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*Texto publicado em: Teologia e Pastoral. Ano II - maio/junho de 1969, pp. 59-66.

RECENSÃO BIBLIOGRÁFICA

Pe. José Maria Fructuoso Braga

INTRODUÇÃO AO MISTÉRIO DA IGREJA


Yves m. - j. Congar
Editora Herder – São Paulo, 1966

Esta obra, cujas edições francesas são anteriores ao Concílio, representa diversos estudos do
autor, reunidos depois num só volume. O 1º estudo se destinava a uma obra ecumênica e data de
1937 e a intenção do autor era dar, aos cristãos separados, uma visão de conjunto do Mistério da
Igreja, ficando o mais perto possível das fontes reveladas. O 2º estudo é de 1939 e nele se destacam
as linhas mais características da concepção tomista do Mistério da Igreja. O 3º estudo, de 1937,
apresenta o essencial do Corpo Místico de Cristo. O 4º estudo, também de 1937, trata de o Espírito
Santo e o corpo apostólico. A ogra toda é uma profunda reflexão sobre o Mistério da Igreja, muito
útil para entender as linhas teológicas que mais tarde o Concílio Vaticano II adotou na Constituição
LUMEN GENTIUM e noutros documentos conciliares.

PARADOXO E MISTÉRIO DA IGREJA


Henri de Lubac, s.j.
Editora Herder – São Paulo, 1969

A Igreja, que é um mistério, se torna um paradoxo. Diz o autor: “hoje mesmo, e malgrado as
condições novas de um mundo que tende a uniformizar-se, quanta distância, às vezes quão grande
abismo – sem mesmo falar das separações provenientes das rupturas – entre as comunidades cristãs
das diversas regiões, em sua mentalidade, em sua maneira de considerar e viver a fé”. Mas o
mistério, que é a Igreja, antes de tudo é um fato vivido, mais do que o objeto de um conceito claro.
O autor, com profundidade e equilíbrio, em sete capítulos, segue as linhas do Concílio sobre a
Igreja, especialmente as que traçaram as constituições LUMEN GENTIUM, DEI VERBUM e
GAUDIUM ET SPES. Mostra ainda que no Concílio desabrocharam muitas das sementes lançadas
pelos Padres da Igreja.

POUR UNE ÉGLISE SERVANTE ET PAUVRE


Yves M, - J. Congar, o.p.
Les Éditions du Cerf, Paris, 1963

O autor em primeiro lugar pesquisa as fontes escriturística que nos fazem entender a
hierarquia como serviço. Depois examina a realização histórica desde a Igreja dos mártires até
nossos dias. Procura determinar ainda a concepção cristã de autoridade. Faz também um breve
estudo histórico sobre os títulos e as honras na Igreja.
Quando se pensa numa revisão interna da Igreja para que ela possa melhor realizar sua
missão, a leitura desta obra abre perspectivas para esta revisão.

A IGREJA DO VATICANO II
obra coletiva dirigida por Frei Guilherme Baraúna, o.f.m.
Editora Vozes, Petrópolis, 1965

Nesta obra Frei Baraúna reuniu estudos de autores especializados sobre cada um dos grandes
temas da constituição dogmática LUMEN GENTIUM. Se esta constituição nos apresenta um
aprofundamento da consciência que a Igreja tem de si mesma, os estudos reunidos em A IGREJA
DO VATICANO II constituem um farto material para se entender as dimensões desta consciência
atualizada do que é a Igreja de Cristo.

A IGREJA DO NOVO TESTAMENTO


Gerhard Kittel
tradução de Helmuth Alfredo Simon
ASTE, São Paulo, 1965

Esta obra representa a reunião de alguns verbetes neotestamentários do Dicionário para o


Novo Testamento, editado por G. Kittel, fruto de 3 séculos de estudos de exegetas, principalmente
alemães. Sob o título “A Igreja no Novo Testamento”, compreendem-se alguns verbetes relativos ao
tema Igreja, a saber: Igreja, por Karl Ludwig Schmidt; Rei e Reino, por Karl Heinrich Rengstorf;
Bispo, por Hermann Wolfgang Beyer; Presbítero, por Guenter Bornkamm; Servidor, Serviço e
Diácono, por Hermann Wolfgang Beyer; Pedro, por Oscar Culmann; Pedra, pelo mesmo autor.
Os estudiosos católicos, nesta hora de ecumenismo, não poder dispensar o conhecimento dos
valores de exegetas cristãos não católicos como os autores aqui referidos.

COMENTÁRIOS A LA CONSTITUCIÓN GAUDIUM ET SPES


sobre la Iglesia em el mundo de hoy
Edicion dirigida por el Cardenal Angel Herrera Oria
Biblioteca de Autores Cristiaos – Madrid – 1968

Esta obra da BAC é um comentário coletivo sobre a constituição pastoral “Gaudium et


Spes”, seguindo exatamente a ordem dos capítulos da constituição. Os comentaristas, todos eles
abalizados, abordam com rigor científico e segurança de doutra toda a problemática deste
documento conciliar. Se a Igreja foi o tema central de todo Concílio, a “Igreja no mundo de hoje”
representa o documento central entre os demais. Eis a razão da importância destes “comentários”
publicados pela BAC.

A IGREJA NO MUNDO DE HOJE


obra coletiva dirigida por Frei Guilherme Baraúna
Editora Vozes, Petrópolis, 1967

Frei Baraúna e mais 25 especialistas trabalharam na preparação desta obra. O livro contém
três partes, distintas mas coligadas. A 1ª parte apresenta os “Pressupostos históricos e teológicos da
Constituição”, com 5 artigos preliminares julgados necessários à compreensão do texto da
“Gaudium et Spes”, sendo autores: Marco G. McGrath, Alceu Amoroso Lima, Giuseppe Alberigo,
Stanislas Lyonnet, Jean Marie R. Tillard. Na 2ª parte - “temas e ideias centrais da constituição” -
colaboraram Joseph Folliet, Philippe Delhaye, Wilhelm Weber e Anton Rauscher, Peter Smulders,
M. D. Chenu, Victor L. Heylen, Charles Moeller, Theodoor Mulder e José Arthur Rios, Raniero la
Valle, Henri de Riedmatten e Ramón Sugranyes de Franch. A 3ª parte - “dimensão e implicações
ecumênicas da costituição” - oferece estudos de Olivier Rousseau, Lukas Vischer, Jean Corbon,
Olivier Clément, Roger Schutz e Mas Thurian. Na conclusão e apêndice surgem os nomes de
Bernhard Haring e de P. E. Charbonneau.
Como não basta ler os documentos do Concílio para nos julgarmos conhecedores do seu
conteúdo em todas as dimensões, a presente obra se torna excelente par ao conhecimento da
“Gaudium et Spes”.

O CRISTIANISMO NÃO É UM HUMANISMO


Notas para uma teologia do mundo.
J. M. González Ruiz, tradução de M. Rodrigues Martins
Herder, direitos de tradução para a língua portuguesa
reservados por Livraria Morais Editora, Lisboa, 1967

Desenvolve-se esta obra em 3 partes: 1ª - “O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”; 2ª - “O


homem religioso responsável pela História”; 3ª - “A Igreja, Povo de Deus no Mundo”. O prefácio é
de M. D. Chenu.
O autor, que muito influiu, com seus estudos, na elaboração da constituição pastoral
“Gaudium et Spes”, esboçou nesta obra as linhas gerais de uma teologia do mundo. Afirma Chenu
no prefácio: “aqui temos, profunda e organicamente elaborada, com todas as suas consequências,
especialmente para um diálogo com o ateísmo contemporâneo, a linha conciliar desta alta
categoria”. J. M. González Ruiz, exegeta de profissão, vem ensinar-nos a ler na própria Escritura as
leis do compromisso da Igreja na história. É nos Evangelhos que descobrimos este compromisso,
mas não só. Em todo Novo Testamento nós o encontramos: São Paulo ressalta, na pessoa de Cristo e
no Corpo do qual se transforma a humanidade, as dimensões humanas, históricas e cósmicas da
Nova Aliança. E entendemos toda a Antiga Aliança dentro da visão total da economia de salvação e
libertação. O “Povo de Deus”, constituído pela vinda de Deus à história, se torna testemunha e ator
da encarnação da vida divina na história. E a obra de González Ruiz faz-nos entender “a lei
dialética, segundo a qual a presença no mundo é a exata coordenada do regresso ao Evangelho”.

NOVAS ESTRUTURAS NA IGREJA


textos publicados pelo “Documentati e Centrum Concilie”
(DO-C), diversos autores, tradução de Fernando A. Monteiro
Livraria Morais Editora, Lisboa, 1966

Esta obra, após uma reflexão de D. Helder Câmara sobre “perspectivas de novas estrutura da
Igreja; EPISCOPADO E COLEGIALIDADE, de autoria de L. Beauduin; QUESTÕES À VOLTA
DO PRIMADO, de J. Groot; OS LEGADOS PONTIFÍCIOS, de P. Huizing; Os BISPOS E
AMISSÃO UNIVERSAL, de R. Hoffman; NOTAS ECLESIOLÓGICAS AO ESQUEMA SOBRE
OS BISPOS, de J. Ratzinger; CONFERÊNCIAS EPISCOPAIS, de J. Hamer; PARA UMA
TEOLOGIA DA PARÓQUIA, de K. Rahner; RENOVAÇÃO E ADAPTAÇÃO DA VIDA
RELIGIOSA, de P. Optatus; AS LÍNGUAS VERNÁCULAS NA LITURGIA, de J. H. Schmidt.

A IGREJA E O MUNDO
François Houtart, tradução de
Celso Ibson de Sylos, coleção Sociologia e Pastoral,
CERIS, nº 2, 2ª edição,
Editora Vozes, Petrópolis

A obra constitui uma análise de relação Igreja-Mundo. O autor considera as transformações


por que passa o mundo hoje e a urgência de uma ação atuante da Igreja. Ele parte de uma reflexão
sobre a história dessa mútua relação, para chegar à necessidade de uma revisão no modo de agir da
Igreja. São apenas 94 páginas, cuja leitura porém interessa a quantos gostam de refletir com
realismo sobre a Igreja em sua missão.

ESTRUTURAS A SERVIÇO DO ESPÍRITO


Frei Carlos Josaphat P. de Oliveira, o. p.
coleção Questões Abertas nº 6
Editora Vozes, Petrópolis, 1968

O autor faz uma séria e leal reflexão sobre as estruturas eclesiásticas. Parte de uma vista de
conjunto sobre a vida da Igreja, dos fatos, mais particularmente dos dados bíblicos, destacando
princípios, momentos e leis do desenvolvimento das estruturas eclesiásticas. Procura discernir entre
o essencial e o acidental, o permanente e o transitório, dissociando o que é válido, porque traduz o
Evangelho na linguagem e na vida dos homens, daquilo que não passa de um compromisso com
uma época, uma cultura, com uma classe, com preconceitos de um grupo. Esta revisão, na mente do
autor, procede das próprias exigências do Evangelho.

A IGREJA E O POVO JUDEU


Cardeal Agostinho Bea
coleção “Sinais dos Tempos”, nº 3
Editora Vozes, Petrópolis, 1968

É um comentário autorizado sobre a declaração conciliar “NOSTRA AETATE”, a qual


exprime o pensamento da Igreja a repeito das relações suas com as religiões não-cristãs. O cardeal
Agostinho Bea, que dirigiu os trabalhos do “Secretariado para a União dos Cristãos”, manteve
muitos contatos com não-cristãos e esteve presente ativamente na preparação dos esquemas
conciliares sobre o ecumenismo e sobre as relação com os não-cristãos. Por isso, este seu
comentário – A Igreja e o Povo Judeu – é obra de especialista embora não seja propriamente
dirigido a especialistas.

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