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Índice………………..……………………………………………………………………………..

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Introdução ..................................................................................................................................................... 2

1. Enquadramento teórico conceptual ....................................................................................................... 3

1.1. Metodologia .................................................................................................................................. 4

1.2. Objectivos ..................................................................................................................................... 4

1.2.1. Geral...................................................................................................................................... 4

1.2.2. Específicos ............................................................................................................................ 4

Capitulo I ...................................................................................................................................................... 5

1. Descentralização em Moçambique ....................................................................................................... 5

1.1. Características da descentralização ............................................................................................... 5

1.2. Tipos de descentralização ............................................................................................................. 6

1.3. Objectivos da descentralização ..................................................................................................... 6

1.4. Estratégias para a descentralização ............................................................................................... 7

1.5. Vantagens da centralização ........................................................................................................... 7

2. Conclusão............................................................................................................................................ 11

3. Bibliografia ......................................................................................................................................... 12

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Introdução
O presente trabalho, tem em vista debruçar sobre a descentralização seus tipos bem como as
vantagens e desvantagens da mesma.

Importa salientar que a descentralização tem sido objecto de vários estudos tanto a nível
nacional, como internacional e, é amplamente reconhecido como factor essencial para o
desenvolvimento económico e social sustentável.

Desta forma, podemos ainda dizer que a descentralização vem sendo uma construção colectiva,
funcionando como o principal promotor e dinamizador do desenvolvimento local, pelo que
constitui um factor que atiça o crescimento do país.

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1. Enquadramento teórico conceptual
Para Mazula et al (1998), Descentralização é um processo de criação de entidades autónomas
distintas e paralelas ao Estado central, (descentralização administrativa) ou parcial (delegação)
da autoridade do titular originário das funções incumbido de exercer o poder de decisão e
implementação.

Segundo Faria e Chichava (1999, p.6), a descentralização pode ser definida como a organização
das actividades da administração central fora do aparelho do Governo central, podendo ser
através de: medidas administrativas (e fiscais) que permitam a transferência de responsabilidades
e recursos param agentes criados pelos órgãos da administração central; medidas politicas que
permitam a atribuição, pelo Governo central, de poderes, responsabilidades e recursos
específicos para as autoridades locais.

Ainda de acordo com os autores na página 9, "o processo de descentralização significa no caso
especifico de Moçambique, uma combinação de processos de desconcentração e de autorização".
Para o caso concreto do sistema administrativo moçambicano, o princípio de descentralização
administrativa, encontra se consagrada no artigo 250 da CRM.

Descentralização é organização das actividades da administração central fora do aparelho do


Governo central, transferidos para as autoridades locais. O seu conceito implica sempre a
comparação do desempenho de diferentes funções pelos vários níveis de Governo, com objectivo
de atingir fins similares. Descentralização é definida como sendo criação de entidade autónoma
distinta do Estado, paralela a ela, (Mazula 1998). Desaparece a hierarquia administrativa, surge
um relacionamento entre pessoas jurídicas diferentes, com atribuições e responsabilidades
jurídicas definidas por lei (BUNGUEIA 2008).

Descentralização é um processo eminentemente administrativo pelo qual um determinado


Governo desconcentra suas actividades administrativas, seja por critérios especiais, a fim de
levar suas actividades a outros pontos fora da sede do respectivo Governo, seja por critérios

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funcionais, criando órgãos dotados de autonomia administrativa, seja, enfim, pela combinação
desses critérios (MELO, Pg. 200).

A descentralização pode ser total ou parcial. Diz-se TOTAL quando os governos ou autoridades
locais tem poderes sobre a localidade das políticas macroeconómicas, fiscal, monetária e
comercial. Diz-se PARCIAL quando apenas uma parte dos poderes da política macroeconómica
é descentralizada, como é o caso de poderes sobre a política fiscal, ficando as políticas
monetárias e comercial na prerrogativa do governo central (BUNGUEIA, 2008).

1.1. Metodologia
No que se refere aos objectivos propostos para esta pesquisa, ela se classifica como descritiva,
pois, segundo o modelo proposto por Vergara (1998, p. 47), “A pesquisa descritiva expõe as
características de determinada população ou fenómeno, estabelece correlações entre variáveis e
define sua natureza”.
No que se refere aos procedimentos técnicos de colecta e análise de dados, essa é uma pesquisa
bibliográfica.
Para Gil (1999, p. 44), “A pesquisa bibliográfica é elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos periódicos e actualmente com material
disponibilizado na internet.”

1.2. Objectivos
1.2.1. Geral
 Identificar as vantagens e desvantagens da descentralização.

1.2.2. Específicos
 Debruçar sobre descentralização em Moçambique;
 Indicar os tipos e características de descentralização;
 Apresentar as vantagens e desvantagens da descentralização.

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Capitulo I
1. Descentralização em Moçambique

O processo de descentralização em Moçambique tem duas vertentes nomeadamente:


 Descentralização através da criação de novas entidades jurídicas em território e
povoações, que são as autarquias e,
 Descentralização Administrativa diz respeito à dispersão dos agentes de escalões
superiores do governo nas áreas dos escalões inferiores ou através de atribuição de
maiores competências aos distritos e órgãos hierarquicamente subordinadas, e dela
constituindo extensão, mecanismo administrativo visando a aproximação a prestação de
serviços aos seus beneficiários (Manor, 1998).

1.1. Características da descentralização


Em relação ao aspecto administrativo, a descentralização também é tratada como a delegação de
funções de órgãos centrais a agências mais autónomas, o que é na verdade um processo de
desconcentração administrativa, com o repasse de responsabilidades. No processo político, o
autor entende a descentralização como a transferência de poder decisório de um Estado nacional
aos governos subnacionais, que:
 Adquirem autonomia para escolher seus governantes e legisladores;
 Comandam diretamente sua administração;
 Elaboram uma legislação referente às competências que lhes cabem;
 Cuidam de sua estrutura tributária e financeira (Binotto, et al., 2010).
São entidades descentralizadas de direito público: Autarquias e Fundações Públicas. São
entidades descentralizadas de direito privado: Empresas Públicas, Sociedades de Economia
Mista. Pode, inclusive, a execução do serviço ser transferida para entidades que não estejam
integradas à Administração Pública, como: Concessionárias (concessões) de Serviços Públicos e
Permissionárias (permissão). A descentralização, mesmo que seja para entidades particulares,
não retira o carácter público do serviço, apenas transfere a execução (Doval, 2014).

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1.2. Tipos de descentralização
a) Delegação
É aquela que consiste na transferência de algumas responsabilidades do projecto ou programas
de desenvolvimento para agências para-estatais. Esta passagem pode ser acompanhada pela
legislação ou não e o objecto de delegação do poder pode ser total ou parcial. É o caso dos
mandatos de institutos de desenvolvimento rural, das águas, das telecomunicações. Ou ainda a
simplificação de normas administrativas ou corte de algumas operações ou direcções para
acelerar o tratamento de documentos oficiais, como é o caso de alguns ministérios ou direcções
provinciais que responsabilizam os órgãos administrativos locais para oficialização de alguns
documentos. Isto ocorre em casos que os cidadãos tenham que percorrer grandes distâncias ou
tenham que pagar muito dinheiro (GUNGUEIA, 2008).

b) Descentralização administrativa ou desconcentração


Tem a ver com a dispersão dos agentes de escalões superiores do Governo para área de escalões
inferiores (Faria e Chichava, 1999).

c) Privatização
Passagem de actividades por parte do sector estatal para o sector privado através de concessões,
contratos administrativos, do estado para entidades privadas ou estrangeiras. Por exemplo a
prestação de serviços de transporte (BUNGUEIA, 2008).

d) Descentralização política
Quando a descentralização implica uma transferência final do poder de decisão e implementação
da administração central para os órgãos locais eleitos. (Faria e Chichava, 1999). Neste caso, os
níveis locais do governo soa providos de funções e recursos claros e adequados, dispondo de
mecanismos institucionais adequados para dispêndio eficiente de recursos (Smoke, 2001).

1.3. Objectivos da descentralização


Eficiência: Cada pessoa tem necessidades diferentes para serviços públicos que melhoram o seu
bem-estar. Tendo os governos locais mais perto das pessoas as informações são mais precisas no

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que tange as necessidades das pessoas em relação ao poder central. Melhorando desta forma os
serviços que as pessoas necessitam e promovendo assim uma melhor eficiência alocativa
(Bungueia, 2008).

Governação: Ainda de acordo com autor, a interacção entre os Governos locais e o público
levam a uma decisão mais consistente em relação às decisões tomadas ao nível central.

1.4. Estratégias para a descentralização


 Mobilização para manifestação da vontade e decisão política indispensáveis ao processo;
 Atribuição de funções e responsabilidades que permitam aos Governos locais o exercício
de um papel significativo no processo de desenvolvimento;
 Alocação de recursos financeiros compatíveis com o papel dos Governos Locais;
 Gradualismo na execução de determinados aspectos no processo de descentralização,
como medida para assegurar o seu êxito;
 Acessória técnica dos governos locais para o correcto desempenho de suas novas
atribuições, inclusive o manejo dos recursos adicionais que lhes tenham sido atribuídos;
 Estimulo ao exercício de suas novas responsabilidades, especialmente no campo
tributário, se este for aplicado;
 Estabelecimento de mecanismos de responsabilidade pública ou política das autoridades
locais.

1.5. Vantagens da centralização


Para uma melhor compreensão das vantagens e desvantagens da descentralização, foi mister ao
grupo dividi-los em quatro categorias, a saber: vantagens administrativas, vantagens politicas,
vantagens sociais e vantagens culturais.

a) Vantagens administrativas
 As decisões mais importantes são tomadas por pessoas mais capazes, há necessidade de
menor número de administradores de alto nível, há uniformidade de directrizes e normas,
a coordenação torna-se mais fácil, aproveita-se mais o trabalho dos especialistas;

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 Procura aumenta a eficiência dos serviços públicos;
 Maior rapidez de resposta às solicitações;
 Melhor qualidade de serviço por se permitir a especialização de funções;
 Liberta superiores para a resolução das questões de maior responsabilidade.
 Cria condições para a participação do cidadão no processo de planeamento e
administração do desenvolvimento;

 Permite aos funcionários locais um conhecimento e uma sensibilidade maior em relação


aos problemas e necessidades locais;

 As decisões são tomadas mais rapidamente pelos próprios executores da acção;

 Tomadores de decisão são os que têm mais informação sobre a situação;

 Maior participação no processo decisório o que promove motivação e moral elevado


entre os administradores médios;

 Proporciona excelente treinamento para os administradores médios

 Garante as liberdades locais, servindo de base a um sistema pluralista de Administração


Pública, que é por sua vez uma forma de limitação ao poder político.

Desvantagens da descentralização administrativa


 Gera alguma descoordenação no exercício das funções administrativas;
 Abre a porta ao mau uso dos poderes discricionários da administração por parte de
pessoas nem sempre preparadas para os exercer;

b) Vantagens da descentralização económica


 Cedência de personalidade legal;
 As áreas de competência são legalmente definidas;
 Maior autonomia sobre os impostos;
 Orçamento próprio e competência legislativa;

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 Num sistema centralizado os gestores políticos tomam decisões para todo o país;
 Aproximação da administração pública das populações locais que possibilita uma maior
eficiência na resolução de problemas concretos e melhor aproveitamento dos recursos
locais;

 Proporciona, em princípio, soluções mais vantajosas do que a centralização, em termos


de custo-eficácia e;

 Ideias criativas para melhorar as suas próprias receitas.

Desvantagens da descentralização económica


 Distribuição desigual de recursos pelas regiões do mesmo país;
 Maior custo pela exigência de melhor selecção e treinamento dos administradores
médios.
 Menor autonomia sobre os impostos;
 A não transparência de prestação de contas por parte do conselho consultivo local
dificultando o processo de desenvolvimento local;

c) Vantagens políticas
 Aumentar a estabilidade política e a unidade nacional ao dar aos diferentes grupos, em
diferentes regiões do país, a capacidade de participar mais directamente no processo
decisório do desenvolvimento;
 Abre a possibilidade do cidadão torna se participativo na tomada de decisão;
 Inovação política;
 Aumenta o poder na tomada de decisão a nível local aumentando a transparência e a
responsabilidade através da redução da distância entre as políticas e os seus eleitores;
 Menores gastos;
 Maior coordenação entre os gestores sectoriais;
 Maior eficiência e satisfação das necessidades;
 Gestores mais próximos do controlo de tomada de decisões;

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 Maior eficiência na gestão política.

Desvantagens políticas
 O fracasso das decisões tomadas localmente;
 A não intervenção do governo central no processo de tomada de decisão;
 Menor satisfação das necessidades locais;
 Informação contraditória da realidade local, por parte do conselho consultivo local;

d) Vantagens sociais
 Traz maior eficiência a prestação de serviços culturais, pois não é mais o Estado que
determina as acções;
 Fortalecimento da sociedade a nível local e o surgimento de novos espaços;
 Contributo para a democratização no país;
 Participação efectiva da sociedade nas decisões públicas criando um processo
democrático;
 Permite aproveitar a realização do bem comum, a sensibilidade das populações locais
relativamente aos seus problemas, e facilita a mobilização das iniciativas e das energias
locais para as tarefas de administração pública;

Desvantagens sociais
 Incapacidade de implementação das políticas governamentais;
 Falta de recursos;
 Menor intercâmbio entre o Governo local e Central;
 A não transparência por parte dos conselhos consultivos locais.

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2. Conclusão
A principal defesa da descentralização é de certeza o impulso/peso que esta tem no
desenvolvimento das sociedades, permitindo uma maior liberdade de tomada de decisão,
implementação e avaliação, uma tendência que Moçambique tende a seguir ao fazer dos distritos
“polos do desenvolvimento”.
O papel da descentralização no desenvolvimento é amplamente discutido, e enquanto não há
garantias absolutas de que a descentralização seja chave para o desenvolvimento sustentável de
um país, ela pode ser importante, pois, permite “o desenvolvimento das zonas rurais, províncias,
distritos e postos administrativos, e pode ser utilizada como uma estratégia de democratização da
coisa pública”.
Com tanto constatamos que a responsabilização e prestação de contas pressupõem obtenção de
informação relevante, e tal, constitui elemento de vantagem entre determinados grupos, o que
torna comum a desinformação, ou até mesmo informações contraditórias no seio dos Conselhos
Consultivos Locais, levando assim a um clima de ausência de responsabilidade, impunidade e
indícios de suspeita de corrupção.
Em suma, podemos constatar que os órgãos locais do Estado prestam "contas" à comunidade
através dos Conselhos Consultivos Locais (sem poder sancionatório). No entanto, o mesmo não
sucede quando se trata do Poder Local, que este último normalmente presta contas "somente" a
Assembleia Municipal (órgão legislativo de âmbito municipal dotado de poder sancionatório). O
que não deixa de ser um paradoxo, dado que como poder eleito pela comunidade, mais do que
outro qualquer, tem a responsabilidade de gestão pública municipal e consequentemente a
prestação de contas mais abrangente e efectiva.
A descentralização é poder alcançar uma boa governação, quando esta for assumida com
integridade, transparência e legalidade que são princípios indiscutíveis da boa governação no
processo de descentralização.

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3. Bibliografia
 MELO, Diogo Lordello de, (1991). Descentralização, papel dos governos locais no
processo de desenvolvimento nacional e recursos financeiros;
 BUNGUEIA, Alina Azélia da Marcelina Carlos, (2008). Descentralização
administrativa e o distrito como base de planificação do desenvolvimento
socioeconómico;
 AGUIAR Adélia, MORAIS Eduardo, et all, (2006). Planeamento Governamental para
Municípios, São Paulo, Editora Atlas S.A;
 AMAL, S. (2014), “Poderá o Tribunal Africano de Direitos Humanos e dos Povos ser
emancipatório?” trabalho apresentado no âmbito do seminário de Escalas e Mobilização
dos Direitos Humanos do doutoramento em Human Rights in Contemporary Societies.
Coimbra: CES;
 MAZULA, A, et all (1998). “Quadro institucional dos distritos municipais”.
Autarquias Locais em Moçambique. Antecedentes e Regime Jurídico. Lisboa – Maputo;
 WEIMER, B. (ed.) (2012), Moçambique: descentralizar o centralismo: economia
política, recursos e resultados. Maputo: Instituto de Estudos Sociais e Económicos;
 Binotto, Erlaine, Ribeiro, Elaine Silva e Dallabrida, Valdir Roque e Siqueira, Elisabete
Stradiotto. 2010. Descentralização Político-Administrativa: o Caso de uma Secretaria
de Estado. SP, Brasil;
 Bortoleto, Leandro. 2010. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros;
 Dale, Ernest, (1957). Planning and developing the company organization struture.
Nova Iorque: American Management Association;
 Doval, Aline, (2014). Apostila de Direito Administrativo. Passei Direito.

Legislação

 Constituição da República de Moçambique (2004).

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