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CRÉDITOS
Tal qual ocorreu com a primeira unidade, a proposta deste curso não é ensiná-lo todas as
estratégias da investigação criminal, mas criar condições para que obtenha conhecimentos
básicos e possa exercitar algumas habilidades necessárias ao serviço profissional da
área de segurança pública, em colaboração à investigação criminal.
Como processo científico, depende de métodos e técnicas que serão aplicados pelo
investigador com o apoio de cada um daqueles que colaboram com a busca da prova de um
delito. Exige de seus executores postura lógica e percepção sistêmica do problema em estudo.
Para cumprir sua missão de cientista da investigação criminal, o investigador deve desenvolvê-
la em quatro etapas sistêmicas que são:
Neste curso você conhecerá métodos e técnicas de coleta e análise de dados e conhecimentos
que deverão ser validados como prova da prática de um delito e de sua autoria.
De agora em diante adote uma postura de cientista e veja como se desenvolve o processo da
investigação criminal.
Aula 1 – Planejamento
Aula 2 – Tipos de planejamento
Aula 3 – Como elaborar um plano operacional da investigação criminal
A prática criminosa exige, cada vez mais, um grau de resposta eficiente e eficaz do Estado. As
novas tecnologias trazem grandes benefícios para a humanidade, mas, em contrapartida,
oferecem maiores possibilidades à instrumentalização do crime.
O resultado é a sofisticação das práticas delituosas exigindo maior esforço das organizações
de segurança pública na busca de conhecimentos que melhorem sua efetividade. Dentre eles
está o conhecimento que possibilite melhora na qualidade do planejamento das ações.
Imagine que você deseja comprar um carro novo, viajar para a Europa ou organizar a festa de
casamento de sua filha. Com certeza, sua intenção é de que tudo dê certo, mas, para que isso
ocorra, é preciso fazer um cuidadoso planejamento.
O que é planejamento?
Para realizar uma festa, é preciso escolher a data, a hora e o local onde será realizada, bem
como levantar os custos, contratar o bufê, escolher a igreja, definir o local da festa e tantas
outras atividades.
Fazer uma festa que irá durar por algumas horas requer cuidados especiais, imagine uma
investigação criminal que poderá levar anos.
E o filósofo romano Sêneca também nos leva a refletir sobre o planejar quando afirma:
“Se você não sabe para onde vai, todos os ventos parecerão desfavoráveis”.
Isso não é uma verdade? Antes de qualquer tomada de decisão, a atitude mais conveniente
não é estabelecer um rumo, um objetivo, um ponto de chegada?
O planejar é um processo que envolve um modo de pensar que nos leva a indagações, e
essas nos conduzem a questionamentos sobre o que fazer, como fazer, quanto fazer,
para quem fazer, por que, por quem e onde fazer.
Planejamento
- O que fazer?
- Como fazer?
- Quando fazer?
- Quanto fazer?
- Para quem fazer?
- Por que
- Por quem?
- Onde fazer?
Princípios do planejamento
Alguns princípios operacionais dão o norte do planejamento. Dentre os gerais são ressaltados:
- Princípio da precedência
Significa que o planejamento deve ser a função administrativa que vem antes das outras, na
busca da resolução dos problemas. Em resposta ao “como vai ser feito”, o planejamento
assume o início do processo.
- Eficiência
Fazer as coisas da maneira adequada; resolver problemas; cuidar dos recursos aplicados;
cumprir o dever e reduzir custos.
- Eficácia
Fazer as coisas certas; produzir alternativas criativas; maximizar a utilização dos recursos;
obter resultados e aumentar o lucro.
- Efetividade
Manter-se sustentável no ambiente; apresentar resultados globais ao longo do tempo;
coordenar esforços e energias sistematicamente.
- Planejamento estratégico
Diz respeito à formulação de objetivos de longo prazo e à seleção dos recursos de ação a
serem seguidos. Trata das políticas para alcançar a missão institucional. Seu reflexo imediato
alcança toda instituição. Normalmente é de responsabilidade dos níveis mais altos da
hierarquia administrativa.
Exemplo
O plano plurianual da Secretaria de Segurança Pública de redução dos crimes violentos no
estado.
- Planejamento tático
Relaciona-se aos objetivos de mais curto prazo, com estratégias e ações que, geralmente,
afetam só parte da instituição. É como se fosse a decomposição dos objetivos, das estratégias
e políticas estabelecidas no planejamento estratégico e é desenvolvido pelos níveis
organizacionais intermediários.
Exemplo
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O plano da Polícia Civil estabelecendo estratégias para enfrentamento ao crime de roubo a
banco no estado, durante seis meses.
- Planejamento operacional
É a formalização, via de regra, por meio de documentos escritos, da metodologia de
desenvolvimento e de implantação estabelecida. Nesse nível estão os planos de ação ou os
planos operacionais.
Exemplo
O plano operacional da delegacia especializada na apuração de roubos a bancos, detalhando a
prática operacional do enfrentamento aos roubos a banco.
Plano operacional
Por uma questão metodológica do curso, será abordado com maior ênfase, o planejamento
operacional da investigação criminal.
Você percebeu que o plano está contido em um processo que é o planejamento. Esse
processo é parte de outro maior que é o projeto.
O que é um projeto?
Os delitos que hoje mais afligem as comunidades são produzidos “em larga escala” por
verdadeiras “organizações”. O sucesso das polícias no combate a esses delitos passa pela
sua capacidade de também se organizar e se antecipar às mudanças e adaptações dos
criminosos aos novos ambientes.
Charles Darwin dizia que as espécies vivas que sobrevivem não são as mais fortes e nem as
mais inteligentes, são aquelas que conseguem adaptar-se e ajustar-se às demandas do meio
ambiente.
Figura 1 – 5W e 1H
Conclusão
Neste módulo, você teve oportunidade de conhecer os tipos de planejamentos que poderão
ser aplicados na investigação criminal.
Conheceu, também, técnicas que irão habilitá-lo a elaborar um plano operacional para os
procedimentos da investigação criminal.
( ) O planejamento deve ser a função administrativa que vem antes das outras, na busca da
resolução dos problemas.
( a) Eficiência
( b) Eficácia
(c) Efetividade
No fim de tarde de ontem, duas testemunhas afirmaram aos bombeiros terem visto o menino
chegando de carona numa Fiorino branca ao balão do Colorado, ainda na manhã de domingo.
“Ele estava um pouco desconfiado e perguntou onde era o ponto de ônibus. Disse que ia para
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Taguatinga ver a tia, mas voltaria no mesmo dia e nos mostrou R$ 10”, contou Marlei da Silva,
54 anos, que viu Chrystian horas depois, no Posto Colorado. Uma terceira pessoa, que preferiu
não se identificar, informou ao Correio e a agentes da 35ª DP ter visto quando o menino, que
estava sentado em frente à padaria do posto, entrou em um EcoSport vermelho, dirigido por
uma mulher de cabelos loiros. “Para mim, ele a conhecia porque ele entrou no carro sem
mostrar estranheza”, relatou.
Disputa de terra
“Vamos investigar se o caso é um seqüestro convencional e se está ligado a vingança, pois há
relatos de que o pai do garoto estava envolvido na disputa por terra”, afirmou o delegado-titular
da 35ª DP, Márcio Michel Alves de Oliveira. A própria mãe de Cristiano Mesquita, Edileuza
Martins Mesquita, 50, que cuidou do neto Chrystian durante sete anos, reconhece essa
possibilidade: “Meu filho tem alguns problemas por causa dessa questão de terra, mas o Biel é
só uma criança indefesa”.
A mãe do menino, Mônica de Araújo, chora e parece não acreditar no que aconteceu. “Meu
coração está despedaçado. Acho que ele tentou sair daqui para nos visitar mas o caminho é
longo e pode ter acontecido qualquer coisa”, lamentou a mãe, que mora em Taguatinga.
(http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_13/2008/08/20/noticia_interna,id_sessao=13
&id_noticia=26263/noticia_interna.shtml)
Gabarito
1. O planejamento deve ser a função administrativa que vem antes das outras, na busca da
resolução dos problemas.
2. ( c ) Manter-se sustentável no ambiente; apresentar resultados globais ao longo do tempo;
coordenar esforços e energias sistematicamente.
( a ) Fazer as coisas da maneira adequada; resolver problemas; cuidar dos recursos
aplicados; cumprir o dever e reduzir custos.
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( b ) Fazer as coisas certas; produzir alternativas criativas; maximizar a utilização dos
recursos; obter resultados e aumentar o lucro.
3. O plano plurianual da Secretaria de Segurança Pública, de redução dos crimes violentos no
estado.
4. O plano operacional da investigação é um documento onde serão descritos os objetivos da
investigação e os passos necessários para que esses objetivos sejam alcançados.
5. Resposta pessoal
6. Resposta pessoal
Há diferença entre dados e informação? Qual é a utilidade prática desses conceitos para a
investigação criminal? E conhecimento, você sabe o que é?
Atividade
Fazendo uso dos conhecimentos adquiridos até aqui, tente conceituar dado, informação e
conhecimento e compare com o texto seguinte. Utilize o caderno de anotações para guardar
sua resposta.
Para SANTIAGO Jr, dados podem ser considerados: “Uma seqüência de números e palavras,
sob nenhum contexto específico. Entretanto, quando os dados são organizados com a devida
contextualização, há a informação. Já o conhecimento é a informação organizada, com o
entendimento de seu significado.” (SANTIAGO Jr., 2004, p. 27)
Dados – São informações fora de um contexto, sem valor suficiente para compreensão de um
fenômeno, ou seja, o meio pelo qual a informação e o conhecimento são transferidos.
Exemplos: Datas, local, hora do crime, perfil da vitima, um fragmento de impressão digitado,
um respingo de sangue, etc.
Fora de um contexto histórico e geográfico específicos, esses registros não têm compreensão
suficiente para explicar o fato em apuração.
E conhecimento, o que é?
Muito embora não se possa dizer que o objetivo do investigador criminal seja idêntico ao do
cientista puro, não há dúvida de que sua abordagem e técnica para investigação dos
problemas ilustram, claramente, o método da ciência, conforme visto na unidade que trata da
lógica aplicada a esse procedimento policial.
Até o juiz validar as provas apuradas, ao prolatar a sentença, o investigador trabalha com
possibilidades de que tenha apurado as circunstâncias e autoria do delito. Se assim não fosse,
estaria contrariando o principio constitucional da presunção da inocência previsto no artigo 5º,
inciso LVII, da Constituição Federal que diz: “Ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória.”
Produção do conhecimento
A produção do conhecimento probatório de um delito é desenvolvida por meio de metodologia
própria.
Adequando a orientação de Denker (2007, p. 160), você pode dizer que a escolha da técnica
de investigação deve ser adotada com a seguinte metodologia:
- A técnica que será empregada em cada investigação dependerá do problema que está
sendo investigado, dos objetivos e da disponibilidade de recursos para realização do projeto.
Para isso terá que recorrer a algumas técnicas preliminares que estão em um contexto
chamado de estudo exploratório.
- Estudo de caso: É uma forma de colocar o investigador diante de uma situação prática, onde
irá refletir e praticar conceitos e técnicas. O caso é um problema vivido pela organização que
exige uma análise ou decisão. Aplicado ao estudo exploratório para o plano de investigação,
será a análise de uma situação investigada anteriormente, similar ao fato objeto do
planejamento atual. É a oportunidade de aprendizagem com os erros e acertos já praticados.
Esse tema será tratado em unidade própria.
Exemplo: Um crime ocorrido e apurado, cujas características são as mesmas do que está
sendo apurado.
- Observação informal:
É o método de coleta preliminar de informações necessárias às primeiras hipóteses e ao plano
inicial. É aplicada por meio do reconhecimento.
Exemplo: Antes de iniciar a investigação de um possível latrocínio ocorrido em uma região de
comércio no centro da cidade, o investigador se desloca à cena para colher as primeiras
informações, registrar suas impressões iniciais e, com isso, elaborar seu plano operacional.
É uma técnica que busca a coleta dados sobre o ambiente operacional e o alvo
específico. Oferece parâmetros para a percepção do grau de risco do procedimento
investigatório.
Grau de risco - É o grau de relevância do reflexo das possíveis ameaças, sobre a investigação
criminal. O risco é caracterizado pela probabilidade de uma ocorrência, multiplicada pelo
impacto que ela terá sobre a investigação.
A análise dos riscos deve ser feita durante a elaboração do planejamento da investigação,
definindo todos os cuidados que deverão ser adotados para os planos se concretizem.
Dependendo do grau de dificuldade da investigação, poderão ser identificados os tipos de
controles que deverão ser implementados a curto, médio de longo prazo. (Fonte: PORTO,
Gilberto. Riscos sob Controle. Correio Braziliense, Brasília, 8 de junho de 2008. Trabalho &
Formação Profissional, p. 2.)
O reconhecimento poderá ser aplicado na fase que antecede o planejamento de outras
modalidades de investigação, como a campana e a infiltração.
Reconhecimento
Dependendo do grau de risco tanto para a eficácia da investigação quanto para integridade
física do investigador, do investigado e demais pessoas que possam vir a ser envolvidas, o
reconhecimento poderá ser ostensivo ou velado, com ou sem meios de disfarce do observador.
Neste curso, serão analisadas algumas técnicas que são elementares em toda investigação
criminal.
Observação
Investigar é observar a realidade. Grande parte das informações que o investigador procura
poderá ser obtida pela observação direta dos fatos. Muitas dessas informações estão
codificadas e precisam de uma leitura cuidadosa.
Seja qual for o propósito da investigação, o investigador deverá responder quatro questões,
segundo Denker (2007, p. 127):
A análise de outras hipóteses. O investigador deverá analisar outras possíveis hipóteses para
o caso e cruzá-las com a que está sendo verificada.
Memorização
A memória é que nos define como indivíduos. Ela permite que você administre sua vida
pessoal e profissional. Ela não é um simples banco de dados; influencia seu modo de ver a
vida, de reagir diante dos fatos.
Uma memória ativa e poderosa é a base da nossa qualidade mental global. Entretanto, a
memória poderá falhar temporariamente devido ao estresse, cansaço ou trauma, afetando as
atividades da pessoa.
Muito embora o cérebro seja inundado de informações pelos sentidos, nem todas elas são
vitais para a nossa sobrevivência, por isso o processo de filtragem feito pelo hipocampo,
guardando aquilo que precisará ser relembrado no futuro. É o processo de associações
multissensoriais do cérebro que irá permitir que você lembre das informações armazenadas.
Exemplo: Quando você encontra uma pessoa, seu cérebro liga um nome a algumas
informações sensoriais como a aparência, o timbre de voz, e o faz lembrar do nome vinculado
àquelas informações.
Você verá que algumas técnicas, como a infiltração, exigirão do investigador a plena
capacidade de memorizar informações de forma segura para que possa ser revista depois.
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Durante o processo de observação, quanto maior for a rede sensorial do investigador, mais
segura será a retenção dessas informações para acesso futuro, ou seja, quanto maior for o
número de sentidos que você utilize para registrar informações sobre um objeto, pessoa ou
evento, maior será a possibilidade de registrá-las e lembrá-las prontamente.
Exemplo: Ao conhecer uma pessoa, se você usar apenas a visão, terá menor possibilidade de
relembrar seu nome. Entretanto, se você ao conhecer uma pessoa, usar todos os sentidos, ao
tentar lembrar seu nome irá ter mais informações associativas, como uma calvície, a aspereza
da pele da mão, forte cheiro de cigarro, voz macia, etc.
Pesquisas científicas demonstram que a utilização dos sentidos é um processo que precisa ser
estimulado diariamente sob pena de que seja reduzido gradativamente.
Melhoria da memória
O potencial de memória tem relação direta com a capacidade de coleta de dados pelo
investigador.
Melhorar esse potencial trará benefícios incalculáveis para a qualidade das informações
buscadas na investigação. O primeiro efeito é o aumento na confiança do investigador nas
suas habilidades profissionais ao conseguir lembrar de informações de forma rápida e correta.
O importante é que sua memória pode ser treinada com técnicas que a ensinarão a fazer o que
você decidir.
Treine as técnicas de memorização, como forma de melhorar sua mais perfeita ferramenta para
a prática da investigação no texto em anexo Técnicas de treinamento da memória.
Descrição
Descrever é expor, narrar de forma circunstanciada pela palavra escrita ou falada tudo o
que foi observado pelo investigador.
No sistema jurídico brasileiro, onde o inquérito policial é uma peça escrita, a investigação
resulta em relatos escritos, que tanto poderão ser uma informação do investigador cartorário
como um laudo do perito ou do legista, ou termos e autos.
Descrição de pessoas
Fazer a descrição de pessoas não é tão simples como parece. Requer metodologia
própria que possibilite ao encarregado da análise a reunião coerente e organizada das
observações, num processo de verificação de sua confiabilidade como resposta ao problema.
A descrição terá que ter dados suficientes para confirmar ou não a hipótese levantada, por
exemplo, sobre o suspeito de autoria. Nesse caso deverá responder a pergunta: a pessoa
observada e registrada tem as características do suspeito descrito pela testemunha?
O melhor na descrição das pessoas consiste em começá-la pela cabeça, seguindo-se para os
membros inferiores até os pés, de forma detalhada.
Na descrição geral das pessoas devem ser observados fatores, como: a raça, o sexo, a idade
aparente se não for possível a informação correta, a estatura, o peso (aparente), a compleição,
a cor e o tipo do cabelo e dos olhos, a cor da pele, a presença ou ausência de bigodes, barba,
a condição dentária, cicatrizes e marcas, uso de óculos e peculiaridades físicas, tipo, cor e
aspecto da roupa, etc.
Descrição da indumentária
Numa descrição de pessoas devem ser registrados os dados imutáveis. A descrição deve ser
honesta, realista, sem influências pessoais ou preconceituosas. Devem ser particularizadas,
pois as descrições genéricas pouco servem para a investigação.
Observe no indivíduo, não o que de comum possa existir, mas o que de particular
apresenta, isso permitirá uma identificação mais segura.
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Aula 4 – Coleta de dados por meio de informantes
A coleta de dados por meio do informante é uma busca de informações para norteio da
investigação. É uma observação intermediária de suporte, baseada em fonte secundária.
Poderá ser a pessoa que conhece as características físicas do suspeito de autoria do crime,
ou, ainda, a pessoa que exerce alguma atividade que, pela natureza e ambiente onde ocorre,
tem informações importantes para o norteio da investigação. Exemplo: O barbeiro de confiança
do suspeito que escute suas confidências.
O informante poderá ser recrutado de forma induzida ou voluntária. Seu recrutamento deverá
ocorrer entre pessoas que têm ou tiveram algum potencial relacionamento com a pessoa, dado
ou ambiente de quem se quer informação.
Exemplos: Alguém que conhece o suspeito e sabe que em sua terra natal já cometeu crimes
idênticos; ou que ouviu dizer quem seria o autor do crime; ou que conhece uma circunstância
idêntica a descrita por testemunhas, como um veículo com as mesmas características do que
fora utilizado pelo autor.
Esses motivos deverão ser conhecidos e avaliados. A avaliação é facilitada pela verificação da
pertinência da informação oferecida. Significa analisar sua vinculação com o contexto da
investigação e se é efetivamente essencial.
- Medo;
- Vingança;
- Vaidade;
- Desejo de reparação - legalista/justiça;
- Mercantilismo – contrapartida; e
- Altruísmo – amor ao próximo – abnegação.
Deverão ser adotados critérios objetivos para a utilização do informante. A instituição policial
adotará um protocolo de recrutamento e utilização do informante e da informação produzida.
Deverá definir critérios de análise, gestão e aplicação da informação.
A informação será verificada antes que seja aplicada, quanto a credibilidade e potencialidade
da fonte. Esse processo evita que o investigador seja levado para rumos que só interessam ao
informante.
- Como fonte imediata no levantamento de informações e, ainda, como fonte mediata, suprindo
as dificuldades da polícia no acesso a dados ou informações;
- Não conferir atribuições policiais ao informante;
- Não dar informações aos informantes, mas deles colher todas as informações possíveis;
- Não se promiscuir o investigador, com o informante;
- Tratá-lo com respeito;
- Manter, sempre que possível, o sigilo da identidade e da imagem do informante; e
- Sempre confrontar as suas informações com outras existentes, buscando avaliar o nível de
fidedignidade do informante e da idoneidade da informação.
A vigilância poderá ser de pessoas procuradas pela justiça, criminosos em atuação, e até de
testemunhas e vitimas que precisam ser encontradas.
Tipos de campana
Na campana, a observação deverá ser sistemática e contínua, pois qualquer lacuna poderá
comprometê-la ou até inutilizá-la por completo.
Veja qual deve ser o perfil do investigador que realiza uma campana, no texto em anexo.
Planificação da campana
Foi visto a importância do planejamento na investigação criminal. Sem ele, é pouco provável
que se atinja seu objetivo de forma eficaz. Ele evita improvisações, desperdícios de tempo e
recurso.
Há momentos em que os dados que o investigador precisa para construção da prova estão em
ambientes fora de seu alcance em situações normais. Entretanto, é importante que ele colha
esses dados pessoalmente.
O plano operacional para execução da infiltração, além de cuidar das necessidades comuns,
como definir os tipos de dados que deverão ser coletados, recursos, procedimentos a serem
adotados, requer outros cuidados específicos.
O plano obedecerá às normas impostas nas Leis n° 9.034/95 (Repressão ao crime organizado)
e n° 11.343/2006 (Repressão ao tráfico ilícito de drogas), conforme visto na primeira fase deste
curso.
Veja os cuidados e a serem tomados quanto ao infiltrado e como manter sua segurança no
texto em anexo.
Fase final
O plano de ação também deverá prever os procedimentos a serem adotados pelo infiltrado na
fase final da diligência. Nessa fase, ele já terá as informações que procurava, em muitos casos,
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a confirmação da prática do delito ou a identificação e paradeiro de pessoas e coisas, quando
então poderá haver uma ação policial de repressão.
Nos contatos com a base de gestão da diligência, o infiltrado passa circunstâncias que
propiciarão um plano para a fase final. Serão respondidas questões como: Quando deverá
ocorrer a prisão do infrator observado? Quando e como deverá ocorrer o resgate do infiltrado?
Contudo, como regra geral, não deverá o infiltrado agir sozinho no desfecho da diligência,
executando, por exemplo, prisões.
Qualquer que seja a forma do desfecho da diligência terá que haver extremo cuidado
com a retirada do investigador infiltrado.
A entrevista é outra técnica aplicada na busca de dados para apuração do delito. Seu
objetivo é obter informações sobre o fato objeto da investigação, por meio de
testemunhos.
Para DENKER (2007, p.165), “entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais
pessoas, com grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de
informações de pesquisa”.
Entrevista é uma situação de comunicação, antes de tudo vocal, num grupo de duas ou
mais pessoas, mais ou menos voluntariamente reunidas, num relacionamento
progressivo, entrevistador e respondente, com o propósito de elucidar fatos inerentes à
situação investigada, de cuja revelação o perito espera tirar certo benefício.
(CERQUEIRA, p. 56)
Métodos de entrevista
A entrevista pode ser aplicada de duas maneiras: quanto ao modo de formulação dos quesitos
e quanto às circunstâncias em que ocorre.
Quanto ao modo de formulação dos quesitos, a entrevista pode ser:
- Ostensiva
Quando em situação de normalidade o entrevistador não precisa esconder sua identidade
funcional.
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- Encoberta
Quando, por conveniência da investigação, o entrevistador precisa ocultar sua identidade
funcional, assumindo outra que lhe permita acesso ao entrevistado, sem revelar a finalidade da
entrevista.
Fases da entrevista
A entrevista tem três fases distintas: preparação, execução e análise. (A fase da análise,
você verá na aula 9.)
Fase de preparação
O tempo de duração de uma entrevista poderá ser bastante curto, mas com resultado
duradouro e de efeito extraordinário na investigação. O investigador poderá sair de uma
entrevista com todas as informações que esperava ou sem qualquer informação relevante.
Tudo depende de como planejou e executou o processo.
A seleção do alvo da entrevista deverá considerar fatores que possam habilitá-lo a isso. A
entrevista busca conhecimentos, dos quais, o entrevistado terá que ser um potencial
depositário. Para avaliar essa potencialidade, o investigador terá que tomar cuidados
prospectivos que serão adotados em estudo exploratório. No contexto da investigação, o
entrevistador precisa identificar as pessoas com potencialidade de informações que interessem
para a resolução do crime.
De acordo com Gastón Berger “A atitude prospectiva significa olhar longe, preocupar-se com o
longo prazo; olhar amplamente, tomando cuidado com as interações; olhar a fundo, até
encontrar os fatores e tendências que são realmente importantes; arriscar, porque as visões de
horizontes distantes podem fazer mudar nossos planos de longo prazo; e levar em conta o
gênero humano, grande agente capaz de modificar o futuro”.
Ele fará um esquema das perguntas-chave que servirá de roteiro para a entrevista.
- Testemunhas oculares;
- Pessoas que tenham conhecimento das circunstâncias do crime;
- Pessoas que tenham conhecimento da hora da morte (ou do crime);
- Pessoas que possam conhecer a vítima;
- Pessoas que possam saber algo do suspeito; e
- Pessoas que possam ter informações sobre o motivo do crime.
Esses fatores deverão ser conhecidos do entrevistador para que possa levá-los em
consideração quando da elaboração do plano de entrevista.
Como todo o processo da investigação, entrevista também precisa de um plano de ação bem
elaborado para que possa ter possibilidade de êxito.
Antes de passar para a próxima fase da entrevista, leia o texto em anexo: “Elaboração do
plano da entrevista”.
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Fase de execução da entrevista
Muito embora a palavra seja a linguagem mais comum na transmissão de mensagens entre as
pessoas, há também a linguagem gestual que deverá ser observada pelo entrevistador, pois
sempre estará carregada de mensagens que complementam a manifestação verbal.
Barreiras à comunicação
O entrevistador deverá criar um ambiente de empatia para que receba o feedback necessário
do entrevistado. A melhor técnica é a da audição ativa, isto é, ouvir e não apenas escutar.
Sendo um processo que se estabelece entre pessoas, a comunicação poderá sofrer curtos
circuitos provocados por fatores que precisam ser conhecidos, percebidos e controlados.
Veja quais são as regras básicas da entrevista no texto em anexo.
Linguagem corporal
Percebeu que a comunicação interpessoal não fica apenas no uso da linguagem oral?
Leitura a frio
A investigação criminal moderna tem procurado maior aplicação dos conhecimentos científicos
na busca da prova fidedigna.
Condução da entrevista
Segundo HERÁLDEZ (falsas recordações), somente a partir do uso adequado das informações
decorrentes da investigação científica, será possível se assegurar níveis mais altos de justiça
nos processos judiciários.
Para o mesmo autor, a psicologia tem exercido importante papel na aplicação dos
métodos científicos na busca da prova de um crime, principalmente, na valoração das
causas e conseqüências humanas do delito. Esse processo é mais claro na obtenção e
análise das provas testemunhais.
- Entrevista cognitiva
Uma das técnicas pesquisadas e aplicadas pela psicologia é a entrevista cognitiva que
busca dar confiabilidade e validade aos depoimentos.
Leia o texto anexo e saiba mais sobre as técnicas utilizadas na entrevista cognitiva.
Muitas vezes o investigador, diante de informação que considera falsa, poderá concluir que o
entrevistado está mentindo deliberadamente quando então reagirá com alguma prática coativa.
Falsa memória
Esse fenômeno alerta para o cuidado e preparo que o investigador deve ter com a prova
testemunhal. A falsa memória poderá se transformar em causa de injustiça na aplicação
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de uma pena, caso não seja devidamente detectada pelo entrevistador que tanto poderá
ser o próprio investigador, como o promotor de justiça, o advogado, o juiz ou, ainda, os
psicólogos e assistentes sociais forenses.
As falsas memórias deverão ser detectadas para evitar erros na aplicação da pena. O
investigador deve ter sumo cuidado na análise das informações memorísticas, a partir
do processo de coleta das informações.
Exemplo: Um comentário que alguém faz sobre um fato e a testemunha ou vítima incorpora
em seu conhecimento como se fosse informação do evento presenciado por ela. Ou, ainda, o
entrevistador ao formular a pergunta, faz de maneira tal que nela está embutida a sugestão de
resposta, como: “O suspeito não tinha barba?”.
Para BRUKY e CECI, citados por HERÁLDEZ (ibidem), a implantação de falsa memória
obedece tanto a mecanismos cognitivos como socioculturais.
Diz AREND (ibidem) que, segundo Stein, existem pesquisas científicas que constataram que
tanto a verdadeira memória como a falsa podem apresentar as mesmas características de
consistência da versão apresentada ao longo da entrevista, como confiança no relato,
depoimentos completos e fidedignos, mesmo após múltiplos interrogatórios.
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A sugestão de Stein, segundo AREND, é de que, para otimização da qualidade dos
depoimentos, o entrevistador deverá, dentre outras técnicas, realizar perguntas abertas,
minimizar o número de interrogatório e de livre relato dos fatos.
No afã de colher informações bem detalhadas e claras, o investigador acaba por desenvolver
entrevistas através das quais, involuntariamente, poderá provocar informações baseadas em
falsa memória.
As perguntas
Além disso, há sempre um outro fator a ser considerado. Normalmente o ambiente em que
ocorre a entrevista é um cenário estressante, como a sala da delegacia ou um local de crime,
sempre muito carregado de emoções.
O entrevistado também poderá ser levado a responder sem atentar para o fato da
resposta está ou não completamente certa, quando submetido a perguntas intimidativas.
Exemplo: Sabes que serás processado se estiveres prestando informação errada?
Sua reação poderá ser a busca de falsa memória para satisfazer o entrevistador e, com
isso, se perde a verdade do fato.
Que mecanismo está por trás das falsas memórias que precisa ser conhecido e evitado
pelo entrevistador?
HERÁLDEZ (ibidem) diz da existência de estudos que garantem que as crianças são mais
susceptíveis à influência de terceiras pessoas à implantação de falsas memórias. As causas
são de ordem social, cognitivo e até de personalidade. Fatores que influenciam o intercâmbio
de informação entre pessoas.
Contam para isso, também, sua limitada capacidade de analisar as informações com
profundidade, de elaborar raciocínios complexos e a limitada representação que tem sobre a
lei.
Entretanto, segundo o autor, há também pesquisas que indicam a mesma susceptibilidade por
parte de adultos.
Essas informações significam que o entrevistador deverá adotar a postura adequada para
evitar que sua maneira de formular as perguntas não venha implantar informações falsas no
entrevistado.
Perguntas sugestivas
Exemplo: Num caso em que o entrevistado não havia declarado sobre o tipo de arma usada
pelo infrator, lhe é feita a seguinte pergunta: Você disse que o assalto foi a mão armada, o
assaltante portava uma pistola ou um rifle?
Leia o texto em anexo: “Formas mais comuns de contribuição para as falsas memórias”
2. Segundo passo: Nessa etapa serão introduzidas perguntas com o final aberto. A
pergunta com final aberto tem a mesma estrutura da pergunta aberta, entretanto, se refere
a um personagem específico do evento.
Exemplo: Por favor, procure narrar, com o maior número de detalhes possíveis, tudo o se recorda
sobre a pessoa que viu atirando na vítima.
Nesse momento, o entrevistador terá que estar preparado para não introduzir no depoimento,
informações e detalhes que não sejam os que foram oferecidos pelo entrevistado. O
entrevistador passará a formular perguntas específicas sobre os detalhes, para que,
exaustivamente, os deixe bem claros. Não poderá haver dúvidas sobre as informações, pois
delas poderão decorrer procedimentos injustos, como prisão e condenações de inocentes.
Terminada a coleta da informação, é necessário que o investigador submeta todo seu conteúdo
a uma análise global para avaliar seu grau de credibilidade como prova de um delito.
Validade + Confiabilidade
A validade serve para estabelecer a admissibilidade da análise de conteúdo.
A confiabilidade diz respeito à indicação de realidade contida na declaração.
Para saber mais sobre cada um dos sistemas leia o texto em anexo: O SRA e o SRV.
- Investigação preliminar
- Investigação de segmento
Embora toda investigação seja importante para a apuração do delito, o cenário do crime é
extremamente relevante e, se bem cuidado, é nele que o investigador encontrará dados
fundamentais para a produção da prova e compreensão do problema.
Algumas evidências na cena são latentes e precisam ser colhidas com ajuda de equipamentos
específicos. Outras são visíveis a olho nu. Todas precisam ser devidamente preservadas para
a coleta em seu estado natural. Há evidências fugazes e precisam de cuidados especiais, sob
pena de que se percam com a ação do tempo ou de manipulação inadequada. Poderão ser
removidas e destruídas com a indevida movimentação de pessoas.
Exemplo: Pequenas gotas de sangue, saliva e esperma.
Segundo MINGARDI, uma pesquisa conduzida pela Rand Corporation 21 coloca a questão da
seguinte forma:
Veja citação de SPINDULA sobre o comentário feito pelo perito da Scottdale Police Crime Lab,
Dwayne S. Hildebrand a respeito dos vestígios deixados pelo autor no local de crime, e reflita
sobre a importância da cena do crime para a investigação, visto a riqueza de informações
sobre o delito, das quais é “fiel depositário”.
Citação de SPINDULA
Onde quer que ele (autor) ande, o que quer que ele toque ou deixe, até mesmo
inconscientemente, servirá como testemunho silencioso contra ele. Não impressões papilares e
de calçados somente, mas, seus cabelos, as fibras das suas roupas, os vidros que ele quebre,
as marcas de ferramentas que ele produza, o sangue ou sêmen que ele deposite. Todos esses
e outros transformam-se em testemunhas contra ele. Isto porque evidências físicas não estarão
equivocadas, não perjuram contra si mesma. (SPINDULA, p. 6)
Para que o investigador compreenda o valor das informações que irá encontrar no local de
crime, é preciso que se intere de alguns conceitos que irão levá-lo a refletir sobre o tema.
Para isolar e preservar a cena do delito é preciso definir o espaço a ser considerado
como tal. Por isso, o conceito espacial do local de crime deve ser compreendido numa
leitura que vá além das fronteiras do espaço físico onde estejam as evidências ou o
próprio corpo do delito (cadáver, vítima de lesões, documentos, armas, etc).
Para formulação do conceito deve ser considerado todo o processo que envolve a ação do
criminoso na prática do delito, ou seja, o caminho do crime, que vai da cogitação ao
exaurimento da conduta.
Exemplo
Um só crime poderá ter tido uma seqüência, com etapas praticadas em vários locais e esses
deverão ser conhecidos, preservados e examinados.
Local de crime
Local de crime é o espaço físico onde tenha ocorrido um delito ou onde se encontre
qualquer vestígio relacionado com a preparação, execução ou consumação desse delito.
Para melhor compreensão prática classifica-se o local de crime:
- Idôneo – Aquele que se encontra intacto, tal como foi deixado pelo autor do delito. Sem
alterações do seu estado.
- Inidôneo – Aquele cujas características originais foram alteradas. Não se encontra mais
como fora deixado pelo infrator. É um local violado.
A violação tanto pode ser feita pelo autor, para dificultar sua identificação, como por outras
pessoas que, inadvertidamente, ali ingressam para socorrer a vítima ou por simples
curiosidade. Ou, ainda, pelo agente que tomou as primeiras providências para delimitação e
preservação do local.
- Mediato – É o espaço físico constituído pelas adjacências do local imediato, onde existam
vestígios do delito.
- Relacionado – É o local que, mesmo separado fisicamente dos locais imediato e mediato,
está a eles conectado por vestígios do delito. Onde tenha ocorrido uma das seqüências da
prática do delito.
A chegada rápida na cena do crime é condição principal para proteção das evidências
antes que sejam destruídas, alteradas ou perdidas.
Para isolamento da cena do crime, tudo deverá ser considerado possível vestígio. A
confirmação disso ficará por conta do perito. Essa medida tem como objetivo evitar que no
reconhecimento do espaço a ser considerado e isolado como local de crime, provas materiais
importantes para a apuração do crime fiquem de fora do exame pericial.
A coleta dos vestígios deixados no local de crime requer sua preservação tal como
foram deixados pela conduta do criminoso.
A preservação diz respeito, também, à prova testemunhal. Ela deverá ser identificada e
preservada para prestar as primeiras informações sobre o que sabe do delito.
Antes do exame pericial, o investigador cartorário não pode interferir nas provas materiais. Não
pode tocar, examinar, recolher ou alterar a posição de qualquer dado.
Ainda que haja limites de atuação do investigador cartorário nesse ambiente, eles são
específicos no que diz respeito à coleta de prova material.
O “briefing” tem o objetivo de inteirar o perito das informações colhidas até ali,
indicação dos limites das zonas de investigação e segurança e reavaliação, se
necessário, dos limites dessas zonas.
Não pode haver, nesses contatos, qualquer interferência na necessária autonomia técnica dos
investigadores.
Leia o texto em anexo “Métodos que podem ser adotados para a prisão do infrator” para
saber mais.
A investigação mais efetiva na cena do crime diz respeito à coleta de provas materiais.
Esse processo, que é desenvolvido, em regra, pelo perito criminal e pelo papiloscopista,
depende da colaboração dos demais investigadores, especialmente na delimitação do
ambiente onde se encontram os vestígios.
- Fotografias,
- Filmagens,
- Desenhos e
- Técnicas de remoção.
Segundo Geberth (1997, p. 25), citado por MINGARDI (2006, p. 55), “esse é um momento
crítico, pois as autoridades devem tentar manter a cena do crime sob seu controle
Antes de sair da cena é recomendado observá-la da perspectiva da defesa e ter certeza de que
não deixou passar nada de relevante. (MINGARDI, 2006, p. 55)
É recomendável que antes de liberar a cena, se repita todo o processo feito para o
isolamento, principalmente, se for num ambiente muito extenso.
Havendo dúvidas quanto à existência ou não de vestígios que não foram recolhidos, o
ambiente deverá continuar isolado para reexame, se for ocaso. Essa possibilidade é mais
provável em ambientes escuros e amplos ou com muitos compartimentos ou, ainda, em
ambientes abertos sob chuva. Nesses casos deverão ser montadas estratégias com uso de
equipamentos que facilitem a visibilidade dos vestígios.
Mesmo nos casos em que ocorra a prisão do autor durante a investigação preliminar, sempre
há necessidade de atos investigatórios de seguimento para a identificação de co-autores,
quando for o caso, a coleta de provas testemunhais e matérias que se encontrem em locais
relacionados identificados posteriormente e, ainda, para a busca de provas complementares.
Nesse caso, os métodos não divergem dos que são aplicados durante a investigação
preliminar, mas são mais diversificados, visto o maior espaço de tempo, principalmente,
quando se trata de autor desconhecido ou conhecido sem ter sido preso em flagrante delito.
Nos cuidados com o suspeito, obrigatoriamente, terão que estar incluídos, principalmente, os
que dizem respeito aos seus direitos fundamentais.
A condição jurídica do suspeito de autoria, que usufrui os direitos do autor inconteste, é sempre
uma das dificuldades práticas que o investigador encontra na apuração dos delitos.
Ele não é obrigado a falar. Não é obrigado a incriminar-se. Pode não falar a verdade sem as
conseqüências do falso testemunho. Tem direito ao acompanhamento do advogado e de dar
informação sobre seu paradeiro para os familiares. Entretanto, se for o autor do delito, será
depositário de informações fundamentais para a investigação, cuja coleta dependerá da
habilidade técnica do entrevistador.
O investigador deverá observar a linguagem simbólica do suspeito que lhe dirá muito mais que
a linguagem falada. Observar e anotar seu estado emocional, a linguagem corporal, os
vestígios que possam impregnar suas vestes e corpo, como pequenas lesões e fraturas
(arranhões, hematomas, fraturas de unhas, etc.), marcas de violência em sua roupa (rasgos,
falta de botões, marcas de objetos, etc.) e odores.
Além das informações colhidas com testemunhos, com os vestígios encontrados na cena, no
próprio corpo do suspeito e na sua história antecedente, há outras possibilidades bastante
eficazes para apuração do delito:
Como o inquérito policial é formal (escrito), logo após a seção de entrevistas, os depoimentos
das testemunhas e vítimas deverão ser tomados por escrito pela autoridade competente.
Intercâmbio policial - Manter intercâmbio permanente com outras delegacias para o confronto
de informações que indiquem pistas da autoria.
Diário de investigação
O investigador não pode confiar demasiadamente em sua memória. Deve manter registro
detalhado e sistematizado das informações coletadas. Essa necessidade se torna evidente
na medida em que a investigação avança, aumenta seu grau de complexidade e maior é o
volume de informações que precisam ser devidamente preservadas.
Convém fazer um registro diário de tudo que é coletado. Esse processo possibilita que o
investigador tenha o controle das informações colhidas e, ao final, sistematize todas elas
facilitando a análise e validação.
As anotações das informações colhidas na cena do crime permitirão aos que irão conduzir a
investigação de segmento, ter acesso a referências sobre tudo o que foi e não foi investigado.
Observações e registros auxiliarão na elaboração de planos e metas.
Conclusão
Neste módulo foram apresentados e discutidos métodos e técnicas básicas para a prática
da investigação criminal.
O importante é sua percepção de que não basta conhecer métodos e técnicas, é preciso
que saiba escolher o mecanismo mais adequado e conveniente para cada situação.
As técnicas por si só não são garantias de eficácia da investigação. Por trás delas terá
que estar o investigador como ser humano, com suas habilidades e capacidades perceptivas
naturais ou não chegará a lugar nenhum.
( ) Método
( ) Dados
( ) Informação
( ) Conhecimento
( )Que a técnica que será empregada em cada investigação não depende do problema que
está sendo investigado, dos objetivos e da disponibilidade de recursos para realização do
projeto.
Orientação: Numa descrição de pessoas devem ser registrados os dados imutáveis. Por
outro lado, a descrição deve ser honesta, realista, sem influências pessoais ou
preconceituosas. Devem ser particularizadas, pois as descrições genéricas pouco servem
para a investigação.
Observe no indivíduo não o que de comum possa existir, mas o que de particular apresenta,
pois isso permitirá uma identificação mais segura.
1. ( 4 ) Método
( 1 ) Dados
( 2 ) Informação
( 3 ) Conhecimento
2. Que o estudo exploratório possibilitará ao investigador decidir quais serão os métodos
necessários às fases posteriores; e
As técnicas não se excluem; poderão ser empregadas em uma mesma investigação,
metodologias e técnicas diversas.
3. Fontes secundárias são informações que não têm relação direta com o caso, mas dizem do
caso ou do ambiente onde ele aconteceu; e
Modos dizem respeito à metodologia do crime.
4. ( 4 ) Observação, memorização e descrição.
( 2 ) Como registrar as informações.
( 1 ) O Reconhecimento.
( 3 ) Estudo exploratório.
5. Resposta pessoal
6. Seu papel é fornecer dados preliminares ao investigador, o auxiliando na leitura preliminar
do caso, para que possa formular as hipóteses também preliminares. O recrutamento depende,
muitas vezes, de exaustivo trabalho de convencimento. O grau de dificuldade tem relação
direta com a confiabilidade do cidadão na instituição policial.
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 2
SENASP/MJ - Última atualização em 19/02/2009
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Quantas vezes perdemos a oportunidade de conquistar potenciais informantes, destratando ou
não dando a atenção necessária ao cidadão que pede nosso apoio ou simplesmente uma
informação.
Anexos
Segundo Thomas (2004), para desenvolver o poder de sua memória não basta treinar técnicas,
é preciso se concentrar num bem-estar físico geral e nas atitudes mentais que irão contribuir
para seu sucesso.
Nesse processo terão que ser incluído atividades que garantam boa forma física e mental, com
a prática de atividades físicas e alimentação saudáveis e atitudes que possibilitem o bem estar
emocional, como redução de fatores de estresse, ter atitudes positivas e organização na vida
pessoal e profissional.
O já citado autor Thomas (2004), relaciona sete princípios que deverão ser aplicados no
treinamento da memória:
O autor recomenda como modelo de estímulo ao cérebro prara se envolver ativamente com a
informação, sua maior concentração e uso do sentido visual e outros sentidos para reorganizar
os dados num sentido mais memorizável.
Treine ouvindo relatos de colegas e depois pedindo que formulem perguntas sobre as
informações ouvidas.
3. Usar os sentidos: Como já foi dito, muito embora a visão e a audição sejam os sentidos
mais usados, você precisa treinar sua percepção multissensorial.
Foi visto que a memória ocorre pelo processo de associação de informações e quanto maior for
o número de informações maior será a possibilidade de resposta do cérebro quando você
buscar lembrar uma informação.
Treine fechando os olhos ao ser apresentado a uma pessoa, quando as outras informações
sensoriais, além da visão e audição, tornam-se muito mais importantes como base na formação
de associações que irão permitir lembrar o nome daquela pessoa.
Tente andar em um quarto escuro e veja a sobrepujança e importância dos sentidos como tato
e olfato.
Ao observar uma pessoa ou coisas, passe a vê-las por uma perspectiva deferente. Observe
cada detalhe, cores dos olhos, detalhes da roupa, postura, voz, movimentos, textura.
Esse processo é desenvolvido naturalmente por seu cérebro e é a chave para importante
técnica de treinamento da memória. É a técnica do trajeto em que você faz um percurso por
locais familiares, como quarto e sala de sua casa, ou ambientes de seu local e trabalho,
colocando nesses ambientes imagens mentais de alguns dos fragmentos de informações.
As imagens mais fáceis de serem memorizadas são aquelas fora do habitual. Por exemplo,
memorizar um boi voando é muito mais fácil do que memorizar alguém comendo sanduíche.
Crie imagens insólitas.
Thomas (2004) cita os seguintes princípios como fundamento na criação de imagens para o
processo de memorização:
5. Use associações
6. Armazenar informação
Da mesma forma que em seu cotidiano, no trabalho ou em casa, você cria uma sistematização
eficiente para o arquivamento de informações que precisam ser localizadas depois, as técnicas
de memorização também criam estruturas nas quais são colocadas informações para futuras
consultas.
Da mesma forma que nas bibliotecas, são criados padrões, com um sistema de seleção e
codificação para organizar as informações, possibilitando que a memória as processe e as
armazene de modo a facilitar a lembrança.
A coleta de informação das testemunhas, vitimas e suspeitos ocorre num processo intenso de
interação do investigador com essas pessoas. Ocorre que muitas vezes o simples fato de
lembrar o nome de alguém é extremamente angustiante.
Para auxiliá-lo o autor referido, Thomas (2004) cita algumas técnicas muito práticas que
poderão ser exercitadas com excelente resultado.
DICA: lembre-se de que qualquer informação contida na memória, está de alguma forma ligada
a outra.
Seja qual for sua atividade de interação com pessoas, o fato de lembrar o nome de alguém,
com quem você se encontrou apenas uma vez, é muito importante para ela.
A técnica da associação é aplicada para a memorização de nomes por muito tempo. Envolve
dois passos: criar uma imagem e associá-la à pessoa.
Ao ouvir, pela primeira vez, o nome de uma pessoa, crie no mesmo momento uma imagem
associada a ele.
Terá que aprender a ouvir. Use as imagens que vierem à sua mente ao ouvir o nome.
EXEMPLO: o nome Marieta associe a imagem de uma corneta, pois os nomes soam parecidos.
Dê asas à imaginação. Crie uma imagem inusitada. Observe o rosto da pessoa, procure
encontrar traços que o distinga e possam criar uma imagem.
EXEMPLO: A imagem da corneta criada para o nome de Marieta deverá ser bem forte. Imagine
uma grande corneta cheia de asas voando e tocando, para um lado e para outro carregando
Marieta.
Procure ouvir o som da corneta e das suas asas. Essa imagem facilitará a lembrança do nome
da pessoa quando for necessário.
Outra técnica para memorização de nomes que o autor referido apresenta é a técnica SOUL.
Significa: Sem pressa na apresentação, Ouça o nome, Use o nome, Lembre do nome.
Normalmente é durante a apresentação que o novo nome se perde com mais facilidade, por
tanto é quando temos que envidar toda a atenção necessária para evitar que isso aconteça.
É muito provável que você não ouça mais o nome de uma pessoa se não ouvi-lo durante sua
apresentação. Daí a importância de que você se concentre no momento que lhe for dito e o
assimile.
Procure relembrar o nome para si mesmo logo após a saída da pessoa e no dia seguinte.
Segundo Thomas (2004), cerca de 80% das informações novas são esquecidas em um ou dois
dias se não forem relembradas.
Combinar técnicas
Para maior garantia de memorização do nome de alguém, poderá ser feita uma combinação de
técnicas.
Por exemplo, aplique a técnica SOUL enquanto está sendo apresentado à outra pessoa. E,
tanto durante a apresentação como depois, aplique a técnica de Associação e assim poderá
associar o nome à pessoa.
Esse processo misto possibilitará que sejam armazenados em sua memória a pessoa e o seu
nome, facilitando que sejam lembrados quando de nova apresentação ou quando precisar
lembrá-lo.
DICAS: Faça uma pergunta ao conhecer alguém, para criar um elo e desacelerar a
apresentação. Pergunte, por exemplo, se está gostando da cidade. Como foi seu dia. Se já
conhecia a unidade policial.
Sugiro que procure outras técnicas de memorização para capacitar sua memória a registros
efetivos de informações que irão povoar seu dia-a-dia de investigação.
Salvo os crimes praticados de inesperadamente, por força de súbita emoção, quase sempre o
autor tem tempo para planejar estratégias que dificultem a coleta de provas, impondo maior
esforço à busca de informações.
O recrutamento do informante não é tarefa fácil. Depende, muitas vezes de exaustivo trabalho
de convencimento. O grau de dificuldade tem relação direta com a confiabilidade do cidadão na
instituição policial.
Deve ser feito um cadastramento com o perfil dessa pessoa, para consulta do
investigador. O recrutamento deve ocorrer nas variadas classes sociais e ambientes da
sociedade organizada.
Uma relação de informantes em potencial poderá ser feita com nomes de pessoas que já
mantiveram algum contato com a polícia, como vitimas, testemunha de outros crimes e
pessoas que pedem a colaboração da polícia. Essas pessoas poderão ser também escolhidas
de acordo com seu potencial de informação diante do fato, das circunstâncias, da motivação e
do ambiente onde ocorreu.
Exemplo: Crime de homicídio praticado por vingança, cuja vitima é comerciante que ganhou
licitação pública. Algum dos concorrentes poderá ter informação ou a possibilidade de vir a tê-
la, que viabilize formulação de hipóteses sobre a autoria.
Deverá haver um cuidado especial com o informante autor de crimes, pois o investigador não
pode ceder diante de possíveis condições para oferecimento do dado que não sejam de acordo
com a legalidade.
A informação será verificada antes que seja aplicada, quanto à credibilidade e à potencialidade
da fonte. Esse processo evita que o investigador seja levado para rumos que só interessam ao
informante.
Considere a possibilidade de que a motivação do informante seja a vingança. Isso poderá levá-
lo a executar uma busca planejada por um condômino que, não gostando do sindico, se sentirá
recompensado com a situação vexatória a que ele será submetido com a ação policial em seu
apartamento, pela suspeita de pedofilia, por exemplo.
Paciência e persistência
São atributos fundamentais, pois a observação por meio da campana poderá durar horas ou
dias, até que todos os dados sejam observados e coletados. Num momento de descuido
poderá acontecer o fato esperado.
Aparência comum
É outro atributo importante no investigador que executa uma campana, pois a característica
principal da diligência é ser encoberta. Qualquer suspeita da presença de um policial poderá
inviabilizar o procedimento.
Exemplo: A execução de uma campana em um bairro onde os moradores são de
predominância nissei, qualquer pessoa de características físicas diferentes, irá chamar a
atenção se tornando alvo de especulações.
Para elaboração do plano de ação, o investigador deverá ter ampla informação sobre o objetivo
da sua observação. O que deve ser observado e como dever ser registrado. Como deve ser
sua relação com o ambiente e o alvo a ser observado. Portanto, o plano deverá conter:
- Levar consigo dinheiro para eventuais despesas (Transporte, aluguel do local que servirá de
- Quando houver mais de um observador, que todos conheçam o plano de ação, saibam todos
- Ter consigo identidade funcional para evitar possíveis desentendimentos com outros setores
da polícia; e
- Ter preparadas explicações para terceiros quanto à sua presença constante em determinado
Meios - A campana móvel poderá ser executada tanto a pé como com o uso de automóveis,
motocicletas, etc.
A campana com o uso de veículos tem maior grau de dificuldade, precisa ser bem
planejada e treinada para oferecer resultado eficaz. No caso de pessoas, poderá ser
empregado um ou vários veículos.
Campana fixa
Essa modalidade tanto poderá ser realizada por um investigador como por um grupo. Só que
nesse caso a observação será feita em um posto fixo. Mesmo assim, não perde a característica
de discrição.
Poderão ser utilizados como postos, uma casa, um edifício ou, até mesmo, a viatura
velada, em local onde estejam vários outros veículos estacionados, permitindo uma
ocultação.
Metodologia
Em qualquer desses postos, o investigador terá que ter o máximo de cuidado para não chamar
a atenção de quem quer que seja sobre a sua pessoa.
Persianas possibilitam uma observação segura. O investigador, se possível, não deverá deixar
de utilizar binóculos, máquinas fotográficas, filmadoras ou qualquer outro instrumento que
facilite a sua observação.
O local a ser utilizado deverá ser escolhido de forma que dê ampla visão do ponto a ser
observado.
Deverão ser adotados cuidados necessários para que a finalidade da presença dos
investigadores seja bem dissimulada, mas de forma que não envolva condutas que chamem
mais atenção do que dissimulem.
A segurança do infiltrado
- Cientificar as unidades policiais da área da diligência de infiltração, de forma que não lhe
prejudiquem no sigilo necessário e não crie embaraços à diligência;
- Convencionar dia, hora, local e até um código de comunicação do infiltrado com o
coordenador da diligência;
- Nas comunicações, quando ficar convencionado o uso do telefone, que esse seja público e
em locais diferentes;
- Quando a infiltração for feita em um grande grupo de pessoas exaltadas, a diligência deverá
ser executada por muitos investigadores, que deverão se conhecer e estarem prontos para
uma defesa recíproca; e
- Se necessário, até mesmo um serviço auxiliar de campana deverá ser montado.
Como todo o processo da investigação, entrevista também precisa de um plano de ação bem
elaborado para que possa ter possibilidade de êxito.
- Técnica a ser aplicada – a técnica será definida a partir do perfil do entrevistado, das
informações que se quer coletar e do referencial teórico que se tenha como fonte.
ATENÇÃO! É melhor não fazer a entrevista se não houver tempo suficiente. A entrevista não
poderá ser interrompida, a não ser que esta seja uma estratégia adotada.
- Registro – determinar a forma de registro que atenda a estratégia adotada. Poderá ser feito
por escrito ou por meios eletrônicos.
1. Observação máxima
Na entrevista, um fator básico para o sucesso do entrevistador é sua capacidade de
percepção, da qual já foi vista como uma das ferramentas do investigador.
Foi visto que perceber tem efeito muito mais amplo do que o simples olhar, na entrevista, não
se limite à leitura da linguagem oral, mas, acima de tudo, à leitura das atitudes e pensamentos
expressos na linguagem corporal do entrevistado.
A linguagem oral nem sempre reflete o pensamento da pessoa. Basta olhar ao seu lado e verá
pessoas dizendo uma coisa com a fala e outra com os gestos.
Exemplo: A senhora que chega em sua sala para ser entrevistada. Você a recebe de forma
afável, oferece um assento. Quando você pergunta se está tudo bem e pede que fique à
vontade, ela diz que está bem e à vontade. Entretanto, continua segurando, firmemente, sua
bolsa no colo. Essa atitude diz que ainda não se sente à vontade e não sente confiança no
ambiente.
Com relação a essa senhora, você, ainda, não deve iniciar a entrevista, pois sua falta de
confiança pode comprometer a entrevista.
A percepção do entrevistador deve estar voltada para a postura que o entrevistado adota
ao falar e não apenas, para o que realmente diz.
A maior virtude do interlocutor é saber ouvir com atenção. Não é tarefa fácil,
principalmente quando o entrevistado divaga no tema abordado para chegar à informação
esperada. Quando isso ocorrer, o entrevistador deverá se armar com a calma e a cortesia
necessária para saber esperar o momento certo de trazer o entrevistado para o tema principal
ou esperar o desfecho, caso perceba, que ele irá chegar à informação que espera.
3. Perguntar corretamente
Um dos fatores que contribuem para o bom resultado de uma entrevista é a relação de
confiança estabelecida entre entrevistador e entrevistado.
Sendo um processo que se estabelece entre pessoas, a comunicações poderá sofrer curtos
circuitos provocados por fatores que precisam ser conhecidos, percebidos e controlados.
O investigador deverá ter conhecimento ou, não sendo possível, se prevenir com estratégias
de superação dessas barreiras.
Outra forma é manifestar interesse em ajudá-lo numa situação que o preocupe, como informar
ao patrão sobre o motivo de sua falta.
• Barreiras psicológicas:
As barreiras psicológicas provêm das diferenças individuais e podem ter origem em aspectos
do comportamento humano, tais como:
a) seletividade: o emissor só ouve o que é do seu interesse ou o que coincida com a sua
opinião;
b) egocentrismo: o emissor ou o receptor não aceita o ponto de vista do outro ou corta a
palavra do outro, demonstrando resistência para ouvir;
c) timidez: a inibição de uma pessoa em relação a outra pode causar gagueira ou voz baixa,
quase inaudível;
d) preconceito: a percepção indevida das diferenças socioculturais, raciais, religiosas,
hierárquicas, entre outras;
e) descaso: indiferença às necessidades do outro.
(http://www.ceismael.com.br/oratoria/oratoria043.htm)
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 2
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• Dificuldades de linguagem: Diz respeito às dificuldades de expressão oral. Tendem a
reduzir o fluxo da conversação. Exige capacidade do entrevistador em manter comunicação
eficiente com tais pessoas. Pode ocorrer do uso de gírias, regionalismos, dificuldades de
verbalização, etc.
EXEMPLO: O entrevistado que tem dificuldades para falar por ser portador de gagueira.
Para minimizar as barreiras que dificultarão sua comunicação com o entrevistado, adote as
seguintes reguras:
Linguagem corporal
As técnicas descritas deixam bem claro que a entrevista é um processo de interação entre os
interlocutores. Desse processo decorre a relação de confiança entre eles resultando na coleta
de informações pelo entrevistador.
A validade e fidedignidade das informações dependem de uma leitura detalhada dos dados
oferecidos pelo entrevistado que tanto serão em códigos emitidos por meio da fala como por
meio de movimentos corporais.
Antes de desenvolver a linguagem oral o homem, para se comunicar, aplicava a leitura das
atitudes e pensamentos expressos no comportamento das pessoas.
Segundo ALLAN e PEASE (2005. p. 18), a maioria dos pesquisadores hoje concorda que as
palavras são usadas primordialmente para transmitir informações, ao passo que a linguagem
corporal é usada para negociar atitudes interpessoais e, em alguns casos, para substituir as
mensagens verbais.
EXEMPLO: O olhar fulminante que o réu dispara para a testemunha que acabou de depor
perante o juiz, num calo recado de ameaça.
É uma mensagem clara sobre sua intenção com relação à testemunha, sem que tenha dito
uma palavra. Provavelmente esteja dizendo: ”Vou te pegar”. “Estás acabado”.
Somos uma espécie ainda dominada por leis biológicas que ditam as regras de nossas ações,
reações, linguagem corporal e gestos, segundo ensinamento dos mesmos autores, que
completam essa assertiva dizendo que raramente o animal humano tem consciência de que
suas posturas, movimentos e gestos contam uma história enquanto sua voz diz outra.
Veja o que diz a respeito o nosso herói citado inicialmente, Sherlock Holmes:
Nas unhas do homem, nas mangas do seu paletó, nos seus sapatos, nos joelhos da calça, nos
calos do seu polegar e do seu indicador, na sua expressão, nos punhos da sua camisa, nos
seus movimentos – em cada um desses traços a ocupação de um homem se revela. É quase
inconcebível que todos esses traços reunidos não sejam suficientes para esclarecer, em
qualquer circunstância, o investigador competente. (ALLAN e PEASE, 2005. p. 11)
Alguém à sua frente cruza ou descruza os braços, muda a posição do pé esquerdo ou vira as
palmas das mãos para cima. Tudo isso são gestos inconscientes e que, por isso mesmo, se
relacionam com o que se passa no íntimo das pessoas. (WEIL e TOMPAKOW, p. 15. 2007)
A linguagem corporal reflete o estado emocional das pessoas. A leitura dessa linguagem pode
ser de extrema importância para o entrevistador atento, pois ela estará sempre carregada de
informações sobre a emoção que elas sentem em determinado momento.
EXEMPLO: o suspeito que está sentado encurvado para frente, maxilar tenso, veias pulsando
e apertando os dois braços da poltrona, está claramente informando ao entrevistador da sua
agressão contida.
Para ALLAN e PEASE (2005. p. 19), o segredo da leitura da linguagem corporal está na
capacidade de captar o estado emocional de uma pessoa escutando o que ela diz e
observando seus gestos e atitudes.
A leitura da linguagem corporal durante a entrevista oferece subsídios para que o entrevistador
possa fazer correta análise da validade e da credibilidade das informações oferecidas pelo
entrevistado.
Há estudos que mostram que as pessoas que se apóiam nos sinais visuais presentes na
conversação direta para avaliar o comportamento das outras têm mais chances de julgar com
precisão do que aquelas que se apóiam exclusivamente na intuição. ALLAN e PEASE ( 2005.
p. 22)
O investigador terá que adquirir habilidades para a leitura da linguagem corporal se quiser ter
segurança na avaliação das hipóteses levantadas diante do problema que investiga.
Para que essa leitura de linguagens gestuais possa ser devidamente interpretada, o
entrevistador deverá considerar alguns fatores como:
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 2
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- Que sua presença como observador já modifica a linguagem do observado.
- Caberá ao observador traduzir a linguagem simbólica do entrevistado.
- Toda a situação deve ser vista no seu contexto.
- Levar em conta o fator cultural das atitudes observadas (uma atitude pode ter significado
diferente em regiões diferentes).
Leitura a frio
Se foi deve ter saído de lá impressionado com as informações que ele lhe deu a seu respeito.
Ele faz o que você como entrevistador deve fazer. Leitura da linguagem corporal do
interlocutor.
Leitura a frio é isso, a técnica de leitura das pessoas por meio de sinais imitidos pelo seu
corpo e voz. Mais uma vez busque o ensinamento de ALLAN e PEASE que dizem:
Dizem os autores citados que “há pesquisas dando conta de que essa técnica é capaz de
proporcionar uma precisão de 80% quando se lê uma pessoa desconhecida”.
O investigador deve treinar exaustivamente essa técnica para que possa aplicá-la com
segurança e ter grande chance de êxito tanto no exercício da entrevista como em outra
atividade de observação de pessoas.
Tire algum tempo de seu dia para esse exercício. Os melhores ambientes são aqueles onde há
um grande grupo de pessoas conversando.
Outra técnica citada por ALLAN e PEASE (2005. p. 33), é a observação aos programas de TV.
Recomendam que abaixe o som e tente entender o que está acontecendo olhando somente as
imagens. Aumente o som de vez em quando para checar a precisão das suas leituras.
Acompanhado o ensinamento de ALLAN e PEASE, muitas pesquisas têm sido feitas para
definir se os sinais da linguagem corporal são inatos, genéticos ou culturalmente adquiridos.
Os resultados levaram os pesquisadores a conclusões de que alguns gestos são inatos, como
o de sugar (os bebês humanos e primatas nascem sabendo sugar o peito da mãe) e gestos
faciais para expressar emoções como dor, alegria, raiva.
A comunicação por sinais não-verbais usa grande parte dos mesmos sinais em qualquer parte
do mundo.
Na Finlândia, no Japão ou no Brasil, o sorriso significa felicidade (em regra, pois algumas
variações poderão significar outros sentimentos); franzir as sobrancelhas ou fazer cara feia,
significa que as pessoas estão tristes ou zangadas.
Outro gesto quase que universalmente conhecido com o sentido de “sim” é o mover a cabeça
para baixo. É um gesto provavelmente inato, já que cegos de nascença também o usam.
Outro gesto universal é o de “não” com o balançar da cabeça de um lado para outro. Segundo
pesquisas, provavelmente, adquirido na infância.
Essa possibilidade é um dos fatores que deverão ser conhecidos, analisados e considerados
no planejamento da entrevista.
Portanto o investigador terá que estar preparado para fazer uma leitura completa de todas as
informações que lhe forem passadas pelo interlocutor que tanto poderá ser um suspeito, logo
após o delito, como a vítima ou testemunhas. Todos carregados de emoções
Deverão ser registrados esses sinais para leitura detalhada de cada um em conformação com
o que foi dito verbalmente e as demais informações do contexto.
O que você vê e ouve em uma situação qualquer, poderá não ser o reflexo real das atitudes
das pessoas.
Para auxiliá-lo diante dessa situação, os autores ALLAN e PEASE (2005. p. 25 a 28), sugerem
três regras básicas:
O entrevistador não pode querer fazer a leitura dos sinais corporais de forma isolada. Cada
gesto e sinal do nosso corpo, para serem devidamente compreendidos, terão que ser
considerados em um grupo de sinais.
Grupos gestuais
As frases da linguagem corporal deverão ser lidas e comparadas com o que a pessoa disse
verbalmente.
O investigador deverá sempre observar o grupo gestual para fazer a leitura correta das
informações do entrevistado.
Há certos gestos repetitivos que fazemos para demonstrar que estamos entediados ou sob
pressão, por exemplo, quando alisamos ou enrolamos o cabelo repetidamente. Se esses
gestos forem considerados isoladamente, provavelmente significarão dúvida ou ansiedade.
Poderíamos traduzir a frase gestual da seguinte forma: “Eu não gosto do que você está
dizendo”. Essa leitura poderá indicar ao entrevistador que está na hora de mudar de estratégia.
2. Observar a coerência
Segundo ALLAN e PEASE as pesquisas indicam que os sinais não-verbais têm um efeito cinco
vezes maior do que as palavras orais e quando não há coerência entre eles, as pessoas dão
preferência à mensagem não-verbal.
A chave para a interpretação correta das atitudes por meio da linguagem corporal, segundo
ensinam os autores em referência, é a observação dos grupos gestuais e da coerência destes
com as mensagens verbais.
Para melhor entender esse processo veja o que dizem nossos autores em referência:
Todo gesto deve ser considerado no contexto em que ocorre. Uma pessoa sentada num ponto
de ônibus com as pernas e os braços firmemente cruzados e o queixo abaixado num dia de
inverno provavelmente está com frio e não numa atitude defensiva. Ma se essa pessoa adota a
mesma postura quando você está tentando convencê-la de uma idéia, produto ou serviço,
possivelmente ela está discordando ou rejeitando sua proposta. ALLAN e PEASE (2005. p.28)
Considerar o contexto em que ocorre o gesto ou o grupo gestual é importante para que o
entrevistador evite leituras que poderão levar a investigação para rumos equivocados
provocando constrangimentos desnecessários e injustos.
Possíveis Interpretações
Comportamento não verbal
Movimentação rápida, andar ereto Confiança
Parar com as mãos na cintura Incompreensão, agressividade
Sentar com pernas cruzadas e pequenos
Cansaço, aborrecimento
chutes no ar.
Sentar com as pernas abertas Abertura, relaxamento
Braços cruzados no peito Defensiva
Andar com as mãos nos bolsos, olhando
Falta de entusiasmo, desmotivado.
para baixo
Mãos nas maças do rosto Avaliação, pensamento.
Coçar o nariz, tocar o nariz ao falar. Dúvida, mentira.
Esfregar os olhos Descrença, Dúvida, mentira
Mãos fechadas atrás das costas Frustração, ódio.
Tornozelos fechados Apreensão
Apoiar a cabeça nas mãos, olhar para baixo
Aborrecimento
longamente
Esfregar as mãos Antecipação, ansiedade
Sentar com as mãos para trás da cabeça e
Confiança, Superioridade
de pernas cruzadas
Mãos abertas, palmas para cima. Sinceridade, inocência, abertura
Coçar a ponta do nariz, olhos fechados Avaliação negativa
Batucar com os dedos, olhar o relógio. Impaciência.
Estalar os dedos Autoridade
alisar o cabelo insegurança
Inclinar/ Virar a cabeça na direção... Interesse
coçar o queixo Pensando
Desviar o olhar Desconfiança
Segundo PERGHER e STEIN (entrevista cognitiva), a origem da entrevista cognitiva foi nos
anos 80, do século XX, quando os psicólogos americanos Ronald P. Fisher e Edward
Geiselman buscavam aprimorar as técnicas aplicadas pelos policiais americanos para a coleta
de depoimentos de testemunhas, vítimas e suspeitos.
Em palestra aos magistrados gaúchos sobre o tema, a pHD em Psicologia Cognitiva, Lilian
Milnitsky Stein, citada por Arend (ibidem), formula a instigante questão:
A professora leva a refletir sobre a resposta, dizendo que:
As lembranças têm dois tipos de natureza: a verdadeira, que reproduz algo que realmente
aconteceu, e a falsa, que reproduz o que se acredita ter acontecido, decorrente de perda
ou distorções da memória. A falsa memória não é simulação ou mentira, pois são
tomadas como verdadeira pela pessoa em seu relato. AREND (ibidem)
1. Reconstrução do contexto:
Reconstruir mentalmente os contextos físicos e pessoais que existiram no momento do
crime, isto é, a restauração do contexto do fato. Peça ao entrevistado que se coloque
mentalmente na cena do evento, levando em conta os seguintes fatores:
Segundo os autores citados, a razão que está por trás dessa técnica, é o princípio da
codificação específica de Tulving, que diz que a informação contextual de um episódio se
codifica junto com o evento e se conecta associativamente.
2. Livre recordação
Essa técnica exige uma narrativa ininterrupta do entrevistado, sem que seja interrompida com
perguntas.
A entrevista terá que ocorrer em um ambiente tranqüilo, sem barulhos, e o entrevistador terá que
ganhar a confiança do entrevistado.
3. Troca de perspectiva
Nesse caso, peça que o entrevistado diga a sua percepção do fato no momento em que se
coloca na posição da outra pessoa.
Ainda de acordo com os mesmos autores, essa técnica está apoiada nos estudos de BOWER
(1967) que advertiu, entretanto, que as pessoas ao se imaginarem como personagens de uma
história, conseguem se lembrar mais de detalhes da perspectiva do personagem com quem mais
se identifica.
Essa técnica permite ao investigador ter uma segunda versão do caso, segundo outros pontos
de vista.
O objetivo é buscar recuperar pequenos detalhes que possam ter se perdido na narrativa em
ordem cronológica do fato. Ela visa reduzir os efeitos que as informações prévias, as
expectativas e os esquemas podem produzir no processo de recordação dos fatos. Poderá,
também, servir para mostrar detalhes adicionais do fato.
Para ele, as formas de contribuição mais evidente para as falsas memórias são:
Uma vez implantada, involuntariamente, a falsa memória na testemunha ou vítima, por quanto
tempo permanecerá fazendo parte das informações que, provavelmente, irá prestar em outras
instâncias sobre o delito em apuração?
Há pesquisas que provam a permanência dessas falsas memórias por longo tempo, repetindo-
se em outros depoimentos.
A falsa memória implantada, sem dúvida, é um grave problema para a coleta de provas.
Entretanto a ciência aponta a entrevista cognitiva como alternativa metodológica para evitar tal
fenômeno, com a obtenção de depoimentos confiáveis.
O sistema SRA (Statement Reality Analisis), segundo UNDEUTSCH (1967, 1988), citado por
ARCE e FARIÑA (peritacion psicológica), aborda o estudo da validade da declaração
através das seguintes categorias:
Características psicológicas:
- Adequação da linguagem e conhecimentos;
- Adequação do estado emocional; e
- Suscetibilidade a sugestões.
Características da entrevista:
- Perguntas coercitivas, sugestivas e dirigidas; e
- Adequação global da entrevista.
Motivação:
- Motivos da informação;
- Contexto do informe ou declaração inicial; e
- Pressões para apresentar um informe falso.
Perguntas da investigação:
- Consistência com as leis da natureza;
- Consistência com outras declarações; e
- Consistência com outras provas.
O último sistema é específico para o depoimento de menores vítimas de abuso sexual, por
isso, o foco será nos dois primeiros, porque atendem a generalidade do curso. Veja nas
próximas páginas.
Com o Sistema Reality Monitoring, segundo JOHNSON e RAYE, (1981), ainda em referência
de ARCE e FARIÑA (ibidem), é possível verificar que:
SPÖRER (1997) recomenda, com base nos mesmos autores, os seguintes critérios para
avaliação da confiabilidade do depoimento:
Sistema SRA
O entrevistador deve ter consciência que cada critério tem um peso limitado pela
determinação categórica de verdadeira x falsa a informação ou no grau em que
representa algo vivido pelo entrevistado.
Em última instância, segundo Alonso-Quecuty (1993), citado pelos autores do texto colocado
como referência, a confiabilidade de todo o procedimento de entrevista recai no entrevistador.
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 2
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É por isso, que é preciso que essa intervenção se dê por um profissional com alta formação e
experiência, bem como com alta capacidade de objetividade.
Na avaliação de dados também deverá ser considerada a leitura comparativa dos sinais
orais e não-orais da entrevista.
Para executar o isolamento correto e completo do local, o policial deverá adotar algumas
medidas preliminares antes de efetivar o isolamento propriamente dito:
A delimitação do espaço físico a ser preservado é fundamental para que não fiquem
vestígios desprotegidos e passíveis de desaparecimento ou que passem desapercebidos pelos
investigadores periciais.
Entretanto, tal medida requer métodos específicos para evitar que durante o processo de
observação e isolamento, o próprio profissional da segurança pública venha a destruir ou
adulterar os vestígios. Para isso, há três técnicas recomendadas:
- Movimento de apoio ponto a ponto – Aplicando essa técnica, você demarca um ponto para
acesso e outro de saída do local, devendo esta ficar no lado oposto ao que você está.
Seguindo o rastro dos vestígios de evidência óbvia, vai caminhando com movimentos lentos e
em forma de serpentina, evoluindo para o sentido contrário ao de acesso, até chegar do outro
lado do ambiente em um ponto de saída.
Durante a movimentação, vá observando e registrando, cuidadosamente, onde está cada
vestígio para poder preservá-lo. Se o movimento feito não for suficiente para a cobertura de
toda a área, em razão do tamanho do espaço, você pode fazer o mesmo movimento cruzando
o que já foi feito. Veja o desenho.
- Busca por setor – Nessa técnica o local é subdivido em partes e cada parte é vasculhada
como unidade individual. A estratégia de acesso a cada setor do local é a mesma utilizada nas
técnicas anteriores. Enquanto se movimenta lentamente e com muito cuidado, você observa e
registra a presença dos vestígios. Veja o desenho.
Nas três técnicas você deve iniciar o processo de demarcação do espaço, criando uma
delimitação imaginária para que possa traçar e demarcar os pontos de acesso e saída da cena,
bem como o trajeto que irá fazer, principalmente, se for uma área aberta.
Cada técnica deverá ser aplicada de acordo com as características do local. Além de
possibilitar que o profissional da segurança pública determine com precisão a área a ser
preservada, possibilita, também, que determine o tipo de apoio logístico necessário ao efetivo
isolamento e preservação.
Zonas de isolamento
O isolamento da cena do crime, para maior garantia de preservação dos vestígios, deverá ser
dividido em duas zonas de trabalho: a zona de investigação técnico-científica e a zona de
segurança.
O acesso de outras pessoas se limita aos primeiros momentos para prestar socorro a possíveis
vítimas e para reconhecimento e avaliação do espaço físico que deverá ser isolado. Qualquer
movimento dentro desse espaço deverá obedecer às técnicas prescritas.
Zona de segurança
Área em torno da zona de investigação técnico-científica, onde permanecerão os
investigadores cartorários para coleta e troca de informações com os peritos.
Nessa área deverá ser instalado o posto de comando (PC) das diligências desenvolvidas
no local de crime.
Poderá ser tarde demais quando receber o laudo e, só a partir dele começar a formular o
caminho para a investigação. Muitas vezes, a única oportunidade de colher a prova
testemunhal é na cena do crime.
Observação criteriosa
O investigador deve manter-se permanentemente atento, observando todos os movimentos,
buscando detectar pessoas ou circunstâncias que possam fornecer qualquer informação útil
para a investigação. Deve ficar atento às reações emocionais das pessoas, pois poderão ser
indicativas de possíveis testemunhos.
Na cena do crime muitas coisas podem acontecer ou serem ditas por pessoas que mesmo não
tendo presenciado o fato, têm informações sobre ele. São amigos, parentes, vizinhos, inimigos
da vitima ou do autor.
Exemplo: No caso de homicídio, o vizinho poderá comentar sobre pessoas estranhas que
foram vistas nos últimos dias rondando a casa da vítima e fazendo perguntas sobre ela.
Provavelmente, quando se der conta do risco que possa está correndo por ter informações
sobre o provável autor, não venha mais a prestar qualquer informação.
Autoria conhecida
Sendo conhecido o autor, o investigador já deve começar a colher o maior número de dados
que garanta a confirmação de sua identidade e presença na cena, como: qualificação, modo de
vida, circunstâncias que o levaram à prática do delito, meios utilizados, oportunidade de
praticar, roupa que vestia no momento em que ocorreu o delito, seu grau de relacionamento
com a vítima, etc.
Essas informações poderão ser colhidas com o próprio autor, com testemunhas e vítimas,
informantes ou parentes, na própria cena do crime.
Suspeita de autoria
Havendo apenas suspeita, sem que haja um nome, o investigador, além das informações de
vítimas, testemunhas e informantes, deve valer-se de outras já colhidas, principalmente, com o
perito criminal, o legista, o papiloscopista que poderão ter feito observações capazes de
estabelecer tanto o “modus operandi” como uma relação direta com alguém.
Exemplo: Poderá ser encontrado um fragmento de vestes (botão, tecido), um tipo de lesão,
vestígios orgânicos ou um fragmento de impressão digital que relacione um suspeito à cena do
crime.
Nos casos em que não houver conhecimento nem suspeita da autoria, o investigador deverá,
inicialmente, adotar os seguintes métodos:
Fotos
As fotografias, desenhos e filmagens são de suma importância, pois remontam as
informações visuais do local, possibilitando que dúvidas sejam tiradas no futuro pelos
operadores do direito envolvidos no caso (Polícia Judiciária, Ministério Público, Poder
Judiciário, jurado e advocacia).
Regra básica da coleta de fotos na cena é que seja do geral para o particular. Cada detalhe
dos vestígios deverá ser registrado, bem como a relação do ambiente interno da zona de
investigação com suas adjacências.
Croqui
Outra ferramenta de registro da cena do delito é o croqui. Junto com as fotos e filmagens,
permite uma visão completa da dinâmica do fato ocorrido na cena do crime.
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Nele é registrada a posição de cada vestígio encontrado na cena, as distâncias entre cada um
e a visão geral do perímetro da cena.
Impressões papiloscópicas
Numa cena de crime é possível encontrar vários vestígios indicativos da dinâmica do evento ali
ocorrido que poderão relacionar pessoas com aquele ambiente.
As impressões papiloscópicas são dos vestígios mais prováveis no ambiente de uma prática
delituosa.
A manipulação de objetos na cena do crime faz com que fiquem impressos em suas faces, os
desenhos das cristas dérmicas encontradas nas extremidades dos dedos, na palma das mãos
ou na sola e dedos dos pés.
A atenção do investigador deve estar voltada para janelas, áreas de entrada e saída no
ambiente, telefones, interruptores, armas, além de objetos deslocados. Outras circunstâncias,
de acordo com a hipótese levantada, deverão ser consideradas: gavetas remexidas e móveis
quebrados.
Esses vestígios poderão ser vistos a olho nu ou com o auxilio de lentes de aumento (lupas),
pois as IPLs tanto poderão ser visíveis quanto ocultas. As IPLs visíveis poderão, também, ser
depositadas pelas mãos ou pelos pés sujos com substâncias biológicas (sangue, fezes, urina e
alimentos) ou não-biológicas (graxa, tinta e cera). Enquanto as IPLs ocultas são formadas
apenas pelo suor.
- Técnica do pó
Utilizada quando a IPL está em suporte cuja superfície permite o decalque da impressão, ou
seja, superfícies lisas, não rugosas e não absorventes – permite a fixação de moléculas de
outra substância em sua superfície.
- Vapor de iodo
É aplicado, normalmente, quando o suporte em que se encontra a IPL é um objeto pequeno.
- Nitrato de prata
A técnica baseia-se na reação entre o nitrato de prata e os íons cloretos existentes na
impressão. Desse processo resulta a revelação da IPL na superfície, permitindo que seja
fotografada.
- Ninidrina
Baseada na reação da ninidrina com aminoácidos resultando em produto de cor púrpura,
permitindo a visualização da IPL, especialmente em papel.
Os poucos exames executados em uma cena de crime sempre são preliminares, como os de
constatação de substâncias tóxicas e entorpecentes, e a quimiluminescência para constatação
de sangue. Eles precisam de verificações analíticas em laboratórios para confirmação da
evidência como prova.
Muitos são os vestígios que poderão ser encontrados em uma cena e que precisarão ser
analisados para que possam ser considerados como informações, que irão descrever a
dinâmica do evento ocorrido naquele local. Além da impressão papiloscópica, outros
vestígios poderão ser encontrados na cena e servirão para identificar quem esteve
naquele ambiente, como fios de cabelos e gotas de sangue com o exame do DNA
presente na mostra.
Poderão, também, ser recolhidos resíduos na pele ou nas vestes de um suspeito ou da vítima,
que indicarão se fizeram uso ou não de arma de fogo ou a distância em que foi efetuado um
disparo.
Muitas vezes há informações importantes que não são registradas, por esquecimento
momentâneo dos investigadores ou não são repassadas pelo profissional que prestou apoio,
mas poderão ser lembradas depois.
- Determinar quem poderia obter vantagem ou teria motivos ou interesse para cometer o
crime
Formulada a hipótese de pessoas que tenham motivo para a prática do crime e formatado o
perfil do suspeito, o investigador deverá fazer um minucioso levantamento da vida pregressa
de cada uma delas, procurando fortalecer suas convicções.
- Entrevista de suspeitos
Surgindo um suspeito, seu interrogatório formal não poderá ocorrer antes que a investigação
tenha coletado dados de prova suficiente para assegurar a credibilidade do ato. Uma entrevista
sem dados de sustentação fortalece o entrevistado suspeito, por tomar como blefe do
investigador, qualquer pergunta que se faça. A não ser que a técnica da entrevista seja o blefe.
A respeito desse tema, o professor Guaracy Mingardi faz a seguinte anotação em sua
pesquisa:
Se um suspeito foi preso, e estiver na cena, a regra é retirá-lo imediatamente de lá. Isso tanto
para prevenir a contaminação da cena por ele, quanto para prevenir que a cena contamine
suas roupas. De acordo com conhecida teoria da transferência e troca de Edmond Locard,
sempre alguns vestígios do local ou da vítima ficam no homicida e vice-versa. Também é
fundamental guardar com segurança toda e qualquer evidência que se encontre no suspeito
Os policiais que o conduzirão à delegacia devem ser instruídos para não conversar com ele. Se
ele disser alguma coisa, no entanto, eles deverão anotá-la. Também não devem conversar
sobre a investigação na frente dele. Chegando ao distrito não podem permitir que o suspeito
lave as mãos ou faça qualquer coisa que possa provocar a perda de evidências. (MINGARDI,
2006, p.54)
Tecnologia da Informação
As próprias polícias mantêm bancos com informações, das quais o investigador não
pode prescindir. Exemplo disso são os bancos com registros dos boletins de
ocorrências onde sempre haverá algum dado que, com a devida análise, poderá abrir
caminho para hipóteses consistentes.
Durante os meses em que o inquérito ficou no Distrito, essa informação não constou dos autos,
ou seja, não foi consultado o banco de dados da própria polícia que mantém esses registros.
Em contrapartida, logo depois do caso ir para o DHPP, esses documentos foram anexados ao
inquérito. (MINGARDI, 2006, p.33)
Muitas vezes, as informações necessárias para formular as hipóteses estão diante dos seus
olhos, mas não consegue percebê-las.
O investigador consciente da importância de suas atribuições para a sociedade, não abre mão
desses meios, muitas vezes, difíceis de acesso, mas possíveis.
Feita a coleta dos dados, o investigador deve concentrar sua atenção na análise e
interpretação das informações formatadas.
A interpretação dará sentido mais amplo aos dados, possibilitando sua conexão com o
conhecimento existente (a história do fato).
Esse contexto envolve todas as informações colhidas pela investigação, tanto a cartorária
como a técnico-científica – depoimentos, relatórios do agente investigador cartorário, laudos
periciais, reconhecimentos, relatórios de atividades financeiras, relatórios sobre atividades
fiscais, etc.
Para reforçar esse conhecimento e demonstrar alguma praticidade, veja alguns métodos
postos para análise de dados que poderão ser adequados à investigação criminal. Segundo
Davenport & Prusak, citados por Santiago Jr. (2004, p. 29), a transformação da informação em
conhecimento é possível a partir da:
- Comparação
- Conseqüência
Implicação que determinada informação pode trazer para a tomada de alguma decisão e/ou
ação.
- Conexão
- Conversação.
Gestão e análise dos dados da investigação remetem ao conceito de qualidade, pois o objetivo
desse processo é moldar a prova com as condições necessárias para explicação do fato
investigado.
E o que é qualidade?
Não é apenas uma questão de perfeição técnica. Não basta que a prova esteja adequada
ao modelo descrito na lei. Ela terá que ser adequada às necessidades de explicação
jurídica de um determinado delito.
Uma mancha de sangue coletada em um local de crime, poderá estar tecnicamente adequada
à metodologia descrita na lei, mas não ser a prova ideal para aquele delito.
A qualidade dessa prova depende de cuidados durante sua produção, análise dos dados
e gestão do conhecimento deles decorrente.
A análise das informações envolve o processo cognitivo e esse envolve operações mentais da
inteligência humana.
Faz parte desse processo a visualização da informação, ou seja, a inteligência visual que é
parte essencial da inteligência humana, na sua capacidade de percepção ou cognição dos
símbolos, códigos e sinais, conforme ensinam Ferro Jr. e Dantas (ibidem).
A análise das informações geradas pela investigação nos leva ao laborioso e complexo estudo
de dados impondo elevado grau de dificuldade para a compreensão de sua credibilidade como
prova.
Apesar do aparente caos formado pela complexidade das informações que deverão ser
analisadas, elas não estão soltas no contexto, e sim, interligadas, vinculadas, estabelecendo
uma conexão que precisa ser ressaltada à percepção do investigador.
“A palavra ´complexa´, em sua etimologia, deriva de ´plexus´, cujo significado original, em latim,
remonta a descrição anatômica de uma rede de nervos, vasos sangüíneos ou linfáticos
entrelaçados (vínculos). Vem daí que o termo refere-se à qualidade do que é complexo, ou,
derivadamente, entrelaçado. O que é complexo, portanto, abrange ou encerra muitos
elementos ou partes, observáveis sob diferentes aspectos, grupos ou conjuntos de coisas,
fatos ou circunstâncias, que tenham qualquer ligação (entrelaçamento ou vínculo) ou nexo
entre si. A expressão também conota aquilo que é confuso, complicado ou intrincado. A idéia
que fica de complexidade pode ser também de caos, desordem, obscuridade e dificuldade. Ao
reconhecer a existência de organizações onde o ambiente contém sistemas não-lineares, sem
equilíbrio estável e de dinâmica imprevisível, é necessário considerar um novo paradigma de
cognição dessa complexidade.
MORESI (2001) explica que a cognição da complexidade vem sendo utilizada para estudos no
mundo da física, alguns de escala planetária, envolvendo a emissão de gases poluentes à
camada de ozônio, as correntes marítimas e o aquecimento da Terra. No mundo biológico,
entretanto, a complexidade aparece em sua plenitude nos seres humanos, com seus múltiplos
sistemas e aparelhos interagindo para manter a homeostasia, termo que designa a tendência
inerente aos organismos vivos de manter sua estabilidade fisiológica e psicológica. Já nas
ciências sociais, a complexidade pode ser observada no fenômeno da comunicação, acelerado
com importantes avanços tecnológicos que permitem interações (conectividade) cada vez mais
rápidas entre pessoas, povos e nações.
Tecnologia da informação
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 3
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A TI é uma ferramenta estratégica e facilitadora da análise e gestão do conhecimento na
investigação. Ela permite a transmissão e o acesso rápido a um enorme volume de
informações, tornando ágil seu processo de tratamento, manipulação e interpretação.
Com aplicação da TI é possível descobrir e interpretar vínculos que, a olho nu, são
imperceptíveis ao investigador que se acha diante de um grande volume de dados.
Por tudo que vai citado anteriormente, a investigação policial precisa ser hoje multifacetada,
dado a complexidade de seus objetos, devendo poder realizar as seguintes ações: (i) verificar a
existência de elementos associados, (ii) identificar relações entre fatos conexos e (iii) construir
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 3
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modelos de informação sintetizada, possibilitando a compreensão da investigação como um
todo e de suas partes constitutivas. Assim, situações complexas da investigação criminal
exigem um processo de transformação de grandes volumes de dados díspares em informações
sintéticas e conclusivas.” (FERRO e DANTAS, ibidem)
Métodos
São utilizadas como ferramentas da AV aplicativos de informática como o i-2 “The Analyst’s
Notebook”, da Tempo Real, e o Nexus, da Digitro.
Qual o sentido da análise global das informações coletadas pela investigação criminal?
É a consolidação de sua credibilidade como prova. Não basta supor, por exemplo, que um
grupo de pessoas investigadas pela prática de roubos e extorsões, formava uma quadrilha. É
preciso que a investigação demonstre que entre elas havia uma associação com vínculos
psicológicos, destinada à prática de delitos.
Da mesma forma, no caso de crime organizado, não basta, diante de uma série de
informações, como depoimentos, registros bancários, contas telefônicas, registros
patrimoniais, etc., afirmar que se trata de uma organização criminosa, sem que os
Para Ferro e Dantas, nesse caso, terá que ser demonstrado que o grupo formava uma
associação estruturalmente organizada e vinculada, caracterizada por hierarquia, divisão
de tarefas e diversificação de áreas de atuação, com o objetivo de delinqüir visando à
obtenção de lucro financeiro e, eventualmente, vantagens político-econômicas e controle
social, adquirindo dimensão e capacidade para ameaçar interesses e as instituições nacionais
e estaduais, conforme conceito difundido pela Escola de Inteligência da Agência Brasileira de
Inteligência.
Esse conhecimento não deve se perder nas burocracias de um processo sem que reverta em
benefícios para a gestão de novos casos.
Estes são fatores que nem sempre são levados em consideração pelo sistema penal –
Polícias, Ministério Público e Poder Judiciário. Quase sempre as informações colhidas na
investigação não são revestidas em benefício de políticas públicas voltadas para o bem estar
da comunidade, no enfrentamento da violência.
Conclusão
Nesse módulo você teve oportunidade de conhecer e discutir a importância da análise dos
dados e conhecimentos colhidos durante o processo da investigação.
Conheceu também, métodos e técnicas que poderão ser aplicadas no processo de análise de
todas as informações que são colhidas pelo investigador enquanto apura provas de um delito e
sua autoria.
Viu também, que não basta um amontoado de dados, pois esses terão que ser transformados
em informações, que analisadas e interpretadas, se transformarão em conhecimentos que
serão validados ou não, como prova de um delito.
Importante é que, para serem consideradas provas, não basta a análise das informações
colhidas, é preciso estabelecer o vínculo de cada informação com o fato em apuração e de
cada uma com as demais, para se formar a rede que irá retratar o contexto detalhado de
informações sobre a natureza do delito, as circunstâncias em que ocorreu e quem o praticou.
No quarto módulo, você irá estudar a parte final do processo científico da investigação criminal
que é a elaboração do relatório.
Gabarito
O êxito da investigação criminal depende, também, do relato que o investigador faz com as
informações coletadas.
O relatório deve ser uma seqüência lógica dos fatos apresentados, numa linguagem
clara e direta. Ele deve indicar os elementos de destaque, ser completo, preciso,
objetivo, claro e conciso.
A primeira regra a ser considerada pelo autor do relatório é de que se trata de uma peça
para ser lida. Significa que sua apresentação e conteúdo devem ser elementos de
atração.
Finalidades do relatório
O relato do investigador é o registro das informações que irão ser submetidas à análise
e interpretação global.
- Relatório preliminar, e
- Relatório final.
É o registro feito pelo investigador dos dados e informações que serão submetidas à
análise e interpretação do gestor da investigação.
Exemplo: Relato com o resultado de diligências determinadas pelo presidente do inquérito; o
laudo do investigador pericial.
É como se fosse o elo que vai conectando de forma ordenada e lógica, cada informação
colhida.
Relatório final
Conclusão
Neste módulo, você teve oportunidade de estudar o tema que trata a elaboração do relatório da
investigação.
No que diz respeito à sua formalidade, você viu que para atender sua funcionalidade como
peça informativa, o investigador não pode deixar de considerar que se trata de uma peça
literária que precisa ser lida e compreendida pelo seu destinatário.
Quanto à sua função técnica, é o instrumento que irá possibilitar a leitura lógica da cadeia de
evidências das provas, permitindo uma visão permanente e global da investigação, além das
necessárias tomadas de decisões.
O módulo 5 trará uma reflexão sobre transversalidade dos valores éticos e de direitos humanos
no processo de investigação de crimes.
Orientação: Relatório preliminar (ou informação) é o registro feito pelo investigador dos dados
e informações que serão submetidas à análise e interpretação do gestor da investigação.
Caso:
O cadáver de uma mulher jovem é encontrado no aterro sanitário que fica fora da área urbana.
Estava sem a cabeça e as duas mãos que haviam sido decepadas. Junto ao corpo, também
decepados, estavam os membros inferiores da vitima.
No primeiro momento a única informação é de que houve a morte de uma mulher, cuja cabeça
e membros foram decepados.
Na cena são observadas informações que levam à formulação das primeiras hipóteses.
Exemplo: Houve um homicídio. O crime não ocorreu no local onde foi encontrado o
cadáver.
As circunstâncias conhecidas sugerem essas possibilidades. Não há marcas de luta nem
manchas de sangue que sugiram ser aquele o local da prática do evento.
A hipótese preliminar aponta para a possibilidade de que o crime tenha ocorrido em outro lugar.
Essa hipótese está fundada no resultado da observação do local de encontro do cadáver que
resultou na localização de um tíquete de estacionamento pago, que levou a um prédio de
escritórios, daí a uma sala e às testemunhas que apontaram um suspeito.
Há constatação de que o suspeito foi visto, tarde da noite, colocando uma caixa pesada no
porta-malas de seu veículo, fato comprovado pelo vídeo das câmeras do circuito interno do
prédio. Com base nessa constatação é formulada a hipótese de que, provavelmente, o
conteúdo da caixa seria o cadáver da vítima.
A investigação pericial feita no veículo e no escritório do suspeito constata a presença de
sangue da vitima.
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 4
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008
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A hipótese é de que se a caixa não estava junto do cadáver, provavelmente fora abandonada
em algum lugar. Uma busca constata estar na lixeira do prédio onde reside o suspeito e dentro
dela uma faca suja de sangue. Na caixa há uma etiqueta com o endereço do escritório do
suspeito, manchas de sangue e fragmentos de impressões digitais.
Exames periciais indicam que o sangue é da vítima e as impressões digitais, do suspeito.
Observações detalhadas no cenário onde estava o cadáver indicam sinais de que os membros
decepados da vitima foram ocultados naquele mesmo local. Com as impressões digitais foi
possível fazer a identificação da vítima.
Também, sob as unhas do cadáver há fragmentos de tecidos de pele humana, constatando-se,
por exame de DNA, serem do rosto do autor.
Testemunhas informaram que a vítima freqüentava o escritório. Fotos e bilhetes, ali
encontrados, comprovam que ela era amante do autor que ameaçava terminar o romance e
resolveu matá-la diante da ameaça que ela fazia de revelar o caso para sua esposa.
No nosso caso, há comprovação de um homicídio praticado pelo suspeito, motivado pela
reação a uma chantagem.
1. Resposta pessoal.
2. O relatório preliminar tem importância fundamental na formatação da ordem lógica da
investigação. É ele que irá possibilitar o desenho da cadeia de evidências. É como se fosse o
elo que vai conectando de forma ordenada e lógica, cada informação colhida.
3. O relatório final registrará todo o processo da investigação, dando a ordem lógica, as
hipóteses levantadas e comprovadas (linhas de investigação), como se deu a comprovação
(verificação), toda a cadeia de evidências (a ordem lógica das provas), o resultado (a
comprovação da prática do delito e indicação da autoria) e a conclusão.
Elaboração do relatório
O que é Transversalidade?
Foi visto que a investigação criminal está em uma dimensão política de garantias fundamentais
baseadas em valores de submissão à legalidade e respeito à dignidade das pessoas. Nessa
dimensão, o caráter da investigação criminal é de prestação de serviço público, portanto,
deverá ser adequado às demandas da sociedade.
Transversalidade
A investigação criminal é uma dessas atividades, que gira, com as demais, em torno desse fio
condutor que reflete nas relações intrínsecas do investigador com o investigado, a testemunha
e a vítima.
É nessa dimensão que está contido o exercício das competências do profissional da segurança
pública na sociedade.
O conceito teórico e prático de ética e direitos humanos pode ser resumido no trinômio:
orientar, servir e proteger o cidadão.
Servir
Ética
e direitos
Orientar humanos Proteger o cidadão
Exemplificando essa presença simbiôntica desses valores na atividade policial, RICO (1983)
diz que a polícia e seus valores éticos, com as normas correspondentes, servem de
termômetro para medir o grau de respeito de uma comunidade aos direitos humanos.
Na natureza da atividade policial está entranhado o potencial risco de abuso aos direitos
fundamentais do cidadão. Essa possibilidade é evidente na investigação criminal, cuja
metodologia legal é de reação e não de prevenção pura.
Preocupada com a garantia e proteção dos direitos e interesses dos cidadãos, a Organização
das Nações Unidas – ONU editou um código deontológico que formula paradigmas de
valores éticos e de respeito aos direitos humanos à conduta dos agentes de segurança
pública.
As Nações Unidas, de forma sábia, levam o profissional da segurança pública a pensar suas
práticas com a percepção do efeito que tem na integralidade na vida do cidadão, quando
coloca como uma das razões para implantação da norma de conduta, a consciência “de que a
natureza das funções de aplicação da lei para a defesa da ordem pública e a forma como
essas funções são exercidas, têm uma incidência direta sobre a qualidade de vida dos
indivíduos e da sociedade no seu conjunto”.
Sem dúvida, o respeito a esses valores transcende a ficção das normas escritas e se instala
nas práticas diárias de cada agente. Essas práticas, tal como preconiza o código, têm uma
relação de causa e efeito com a qualidade de vida das pessoas e, consequentemente, com o
bem-estar da comunidade. O resultado disso é o estado de felicidade, segundo leitura do Dalai
Lama. Para o religioso, essa felicidade é um processo cuja principal fonte é a tranqüilidade e a
paz.
A filosofia desse pensador moderno nos leva a reflexão de que a compaixão é a fonte desses
valores de respeito às pessoas, possibilitando uma visão sistêmica, de interdependência, cujo
resultado é a capacidade de ampliação da realidade, de que a vida de cada um depende do
ambiente que o circunda.
Os valores de respeito à dignidade da pessoa humana, garantidores de uma vida feliz, terão
que se refletir nas atitudes e ações do investigador, consolidando uma dimensão prática e
efetiva da conduta ética e de respeito aos direitos humanos.
Diretos humanos e ética são duas dimensões que se complementam numa relação
simbiôntica. Uma é o reflexo da outra.
Segundo KINDDER, a ética não é um luxo e tampouco uma opção. Ela é essencial para a
nossa sobrevivência.
Postura ética
Para que o investigador possa cumprir a missão de gerador do bem-estar do grupo, ele
terá que adotar uma postura de ação inspiradora de confiança no cidadão. A ação ética
não pode depender de estímulos externos para se manifestar – uma norma ou uma censura
social. Ela terá que ser um estado de consciência que permeie todo o processo de interação
com o ambiente e as pessoas.
A primeira reflexão a ser feita é de que a conduta ética decorre de princípios para convivência
social.
A força maior que deve mover o investigador ao respeito à dignidade do ser humano
envolvido na investigação, seja como autor, vítima ou testemunha, não é a coerção da lei,
mas valores básicos da honestidade, da responsabilidade, do respeito, da justiça, da
compaixão e da imparcialidade.
Esses valores se refletem no cuidado com o sigilo das informações, no respeito mútuo entre os
atores que desempenham a investigação, no cuidado para não emitir juízos de valores que
possam comprometer a validade das informações colhidas, como aqueles baseados em
preconceitos.
Não há relativismo ético. Os valores éticos terão que ser uma constante na vida funcional e
particular do agente de segurança. A compreensão de honestidade, responsabilidade e
respeito pelo próximo deverá ser padrão de atitude nos dois campos da vida social.
Conclusão
Foi visto neste módulo, temas que tratam da transversalidade da ética e dos valores
humanos na investigação criminal.
Você teve oportunidade de refletir sobre valores que devem perpassar por todo o
processo de apuração de provas. São valores de respeito à dignidade das pessoas
envolvidas no processo e respeito às normas legais e morais de uma comunidade.
Os atos da apuração de provas pela polícia estão no contexto dos serviços de segurança
pública, tidos como tutelares de direitos e garantias, limitados a valores de respeito e
compaixão pelas pessoas envolvidas.
No último módulo serão apresentados alguns casos em que você terá oportunidade de aplicar
os conhecimentos adquiridos no curso para a resolução dos problemas.
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 5
SENASP/MJ - Última atualização em 31/10/2008
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do
conteúdo.
1. Leia o texto abaixo e comente como é possível torná-lo prático nas atividades de
investigação criminal.
“O conceito teórico e prático de ética e direitos humanos pode ser resumido no trinômio:
orientar, servir e proteger o cidadão”.
Gabarito
Tal qual a proposta no ensino da Administração, na investigação criminal, o uso do caso é uma
tentativa de aproximar a Academia de Polícia da realidade que o investigador irá encontrar.
Aproximar a teoria da prática.
Segundo Cordeiro e Silva (2005), “os estudos de casos requerem que os participantes
exercitem suas habilidades profissionais, quando respondem a eles e apliquem os
conhecimentos aprendidos”.
Indagada, esclareceu que a filha havia saído às 15h para fazer um trabalho escolar na casa de
uma colega de escola. Às 17h30 havia telefonado avisando que estava saindo para o ponto de
ônibus onde pegaria o transporte para casa.
Esclareceu também que a adolescente era boa filha, obediente e não tinha namorado.
Informou ainda, que, refazendo o caminho da filha até o ponto de ônibus, ouviu de um
vendedor ambulante a informação de que uma jovem com as características de sua filha, fora
vista entrando em um Honda Civic onde já estavam duas pessoas”.
O delegado registrou o boletim de ocorrência e, com base em estatísticas que demonstram que
80% dos adolescentes desaparecidos retornam para casa nas vinte e quatro horas seguintes,
encaminhou o caso para a seção de investigação cartorária fazer a investigação de segmento
no dia seguinte.
→ Você acha que a solução foi adequada ou há outras alternativas que poderiam ser
consideradas? Quais?
Segundo caso
A equipe de plantão se desloca para o local onde encontra o seguinte cenário: o cadáver de
uma mulher em princípio de enrijecimento, em posição de decúbito ventral na área de serviço,
apresentando uma lesão na parte posterior do crânio.
Não havia qualquer sinal de luta nos compartimentos do apartamento que ficava no segundo
andar do bloco residencial. Entretanto, o aparelho de DVD havia desaparecido e, segundo o
esposo da vítima, a porta da cozinha estava destrancada no momento em que ele encontrara o
corpo da esposa.
A versão contada pelo esposo da vítima é de que os dois estavam vendo um filme quando, por
volta das 23h, cansado, fora dormir deixando sua esposa na sala. Como estava muito cansado
pelo trabalho diurno, entrou em sono profundo não tendo ouvido qualquer barulho.
Resposta:
Analise a versão apresentada pelo esposo da vítima, comparando-a com as informações
encontradas no cenário e formule a hipótese preliminar do caso.
Terceiro caso
Numa manhã de domingo, quando de tudo já havia acontecido na noite anterior, compareceu à
delegacia de polícia o assessor de um alto funcionário do Governo Federal, senhor Romeu,
comunicando que sua esposa, senhora Julieta, havia desaparecido quando voltava de uma
festa de final de ano com colegas de trabalho, na madrugada daquele dia.
Contou que, depois de vários contatos, ficou sabendo que sua esposa havia deixado o local da
festa por volta de 1h da manhã, sozinha em seu veículo.
Curso Investigação Criminal 2 – Módulo 6
SENASP/MJ - Última atualização em 09/07/2009
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Desesperado, segundo ele, por volta das seis horas, se deslocou até a casa de eventos onde
ocorrera a festa, que fica há 15 quilômetros de sua residência, quando, além de colher
informações com funcionários, fez o trajeto que ela faria de lá até sua casa, na tentativa de
encontrar indícios do seu paradeiro.
Chegando em casa, recebeu um telefonema de alguém que dizia ter seqüestrado sua esposa e
pedia um resgate de cem mil reais.
Havia registros em boletins de ocorrências dando conta de que, por duas vezes, Romeu
agredira fisicamente Julieta tendo, inclusive, a ameaçado de morte.
Julieta já havia noticiado que, por duas vezes, fora seguida por pessoas estranhas quando ia
do cabeleireiro para casa. Nas escutas telefônicas autorizadas para apuração dos atos de
corrupção, havia registro de uma conversa onde Romeu perguntava a alguém do grupo se ele
estaria mandando seguir sua esposa e o ameaçava caso ocorresse alguma coisa com ela.
Entretanto, na mesma escuta havia registro de conversa entre Romeu e Julieta, quando se
agrediam verbalmente e ela ameaçava contar para a polícia tudo o que sabia. Romeu fechava
a conversa dizendo que ela não sabia com quem estava se metendo.
Já no quarto dia, após o desaparecimento de Julieta, nenhum outro contato fora feito pelos
possíveis seqüestradores.
Conclusão
Neste curso, você teve oportunidade de conhecer e discutir cada etapa da investigação da
prova de um crime e de sua autoria. Foi possível, também, comprovar que a investigação
criminal é realmente um processo científico onde é colocado ao investigador um problema,
sobre o qual ele é obrigado a formular hipóteses que irão conduzir à sua natureza,
circunstâncias em que ocorreu e quem o praticou.
Sem compreender que a busca da prova, além de forjada nas normas legais, também é
sustentada nos valores de respeito à dignidade das pessoas e às regras morais de convivência
e sobrevivência social, não haverá investigação criminal eficiente e eficaz a um processo penal
para um julgamento justo e reparador.
Reflita. Reveja os temas com uma visão crítica, buscando a possibilidade de aplicá-los
nas atividades profissionais que executa.
Na apuração da prova penal adote uma postura de cientista e colabore com a construção
de um Estado verdadeiramente democrático e de direito.
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“CÁLCULO MORTAL”, com direção de Barbet Schroeder e roteiro de Tony Gayton. Elenco:
Sandra Bullock (Cassie Mayweather), Ryan Gosling (Richard Haywood), Michael Pitt (Justin
Pendleton), Agnes Bruckner (Lisa), Ben Chaplin (Sam Kennedy) e Chris Penn (Ray). Duração:
120min.
“UM CRIME DE MESTRE”. Direção de Gregory Hoblit e produzido por Charles Weinstock.
Estrelando: Anthony Hopkins, Ryan Gosling, David Strathaim, Billy Burke, Rosamund Pike,
Embeth Davidtz, Xander Berkeley, Fiona Shaw.
“TOCAIA” (Stakeout). Gênero: Comédia. País/Ano EUA /1987. Direção de John Badham.
Distribuição Buena Vista. Duração/Censura 12. Elenco: Richard Dreyfuss, Emilio Estevez,
Aidan Quinn e Madeleine Stowe.