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INTRODUÇÃO

O setor da construção civil tem procurado por novas tecnologias em concretos,


devido à alta demanda do mercado observada nos últimos anos, elevando o consumo de
cimento. Diariamente mostra-se necessário a utilização de materiais e métodos que
causem uma diminuição nos impactos ambientais.

Argamassas são materiais muito empregados na construção civil, com


propriedades de aderência e endurecimento, obtidos a partir da mistura homogênea de
um ou mais aglomerantes, agregado miúdo (areia) e água, podendo conter ainda aditivos
e adições minerais. Sendo seus principais usos no assentamento de alvenarias e nas
etapas de revestimento, como emboço, reboco ou revestimento de camada única de
paredes e tetos, além de contra pisos para a regularização de pisos e ainda no
assentamento e rejuntamento de revestimento de cerâmica e pedra (CARASEK, 2010).

Uma das principais propriedades do concreto é a trabalhabilidade, pois está


relacionada a resistência mecânica e a durabilidade do concreto. Na sua produção,
diversas características físicas, influenciam a trabalhabilidade como: o atrito interno
entre os diversos componentes sólidos que pode ser modificado por vibração, adição de
água ou aditivos adequados e a temperatura. A adição de água melhora a
trabalhabilidade, porém não mantem a homogeneidade do concreto e pode causar perda
da resistência mecânica (MARTIN, 2005).

Por estas questões é indicado a utilização dos aditivos, pois melhora a


trabalhabilidade e pode reduzir a relação água/cimento, reduzindo a porosidade e o
diâmetro interno dos poros remanescentes e dificultando a migração de íons
(FRACALOSSI, 2011).

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Figura 1. Ação eletrostática sobre os grãos de cimento (Fonte: FRACALOSSI, 2011).

Os aditivos plastificantes são utilizados de diversas maneiras no concreto,


podendo ser empregados para diferentes funções, como aumentar a trabalhabilidade,
mantendo o consumo de água; podem manter a trabalhabilidade e a resistência,
reduzindo a quantidade de cimento, o que gera a redução de custo do concreto; ou pode
reduzir a quantidade de água, aumentando a resistência e durabilidade do concreto
(HARTMANN, 2002).

O teor ideal de aditivo necessário para aperfeiçoar as propriedades do concreto é


encontrando através de diversos testes experimentais, uma vez que a dosagem de aditivo
está diretamente relacionada com o tipo de teor de cimento, teor de água, tipo e teor de
agregado, presença de outros materiais cimentícios e temperatura (WEIDMANN et al.,
2007). O método usado nessa pesquisa para determinar o teor ótimo de aditivo foi o
ensaio de Kantro.

Na maioria dos casos os aditivos não representam um custo adicional, pois sua
utilização resulta em economia, como redução do custo do trabalho para adensamento,
redução do teor de cimento, aumento da durabilidade. Representam formas de
economizar que, com ajustes no traço, após a implantação de aditivos, são vistas
rapidamente (NEVILLE, 1997).

As principais matérias-primas dos aditivos são: lignosulfonato, naftaleno e


carboxilatos.

Os lignosulfonatos (LS) são conhecidos como aditivos plastificantes de primeira


geração e utilizados como redutores de água normais e em alguns casos também como
superplastificantes. O lignosulfonato é obtido a partir do rejeito líquido do processo de
extração da celulose da madeira (HARTMANN, 2002).

Na figura 2, a seguir, é apresentada a estrutura molecular do lignosulfonato.

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Figura 2. Estrutura molecular lignosulfonato (Fonte: FRACALOSSI, 2011)

A função básica dos lignosulfonatos no concreto é dispersar as partículas


coloidais, suas moléculas se ligam a essas partículas existentes em suspensão, gerando
cargas negativas, causando um efeito repulsivo entre as partículas. Camadas de
moléculas de água dipolares circundam as partículas hidrofóbicas de cimento, como
resultado, evitam a sua floculação e um sistema com boa dispersão é obtido. Todo o
processo influencia as propriedades do concreto, tanto no estado fresco como no
endurecido (MEHTA & MONTEIRO, 1994).

O lignosulfonato, aditivo polifuncional ou redutor de água, geralmente apresenta


boa manutenção de trabalhabilidade, porém há diferenças nessa manutenção entre os
tipos de lignosulfonato disponíveis no mercado. Os LS são os aditivos mais utilizados
em centrais dosadoras de concreto. Pois para um determinado abatimento, utilizando até
elevadas dosagens de polifuncionais, obtém-se menores teores de água sem ter grandes
consequências para os tempos de pega (FRACALOSSI, 2011).

Segundo MEHTA & MONTEIRO (1994), a perda de abatimento pode ser


definida como a perda de fluidez do concreto fresco com o passar do tempo. Ela ocorre
quando a água livre de uma mistura de concreto é consumida pelas reações de
hidratação, por adsorção na superfície dos produtos de hidratação e por evaporação. A
redução do abatimento é fenômeno normal em todos os concretos porque resulta do
enrijecimento gradual e pega da pasta de cimento.

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Neste relatório são apresentados os resultados obtidos na realização dos ensaios
para determinação teor de aditivo plastificante à base lignosulfonato a ser incorporado
nas matrizes cimentícias. A avaliação do desempenho dessa mistura foi realizada
experimentalmente através de ensaios de tempo de pega, manutenção de abatimento,
mini-slump, compressão simples e tração via compressão. A relevância do trabalho está
relacionada ao fato de que a avaliação e conhecimento do comportamento mediante a
adição de aditivos é uma contribuição para a área de tecnologia de concretos, já que o
mercado da construção civil vem cada vez mais utilizando aditivos para incrementar as
propriedades das pastas cimentícias.

OBJETIVO

Adicionar plastificante, à base lignosulfonato, em matriz cimentícia para


avaliação de seu desempenho e verificar a influência do teor de aditivo no tempo de
início e final de pega, abatimento de pasta de cimento, perda de abatimento da pasta de
cimento ao longo do tempo e resistência a esforços de compressão.

METODOS E MATERIAIS

Os materiais utilizados e ensaios realizados nesse estudo seguiram os padrões


exigidos pela NBR (Normas Brasileiras Revisadas) da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas).

Os ensaios foram realizados com os materiais disponíveis nos laboratórios de


Engenharia da Universidade de Mogi das Cruzes – Campus Villa Lobos/Lapa.

O cimento utilizado na execução de todos os ensaios realizados foi o Portland


CP – II Z 32.

Foi realizada análise granulométrica da areia (agregado miúdo) conforme NBR


NM 248:2003 Agregados – Determinação da composição granulométrica. Para esse
ensaio executou-se a limpeza das peneiras com uma escova de aço, em seguida colocou-
se a areia na estufa a 105°C por 24 horas para secar.

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A Figura 1 apresenta alguns materiais utilizados no ensaio de granulometria (A)
e o ensaio granulométrico sendo realizado no agitador mecânico (B).

A B

C
Figura 1 – Ensaio de Granulometria

A Figura 1 (C) ilustra a quantidade de areia retida em cada peneira no ensaio de


granulometria.

Após secagem, realizou-se a homogeneização e redução da amostra


(quarteamento) conforme a NBR NM 27:2001 Agregado – Redução da amostra de

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campo para ensaios de laboratório. Formaram-se duas amostras (m1 e m2) para ensaio
com massa mínima estabelecidas na norma. As amostras foram pesadas.

Encaixou-se as peneiras de modo a formar um único conjunto com abertura de


malha na ordem crescente da base ao topo. Depositou-se cada amostra nos conjuntos de
peneiras e colocou-as no agitador mecânico à uma vibração de 10Hz durante 7 minutos.
Logo em seguida pesou-se a massa da areia retida em cada peneira.

O aditivo a base de lignosulfonato, na forma como foi recebido, foi incorporado,


em diferentes teores (0,3 a 1,2%), nas pastas cimentícias. A porcentagem do aditivo a
ser adicionado foi estabelecida em relação ao peso do cimento.

O método utilizado para determinar o ter ótimo de aditivo foi o ensaio de


Kantro.

Foram utilizados 500,00 g de cimento para cada teste e a relação agua/cimento


foi de 0,3. Incorporou-se as seguintes porcentagens de aditivos: 0; 0,3, 0,6; 0,9; 1,2 e
1,5%. As porcentagens de aditivos são com relação a massa do cimento. A mistura da
pasta e procedimentos foram realizados conforme o ensaio.

A quantidade de água que utilizada para determinar o tempo de pega foi a


estabelecida pela NBR NM 43:2003 – Cimento Portland - Determinação da pasta de
consistência normal. Logo, o início e fim de pega seguiram os conformes da NBR NM
65:2003 – Cimento Portland – Determinação do tempo de pega; em ambos os ensaios se
fez necessário o aparelho de Vicat.

Na figura 2 a seguir podemos observar a realização do ensaio de tempo de pega


utilizando o aparelho Vicat

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Figura 2 – Ensaio de tempo de pega

O traço foi determinado com base na bibliografia, o traço foi utilizado nas proporções
1:4 (cimento e agregado miúdo) (PINI, 2000).

Já a relação água/cimento para cada porcentagem de aditivo utilizada (entre 0,3 e


1,2%) foi determinada conforme a NBR 13276:2002 – Argamassa para revestimento de
paredes e tetos – Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Com o
traço fixo, foi acrescentando-se água e considerou-se a argamassa “ideal” aquela que
apresentou espalhamento próximo de 260mm (erro ± 5) na mesa de abatimento.

O traço foi estabelecido para cada tipo de porcentagem de aditivo já com a


relação água/cimento obtida com o ensaio de abatimento.

Para a realização do ensaio de compressão axial (simples) foi utilizado o traço


1:4 e a relação agua cimento encontrada na mesa de abatimento para cada porcentagem
de aditivo adicionada.

O ensaio de compressão axial foi realizado de acordo com a NBR 7215 :1997 –
Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Os CP’s (corpos-de-prova) foram
moldados e colocados na câmera úmida, após 24 horas desmoldados e colocados em
solução de água saturada de cal e levados novamente para câmera úmida onde só foram

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retirados na data de rompimento estabelecida. Os corpos-de-prova foram rompidos com
3, 7 e 28 dias de cura. Todos os CP’s foram capeados com pasta cimentícia para melhor
nivelamento.

No ensaio de compressão diametral também foi usado o traço obtido através do


abatimento e o ensaio de tração na flexão diametral de acordo com a norma NBR
7222:2011 — Concreto e argamassa — Determinação da resistência à tração por
compressão diametral de corpos de prova cilíndricos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir serão apresentados os resultados obtidos nos ensaios realizados durante a


execução do projeto.

GRANULOMETRIA

Os resultados do ensaio de determinação granulométrica da areia podem ser


visualizados no Anexo 1 e no Gráfico a seguir.

Gráfico 1 - Curva granulométrica da areia e seu limite para Zona Utilizável

Curva Granulométrica
120

100
% Retida Acumulada

80

60

40

20

0
9,5mm 6,3mm 4,75mm 2,36mm 1,18mm 600µm 300µm 150µm FUNDO
Abertuda das peneiras

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Os resultados do ensaio de granulometria mostram que a areia utilizada no
trabalho é Média. Sendo seu diâmetro máximo característico de 2,36 mm e seu módulo
de finura de 1,85mm.

ENSAIO DE KANTRO

Os resultados obtidos no Ensaio de Kantro, cuja finalidade é determinar o teor ótimo de


aditivo se encontram no Anexo 2 e no Gráfico 2, a seguir.

Curva do teor ótimo de aditivo


600
Area de espalhamento (cm²)

500

400

300

200

100

0
0 0.3 0.6 0.9 1.2 1.5
% de aditivo

Gráfico 2- Curva do teor ótimo do aditivo lignosulfonato

O ensaio de Kantro possibilita a determinação do ponto de saturação do aditivo,


ou seja, a quantidade máxima a ser utilizada. O ponto de saturação é o ponto máximo de
eficiência da mistura. Este ponto é evidenciado quando há um aumento de 50% na
dosagem do aditivo, sendo que qualquer valor maior, em relação a essa porcentagem de
aditivo, acarreta na saturação da pasta, sendo que adições acima deste ponto não
melhoram a eficiência do aditivo na mistura, não trazendo nenhum resultado
significativo ou até mesmo prejudicial, a partir dessa porcentagem o efeito desejado não
é mais o mesmo (LIMA,2006).

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Observando o gráfico 2, é possível perceber que a diferença da altura em relação
a curva é menor no ponto de 1,2%, mostrando que o ponto de saturação do aditivo
lignosulfonato foi de a partir de 0,9%. Isto é confirmado quando na figura 3 a seguir
observamos o aspecto da pasta cimentícia aditivada com 1,2% de lignosulfonato.

0,3% 0,6%

0,9% 1,2%
Figura 3 – Ensaio de Kantro - teor ótimo do aditivo lignosulfonato

Na Figura 3 é possível visualizar os ensaios realizados com diferentes dosagens


de aditivo, do teor ótimo até a saturação.

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TEMPO DE PEGA

Para a realização do ensaio de tempo de pega foi necessário a determinação da


pasta de consistência normal como a seguir.

Na Tabela 1, são apresentados os resultados do Ensaio de Determinação da pasta


de consistência normal (NM 43).

Tabela 1 - Determinação da pasta de consistência normal

Teste Água (g) Distância (mm)


1 150 0
2 135 0
3 130 1
4 125 4
5 120 12
6 126 5

De acordo com os resultados obtidos a pasta é considerada como tendo


consistência normal quando a sonda se situa a (6+1) mm da placa base.
 
O cálculo da porcentagem de água (A) necessária à obtenção da consistência
normal da pasta de cimento é realizado se utilizando a fórmula:
 
A = ma x 100
mc
Onde,
 
ma = Massa de água utilizada para obtenção da consistência normal, em g;
mc = Massa de cimento utilizada no ensaio, em g.
 Então,
A = 126g x 100
500g

A = 25,2%

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A água da pasta de consistência normal é dada em porcentagem de massa relativa
ao cimento, arredondada ao décimo mais próximo. Logo a relação água/cimento definida
para o ensaio de tempo de pega é 0,252.

Abaixo, segue a Tabela 2 com o início e o fim do tempo de pega sem aditivo e
com o teor ótimo encontrado no ensaio de Kantro.

Tabela 2 – Tempo de pega

Tempo de pega
% de aditivo Inicio de pega Fim de pega
0 4h 6h10min
0,9 4h e 45min 7h

Foi observar que à medida que se aumenta o teor plastificante na pasta de cimento, o
tempo de pega é retardado. O processo de retardo da pega já era esperado, uma vez que
trata-se de uma propriedade dos plastificantes orgânicos quando em grandes adições. O
retardo na pega pode desencadear diminuição da resistência nos primeiros dias de idade
da argamassa, já que retarda o processo de cristalização do C3S que inicia já nas
primeiras horas após a mistura (CHAGAS, 2011).

ENSAIO DE ABATIMENTO

Na Tabela 3 abaixo se encontram os resultados da relação água/cimento obtidos a partir


do ensaio de abatimento

Tabela 3 – Relação água/cimento

Relação água/cimento
Quantidade de aditivo
0% 0,30% 0,60% 0,90% 1,20%
0,91 0,9 0,87 0,85 0,81

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O resultado está de acordo com o esperado para um aditivo redutor de água, houve uma
redução no consumo de água, que podemos visualizar melhor no gráfico 3 abaixo.

Gráfico 3 – Ensaio de abatimento - Redução do consumo de água

Redução do consumo de água


12% 11%
10%
% reduzida de água

8% 7%
6% O
4%
4% gráfico acima
2% 1% mostra a
0%
0%
0% 0,30% 0,60% 0,90% 1,20% redução de
% de aditivo água em
porcentagem,
podemos observar que quanto maior a quantidade de aditivo maior a redução de água,
porem uma quantidade de aditivo muito elevado pode afetar outras propriedades da
argamassa, deixando-a com uma qualidade inferior.

a b

Figura 4 - Ensaio na mesa de abatimento (a) e o espalhamento (b)


damostra na mesa de abatimento.
Na figura 4 (a) é possivel observar o aspecto da pasta cimenticia logo após a retirada do
cone e na figura 4 (b) o seu espalhamento após a realização dos 30 golpes.

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ENSAIO DE COMPRESSÃO AXIAL (SIMPLES)

Os resultados do ensaio de compressão axial (simples) podem ser observados nos


Gráficos 4, 5 e 6 a seguir.

Gráfico 4 – Compressão axial com 3 dias de cura

3 dias de cura
7 6.6
6.3
6
6
5.2
5
4
MPa

3
3
2
1
0
0% 0,30% 0,60% 0,90% 1,20%
% de aditivo

No gráfico 4 podemos observar que o maior valor de resistência com 3 dias de


cura foi de 6,6 Mpa na amostra com adição de 0,9% de lignosulfonato. Comparando-se
a resistência obtida em relação a pasta sem o aditivo temos um acréscimo de 27% de
resistência no material.

A argamassa com 1,2% de lignosulfonato apresentou uma resistência de 3 Mpa,


valor inferior a resistência da argamassa sem adição de lignosulfonato, este baixo
desempenho está relacionado a uma característica do aditivo que aumenta o tempo de
pega, comprometendo sua cura com apenas 3 dias de observação.

Gráfico 5 – Compressão axial com 7 dias de cura

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7 dias de cura
10
9 8.6
7.8 8 8.1
8
7 6.3
6
MPa

5
4
3
2
1
0
0% 0,30% 0,60% 0,90% 1,20%
% de aditivo

No gráfico 5 podemos observar que o maior valor de resistência com 7 dias de


cura foi de 8,6 Mpa na amostra com adição de 0,9% de lignosulfonato. Comparando-se
a resistência obtida em relação a pasta sem o aditivo temos um acréscimo de 14,5% de
resistência no material.

Gráfico 6 – Compressão axial com 28 dias de cura

28 dias de cura
12 10.9 11.3
10.1 10
10 8.4
8
MPa

6
4
2
0
0% 0,30% 0,60% 0,90% 1,20%
% de aditivo

Com 28 dias de cura o maior valor de resistência foi observado quando


adicionado 1,2% de lignosulfonato,11,3 Mpa. Para adição de 0,6% e 0,9% de aditivo o
valor de resistência não apresentou diferença significativa. Comparando-se a resistência
para a dosagem de 1,2% de aditivo houve um incremento de 13% em relação ao ponto

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de 0,6% mostrando que mesmo dobrando a quantidade de aditivo no resultado final não
houve um aumento considerável. Levando-se em conta que que o aditivo encarece o
preparo da mistura, seria adequado usar a dosagem de 0,6% de lignosulfonato, teor que
apresentou uma boa redução de água e também boa resistência, resultando num melhor
custo/benefício.

ENSAIO DE COMPRESSÃO DIAMETRAL

Os resultados encontrados no ensaio de compressão diametral se encontram no gráfico 7


abaixo.

Gráfico 7 – Resistencia a compressão diametral

Compressão diametral
7
5.92
6 5.48
4.73 4.78 4.84
5
4
MPa

3
2
1
0
0% 0,30% 0,60% 0,90% 1,20%
% de aditivo

Como pode ser observado, os valores de resistência a tração na flexão foram


diretamente proporcionais ao aumento da dosagem de aditivo nas pastas cimentícias.
Este resultado confirma uma das qualidades do aditivo é aumentar a resistência da
argamassa. HARTMANN (2002) afirma que os aditivos plastificantes podem ser
empregados para diferentes funções entre elas aumentar sua resistência.

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Figura 5 – Corpo-de-prova rompido por compressão diametral.

Na figura 5 é possível visualizar o rompimento do corpo-de-prova por


compressão diametral.

Um fator importante a ser observado em relação ao uso de aditivos


superplastificantes é a dosagem a ser empregada, de forma a não gerar
incompatibilidade com o cimento, o que pode levar a efeitos adversos no concreto.
Mediante ensaios de laboratório pode-se determinar a máxima quantidade de aditivo
acima da qual não se observam melhoras na fluidez da pasta de cimento, sendo esse teor
conhecido como ponto de saturação. Dosagens maiores do que a do ponto de saturação
não raramente causam instabilidade da mistura (segregação, exsudação) e retardo
acentuado da pega do cimento (MELO et al., 2009).

Um exemplo típico de incompatibilidade entre aditivo e cimento acentuada pelo


uso de elevado teor de aditivo ocorre entre o cimento e o aditivo à base de
lignosulfonato, quando se observa um forte retardo de pega e endurecimento, e a
incorporação de uma quantidade excessiva de bolhas de ar à mistura. Outro problema
normalmente relacionado a esse aditivo é a perda rápida de fluidez (MELO et al., 2009).

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CONCLUSÃO

A realização dos ensaios com a adição de lignosulfonato na argamassa mostrou


que houve uma melhora no desempenho dessas misturas.

Este melhor desempenho se justifica pelo lignosulfonato possuir como


característica a capacidade de reduzir o consumo de água, sendo maior a redução de
consumo de água quanto maior for a adição de aditivo, conforme comprovado pelo
ensaio de abatimento. Neste trabalho foi observado uma redução de 11% no consumo de
água para uma adição de 1,2% de aditivo e de 6,7% de redução de água para 0,9% de
aditivo lignosulfonato.

De acordo com os resultados a adição de 1,2% de aditivo, para as condições de


trabalho utilizadas, confere problemas de espalhamento conforme mostrou o ensaio de
Kantro.

Segundo os resultados obtidos o teor mais indicado de adição de lignosulfonato


na argamassa é de 0,9%, valor que apresentou uma melhor relação custo/benefício.

Esta conclusão é validade pelo ensaio de compressão axial onde o desempenho


da argamassa com a adição de 0,9% de aditivo por ter apresentado os maiores valores de
compressão com 3 e 7 dias de cura. Com 28 dias de cura apresentou uma redução de
10% em relação ao maior valor obtido de compressão que foi para a adição de 1,2% de
aditivo, porém neste caso se justifica sua escolha pelo fato de que para este teor de
aditivo se teria problemas de espelhamento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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e Ensaios de Laboratório. São Paulo: Pini, 2012. cap.8.

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compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de janeiro, 1997.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276 – Argamassa para


revestimento de paredes e tetos – Preparo da mistura e determinação do índice de
consistência. Rio de janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7222 — Concreto e


argamassa — Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de
prova cilíndricos, Rio de janeiro, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248: Agregados


-Determinação da Composição Granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 27: Agregados –


Resolução da amostra de campo para ensaios de laboratório. Rio de Janeiro, 2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 43: Cimento


Portland – Determinação da Pasta de Consistência Normal. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 65: Cimento


Portland – Determinação do tempo de pega. Rio de Janeiro, 2003.

CASAREK, H. Materiais de construção civil e Princípios da Ciência e Engenharia dos


Materiais. Ed. G.C. Isaia. 2ed. São Paulo. IBRACON, 2010, 2v. cimento e aditivo redutor
de água, Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 45-56, jan./mar. 2009.

CHAGAS, R.M.P., Estudo do concreto lateritico dosado com aditivo plastificante á


base de lignosulfonato. 2011.. 191 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia civil e

19
Ambiental) – Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina
Grande, Paraíba, 2011.

FRACALOSSI, R.A.R. Aditivos à base de policarboxilatos: Influência nos tempos de


pega e na manutenção do abatimento em pastas cimentícias de cimento Portland,
trabalho de diplomação (Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia
Civil, Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre,2011.

HARTMANN, C. T. Avaliação de aditivos superplastificantes base policarboxilatos


destinados a concreto de cimento Portland. 210 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia)
– Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo,2002.

LIMA, S.M. Concreto de alto desempenho em ambientes com baixas temperaturas.


Dissertação (Mestrado). Departamento de Engenharia de Estruturas, EESC. Universidade
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MARTIN, J.F.M. Aditivos para concreto In: SAIA, G.C. (Ed.) Concreto: Ensino, Pesquisa
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MEHTA, P.K; MONTEIRO, P.J.M (1994) Concreto: estruturas, propriedades e


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MELO, K.A., MARTINS, C.M., REPETTE, W.L.,Estudo de compatibilidade entre

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PINI. TCPO 10 - Tabela de Composição de Preços para Orçamentos – Editora PINI, 2000.

WIDMANN, D. F.; OLIVEIRA, A. L.; SOUZA, J.; PRUDÊNCIO JR, L. R.; BIANCHI.NI,
M. Avaliação do desempenho de aditivos redutos de água para uso de centrais de concreto:
estudo de caso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CONCRETO, 49.,
BENTOGONÇALVES. Anais... São Paulo: IBRACON, 2007.

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ANEXOS

Anexo 1 – Determinação da Composição Granulométrica da areia

  Média total das massas = 418,865


Abertura da Retida Acumulada
Retida (g) Retida (%)
peneira (%)
9,5mm 0 0 0
6,3mm 0 0 0
4,75mm 0,085 0,020303841 0,020303841
2,36mm 8,975 2,143846742 2,164150583
1,18mm 27,51 6,571278425 8,735429008
600µm 53,855 12,86427479 21,5997038
300µm 166,795 39,84210778 61,44181158
150µm 127,165 30,37574049 91,81755207
FUNDO 34,255 8,182447927 100
TOTAL 418,64 100  
Dimensão Máxima (mm) 2,36
Módulo de finura (g) 1,857789509

Anexo 2 - Ensaio de Kantro (Teor ótimo do aditivo lignosulfonato)

Teste Aditivo (%) Diâmetro (cm²) Área de espalhamento (cm²)


1 0 8,5 56,71625
2 0,3 13,8 149,4954
3 0,6 18,1 257,17385
5 0,9 22 379,94
6 1,2 24 452,16
7 1,5 25,2 498,5064

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