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PROCEDIMENTO CRIMINAL DA LEI DE DROGAS

DO CONFLITO APARENTE DE NORMAS ENTRE A LEI N.º 11.343/06 E O CÓDIGO DE


PROCESSO PENAL

Na visão de Edilson Mougenot Bonfim o intérprete da norma jurídica deve proceder uma
análise sistemática do disposto no art. 394, §2º, do Código de Processo Penal, o qual prevê
que se aplicam a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em
contrário do próprio estatuto processual ou lei especial, concluindo que são aplicáveis à
generalidade dos procedimentos de primeira instância, desde que não conflitem com as
regras por eles estabelecidas

Em razão do contido no §4º do art. 394 - "As disposições dos artigos. 395 e 398 deste
Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não
regulados neste Código" - há que se fazer uma interpretação sistemática com o §2º do
mesmo dispositivo legal, donde se pode concluir que os artigos. 395 a 398 são aplicáveis à
generalidade dos procedimentos de primeira instância, desde que não conflitem com as
regras por eles estabelecidas.

Com efeito, as considerações ora entabuladas auferem alta relevância na medida de se


determinar o rito adotado pela Lei n.º 11.343/06, sobretudo em situação hipotética na
qual o denunciado tenha sido regularmente notificado, porém, deixado de oferecer a
defesa prévia, o que gera a necessidade de observação do disposto no art. 55, § 3º, da Lei
de Drogas, dispositivo este que determina a nomeação de defensor para apresentação da
peça técnica defensiva.

Desta feita, surge a seguinte indagação: Ao ser devidamente providenciada a regular


notificação do denunciado, tendo este deixado de apresentar sua defesa prévia, de forma
livre e consciente, mesmo após a nomeação de defensor para tanto, deve o magistrado,
após o recebimento da denúncia, determinar a sua citação ou considerá-la praticada na
oportunidade da notificação e, decretando a sua revelia (art. 367, CP), de imediato,
designar dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, intimando-o?

Pela análise do comando inserto no art. 56, caput, da Lei n.º 11.343/06, a conclusão
aparenta certa lógica no sentido de ser determinada a citação do réu, porém, dos
ensinamentos acima transcritos verificarmos que, em casos concretos, a situação pode
revelar a incidência de percalços desnecessários à instrução processual e, especialmente, à
satisfação dos anseios da sociedade.

REFERÊNCIAS:
BONFIM, Edilson Mougenot. Código de processo penal anotado / Edilson Mougenot
Bonfim. – 4. ed. atual. de acordo com a Lei n.12.403/2011 (prisão) – São Paulo : Saraiva,
2012.

BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal, 7. ed. atual. São Paulo: Saraiva,
2012.

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