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Quando levamos em conta os apontamentos feitos no texto: Contra o


desaparecimento: uma cartografia com a Vila Autódromo, de Cristina Ribas e Lucas
Icó, percebemos que em determinados momentos são citadas as preocupações dos
envolvidos no projeto com a temática da memória.
Cito dois trechos que resumem bem a relação:
"Em 2017, fomos convidados a participar do projeto Céu Aberto, que fez parte do
projeto maior do Instituto Goethe: Futuro da Memória. O objetivo do projeto foi mapear
iniciativas que vêm abordando memórias políticas de alguns grupos sociais ou lutas na
América Latina. Os curadores do projeto buscaram conectar a memória da luta com a
produção cultural e narrativas sobre os direitos humanos."
" O museu das Remoções quer ser mais um instrumento de resistência e luta,
com alcance nacional, em comunidades que sofrem ou já sofreram com processos de
remoções e práticas especulatórias. Nosso objetivo é lutar contra as políticas de
remoções, suas ações arbitrárias e consequentes apagamento de memória".

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Estas preocupações não só com a preservação do espaço, como também com a
memória, o registro narrativo dos acontecimentos, assim como, o envolvimento coletivo
das pessoas que partilham aquela realidade social, cultural e política, são elementos
que unidos formam o museu das Remoções e fazem com que este museu reflita o que
Claire Bishop descreve exatamente sobre os museus contemporâneos em “Museologia
radical ou o que é “contemporâneo” nos museus de arte contemporâneos?”.
O museu contemporâneo para Bishop é aquele que não reflete as lógicas de
mercado, aquele que possui em suas dimensões características antiobjeto,
antimercado, antimodelo capitalista, onde o espectador contesta, assume ou recusa,
discute ou age e contempla. Onde existe uma contínua justaposição entre obras de
arte e outras "coisas" e práticas consideradas não artísticas.
Levando em conta uma contemporaneidade que vive em um constante olhar
para o futuro sem compreender ao certo o que ocorre no presente que se apresenta
sempre como (re) construção. Outro ponto referente e constante à existência do
museu das Remoções está nas imagens que guardam significados que vão além
daqueles representados ali. Imagens políticas que segundo Jacques Rancière,
mostram os estigmas da dominação, ao sair dos lugares próprios da arte para
transformar-se em prática social.
E neste sentido, utilizo algumas imagens presentes no acervo online do museu
das remoções para tratar justamente como símbolos do que Peter Osborne chama de
Heterocronia, como algo que existe em um período, no qual, não faz parte e
heteronomia, no sentido que ocorre sem a vontade de terceiros, como ausência de
autonomia do indivíduo na contemporaneidade.

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A importância do museu das remoções se encontra justamente na resistência
que representa, na transformação e no transporte de locais, objetos e imagens comuns
para o campo das obras de arte legitimadas, assim como, o exemplo utilizado pelo
próprio Peter Osborne, sobre o Grupo Atlas, em que registros de ataques de
carros-bomba que levam a violência e resultam posteriormente em imagens
heterocrônicas e heteronômicas, são eternizadas e difundidas porque não basta
apenas reconhecer os acontecimentos ruins ou errados de um período, mas deve-se
também ter consciência e refletir, criar condições favoráveis para que não ocorram
mais.
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Afinal, o “contemporâneo”, em outras palavras, é uma forma abreviada para “o
presente histórico” é irresistível e deve ser tratado como tal, e cabe à arte, fazer parte
deste contemporâneo justamente como forma de reflexão e construção de
pensamentos. Demonstrando a realidade violenta e desleal por vezes oculta e por
vezes simplesmente ignorada.
Imagens do museu: https://museudasremocoes.com/fotografias/
Imagem do grupo Atlas: https://www.theatlasgroup1989.org/makerain

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