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PEA-3311
Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia
MOTOR DE INDUÇÃO
RESUMO - PARTE 1 e 2
2016
PEA 3311 – Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia
1. Objetivos
Mostrar os aspectos construtivos essenciais das máquinas de indução bem como suas variantes
quanto ao rotor.
Mostrar as características externas e sua obtenção qualitativa a partir dos conceitos básicos bem
como sua variação em função de alterações de parâmetros e das condições de alimentação.
2. Motivação
O motor de indução, também chamado motor assíncrono, é utilizado em mais de 99% dos
acionamentos industriais. De toda a energia elétrica produzida, mais da metade é consumida por
motores elétricos. Denota-se aí a importância do estudo e conhecimento desse tipo de máquina,
mesmo para os alunos que não pretendem se dedicar a sistemas de potência. Seu entendimento
faz parte dos conhecimentos básicos de engenharia, especialmente aos da área eletro-eletrônica.
3. Parte Teórica
Conteúdo da PARTE 1:
3.1 Descrição e construção da máquina assíncrona
3.2 Funcionamento – Formação do campo magnético rotativo no entreferro.
3.3 Interações básicas entre campo e condutores do rotor. Tensões, freqüências e correntes
induzidas.
3.4 Manifestação do conjugado no eixo do motor.
Conteúdo da PARTE 2:
3.5 O rotor em movimento – Conceituação do escorregamento.
3.6 Variação da natureza do circuito elétrico rotórico com o escorregamento.
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enrolamento imbricado de dupla camada. Como será visto adiante, este conjunto de bobinas irá
formar o enrolamento trifásico, cuja função será produzir um campo magnético rotativo no entreferro.
O rotor do motor de indução tem duas variantes construtivas possíveis. Uma primeira é o chamado
rotor bobinado, ou também rotor de anéis, mostrado na fig.2.
No rotor em gaiola, também existe um núcleo ferromagnético cilíndrico com a superfície externa
ranhurada, onde está alojado um tipo muito particular de enrolamento. Esse é constituído de barras
condutoras de cobre ou alumínio inseridas nas ranhuras, eletricamente conectadas em cada
extremidade do rotor, a anéis condutores dos mesmos materiais. Esse conjunto de barras forma um
circuito elétrico fechado em curto por construção. Desse modo, o rotor de gaiola não permite
nenhum acesso ao enrolamento rotórico, sendo os parâmetros do mesmo determinados pela sua
execução. Nessa construção, os condutores do rotor são montados sobre o núcleo sem nenhum
tipo de isolamento, aumentando expressivamente a confiabilidade do mesmo. Nos motores de
fabricação seriada, essa gaiola é obtida por um processo de fundição ou injeção de alumínio
diretamente no núcleo do rotor, tornando possível uma grande taxa de automação e com isso
contribuindo para a redução do custo de fabricação. Na grande maioria das aplicações industriais, é
essa a configuração utilizada para o acionamento dos mais variados tipos de cargas.
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Em qualquer das execuções do rotor, o mesmo é montado dentro do estator e mantido concêntrico
com o mesmo, sustentado por um sistema de mancais suportados na estrutura mecânica geral do
motor. A fig. 4 ilustra a construção mecânica típica de um motor de indução de gaiola de grande
CARCAÇA
NÚCLEO DO ESTATOR
MAN
ENROLAMENTO ESTATÓRICO
VISTA EXPLODIDA DE
NÚCLEO DO ROTOR MOTOR DE GAIOLA DE
GAIOLA ROTÓRICA GRANDE PORTE
porte.
Figura 4. Visão geral da construção típica de um motor de indução com rotor em gaiola.
O espaço de ar anular que se forma entre a superfície interna do estator e a superfície externa do
rotor é chamada de entreferro, e é nela que ocorre a conversão eletromecânica do motor de
indução.
Para transformar o simples eletroímã em uma máquina rotativa, é necessário que o desalinhamento
entre os vetores de campo permaneça constante, ainda que o rotor se desloque. Desse modo a
manifestação de conjugado se mantém com o rotor em movimento, e a conversão de energia é
contínua ao longo do tempo. Nas máquinas de corrente alternada, essa situação é possível com a
formação, pelo estator, de um vetor de campo magnético rotativo produzido pelos enrolamentos
estacionários do mesmo. Nessas máquinas tem-se então a formação do chamado campo pseudo-
rotativo, ou simplesmente campo girante no entreferro. Nas máquinas assíncronas, o vetor de
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campo do rotor é criado por enrolamentos no mesmo cujas correntes não são aí injetadas por fontes,
mas induzidas por ação do campo rotativo presente no entreferro. Daí o nome de máquinas de
indução.
Tem-se então o estator configurado com um enrolamento trifásico usual, similar ao dos geradores já
vistos, alimentado por uma rede trifásica comum. Na fig. 5 está representado de forma esquemática
esse enrolamento, e a distribuição de campo no entreferro.
figura por um ponto, representando o lado onde se inicia o enrolamento das espiras. A polaridade
de uma bobina é sempre arbitrária, mas no caso do enrolamento trifásico deve-se adotar o mesmo
critério para as três fases, ou seja, os pontos de polaridade ficam afastados de 120º, assim como os
seus eixos.
O eixo da fase A, normal ao plano da bobina, está orientado segundo a referência de ângulos do
estator, em θ = 0º. A bobina da fase A está alimentada com corrente IA entrando pelo ponto
indicativo de polaridade, sendo dessa forma considerada corrente positiva. A força magnetomotriz
que resulta é FA = N.IA, onde N é o número de espiras efetivas da bobina equivalente da fase A.
Sob a ação dessa excitação estabelece-se um fluxo ao longo da relutância total do circuito
magnético, sendo a parcela de relutância do entreferro predominante, já que o núcleo
ferromagnético tem permeabilidade muito elevada. A fig. 6a. ilustra a distribuição das linhas de
densidade de fluxo ou indução magnética ao longo da estrutura do motor. Devido à grande
diferença de permeabilidade magnética entre o entreferro e os núcleos, as linhas de campo cruzam
o entreferro radialmente, formando na superfície do rotor, um pólo magnético norte no hemisfério
superior e um pólo magnético sul no hemisfério inferior. A distribuição espacial das linhas de campo
no entreferro não é uniforme, mas aproxima-se de uma distribuição co-senoidal centrada no eixo da
fase A. Essa conformação do campo é promovida, na máquina real, por uma adequada
configuração das bobinas da fase espalhadas ao longo da superfície do estator, as quais produzem
a força magnetomotriz já distribuída espacialmente segundo uma co-senóide. A distribuição de
campo da fase A pode ser representada por um vetor orientado segundo o seu eixo. Admitindo a
relutância definida apenas pelo entreferro, a força magnetomotriz FA, a intensidade de campo
magnético HA e a densidade de fluxo BA são relacionadas por constantes. Assim a distribuição de
campo pode ser representada pelo vetor de força magnetomotriz da fase A, dado por:
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FA = FA .e j.0º (1)
Na eq.1, o vetor de força magnetomotriz da fase A tem módulo FA = N.IA e sua direção no espaço
j.0º
está dada pelo vetor unitário e . Deve-se observar que a distribuição de campo da fase A, bem
como seu vetor representativo, têm direção fixa no espaço (sempre orientado segundo a direção do
eixo da fase A) e magnitude variável de acordo com a corrente que percorre a bobina dessa fase.
Para a fase B, tudo que foi acima descrito se aplica de forma idêntica, apenas a direção da ação
dessa fase está deslocada no espaço, como mostra a fig. 6b.
Para a fase B, a distribuição de campo pode ser representada pelo seu vetor de força
magnetomotriz, dado por:
FB = FB .e j.120º (2)
O módulo dessa força magnetomotriz é FB = N.IB , sendo N o número de espiras efetivas da bobina
equivalente da fase B, que é idêntico ao da fase A por construção, e IB é a corrente que excita essa
j.120º
fase. A direção no espaço é dada agora pelo vetor unitário e .
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Da mesma forma, para a fase C tem-se a distribuição de campo mostrada na fig. 6c.
Também para a fase C, a distribuição de campo pode ser representada pelo seu vetor de força
magnetomotriz, dado por:
FC = FC .e j.240º (3)
Sendo seu módulo FC = N.IC , e IC a corrente que excita a fase C. A direção no espaço é dada pelo
j.240º
vetor unitário e .
Observa-se assim no conjunto da fig. 6, que as distribuições de campo magnético de cada fase
individualmente são estacionárias no espaço, formando sempre dois pólos magnéticos orientados
segundo seus eixos. A face polar norte no rotor está sempre orientada segundo a direção positiva
do eixo de cada fase, para correntes injetadas também positivas.
Passa-se agora a estudar o efeito simultâneo das três fases agindo no mesmo espaço, ou no
mesmo entreferro, quando alimentadas por correntes alternadas do sistema trifásico.
As correntes trifásicas da alimentação têm a seguinte forma:
I A (t ) = I M . cos ω.t
I B (t ) = I M . cos(ω.t − 120º ) (4)
I C (t ) = I M . cos(ω.t − 240º )
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Essas correntes aplicadas às três bobinas equivalentes das fases irão produzir a cada instante um
vetor de campo resultante, composto pelas componentes instantâneas dos vetores individuais de
cada fase. Na fig. 7 são mostradas algumas situações desses vetores em diferentes instantes de
tempo.
Figura 7a. – Campo resultante para o instante de tempo ω.t = 0º
No lado esquerdo da fig. 7a. é mostrada a evolução no tempo das três correntes injetadas nas fases,
bem como o diagrama fasorial correspondente. No instante particular focalizado, ω.t = 0º, as
correntes têm os seguintes valores relativos: IA = IM e IB = IC = - 0,5.IM. Esses valores podem ser
obtidos pela substituição direta do instante considerado na eq. (4), ou pela projeção dos fasores das
correntes do diagrama fasorial num eixo de referência como o eixo vertical no gráfico. No lado
direito da fig. 7a. está mostrada a composição dos vetores estacionários de cada fase e o campo
resultante. Levando em conta os valores relativos das correntes, tem-se o campo resultante dado
por:
Observa-se assim que o vetor de campo resultante tem amplitude 1,5 vez maior que a amplitude
máxima do vetor de fase individual. A distribuição de induções também está mostrada na figura,
onde o pólo norte formado está na direção do eixo da fase A no instante considerado.
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Com o passar do tempo, as correntes evoluem segundo a eq. (4), e muda, portanto, a composição
dos vetores individuais de cada fase, bem como o campo resultante.
Na fig.7b. está focalizado o instante ω.t = 30º, e as correntes têm os seguintes valores relativos: IA
=0,866.IM , IB = 0 e IC = - 0,866.IM . Como conseqüência, o campo resultante fica:
Nesse instante a fase B não contribui para a formação do campo resultante, o qual tem o mesmo
módulo do instante anterior, mas deslocou-se no espaço de 30º.
Continuando a evolução das correntes no tempo, na fig.7c. mostra-se o instante ω.t = 60º.
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No instante ω.t = 90º, mostrado na fig.7d, as correntes assumem os seguintes valores relativos: IA =
0, IB = 0,866.IM , e IC = - 0,866 IM .
Figura 7d. – Campo resultante para o instante de tempo ω.t = 90º
Nesse instante é a fase A que não contribui para a formação do campo resultante.
Como se observa no conjunto da fig.7, embora os campos individuais das fases mantenham a
direção fixa, alterando seu módulo e sentido em função das correntes aplicadas em cada bobina a
cada instante, o vetor de campo resultante preservou em todos os instantes a sua magnitude,
alterando porém sua direção no espaço. Para todos os efeitos, a distribuição de campo no
entreferro se deslocou angularmente ao longo do tempo, constituíndo assim um campo rotativo.
As conclusões acima descritas, e ilustradas pela fig.7, foram baseadas em uma análise das
composições dos campos de cada fase em instantes de tempo particulares. No entanto as
conclusões são gerais e a conservação da amplitude do campo magnético resultante e o seu
deslocamento no espaço ocorrem para quaisquer instantes de tempo observados. Considerando
que as amplitudes individuais das forças magnetomotrizes de cada fase dependem da intensidade
das correntes que as percorrem, as eq. (1), (2) e (3), devem ser reescritas incorporando a eq.(4),
resultando em:
3 3 3
F RES = FM .( . cos ω.t + j. . sen ω.t ) = .FM .e j .ω .t (12)
2 2 2
A eq. (12) pode ser interpretada como um vetor de amplitude constante igual a 1,5.FM cuja direção
no espaço varia continuamente no tempo com velocidade angular ω, dado que o argumento do
vetor unitário, ω.t, é função do tempo. Esse vetor representa então uma distribuição de campo
magnético móvel no espaço, girando no entreferro. A eq.(12) é a expressão geral da onda de
campo rotativo.
A conclusão, portanto, é a mesma obtida pela análise particular feita anteriormente. A velocidade
angular do vetor resultante é igual à freqüência angular das correntes, chamada de velocidade
angular síncrona do campo rotativo, para uma distribuição de dois pólos.
É possível ainda demonstrar, o que não será feito aqui, que para configurações de enrolamentos
com mais de dois pólos, a velocidade síncrona resulta um submúltiplo da freqüência de alimentação
das correntes. Para uma configuração de 4 pólos, as bobinas das fases devem ser alojadas em
ranhuras distanciadas de um quarto da circunferência do estator ao invés de serem diametrais.
Além disso, cada fase deverá ter pelo menos duas bobinas conectadas de forma a produzirem um
pólo magnético em cada quadrante da estrutura do motor, sendo dois pólos norte e dois sul. Nessa
situação, as bobinas das três fases ficam distanciadas geometricamente de 60º no espaço, o que
produz um campo resultante que perfaz apenas meia revolução completa a cada ciclo completo das
correntes. Com isso a velocidade síncrona para 4 pólos resulta, com alimentação de 60 Hz, em 30
revoluções por segundo, ou 1800 RPM. De maneira geral, para um enrolamento configurado com
2.p pólos, a velocidade síncrona do campo rotativo resulta:
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ω 2.π . f1
ωS = = [rd / s]
p p
f
nS = 1 [rps]
p (13)
f
N S = 1 .60[ RPM ]
p
Na eq.(13), f1 é a freqüência das correntes de alimentação em Hz, e p é o número de pares de
pólos da execução do enrolamento.
A distribuição de campo rotativo, com sua conformação espacial co-senoidal, trafega ao longo do
entreferro com amplitude e velocidade constantes. Dessa forma, uma primeira interação já ocorre
com as próprias bobinas do estator que produziram o campo. Como as bobinas de cada fase são
estacionárias, o movimento do campo relativamente a elas induz tensões por efeito mocional, da
mesma forma que ocorre nos geradores. Essa interação é dada na forma geral por:
de = (V × Bg ).dL (14)
Onde de é a f.e.m. induzida num comprimento elementar do condutor dL, animado de uma
velocidade V relativamente a uma densidade de fluxo no entreferro Bg . Para as bobinas do estator,
com número de espiras por fase efetivas N, resulta uma f.e.m. total por fase:
Sem considerar por enquanto qualquer efeito do rotor, é essa f.e.m. induzida no estator que
equilibra a tensão aplicada pela fonte de alimentação da máquina, resultando daí a absorção das
correntes de excitação das fases. O efeito é similar a um indutor alimentado em tensão alternada,
ou a um transformador operando em vazio. O importante por enquanto é perceber-se que o fluxo
magnético criado pelo enrolamento, alimentado com freqüência constante, depende somente da
tensão aplicada às fases, conforme a eq.(15). Em outras palavras, a magnitude do campo rotativo,
ou o valor da indução magnética no entreferro depende diretamente da tensão de alimentação U,
do motor, através de uma constante k.
B g = k .U (16)
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Passando-se agora ao estudo da interação do campo girante com o rotor, vale mencionar que os
fenômenos que aí ocorrem são exatamente iguais tanto para o rotor de anéis como para o rotor de
gaiola. Como esse último é mais comum, é com ele que será feita essa discussão. A fig.8
representa, numa vista planificada, a situação presente no entreferro do motor de indução de gaiola,
onde a distribuição de induções magnéticas se desloca relativamente aos condutores que formam a
gaiola do rotor.
A vista planificada é usual no tratamento das máquinas elétricas, onde se analisam as interações
em um único par de pólos das mesmas. Todas as conclusões obtidas são extensíveis
imediatamente aos demais pares de pólos que eventualmente existam na máquina.
ω D
V = π .DR .n = π .DR . = R .ω (17)
2.π 2
Onde DR é o diâmetro do rotor e n e ω são respectivamente a freqüência de rotação e a velocidade
angular relativas. Cabe lembrar que para a tensão induzida mocional é irrelevante quem se
movimenta, bastando que exista deslocamento relativo entre campo e condutor. Na eq.(14), no
entanto, é considerado que o condutor se desloca imerso num campo estacionário. Dessa forma, na
fig.8 a velocidade relativa do condutor está com o sentido contrário ao do deslocamento do campo.
No rotor do motor de indução, como já citado, o campo magnético é radial, as barras são
longitudinais, e o movimento das mesmas é tangencial à superfície do rotor. Logo, os três vetores
da eq.(14) são ortogonais entre si, de modo que aquela equação pode ser agora reescrita, para o
comprimento total da barra, L, como:
e = Bg .L.V (18)
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e0 = Bg .L.V0 (20)
A distribuição de densidade de fluxo está focalizada num instante particular onde o vetor de campo
resultante coincide com o eixo da fase A, correspondente ao mostrado na fig.7a. Sendo a
conformação espacial dessa distribuição co-senoidal, pode-se escrever:
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B g (θ ) = BM . cos θ (21)
Como conseqüência disso, a intensidade de campo que age sobre cada barra do rotor é diferente, o
que produz tensões induzidas em cada condutor também diferentes. Aplicando a eq. (20), resulta
então:
A eq.(22) representa a distribuição espacial instantânea de tensões nas barras rotóricas. Como a
distribuição de campo é rotativa, ela assumirá posições diferentes relativamente às barras ao longo
do tempo, o mesmo ocorrendo com a distribuição de tensões induzidas. Para um observador
situado na gaiola, o deslocamento da distribuição de tensões é vista como uma variação temporal
das mesmas, ou em outras palavras, esse observador enxerga tensões induzidas alternadas no
rotor.
Considerando um motor de dois pólos, já foi visto que a distribuição de campo rotativo completa
uma volta a cada ciclo da corrente de alimentação. No rotor, será observado também um ciclo
completo da tensão induzida e0 a cada revolução completa do campo, quando o rotor está em
repouso. Desse modo, para o rotor em repouso, a freqüência das tensões induzidas no rotor, f2, é
idêntica à freqüência de alimentação, f1. Essa conclusão é geral, independente do número de pólos
do motor.
Como a gaiola do rotor é um circuito elétrico fechado por construção, as tensões induzidas em cada
barra imprimem correntes nas mesmas, de acordo com a sua magnitude e polaridade, e limitadas
pelas impedâncias de cada condutor. Por ora, será considerado que a impedância das barras é
puramente resistiva. Mais adiante, no item 3.6, essa simplificação será levantada e será
considerada a impedância complexa dos condutores rotóricos. A corrente em cada condutor será
dada então por:
e0 (θ ) E0 M
I b (θ ) = = . cosθ = I 0 M . cos θ (23)
r r
Observa-se na eq.(23) que as correntes seguem o mesmo perfil espacial das tensões induzidas,
constituindo também uma distribuição rotativa de correntes, em fase no tempo com a distribuição
das tensões. O observador, posicionado na gaiola, enxerga correntes induzidas alternadas de
freqüência idêntica à de alimentação, para o rotor em repouso.
Tem-se agora uma nova situação no rotor, que é a existência de condutores imersos em campo
magnético, conduzindo correntes elétricas. Ocorre, portanto, uma segunda interação
eletromagnética que é a manifestação de forças mecânicas nesses condutores, dadas por:
Na eq.(24), dFMEC é a força que age no elemento de comprimento de barra dL, imersa no campo Bg
e afetada da corrente Ib. Novamente, a ortogonalidade dos vetores permite a determinação da força
ao longo de todo o comprimento do condutor, L, pelo produto algébrico dado por:
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A direção da força mecânica é tangencial ao rotor, e seu sentido é determinado pelo produto
vetorial da eq. (24).
As correntes induzidas nas barras completam seu circuito elétrico pelos anéis de curto nas
extremidades da gaiola, como ilustra a vista em planta da fig.10. Como no caso a impedância dos
condutores do rotor é admitida puramente resistiva, o sentido das correntes é o mesmo para todas
as barras sob o pólo norte da distribuição de campo, invertendo-se em todas as barras sob o pólo
sul. Isso produz uma manifestação de força mecânica nas barras, com sentido constante ao longo
de toda a gaiola. Pelo produto vetorial da eq.(24), nota-se que o sentido das forças é o mesmo do
deslocamento do campo girante no entreferro.
Assim sendo, toda barra “i” que conduz corrente, contribui para a produção de uma parcela do
conjugado Ci , resultante do produto da força mecânica da barra, FMEC i, pelo braço de alavanca da
mesma em relação ao eixo, no caso, o raio R do rotor.
C i = FMEC i .R (26)
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Como as barras conduzem correntes diferentes, e estão sob a ação de valores diferentes de
indução magnética, o conjugado total do rotor é dado por:
i =Qb i =Qb
C0 = ∑ FMEC i .R = ∑ Bg (θ i ).L.I b (θ i ).R (27)
i =1 i =1
Onde Qb é o número total de barras do rotor. A fig.11 mostra a ação das forças de cada barra
compondo o conjugado total no eixo, no instante considerado.
ωs
Figura 11. – Contribuição das barras da gaiola para o conjugado total no eixo, com rotor em repouso.
Como o rotor está em repouso, esse conjugado total que se manifesta, C0, é chamado conjugado
de partida do motor de indução, e atua no mesmo sentido de deslocamento do campo rotativo no
entreferro.
Para um rotor com um número elevado de barras por pólo, pode-se entender a gaiola como uma
distribuição contínua de condutores, dada por:
Qb
qb = (28)
2.π
Onde qb é a “densidade de barras” ao longo da periferia do rotor. Assim, um elemento de arco na
periferia do rotor, dθ, contribui com o conjugado elementar:
Substituindo na eq.(29) as eq.(21), (23) e (28), resulta para o conjugado total com rotor bloqueado:
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2.π
Qb
C0 = ∫B
0
M . cos(θ ).L.I 0 M . cos(θ ).
2.π
.R.dθ (30)
2.π
Qb .R.L 1
C0 = .BM .I 0 M . ∫ cos 2 (θ ).dθ = .BM .I 0 M .L.R.Qb (31)
2.π 0
2
Deve-se lembrar que esse resultado vale para a consideração de barras do rotor puramente
resistivas. A densidade de fluxo e a corrente na eq.(31), são os valores máximos das respectivas
distribuições espaciais. Essa corrente é a que existe na condição de rotor em repouso.
DR
eS Bg .L.VS .(ω R − ω S ) (ω − ω R )
= = 2 ⇒ eS = S .e0
e0 Bg .L.V0 DR ω (33)
.ω S
2 S
Na eq.(33), a razão das velocidades relativas recebe o nome de escorregamento da máquina
assíncrona simbolizado por “s”.
(ω S − ω R )
s= (34)
ωS
O escorregamento é talvez o conceito mais notável do motor de indução, e será uma variável
importante em todas as suas características. É uma medida da velocidade dos condutores em
relação ao campo rotativo, tomando como referência este último. É então uma medida dessa
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velocidade em “valor por unidade”, ou valor p.u., sendo o valor de base a velocidade síncrona do
campo girante. O conceito de valor p.u. é fundamental em engenharia elétrica.
Comparando-se com a fig.9, nota-se que o fenômenos são exatamente os mesmos, apenas agora a
eS = s.e0
(35)
f 2 = s. f1
Quanto às correntes, também continuam circulando da mesma forma anterior, indicada na fig.10,
dado que o circuito elétrico da gaiola permanece fechado. Ainda admitindo circuito rotórico
puramente resistivo, as correntes agora resultam atenuadas para um determinado escorregamento,
dadas por:
s.e0 (θ )
I bS (θ ) = = s.I b (θ ) (36)
r
A sua interação com a distribuição de campo, que está preservada, continua a produzir forças
mecânicas sobre a barras e portanto continua a manifestação de conjugado no eixo, conforme
ilustrado na fig.13. O conjugado é agora dado por:
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i =Qb
1
C S = ∑ FMECSi .R ou CS = s. .BM .I 0 M .L.R.Qb (37)
i =1 2
Uma observação importante nesse momento, é que a proporcionalidade entre conjugado e
escorregamento, dada pela eq.(37) só acontece para a hipótese de circuito rotórico puramente
resistivo. Na secção seguinte será discutido o caso geral.
Figura 13. – Correntes induzidas na gaiola e produção de conjugado para o rotor em movimento.
Observa-se ainda que, com o rotor em movimento, a produção de conjugado no rotor, CS, continua
existindo no mesmo sentido de rotação do campo girante. O rotor está dessa forma desenvolvendo
potência mecânica no eixo, dada por:
PMEC = C S .ω R (38)
A situação ilustrada na fig.13 se mantém em equilíbrio estável quando o conjugado produzido pelo
rotor é equilibrado por um conjugado resistente da carga acoplada ao eixo. No entanto, se o
conjugado da carga é menor que o produzido pelo motor de indução, o rotor continua acelerando no
sentido do campo rotativo, tendendo para um limite quando o rotor alcança uma velocidade idêntica
à do campo girante.
No entanto, mesmo que o seu eixo permaneça desacoplado, sem nenhuma carga, o próprio atrito
interno dos mancais e o efeito de ventilação do rotor em movimento (as chamadas perdas
mecânicas) têm de ser supridos pelo motor. Isso obriga o rotor a manifestar uma pequena parcela
de conjugado, que só é possível pela circulação de pequenas correntes nas barras, o que por sua
vez exige uma pequena tensão induzida nas mesmas. Como essa tensão é originada pelo
movimento relativo entre condutores e campo, significa que o rotor jamais conseguirá atingir, por
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meios próprios, a velocidade síncrona do campo girante. Em outras palavras, o motor de indução só
manifesta essa ação motriz se o rotor estiver fora de sincronismo com o campo rotativo – daí o
nome de máquina assíncrona.
0 1 e0 f1 C0
ωR = (1-s).ωS s eS = s. e0 f2 = s. f1 CS
ωS 0 0 0 0
Como também já foi discutido, no circuito rotórico as tensões e correntes são alternadas, sendo que
a freqüência das mesmas é variável conforme o escorregamento do rotor. Logo, a indutância das
barras da gaiola, Lb , se traduz numa reatância indutiva, dada por:
Onde f2 é a freqüência que se manifesta no rotor numa determinada velocidade de rotação. Como
f2 = s. f1, onde f1 é a freqüência da alimentação do estator, verifica-se que conforme o
escorregamento varia, tem-se uma variação correspondente na freqüência do circuito elétrico do
rotor e portanto da reatância do mesmo.
Conclui-se assim que a natureza do circuito elétrico rotórico é variável com a velocidade, sendo
preponderantemente reativa para escorregamentos elevados, e praticamente resistiva apenas para
escorregamentos muito pequenos. O maior valor da reatância indutiva do rotor se manifesta com o
mesmo em repouso, x = 2.π.f1.Lb. Tomando-se então essa condição como uma referência para
efeito de especificação dos parâmetros elétricos de seu circuito, resulta:
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A impedância total do condutor rotórico é então complexa, sendo dada para um escorregamento
qualquer, por:
Desse modo, as correntes induzidas nas barras rotóricas, para um escorregamento qualquer, dada
pela eq.(36) devem ser substituídas por:
s.e0 (θ )
I bS (θ ) = (42)
r + j.s.x
Da mesma forma que descrito ao final da seção 3.2. a eq.(42) representa uma distribuição espacial
de correntes nas barras da gaiola, só que agora não mais em fase com a distribuição de tensões,
nem tampouco com a distribuição das densidades de fluxo magnético no entreferro. Como a
impedância rotórica é complexa, existe um atraso nas correntes em relação às tensões induzidas,
dado pelo ângulo de fase da impedância, φ, sendo:
r r
ϕ = ar cos( ) = ar cos( ) (43)
zb 2 2
r + s .x 2
Esse atraso introduzido nas correntes do rotor tem como efeito a não coincidência dos valores
máximos na sua interação com as densidades de fluxo que agem sobre cada barra. Esse feito está
ilustrado na fig.14, numa vista esquemática planificada do motor de indução.
Assim, no instante em que uma barra do rotor está sob a ação do valor máximo da densidade de
fluxo, ela tem também o valor máximo da f.e.m. induzida, já que o efeito mocional depende do valor
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2.π
Qb
CS = ∫B
0
M . cos(θ ).L.I M . cos(θ − ϕ ).
2.π
.R.dθ (45)
1
C S = .BM .I M . cos ϕ .L.R.Qb (46)
2
Na eq.(46), o produto IM.cosφ representa o valor máximo da componente ativa da corrente nas
barras rotóricas para um determinado escorregamento. Assim, é a corrente ativa que circula nas
barras e não a corrente total que é responsável pela manifestação do conjugado na máquina
assíncrona. Como o fator de potência da impedância rotórica tem uma variação complexa com o
escorregamento, a dependência do conjugado com o mesmo não é mais direta como a indicada
pela eq.(37). Na próxima seção será visto que a presença da reatância, e principalmente sua
variação com o escorregamento afetam fortemente a característica de conjugado do motor de
indução.
A corrente total complexa nas barras rotóricas é dada pela eq.(42). Seu módulo, em função do
escorregamento, é então:
s.e0
I bS = (47)
r 2 + s 2 .x 2
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e0
I bS ( s = 1) = (48)
r 2 + x2
1
Dividindo-se a eq.(47) pela (48), e multiplicando-se numerador e denominador por , resulta:
r
2
x
s. 1 +
r
I (s) =
2 (49)
x
2
1 + s .
r
A eq.(49) representa a corrente total expressa em relação à corrente de partida. Desse modo, pode
ainda representar indistintamente tanto a corrente do rotor como a do estator.
r 1
cos ϕ ( s) = =
r 2 + s 2 .x 2 2 (50)
2 x
1 + s .
r
A componente ativa da corrente do rotor é dada pelo produto das eq.(49) e (50):
2
x
s. 1 +
r
I at ( s ) = I ( s ). cos ϕ ( s ) = 2
(51)
2 x
1 + s .
r
A eq.(46) indica que o conjugado é proporcional ao produto da densidade de fluxo pela corrente
ativa. Então resulta:
1
C S = .BM .I at ( s ).L.R.Qb = k .I at ( s ) (52)
2
Como a amplitude máxima do campo magnético rotativo é constante, a característica de conjugado
está relacionada com a corrente ativa por meio de uma constante k.
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Num motor de indução normal a razão (x/r) é maior que a unidade dada a predominância da
natureza indutiva de seu circuito rotórico. Isso posto, analisando-se as eq.(49), (50 e (52), algumas
conclusões interessantes podem ser obtidas, como por exemplo:
( r)
- I at ( s ) ≅ s. 1 + x
2
= k .s - C ( s ) = k .s
- Essas conclusões coincidem com a análise anterior feita onde se admitiu rotor
puramente resistivo. Isso confirma que aquela hipótese só vale para escorregamentos
muito pequenos, como já citado.
2
x
1+
r
I atMAX =
x (53)
2.
r
Como o valor da corrente ativa dada pela eq. (53) é máximo (relativamente à corrente de referência
total de partida), significa que valores maiores de escorregamento conduzirão agora a uma redução
do valor da componente ativa, e, portanto do conjugado. Existe assim um ponto de inflexão na
curva de conjugado, que define o seu valor máximo.
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A fig.15 ilustra o diagrama fasorial da corrente total e sua componente ativa para diversos
escorregamentos. O conjugado máximo ocorre para o escorregamento que produz a máxima
componente ativa da corrente no rotor.
Figura 15 – Diagrama fasorial das correntes no circuito elétrico do rotor do motor de indução (x/r = 5).
S.e0
S =0,2
S =0,3
S =0,1 Ib(s)
Iat(s) S =0,5
φ
S S =1,0
S =0
Como se nota na fig. 15, com o aumento do escorregamento a corrente total é sempre crescente,
enquanto o fator de potência decresce progressivamente (o ângulo φ aumenta sempre). Com isso a
componente ativa da corrente cresce inicialmente até um valor máximo, decrescendo daí em diante
até o escorregamento unitário. O mesmo comportamento tem o conjugado. Na fig.15 esse máximo
ocorre para s = 0,2 , quando a razão x/r é igual a 5.
As curvas características são então apresentadas na fig.16, por solução ponto a ponto das eq.(49) e
(52), onde a razão x/r = 5 foi adotada (valor típico para motores de gaiola normais).
1,0 1,0
C onjugado relativo
C orrente relativa
0,8 0,8
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0
Escorregamento (p.u.) Escorregamento (p.u.)
Na fig. 16, a curva de corrente é relativa, referida ao valor da corrente de partida. A curva de
conjugado também é relativa, referida ao valor do conjugado máximo. Os escorregamentos
nominais, ou de plena carga, dos motores de indução são tipicamente da ordem de 0,01 a 0,05 (1 a
5 %). Portanto, notam-se das curvas características os seguintes fatos:
Esses aspectos são característicos dos motores de indução de gaiola, ou seja, conjugado de
partida limitado, às vezes inferior ao de plena carga, e corrente de partida muito superior à nominal.
O resultado disso é que, tipicamente, o motor de gaiola tem dificuldade de partida e aceleração, e
provoca sempre um forte impacto na linha de alimentação, durante a partida.
Dessa forma faz-se necessário buscar formas de alterar as curvas características dos motores de
indução, objetivando principalmente melhor adequá-los à condição de partida. Nos motores de
gaiola essas ações são mais limitadas, já que a característica fica praticamente definida na
construção do rotor, particularmente pela relação x/r. Nesse caso, usualmente emprega-se a
redução de tensão durante a partida, na tentativa de ao menos limitar o impacto de corrente sobre a
rede. No motor com rotor de anéis, a possibilidade de conectar ao circuito rotórico elementos
externos de circuito, principalmente resistores, permite a alteração da razão x/r, otimizando
significativamente a condição de partida, tanto do ponto de vista de redução de corrente, como de
aumento do conjugado.
1
Nota: Os condutores do rotor formam um enrolamento polifásico, mesmo no rotor de gaiola, onde o número
de fases é igual ao número de barras por par de pólos. As correntes aí induzidas estão defasadas no tempo
de um ângulo correspondente à distância entre barras (fig.10). Logo, o rotor da máquina assíncrona também
forma um campo magnético rotativo próprio, que trafega no entreferro em sincronismo com o campo original
criado pelo estator. Estabelece-se assim um confronto de forças magnetomotrizes similar ao que ocorre
entre secundário e primário de um transformador. Para garantir esse confronto, o estator absorve da rede
correntes suficientes para conservar no entreferro o fluxo original, de modo que existe uma relação direta
entre correntes do estator e do rotor, dada pela relação de espiras equivalentes de ambos.
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eq.(54) se aplica também às correntes absorvidas da linha pelo estator. Portanto, a curva
característica de corrente por escorregamento é afetada proporcionalmente à tensão de
alimentação, em qualquer escorregamento.
Da mesma forma, influência da tensão sobre o conjugado produzido pelo motor pode ser avaliada
pela sua ação sobre o campo no entreferro. As eq.(16), (18), (42) e (46) permitem estabelecer agora
as seguintes relações:
A influência dos parâmetros no comportamento do motor de indução pode ser avaliada pelo estudo
da sensibilidade das eq.(49), (51) e (52) à relação x/r. Para um motor de gaiola, essa proporção é
definida pelo adequado projeto do rotor, onde a resistência é ajustada pelo material da barra e sua
secção, enquanto a reatância é ajustada pela geometria da ranhura rotórica. No motor de gaiola,
então, não é mais possível o ajuste de parâmetros após a construção, de modo que suas
características são fixas.
A fig.(17) ilustra o efeito da variação da relação x/r sobre o comportamento das curvas
características.
1,0 1,0
Conjugado Relativo
Corrente relativa
0,8 0,8
0,6 0,6
0,4 0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0
Escorregamento (p.u.) Escorregamento (p.u.)
Figura 17 – Influência da resistência rotórica no comportamento do motor de indução. Nas curvas, tem-se
respectivamente, da direita para a esquerda: x/r = 5, x/r = 2 e x/r = 1.
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Sua aplicação, assim, se dá principalmente naquelas cargas que operam dessa forma, ou seja, em
rotação praticamente constante. Essas cargas constituem a grande maioria de todos os
acionamentos industriais. Podem-se citar como tais todas as máquinas de fluxo, como bombas,
ventiladores, compressores, largamente utilizados na indústria química e petroquímica, bem como
em estações de tratamento de águas. Além disso, esses tipos de cargas invariavelmente operam
por períodos prolongados de tempo sem interrupção, de modo que as situações de partida são
raras. Isso atenua um dos aspectos negativos do motor de indução que é a sua natural dificuldade
de partida, com forte impacto na rede.
aplicações englobam uma larga classe de acionamentos onde se requer ajuste e regulação de
velocidade, inclusive em tração elétrica. Mas esse assunto fica para os cursos específicos de
máquinas elétricas mais à frente.
BIBLIOGRAFIA
Eletromecânica – A. G. Falcone
Alternating Current Machines – M.G. Say
Máquinas Elétricas – Fitzgerald
Electric Machines Fundamentals – S. Chapman