrimônio, contra a ordem política e social, ou por atos de guerra
revolucionária”.
c) núcleo militar do poder concentrou-se na chamada comunidade de
informações, naqueles que estavam no comando dos órgãos de vigilância e
repressão, estabelecendo-se, na prática, a censura aos meios de comunicação
e passando a tortura, na prática, a fazer parte dos métodos de ação do
governo.
d) eleição para presidente e vice-presidente da República seria realizada, em
definitivo, pela maioria absoluta do Congresso Nacional, em sessão pública e
votação nominal, sendo que o presidente poderia baixar decretos-leis em
matéria de segurança nacional.
e) medida importante foi a extinção dos partidos políticos, uma vez que os
militares consideravam que o sistema multipartidário era um dos fatores
responsáveis pelas crises políticas, forçando à legislação partidária a organizar dois
partidos: a ARENA, agrupando os partidários do governo, e o MDB, reunindo a
oposição.

7. (FCC – Questão adaptada) Em 1º de abril de 1977, a despeito do discurso de


abertura política “lenta e gradual”, o presidente Ernesto Geisel (1974-1979),
utilizando prerrogativas do Ato Institucional nº 5 (AI-5), fechou o Congresso e
impôs emenda constitucional e decretos autoritários conhecidos como “pacote
de abril”. Sobre o regime militar é correto afirmar:
a) Não crescia a adesão do Marxismo Cultural entre a juventude.
b) O Governo de Ernesto Geizel não marcou o início do fim da linha dura.
c) Políticos com ideais comunistas não retornam de seus exílios pessoais no Governo
de Figueiredo.
d) As “diretas já” tinham a intenção de pleitear o retorno da monarquia no Brasil.
e) O Brasil experimentou crise econômica na Ditadura militar.

8. (IBADE – Questão adaptada)


[...] o milagre (econômico) começa, entretanto, a mostrar sua fraqueza ao longo do
governo do quarto general-presidente, Ernesto Geisel, quando os dois pilares
do desenvolvimento brasileiro (endividamento externo e arrocho salarial)
parecem chegar ao seu limite. Em particular, o endividamento, com juros
flutuantes, parece engolir, cada vez mais, fatias enormes do Produto Interno
Bruto.
SILVA, F. C. T. da. A Modernização Autoritária: do golpe militar à redemocratização. In LINHARES, M.
Y. História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1990.

Sobre o período militar, marque a alternativa correta.


a) O regime sempre foi alvo de elogios.
b) Não houve a suspensão do direito ao habeas corpus;
c) Ernesto Geisel não foi marcado tanto pela gradual liberalização do regime militar;
d) O Regime durou até o Governo Sarney.
e) Um dos partidos políticos era UDN.

O RETORNO AO REGIME UNIDADE


REPUBLICANO

Chegamos ao final de nossa jornada. O Brasil retorna paulatinamente ao


regime republicano, recoberto de grandes desafios. Muitos hoje foram vencidos,
durante esses anos a produção da atividade legislativa foi intensa, principalmente no
campo social, por conta do marco da Constituição de 1988. E aí? Vamos
embarcar neste caminho até os dias de hoje?
6.1 GOVERNO SARNEY

O Governo Sarney surge em meio de grandes esperanças, porém, em grandes


desafios, sendo o maior deles deter os frutos das ingerências econômicas passadas.
Logo de início, lança o plano PLANO CRUZADO (1986) para combater a
inflação. Dentre as medidas, estavam o congelamento de preços por um ano, o
reajuste e congelamento imediato de salários e abonos.
Para que os salários não passassem por uma depreciação tão forte,
também implementou o sistema de “Gatilho salarial”, ou seja, sempre que a inflação
chegasse em certo patamar o salário deveria ser reajustado.
Dentre as consequências diretas do plano, podemos citar o ágio,
desabastecimento de bens de consumo. Vamos entender melhor como isso
acontecia. Devido ao congelamento de preços imposto pelo governo e seu plano
econômico, para salvaguardar os seus lucros, os comerciantes retiravam seus
produtos da prateleira, e para que o consumidor tivesse acesso aos bens que
necessitava, teria que pagar um valor extra: a este valor era chamado de ágio.
Embora essa atividade sempre tivesse existido, a fusão com o desabastecimento dos
produtos tornava a situação desconfortável aos brasileiros.
Cerca de quatro meses depois, estima-se que o plano já tenha fracassado
e precisou ser emendado. No mesmo ano, houve o Plano Cruzado II, que
descongelou os de preços e inflação. Em seguida, em 1987, foi lançado o Plano
Bresser, que congelava os preços e salários pelo prazo de 90 dias. O Governo
neste ano declara Moratória Técnica, ou seja, que é incapaz de pagar suas dívidas
externas.
Em 1989, uma nova tentativa: o Plano Verão, que criava uma nova moeda
– o Cruzado Novo. Dentre outras disposições deste plano, estava a medida que
modificava o índice de rendimento da caderneta de poupança, e mais uma vez
congelava preços e salários. O Cruzado Novo foi lançado em paridade com o
Dólar americano.

6.2 A CONSTITUIÇÃO DE 1988, A CARTA CIDADÃ

Estamos aqui diante de uma das Constituições mais bem elaboradas do


mundo. Devido ao seu histórico legal frágil, pois já se contabilizava seis
Constituições, o Brasil promulga depois de longos meses de calorosos debates a
sua sétima Carta Estatal.
Embora guardemos certas críticas em alguns pontos de seu texto, a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é extremamente analítica
comparada a outras mundialmente conhecidas, como a Constituição dos Estados
Unidos da América de 1787, que tem apenas sete artigos, enquanto a nossa
atualmente tem duzentos e cinquenta e mais outros cento e quatorze relativos
ao Ato Das Disposições Constitucionais Transitórias.

O motivo é simples: o nosso legislador constituinte originário quis não


somente compor questões relativas ao Estado, como se é comum, mas inserir
matérias de ordem social, como as garantias e direitos fundamentais, o que na
época e até hoje em dia é de suma importância.
Isso já é deixado claro desde o primeiro artigo, in verbis:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a

cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre

iniciativa; V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por


meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição. (BRASIL, 1988)

Com isso, atesta-se de vez que o nosso país não aceitaria as condições vividas
no passado. Não é à toa que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um texto
que é consequência direta do Pós-Segunda Mundial, está tão encrustada no texto
de nossa Constituição quase na sua integralidade.
Tais artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a propósito,
seguiram uma tendência da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de
26 de agosto de 1789 de autoria da Assembleia Nacional Constituinte Francesa, que
fora constituída quase que em sua totalidade da esquerda jacobina francesa.
De toda sorte, o texto é muitíssimo bem vindo.
Nossa atual constituição dispõe de inúmeras matérias de cunho social
relevante e atual, como Direito de Família, Direito da Infância e Juventude, Direito
ao Idoso, Direito Previdenciário, Direito do Consumidor, Direito Tributário e
outras matérias.
Ela instituiu uma gama enorme de garantias trabalhistas e marcou o
retorno do voto direto.
Na Carta de 1988 consta expressamente que a União não intervirá nos Estados
nem no Distrito Federal, salvo em casos bem específicos como manter a integridade
nacional ou repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em
outra, por exemplo, e ainda regulariza e balanceia o poder dos Militares.
Aqui, firma-se o entendimento que o Poder Legislativo Federal é composto
e exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal. Além da promoção de leis para a Nação é o nosso Legislativo

90
que fiscalizará diretamente o Presidente da República.

90
Ao Legislativo cabe a produção de leis. como emendas à Constituição, leis
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, e decretos legislativos. Assim, cabe
ao Presidente da República a confecção de medidas provisórias e aos órgãos
jurisdicionais, a rigor, as resoluções.
É claro que um texto tão longo iria deixar algumas coisas, que ao nosso
ver, são desnecessárias. O Art. 133, por exemplo, dispõe que advogado é
indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Embora não
discordemos da redação do já mencionado artigo, não entendemos a necessidade
basilar deste texto compor nossa Carta Magna, e isso ocorre também em outros
dispositivos.
Para evitar golpes do passado, o Presidente da República pode decretar
Estado de Defesa para preservar ou prontamente restabelecer, porém não mais por
tempo indeterminado, e sim, por tempo que não será superior a trinta dias. O
Presidente da República também pode solicitar ao Congresso Nacional
autorização para decretar o Estado de Sítio nos casos de comoção grave de
repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de
medida tomada durante o Estado de Defesa ou de declaração de Estado de
Guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. Diga-se de passagem, como
o Brasil constitucionalmente rege-se pela defesa da paz e solução pacífica dos
conflitos, ele não pode declarar guerra, mas poderá tão somente repeli-la em sua
defesa.
Com isso, podemos observar que através deste ato jurídico-legal nos
tornamos uma democracia liberal, com a devida separação dos poderes, com o
retorno das eleições diretas dos principais cargos, e uma das novidades
encontradas foi a possibilidade de 2º turno para as eleições vinculadas aos
cargos de presidente, governador e prefeitos municipais com mais de 200.000
eleitores. O direito ao voto foi instituído, passando a ser obrigatório entre 18 e 70
anos, porém, sendo facultativo a analfabetos e jovens dos 16 aos 18 anos. Por fim,
um dos pontos que podemos observar como avanço em relação ao período
anterior, é o da liberdade sindical e a garantia do direito de greve.
O texto da Constituição de 1988 é pulsante e extenso, e precisaríamos nos
dedicar muitíssimo para tratar somente de sua matéria, todavia deixo ao aluno o
desafio para ler e pesquisar mais a respeito, pois entender esse texto abre uma

91
margem de compreensão imensa para entender o Brasil contemporâneo.

92
6.3 O GOVERNO COLLOR

Devido à forte crise econômica, o Brasil ainda tinha sede por algo melhor.
Quando Fernando Collor de Melo surgiu nas eleições de 1989, tornou-se de imediato
um fenômeno, pois ele era jovem e de início desconhecido. O seu partido, o
Partido da Reconstrução Nacional – PRN, atual Partido Trabalhista Cristão, teve
uma chapa criada às pressas para sua candidatura. Apontava-se, assim, um
candidato que poderia dialogar com a juventude, os setores conservadores, que
ainda brigavam para decair a forte ascensão da esquerda, que naquele momento
tinha como maior nome Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Todavia, ainda
concorriam ao pleito nomes conhecidos da centro-esquerda como o
socialdemocrata Mário Covas (PSDB), Paulo Maluf (PDS, atual Progressistas), Leonel
Brizola (PDT), e Ulysses Guimarães (PMDB). Havia expressões conservadoras íntimas
como Enéias Carneiro (PRONA). Era uma em que se cogitava as coligações
partidárias numerosas como vemos hoje.
Collor, mesmo com pouco tempo no guia eleitoral, conseguia a simpatia da
população. Midiaticamente aparentava melhor que seus concorrentes.
Isso influenciou e muito na sua campanha. Era a primeira eleição com votos
diretos em anos.
Com votação um tanto expressiva sobre seu maior adversário, Lula, Collor
vence a disputa, e devido a sua ascensão meteórica gerou grandes expectativas
para um grande desafio, retirar o país da crise que ainda se alastrava.
Antes de assumir, Collor viajou aos Estados Unidos e para outros países, a fim
de retomar a credibilidade externa, que estava em baixa ante aos
acontecimentos aqui já narrados por governos anteriores. Sua intenção era buscar
apoio para poder renegociar a dívida.
Noutra banda, Collor promoveu corte dos gastos públicos, exonerando
funcionários do governo. Isso irritou a classe política. Não bastasse o clima tenso
economicamente, Collor aumentou os impostos e diminuiu os impostos de
importação. Nos primeiros meses a inflação foi contida, porém o desgosto sobre
o governo era geral.
Em meio a tudo isso, em 1991 surgiram denúncias sobre a pessoa de
Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Collor. As investigações
apontavam que Paulo César Farias estivesse coagindo diretores de estatais para
concretização de negócios favoráveis a determinados grupos particulares.
Em 1992, o irmão do presidente, Pedro Collor, denunciou que Collor estava
sendo beneficiado em transações financeiras obscuras. Isso foi o basta. O
Congresso Nacional instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
apurar o que midiaticamente fora chamado de “Esquema PC”. Ao fim, descobriu-
se um grande esquema de corrupção acerca de troca de favores
governamentais. O grito de Impeachment ecoara nas ruas e no Congresso. Sem
apoio, e diante do escândalo noticiado em todos meios de impressa, Collor
renunciou horas antes de ser afastado. Renunciando ao posto presidencial,
segundo as regras constitucionais viria assumir seu vice-presidente, Itamar
Franco. No pouco tempo de presidência que lhe restava, Itamar Franco centrou-
se em controlar a inflação com certo êxito. Meses depois, com Fernando
Henrique Cardoso como seu Ministro da Fazenda, Itamar
Franco lança o exitoso Plano Real, vigente em nosso país até hoje.
Um dos méritos do Plano Real no início que podemos citar foi a contenção
da inflação sem precisar de congelamentos ou confiscos. O Real caracterizou-se
por ter uma cotação idêntica ao dólar, inicialmente. Por fim, o plano em comento
foi responsável pela abertura econômica do Brasil.
As eleições de 1993 foram dueladas majoritariamente por dois ícones da
esquerda dos anos 80: Fernando Henrique Cardoso - FHC, que teve sua propaganda
impulsionada pelo exitoso Plano Real; e Luiz Inácio Lula da Silva, que desde
aquela década tinha forte apelo popular.
Ao final saiu-se vitorioso FHC. E com ele o Brasil engata no território do
neoliberalismo.
Ao fim, precisamos dizer que, embora politicamente tenha passado por
momentos confusos, legalmente o Brasil produziu leis extremante atualizadas e
em pleno gozo até os dias de hoje, sendo muitas delas ordenadas pela
própria
Constituição Federal. Podemos aqui listar algumas, como as leis relativas a
Previdência Social (LEI Nº 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991) e a Assistência Social (LEI Nº
8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993), O Código de Defesa ao Consumidor - CDC e o
Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.

6.4 A ERA FHC

Assim como dissemos, com a chegada de Fernando Henrique Cardoso à


cadeira presidencial, o nosso país é marcado por uma política econômica
neoliberalista. Do contrário que se tenta impingir, o neoliberalismo está nos dois
espectros políticos, tanto na direita como na esquerda. É uma tendência antiga,
porém foi mais acentuada com bastante veemência no final dos 70 na Europa e
nos Estados Unidos.
Por própria assepsia do nome, o neoliberalismo é um modelo político
econômico que descende do liberalismo, que por sua vez está ligado ao
iluminismo, como aqui já dissemos.

Nesse sentido, encontramos no neoliberalismo global duas vertentes: uma


mais conservadora, que prega uma omissão praticamente absoluta do Estado
sobre as relações de mercado; e uma linha mais progressista, que tenta
balancear os efeitos atrozes do mercado com programas sociais e políticas
públicas.
Esse último a propósito, é o modelo implementado no Brasil, que foi
iniciado com FHC e intensificado a reboque nos governos seguintes.
Tomando para nós esse substrato sobre o que vem a ser o neoliberalismo,
passemos a relatar o governo FHC.
Fernando Henrique Cardoso começa seu governo colhendo os louros de um
Plano Real inicialmente bem sucedido. Com isso ele começa um projeto de
reforçar as relações comerciais externas do Brasil. Para tal, encabeça o projeto
de uma zona
de comércio livre, o Mercorsul, que inicialmente contava com Brasil, Uruguai,
Paraguai e Argentina, no intuito de abrir cada vez mais o Brasil para o mercado
externo e o colocar dentro do contexto de globalização, baseado nas experiências
que a Europa passava com a União Europeia.
Uma das marcas históricas de FHC foram as privatizações, dentre elas estão a
da Companhia Siderúrgica Nacional, Companhia Vale do Rio Doce, do setor de
Telefonia. Neste mesmo intento, o governo quebra o monopólio da Petrobrás
sobre a extração e refinamento.
Em 1997, quase no final do seu primeiro governo, o Congresso aprova a
Emenda Constitucional que permite a reeleição para mais um mandato
subsequente.
Neste cenário ainda de otimismo, FHC consegue se reeleger em 1º turno.
Porém o que foi bom num primeiro momento começou a ser trágico: como
1 dólar valia 1 real, as exportações dos produtos brasileiros passaram a
despencar. O Brasil neste instante começou a apontar um retrocesso no
crescimento econômico e o índice de desemprego começou a subir. Fundido a
isso, empresas começam a fechar e bancos quebrar.
Enquanto o cenário econômico se agravava de um lado, no campo social o
Brasil passava por muitas dificuldades. O MST movia o país em protesto pela reforma
agrária, e os índices de distanciamento social só pioravam. O Governo ainda
inicia políticas assistenciais como Vale Gás, que ajudavam a comunidade mais
carente a adquirir o gás de cozinha (este projeto inclusive foi o esboço do que
mais à frente seria o Projeto Fome Zero, do governo subsequente).
Aproveitando deste descontentamento, a ala mais acentuada da esquerda
partidária, encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores – PT, inicia campanha
contra o Governo, e os efeitos disso são vistos da campanha de 2001, quando Lula, o
nome mais forte da esquerda nacional, ganha as eleições.

6.5 O GOVERNO LULA

O ano de 2002 traz a figura de Luiz Inácio Lula da Silva à cadeira


presidencial. Lula chega ao poder com forte aclamação, afinal tinham quatro
eleições presidenciais de forte oposição. Era uma figura pública conhecida desde
o tempo da retomada democrática no início dos anos.
Figura 17: Posse de LULA ao lado de FHC

Fonte: Marcello Casal Jr./ABr (2003)

Lula inicia seu trajeto mantendo as políticas neoliberais do seu antecessor,


com a inflação controlada e o plano real ainda estável. Para tal, buscou reforçar o
quadro de parceiros comerciais como a China e alguns países africanos,
ampliando o Mercorsul.
O Governo que guardava uma pauta social, começou a promoção e
ampliação de medidas assistenciais que no primeiro momento foram muito bem-
vindas, como o bolsa família, que rapidamente passou a ser o programa de maior
repasse de renda social do mundo, retirando vários brasileiros da margem de
miserabilidade.
Leis de cunho social e extrema relevância foram aqui votadas, um dos
exemplos, foi a Lei Maria da Penha, que visa coibir a violência doméstica.
Contudo, ao final de seu primeiro mandato, alguns de seus Ministros começaram
a aparecer em escândalos de corrupção, dentre eles, Marcos Valério eJosé
Dirceu. O ex- tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também foi um dos nomes ligados à
corrupção.
Entretanto, o bem-estar social gerado pela inflação controlada e o índice
de desemprego em queda do primeiro mandato serviram de propaganda de
campanha, e mesmo com essas máculas de corrupção apresentadas, Lula foi
reeleito para o mandato subsequente.
Neste ponto, o Brasil era um dos principais países pertencentes ao Bloco
de países emergentes, onde integravam Rússia, Índia e China, e mais tarde
ingressando ao G-20: o bloco dos países mais ricos do mundo.
Meses depois, são descobertas jazidas de petróleo abaixo das camadas de
sal no solo, o chamado Pré-sal. O Brasil aponta para caminhos de otimismo, uma vez
que o índice de escolaridade média aumenta. Muitos jovens passam a ter acesso
à faculdade com programas como o PROUNI.
Todavia, nem tudo são flores: os escândalos de corrupção tornam-se cada vez
mais noticiados nos meios de comunicação.
Lula perfaz o caminho oferecido do FMI, estabilizando a dívida externa. De
fato, pagou a dívida com o Órgão Mundial, porém sua estratégia foi demasiada
articulada e ao mesmo tempo sem nexo aparente, pois o Presidente captou o
valor junto aos banqueiros internacionais que compraram a dívida do nosso país
pagando a dívida junto ao Órgão Mundial. Isso foi amplamente noticiado gerando
comoção nacional, afinal era uma dívida adquirida desde a Proclamação da
Independência. Todavia os juros pagos ao FMI eram no importe de 4% ao ano, e o
então Presidente da República, em sua negociação, passou a dever 19,5% ao
ano aos banqueiros internacionais. Tempos depois, tomou dinheiro emprestado
outra vez ao FMI, para promover o seu Programa de Aceleração do Crescimento.
o que por um lado ajudou a impulsionar os programas sociais como o Fome Zero e
obras no território nacional.
Entretanto, Lula já havia trilhado dois Governos de bastante populismo. Isso
fez com que sua Ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fosse eleita pela
maioria dos votos, tomando posse no mandato subsequente.

6.6 O GOVERNO DE DILMA ROUSSEFF

Dilma Rousseff mostrou para história do povo brasileiro a força do


populismo de seu antecessor. Dilma era personagem dentro do quadro do partido
que não tinha nenhuma acusação, e já acompanhava há meses o Presidente nos
atos públicos. Embora desconhecida ao grande eleitorado, votar em Dilma
ganhou um demérito de ser a mesma coisa de votar em Lula. A intenção de
continuísmo foi bastante evidente, tanto que Dilma foi mais tarde reeleita
através da força da
imagem de Lula.
Aqui trataremos os fatos como um único governo, uma única era.

Figura 18: A presidenta Dilma Rousseff recebe a faixa presidencial de Lula, no parlatório
do Palácio do Planalto. Brasília, 1º de janeiro de 2011.

Fonte: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr (2011)

Dilma Rousseff mostrou para história do povo brasileiro a força do


populismo de seu antecessor. Dilma era personagem dentro do quadro do partido
que não tinha nenhuma acusação, e já acompanhava há meses o Presidente nos
atos públicos. Embora desconhecida ao grande eleitorado, votar em Dilma
ganhou um demérito de ser a mesma coisa de votar em Lula. A intenção de
continuísmo foi bastante evidente, tanto que Dilma foi mais tarde reeleita
através da força da imagem de Lula.
Aqui trataremos os fatos como um único governo, uma única era.
A chegada de Dilma à cadeira presidencial é coberta de simbologia, pois na
ocasião foi a primeira mulher Presidente da República. Numa República em que
ainda poucas mulheres e outros representantes das minorias se aventuram a carreira
política, isso é muito significativo. Essa é uma das razões dela ter dito em sua posse
que gostaria de ser chamada de “Presidenta”, mesmo a palavra não estando no
seu
uso ortográfico correto. Todavia, assim como seu antecessor, o governo não
ficou isento de acusações de corrupção.
No que tange à gestão econômica, o Governo tomou uma série de medidas
que futuramente restariam equivocadas, fazendo com que país perdesse o prestígio
alcançado nos governos anteriores, necessitando tomar empréstimos ao FMI.
A Presidente da República, no campo social, continuou os programas do
governo anterior, chegando a diminuir a tarifa de energia e os impostos que
circundam a cesta básica. Dentre os incrementos na educação, a representante
do Poder Executivo em nível Federal desenvolveu o PRONATEC, que era um
programa de governo desenvolvido para ser gratuito, em que as pessoas poderiam
fazer cursos técnicos profissionalizantes.
Mesmo assim, com a queda econômica do poder de compra do cidadão,
aliados aos escândalos de corrupção cada vez mais visíveis, a popularidade de
Dilma começa a cair. Prova é tal que a vitória apertada de seu segundo mandato
já apontava para isso, e o Congresso Nacional era composto por partidos
basicamente que não formavam a base aliada. Isso prejudicou o projeto de
governabilidade do mandato subsequente.
Em 2014, era recorrente movimentos antigoverno, e isso ficou bem perceptível
na Copa do Mundo ocorrida aqui no país, quando, numa aparição pública de um
jogo do torneio, o Estádio começou a vaiar sua própria Presidente, gerando um
constrangimento internacional.
Crescia um movimento silencioso de uma direta que por anos havia sido
reprimida. O Congresso começava a articular pedidos de impeachment.
Após meses de debates, ficou constatado que Dilma, no ano de 2015,
havia liberado um importe de R$ 2,5 bilhões, sem o aval do Congresso, nem
previsão no orçamento, descumprindo a lei orçamentária, caracterizando
improbidade administrativa. Esta operação midiaticamente ficou conhecida como
pedalada fiscal.
No transcorrer de 2016, a Nação inteira praticamente parou para
acompanhar os trâmites legais e jurídicos do processo de impedimento da
Presidente, e em 31 de agosto do mesmo ano, o Senado caçou o seu mandato,
sendo esta a segunda vez numa República ainda tão recente que isto acontece.
Ao nosso ver, não houve golpe propriamente dito, como muito se propala nos
discursos. Perceba, caro estudante, a mesma intensidade de oposição, tanto no
Congresso, como na população, em desfavor da Presidente, foi a mesma
desferida contra Collor em sua época. Com ambos, havia escândalos de
corrupção e descontentamento ante a economia.
Ademais, a acusação no processo de impedimento de Dilma era legítima.
Não podemos avaliar as questões ante aos nossos critérios morais, pois eles são
subjetivos: é preciso observar a lei, e esta foi descumprida, tanto no caso de
Collor, quanto no caso de Dilma.
Com a queda de Dilma, assim como no processo de impedimento anterior,
assume a cadeira presidencial o vice-presidente, Michel Temer. Muitas vezes Temer é
apontado como golpista, mas não existem provas sobre isso: o processo de
impedimento de Dilma foi algo multipartidário e não objeto de alguém em
específico.
Durante seu governo, Temer teve como seu objeto uma reforma trabalhista e
previdenciária, esta última há muitos anos adiada, em virtude da ameaça de
quebra da previdência em alguns anos. Tais reformas foram muitíssimos criticadas.
Mesmo com pouco tempo, Temer procurou tentar fazer mudanças
basilares em diversos setores, como no ensino médio, no caso da educação. Ao
fim de seu mandato, foram surgindo acusações também de corrupção.
Os movimentos, principalmente da extrema esquerda, começam a fazer
passeatas e protestos em desfavor do Governo. Um dos protestos mais icônicos
nessa fase foi o que se iniciou em maio de 2018, a chamada de Greve dos
Caminheiros, cujo pleito principal estava na redução do custo do óleo diesel e
dos altos preços dos pedágios.
O Brasil simplesmente parou. Como praticamente todo transporte de bens
e serviços é feito pela via terrestre, principalmente por caminhões, começou no
país uma onda de desabastecimento, principalmente de combustíveis. Houve
extensas filas, e pânico nos postos de combustível. Em poucos dias todos os
municípios estavam desabastecidos de combustíveis fósseis.
Embora o governo tenha negociado os termos e encontrado uma solução
para ambos os lados, alguns grupos avulsos quiseram permanecer em greve, porém
a situação foi com os dias sanada e em poucos casos foi preciso o emprego da
força.

100
6.7 AS ELEIÇÕES 2018 ATÉ O PRESENTE

Por fim, chegamos ao pleito eleitoral de 2018. As eleições ficaram


marcadas por terem ocorrido com o uso intenso das redes sociais. Alguns
partidos lançaram nomes de alguma relevância nacional, como Ciro Gomes
(PDT), que tinha sólida carreira no Estado do Ceará, Fernando Haddad (PT), com
carreira política construída em São Paulo, Geraldo Alckim (PSDB), Marina Silva
reconhecida pelo seu ativismo ambiental na Região Norte do país (REDE), Henrique
Meirelles que havia sido ministro de Temer (PMDB).
Todavia, se sobressaiu Jair Messias Bolsonaro (PSL), manifestadamente da
Direita, que havia sido reprimida por anos na política. E, mesmo com declarações
polêmicas, não foram capazes de retirar sua popularidade, ganhando em
segundo turno com larga margem de votações. Atualmente, seu mandato
encontra-se em curso, até 2022, apesar do envolvimento em diversas polêmicas,
por posicionamentos adversos e passíveis de críticas, especialmente com relação à
interferência de seus filhos no Governo, o que vem sendo objeto de investigação
e denúncias por parte dos Movimentos e Partidos de Esquerda.

6.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa é uma síntese apertada de quinhentos anos da política brasileira.


Longe de nós querermos que os argumentos aqui trazidos sejam a imposição
de algum limite para teus estudos, caro aluno.
Quisemos aqui despertar tua curiosidade para que você possa analisar e
pesquisar os fatos apresentados.
Sabemos que deixamos um universo de eventos de fora, e cabe a ti
preencher com teus estudos.
Este é nosso Brasil, com seus golpes e contragolpes, quedas e reerguidas.
Mas, uma coisa é certa: cabe a ti, caro aluno, ser um sujeito ativo na história de
nosso povo, formando opinião, debatendo e transmitindo teus conhecimentos.
Só resta dizer que foi uma legítima honra tê-lo comigo até aqui.
Muito Obrigado.

101
1. Sobre o governo Sarney, é correto afirmar:
a) O Plano Cruzado destinou-se a acelerar o crescimento do país.
b) O Plano Cruzado foi concebido por economistas como um plano ortodoxo de
combate à inflação segundo modelo recomendado pelo FMI.
c) À implantação do Plano Cruzado seguiu-se forte e imediata retração do
consumo.
d) O Plano Cruzado impediu o retorno de altas taxas de inflação até o término do
mandato de José Sarney.
e) Em 1986, os presidentes Sarney foram do MERCOSUL.

2. (TJ-SC – questão adaptada) Estudamos nesta unidade que as eleições diretas de


1989 para presidente da República, foram sufragadas entre Fernando Collor
de Mello e Luíz Inácio Lula da Silva. Sobre o governo Collor é correto dizer:
a) Não tivemos o retorno do Cruzeiro.
b) Não houve bloqueio de depósitos nas cadernetas de poupança e contas
correntes a partir de um determinado valor por um prazo de 18 meses.
c) O Ministério da Fazenda foi ocupado por Zélia Cardoso de Mello.
d) Fernando Collor não foi eleito o primeiro presidente civil brasileiro, por voto
direto, desde 1960, segundo as normas democráticas da nova Constituição.
Derrotou o candidato Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da eleição.
e) Foi usado o Plano Real e o gatilho salarial para quando a inflação
ultrapassasse 20%.

3. (VUNESP) Após mais de duas décadas de ditadura militar no Brasil, o primeiro


presidente civil eleito de forma direta pela população brasileira foi:
a) Tancredo Neves
b) José Sarney
c) Fernando Collor de Mello
d) Fernando Henrique Cardoso.
e) Luiz Inácio Lula da Silva
4. (FUNCAB)
“Todos os indicadores revelam que, em matéria de políticas sociais e trabalhistas,
o governo do presidente Fernando Henrique foi um grande desastre, baseado
no binômio Estado-Mínimo para o trabalhador e Estado-Máximo para o
capital.”
Mendonça, Sonia Regina de. A industrialização brasileira. São Paulo: Moderna, 2004. p. 126).

Entre as proposições abaixo, identifique aquela que melhor expressa a da Era


FHC.
a) A adoção do neoliberalismo.
b) A manutenção da Era Vargas.
c) A retomada do nacionalismo econômico.
d) A nacionalização das empresas multinacionais.
e) A proibição de fusões e aquisições de empresas.

5. (MPE-GO – Questão adaptada) sobre o tempo do governo do partido dos


trabalhadores no Brasil, através dos governos LULA e DILMA é correto afirmar-se
que:
a) teve, com a eleição do presidente Lula, a continuidade das propostas
neoliberais, tendo em vista ser este presidente forte defensor das ideias do
Partido da Social Democracia Brasileira.
b) no segundo governo Lula, 2007 a 2010, o programa social Bolsa Família foi
extinto, tendo em vista o modelo econômico brasileiro ter ultrapassado a
inclusão social, não necessitando mais de ações assistencialistas.
c) com a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República, os partidos PSDB
e PFL passaram a compor o governo, apoiando o novo programa de
desenvolvimento econômico do país, o PRONATEC, que defende a
nacionalização de todas as empresas estrangeiras.
d) o governo de Dilma Rousseff sofreu uma forte crise de contestação às suas ações,
como contra a corrupção em diversos setores e esferas no país, no período
que antecedeu a Copa das Confederações em 2013.
e) em atitude semelhante à de Getúlio nos anos de 1950, ao criar a PETROBRÁS,
a Presidente Dilma Rousseff conseguiu, com apoio do Congresso Nacional,
garantir a exclusiva exploração do Petróleo na camada Pré-Sal, impedindo o
loteamento desta camada para empresas estrangeiras.
6. (Contemax) Assinale a alternativa CORRETA que apresente acontecimentos
de destaque que caracterizam o primeiro ano de Dilma Roussef na presidência
do Brasil:
a) Investimentos vultosos na educação básica e na saúde pública.
b) Brasil bate recorde de desemprego de toda a sua história.
c) Aumento da inflação em níveis alarmantes, que superam as taxas
inflacionárias da década de 1980.
d) Lançamento de programas sociais e econômicos e a saída de ministros do
governo.
e) Crescimento vertiginoso nas vendas de produtos importados.

7. TJ-SC - Leia as alternativas a seguir e assinale a única que está que não faz
guarda relação com o governo Luiz Inácio Lula da Silva:
a) Criação do ProUni que tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos
integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos
sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação
superior.
b) Criação do Programa FOME ZERO, que atua a partir de quatro eixos
articuladores: acesso aos alimentos, fortalecimento da agricultura familiar,
geração de renda e articulação, mobilização e controle social.
c) Criação do programa Primeiro Emprego com objetivo de combater o trabalho
escravo e o trabalho infantil nas diversas regiões do Brasil.
d) Criação do programa Bolsa Família - programa de transferência direta de
renda às famílias, beneficiando aquelas em situação de pobreza e extrema
pobreza.
e) Continuidade da política econômica do Governo FHC.

8. (IDECAN – Questão adaptada)


Em relação ao processo de Impeachment da Presidente Dilma Lana Rousseff,
analise as afirmativas a seguir.

I. Com a votação realizada pelo Congresso, o processo de Impeachment está


praticamente definido, restando ao Senado apenas validar o resultado
anterior.
II. A partir da finalização do processo, convocam-se imediatamente novas
eleições que devem ocorrer num prazo máximo de 180 dias.
III. A conclusão do processo, para que se torne realmente democrático, exige
uma participação mais direta da população, através de um plebiscito
compulsório.
IV. Para o Impeachment no Brasil, desde a Constituição de 1891, existe lei que
define os crimes de responsabilidade, disciplina a acusação e estabelece o
processo e o julgamento.

a) I.
b) IV
c) II e III
d) III e IV.
e) Nenhuma das alternativas
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 01 UNIDADE 02

QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 D B
QUESTÃO 3
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 E

UNIDADE 03 UNIDADE 04

QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 C A
QUESTÃO 3
QUESTÃO 4 A A
QUESTÃO 4
QUESTÃO 5 E B
QUESTÃO 5
QUESTÃO 6 D C
QUESTÃO 6
QUESTÃO 7 E A
QUESTÃO 7
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 C

UNIDADE 05 UNIDADE 06

QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 E
QUESTÃO 3 B C
QUESTÃO 3
QUESTÃO 4 D A
QUESTÃO 4
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 B
REFERÊNCIAS

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