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Síndrome de Marfan1
Síndrome de Marfan1
Diagnóstico
As principais manifestações clínicas da Síndrome de Marfan concentram-se em três sistemas
principais:
- o esquelético: caracterizado por estatura elevada, escoliose, braços e mãos alongados e
deformidade torácica;
- nos casos esporádicos (ou parente de primeiro grau não afetado) deverá ocorrer o
envolvimento do esqueleto e de dois outros sistemas, sendo pelo menos uma manifestação
maior;
- nos casos familiais (ou pelo menos um parente de primeiro grau afetado) deverá ocorrer o
envolvimento de dois sistemas, sendo pelo menos uma manifestação maior. Uma revisão dos
critérios diagnósticos mais recente acrescentou dados do estudo do gene, quando este for um
dado conhecido, e a presença de quatro manifestações esqueléticas como um sinal maior.
Genética da síndrome
As principais informações médicas a respeito dão conta que a base genética na maioria dos
casos consiste na mutação de um gene situado no cromossomo 15, a fibrilina, ou geneFBN1,
importante componente na formação das fibras elásticas. Sua produção anormal resulta em
fibras elásticas anormais produzindo as alterações que caracterizam a síndrome. Estas
mutações podem ser encontradas em 90% dos indivíduos que preenchem os critérios de
diagnóstico clínico. Alternativamente, foram descritas mutações nos genes TGFBR2 e TGFBR1
nestes doentes. No caso destes dois genes, o quadro clínico pode ser um pouco diferente e
inclui a síndrome de Marfan tipo 2 e a síndrome de Loeys-Dietz (aneurisma aórtico). Problemas
cárdio-vasculares estão presentes na maioria dos pacientes, sendo a lesão da aorta a principal
manifestação. Uma das complicações da síndrome de Marfan é a dissociação das estruturas da
aorta com separação da sua parede em duas paredes finas, formando um lúmen paralelo com
desvio e grande prejuízo da circulação. Isto ocorre em 36% dos casos, independente da
dilatação aórtica, pondendo apresentar-se como primeira manifestação da doença, sendo mais
frequente na porção inicial da aorta (porção ascendente). A válvula mitral apresenta seus
componentes de aspecto alongado e redundante, podendo haver calcificação com
endurecimento do anel valvar em 10% dos pacientes. No comprometimento mitral as
mulheres são mais freqüentemente afetadas que os homens.
Outras estruturas ricas em fibras elásticas também sofrem alteração com a síndrome, como
os ligamentos que se tornam mais flácidos e frágeis. A flacidez nos ligamentos articulares
provoca uma hipermobilidade articular e a uma perda de contenção do crescimento dos ossos.
Desta forma, eles crescem demais e deformam-se. Por sua vez, o ligamento de sustentação
do cristalino, que nesta síndrome é frágil, leva à mobilidade da lente (subluxação) podendo até
romper-se (luxação).
Evolução
Tratamento
Embora não haja nenhuma cura para a síndrome de Marfan, há muitas opções para controlar
os sintomas a circunstância. Durante a examinação física inicial, um histórico médico
detalhado e de família será feito exame junto com a medida da altura, o exame do olho e
um eletrocardiograma. Uma avaliação esquelética anual para detectar todas as mudanças na
coluna ou no esterno é conduzida tipicamente. Esta avaliação é particularmente importante
durante o período de elevado crescimento do adolescente. Os exames oftalmológicos
regulares são vitais para descobrir e corrigir todos os problemas da visão. Na maioria de casos,
os vidros ou as lentes de contato podem corrigir o problema. O tratamento fisioterapêutico é
parte integrante da equipe interdisciplinar que visa o auxílio terapêutico nos pacientes
portadores da Síndrome de Marfan. A atuação deve ser considerada de fundamental
importância uma vez que possui atuação em diversos sistemas tais como locomotor,
cardiovascular e respiratório.
Os pacientes de Marfan geralmente são medicados com betabloqueadores de forma a
diminuir a frequência cardíaca e o inotropismo do coração (força de contração). Em caso
deaneurisma da aorta, recorre-se a intervenção cirúrgica. É ainda importante que o doente
seja alertado para a importância de uma correta higiene oral, de forma a prevenir a entrada de
bactérias por essa via e evitar assim complicações como endocardites.
Aspectos Psicológicos
- Na infância, como na maioria das cardiopatias congênitas, a síndrome de Marfan pode estar
freqüentemente associada a distúrbios de aprendizagem decorrentes de deficit cognitivos
provocados pela doença ou ainda problemas emocionais diversos. As limitações físicas podem
impedir a criança de ter acesso a muitas formas de brincadeiras e exercícios, reduzindo assim
sua capacidade de expressão e estruturação da personalidade adquiridas com estas atividades.
- No adulto as dificuldades não são menos traumáticas devido a muitos fatores ansiogênicos
que acompanham o quadro, tais como sentimento de insegurança quanto a ser aceito pelo
parceiro do sexo oposto, necessidade de planejamento familiar. No caso da mulher, pode
haver interdição relativa para a gestação, o que implicaria a perda da integridade e o luto pela
renúncia à maternidade, ou então a experiência da gravidez de alto risco, também
ansiogênica. A reduzida expectativa de vida em ambos os sexos é outro fator causador de
danos emocionais como os variados graus de estados depressivos, limitando a realização de
projetos pessoais e profissionais.
Estudos apontaram significativo ônus nas atividades físicas diárias, na educação formal e na
oportunidade de emprego. A auto-imagem, afetada pela aparência, tem repercussões
negativas no comportamento social, caracterizado por introversão.