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História e Literatura Virginia
História e Literatura Virginia
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RESUMO
Pode-se constatar que a utilização da literatura como material de
inquirição, que pareceu ilegítima ou desqualificada aos historiadores
de ofício durante grande parte do século XX, disseminou-se como prática
a partir dos anos 1970, quando ocorreram movimentos de aproximação
que, a nosso ver, indicam modos diferenciados de operação com o texto
literário. Modos que, por sua vez, são decorrentes de formas também
distintas de conceber e lidar com as noções de autor, discurso, (con)texto
e, sobretudo, com o literário e o político. Procurando compreender
afastamentos e aproximações e consultando parte das pesquisas que,
no Brasil, têm a literatura como fonte, consideramos neste ensaio a
possibilidade de explorar pelo menos dois modos contrapostos: um, em
que o literário é tomado como substrato de inquirição pelo historiador,
tendo em vista a reconstituição do que é identificado pelo nome de
História, como algo que o antecede em existência; outro, em que é
tomado como substrato para o escrutínio de percepções, representações,
figurações, por meio das quais se buscam os movimentos de instituição de
imaginários e da própria temporalidade enquanto tal. Nesta aproximação
do tema, pretendemos detectar alguns dos elementos que compõem essas
diferentes formas, sem a intenção de rotular e determinar filiações.
Palavras-chave: história; literatura; fontes literárias.
* Bacharel e licenciada em História pela Universidade Estadual de Campinas. Mestre em História
Social do Trabalho e Doutora em História pela mesma Universidade. Professora do Curso de História da
Universidade Metodista de Piracicaba.
** Professora Assistente Doutora junto ao Departamento de História da FHDSS - UNESP-
Franca. Integra o Núcleo História e Linguagens Políticas: razão, sentimentos e sensibilidades - Grupo de
Pesquisa Cadastrado no CNPq.
História: Questões & Debates, Curitiba, n. 50, p. 15-49, jan./jun. 2009. Editora UFPR
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ABSTRACT
The use of literature as research material, which was considered
illegitimate or disqualified by historians for most of the 20th century,
has been a widespread practice since the 1970s, when approximation
movements took place, pointing, in our point of view, to different
ways of working with the literary text. In turn, these ways originate
from distinct forms of understanding and dealing with the concepts
of authorship, discourse, (con)text, and, above all, literature and
politics. In an attempt to understand divergences and convergences,
and consulting part of the research in Brazil which have literature as
source, in this essay, we consider the possibility of exploring at least
two counterpoised perspectives: one, in which the literary is taken as a
substratum of inquiry by the historian, considering the reconstitution of
what is identified as History as something that antecedes in existence; the
other, in which it is taken as a substratum for the scrutiny of perceptions,
representations, figurations, by means of which we investigate how
the imaginary and the temporal are instituted as such. In this approach
to the theme, we attempted to detect some elements that compose
these different perspectives with no intention of establishing labels or
determining filiations.
Key-words: history; literature; literary sources.
1 Romance de 1926, escrito para o rodapé de A Manhã. O excerto remete para diálogo
desenvolvido por dois personagens de O presidente negro: o cientista Professor Benson, que havia
inventado formas de alcançar o conhecimento do passado e do futuro, e Ayrton, homem comum que, ao
acaso, entrou em contato com o primeiro. A fala é do homem de ciência. Citamos a sequência: “[Airton]
— E os documentos da época? Insisti. // [Benson] — Estilização parcial feita pelos interessados, apenas.
Do presente, meu caro, e do passado, só podemos ter vagas sensações. Há uma obra de Stendhal, La
Chartreuse de Parme, cujo primeiro capítulo é deveras interessante. Trata da batalha de Waterloo, vista
por um soldado que nela tomou parte. O pobre homem andou pelos campos aos trambolhões, sem ver o
que fazia nem compreender coisa nenhuma, arrastado às cegas pelo instinto de conservação. Só mais tarde
veio a saber que tomara parte na batalha que recebeu o nome de Waterloo e que os historiógrafos pintam de
maneira tão sugestiva. Os pobres seres que inconscientemente nela funcionaram como atores, confinados
a um campo visual muito restrito, nada viram, nem nada podiam prever da tela heroica que os cenógrafos
de história iriam compor sobre o tema. Eis o presente...”. LOBATO, Monteiro. O presidente negro ou O
choque das raças (romance americano do ano 2228). In: A onda verde e O presidente negro. 4. ed. São
Paulo: Brasiliense, 1951. p. 123-330; citação p. 167.
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2 VALÉRY, Paul. De l’histoire. In: Regards sur le monde actuel et autres essais. Paris: Gallimard,
1945. p. 39. Tradução de Jacy Seixas.
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20 CAMILOTTI, V.; NAXARA, M. R. C. História e literatura: fontes literárias...
plo, pode ajudar a perceber como o próprio fazer história, e aquilo que
comportava ou podia comportar de literário, não se encontrava ao longo do
século XIX apaziguado ou resolvido, como aparece na fórmula que White
nos oferece. E, da mesma forma, nada tão claramente demarcado em termos
de divisão de trabalho entre romancistas (em especial o romance histórico)
e historiadores ou entre literatura e história e seus respectivos objetos de
interesse, como quer fazer crer Burke.
Não esqueçamos que, tanto a história como a literatura, emergiram
como campos disciplinares no sentido aqui utilizado, no limiar mesmo da
modernidade. Como ruptura aos saberes anteriormente constituídos7 e, no
caso da literatura, ruptura “em relação a um saber consolidado a partir de
regras previstas nos tratados de retórica” e a partir de “uma inquietante
pergunta sobre a sua instável e insustentável existência nos limites de um
saber tradicional associado aos gêneros e às artes poéticas”8. Ambas em meio
a tantas outras disciplinas que respondiam às ambições de conhecimento
do mundo pelos homens, em momento que confere peso inédito para a
historicidade dos acontecimentos naturais e humanos9, lembrando as
diferentes vertentes do historicismo10.
História e literatura modernas que, desde o seu início com-
partilharam o interesse pelo humano – o homem, alçado à condição de
objeto de conhecimento11. Compartilhamento enriquecedor e complexo,
como procuraremos verificar, de forma bastante modesta, tomando em
consideração O Povo [1846], de Michelet, e alguns de seus comentadores.
A configuração de apartamento entre história e literatura – que se consolida
nas últimas décadas do século XIX – tem também, uma, ou melhor, várias
histórias.
7 FOUCAULT. Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas (1966).
Trad. Salma Tannus Muchail. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 234-5.
8 ARAÚJO, Joana L. Muylaert de. A literatura como simulacro: uma questão ainda sensível? In:
SEIXAS, Jacy; CERASOLI, Josianne. UFU, ano 30 – tropeçando universos (artes, humanidades, ciências).
Uberlândia: Edufu, 2008. p. 109-127; citação p. 9.
9 Cf. LEPENIES, Wolf. As três culturas (1985). Trad. Maria Clara Cescato. São Paulo: Edusp,
1996.
10 WEHLING, Arno. A invenção da história: estudos sobre historicismo. 2. ed. Rio de Janeiro:
Ed.Gama Filho, 2001.
11 FOUCAULT. Michel. As palavras e as coisas (1966), 1992. Op. cit. Em especial Cap. X
– As ciências humanas.
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12 SCHREINER, Michelle. Jules Michelet e a história que ressuscita e dá vida aos homens:
uma leitura da emergência do “povo” no cenário historiográfico francês da primeira metade do século XIX.
Tese (Doutorado) - IFCH-Unicamp, 2005. Em especial. p. 116 e 278.
13 A propósito desta questão ver também WILLIAMS, John R. Jules Michelet: historian as critic
of french literature. Alabama: Summa Publications, 1987; VIALLANEIX, Paul. Prefácio. In: MICHELET,
Jules. O povo (1846). Trad. Gilson César Cardoso de Souza. Prefácio e notas de Paul Viallaneix. São Paulo:
Martins Fontes, 1988, p. VII-XLII; RANCIÈRE, Jacques. O relato fundador. In: Os nomes da história: um
ensaio de poética do saber (1992). Trad. Eduardo Guimarães e Eni Puccinelli Orlandi. São Paulo: EDUC/
Pontes, 1994, p. 51-68; RANCIÈRE, Jacques. As palavras da história. In: Políticas da escrita. Trad. Raquel
Ramalhete et al. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995, p. 205-226.
14 VIALLANEIX, Paul. Prefácio. 1988, Op. cit., p. XXVIII; SCHREINER, Michelle. Jules
Michelet..., 2005. Op. cit., p. 104.
15 SCHREINER, Michelle. Jules Michelet... 2005. Op. cit., p. 23, 34 e 104.
16 MICHELET, Jules. O povo (1846). 1988. Op. cit., p. 119.
17 Ibid., p. 8.
18 A propósito, ver LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e melancolia. O romantismo na
contramão da modernidade (1992). Trad. Guilherme João de Freitas Teixeira. Petrópolis: Vozes, 1995.
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22 CAMILOTTI, V.; NAXARA, M. R. C. História e literatura: fontes literárias...
19 Cf. GAGNEBIN, Jeanne-Marie. O início da história e as lágrimas de Tucídides. In: Sete aulas
sobre linguagem, memória e história. Rio de Janeiro: Imago, 1997, p. 15-37, em especial p. 16. No Prefácio
[O velho Heródoto] a O espelho de Heródoto, François Hartog retoma e explicita o debate especializado
sobre os sentidos, usos e vínculos dos dois termos. HARTOG, François. O espelho de Heródoto. Ensaio
sobre a representação do outro (1980). Trad. Jacyntho Lins Brandão. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999,
em especial p. 21-22.
20 Para a temática podemos indicar, entre outros, BRESCIANI, Stella. O poder da imaginação:
do foro íntimo aos costumes políticos. Germaine de Staël e as ficções literárias. In: SEIXAS, Jacy A.;
BRESCIANI, Maria Stella; BREPOHL, Marion (Orgs.) Razão e paixão na política. Brasília: Ed. UnB,
2002, p. 31-46. NAXARA, Márcia R. C. Cientificismo e sensibilidade romântica: em busca de um sentido
explicativo para o Brasil no século XIX. Brasília: Ed. UnB, 2004. Sobre o sentimento do sublime, em
especial, BURKE, Edmund. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas idéias do sublime e do
belo (1757). Trad., apresentação e notas de Enid Abreu Dobránszky. Campinas: Papirus; Ed. Unicamp,
1993; KANT, Emmanuel. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças
mentais (1766). Trad. Vinicius de Figueiredo. Campinas: Papirus, 1993.
21 HARTOG, François. O espelho de Heródoto (1980). 1999. Op. cit., p. 28
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30 LE GOFF, Jacques. (1978) (Dir.). A história nova. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo:
Martins Fontes, 1990. p. 25-64.
31 WHITE, Hayden. O texto histórico como artefato literário. In: Trópicos do discurso:
Ensaios sobre a crítica da cultura (1978). Trad. Alípio Correia de França Neto. São Paulo: Edusp, 1994,
p. 97-116.
32 LACAPRA, Dominick. História e Romance (1985). Trad. Nelson Schapochnik. Revista de
História, IFCH-Unicamp, n. 2-3, p. 107-124, 1991.
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26 CAMILOTTI, V.; NAXARA, M. R. C. História e literatura: fontes literárias...
33 BOSI, Alfredo. Debatedores: Alfredo Bosi e José Carlos Sebe Bom Meihy. In: CHIAPPINI,
Ligia; AGUIAR, Flávio Wolf de (Orgs.). Literatura e história na América Latina – seminário internacional,
9 a 13 de setembro de 1991. São Paulo: Edusp, 1993, p. 135-141; citação p. 138-139.
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30 CAMILOTTI, V.; NAXARA, M. R. C. História e literatura: fontes literárias...
38 Cf. BARTHES, Roland. A morte do autor (1968), 1988. Op. cit., p. 69.
39 CHALHOUB, Sidney; PEREIRA, Leonardo A. de Miranda. Apresentação. 1998. Op. cit., p.7.
40 Ibid., p.7.
41 A propósito da noção de gênio tal como compreendida pelo movimento Sturm und Drang e
pelos românticos, ver VOLOBUEF, Karin. Frestas e arestas: a prosa de ficção do romantismo na Alemanha
e no Brasil. São Paulo: Ed.Unesp, 1999, em especial, p.30.
42 Cf. a propósito desta questão: FRIEDRICH, Hugo. A estrutura da lírica moderna – da
metade do século XIX a meados do século XX (1956). Trad. Ana Maria Ribeiro et al. São Paulo: Duas
Cidades, 1991.
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43 BARTHES, Roland (1968), 1988. Op. cit., p. 65. Ainda para clarear o problema da
simbolização e o afastamento do referente aí implicado, vale a pena observar o que Edmund Wilson
indica a propósito do simbolismo: “Os pressupostos em que se baseia o Simbolismo levam-nos a formular
doutrina como a seguinte: Toda percepção ou sensação que tenhamos, a cada momento de consciência, é
diferente de todas as outras; por conseguinte, torna-se impossível comunicar nossas sensações, conforme as
experimentamos efetivamente, por meio da linguagem convencional e universal da literatura comum. Cada
poeta tem uma personalidade única; cada um de seus momentos possui seu tom especial, sua combinação
especial de elementos. E é tarefa do poeta descobrir, inventar, a linguagem especial que seja a única capaz
de exprimir-lhe a personalidade e as percepções. Essa linguagem deve lançar mão de símbolos: o que é tão
especial, tão fugidio e tão vago, não pode ser expresso por exposição ou descrição direta, mas somente através
de uma sucessão de palavras, de imagens, que servirão para sugeri-lo ao leitor. Os próprios simbolistas,
empolgados com a idéia de produzir, com a poesia, efeitos semelhantes aos da música, tendiam a considerar
tais imagens como que dotadas de um valor abstrato, como o de notas e acordes musicais. Mas as palavras
de nossa fala não são notação musical; na verdade, os símbolos do Simbolismo eram metáforas separadas
de seu substrato, pois além de certo ponto, não se pode em poesia, desfrutar meramente o som e a cor por
si mesmo: tem-se de presumir aquilo a que as imagens estejam sendo aplicadas. E o simbolismo pode ser
definido como uma tentativa, através de meios cuidadosamente estudados – uma complicada associação
de ideias, representada por uma miscelânea de metáforas – de comunicar percepções únicas e pessoais.”
WILSON, Edmund. O castelo de Axel – estudo sobre a literatura imaginativa de 1870 a 1930 (1931). Trad.
José Paulo Paes. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1993, p. 22.
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46 ZILBERMAN, Regina. Minha teoria das edições humanas. Memórias póstumas de Brás
Cubas e a poética de Machado de Assis. In: ZILBERMAN, Regina et al. As pedras e o arco. 2004. Op.
cit., p. 17-117.
47 ALBERTI, Verena. Literatura e autobiografia: a questão do sujeito na narrativa. Estudos
Históricos, Rio de Janeiro, v.4, n.7, p. 66-81; 1991, citação p. 66.
48 BARTHES, Roland. A morte do autor (1964), 1988. Op. cit., p. 68.
49 Cf. RODRIGUES, João Paulo C. de Souza. A geração boêmia: vida literária em romances,
memórias e biografias. p. 233-263; FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. Letras insulares: leituras e formas da
história no modernismo brasileiro. p. 301-331; PALAMARTCHUK, Ana Paula. Jorge Amado: um escritor
de putas e vagabundos? p. 333-359. Os três textos in: CHALHOUB, Sidney; PEREIRA, Leonardo A. de
Miranda (Orgs.). 1998. Op. cit.
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história experimentada pelos homens sem letras, por outro lado indicia-
se procedimentos de resgate e recuperação (supostamente a contrapelo
das verdades instituídas por dada historiografia de ofício ou história da
literatura), de histórias que literatos tramaram sobre o particular ou o
local, identificando-o com uma região, a nação, um grupo étnico ou classe
social:
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60 Conferir a propósito desta questão: FISCHER, Luís Augusto. Para uma descrição da literatura
brasileira no século XX. In: VÉSCIO, Luiz Eugênio; SANTOS. Pedro Brum (Orgs.). História e literatura:
perspectivas e convergências. Bauru: EDUSC, 1999, p. 97-142, especialmente p. 114; e os escritos do
próprio Antonio Candido: Formação da literatura brasileira: momentos decisivos (1836-1880). (1959).
6. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981, v. 2, p. 114-115, 220 e 368-369; Esquema de Machado de Assis. In:
Vários escritos (1970). 2. ed. São Paulo: Duas Cidades, 1977, p. 13-32.
61 GUIMARÃES, Hélio de Seixas. 2007. Op. cit., p. 2.
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Sabemos, por outro lado, como a partir dos anos 1970 a crítica
literária no Brasil, segundo Benedito Nunes e José Guilherme Merquior,
tomou outras formas que não aquela em que a nação se faz critério de
validação da cultura e da reflexão:
62 CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis: historiador. São Paulo: Companhia das Letras,
2003, p. 12, 13 e 17.
63 FISCHER, Luís Augusto. Para uma descrição da literatura brasileira no século XX. 1999.
Op. cit., p. 97-142; citação p. 102.
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68 A propósito ver RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento (2000). 2007. Op.
cit., em especial a parte II – História/Epistemologia.
69 GINZBURG, Carlo. A áspera verdade (2006). 2007. Op. cit., p. 170-171. O autor afirma
que essa interpretação corrente, que “teria horrorizado Auerbach”, contribuiu para a “fama duradoura [de
Mimesis] nas universidades americanas”.
70 GAY, Peter. O estilo na História. Gibbon, Ranke, Macaulay, Burckhardt (1974). Trad. Denise
Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 167.
71 ALBUQUERQUE Jr., Durval Muniz de. Introdução. 2007. Op. cit., p. 19-39. Para as
citações, p. 25-26.
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42 CAMILOTTI, V.; NAXARA, M. R. C. História e literatura: fontes literárias...
72 ROUDINESCO, Elisabeth. A análise e o arquivo (2001). Trad. André Telles. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2006. p. 9.
73 BRESCIANI, Stella. Literatura e cidade. In: CARDOSO, Selma Passos; PINHEIRO, Eloísa
Petti; CORRÊA, Elyane Lins (Orgs.). Arte e cidades. Imagens, discursos e representações. Salvador: Ed.
UFBA, 2008, p. 9-40; citações p. 30.
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74 Ibid., p. 34.
75 “Na escritura múltipla, com efeito, tudo está para ser deslindado, mas nada para ser decifrado
[...]”. BARTHES, Roland. A morte do autor (1968), 1988. Op. cit., p. 69.
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44 CAMILOTTI, V.; NAXARA, M. R. C. História e literatura: fontes literárias...
76 Ibid., p. 68-69.
77 GAY, Peter. O estilo na História (1974). 1990. Op. cit., p. 167.
78 Ibid., p. 177.
79 GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. Prefácio. In: ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz
de. História: a arte de inventar o passado. 2007. Op. cit., p. 15-18; citação p. 17.
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80 TRONCA, Ítalo. História, razão e loucura: A terceira margem... In: NAXARA, Márcia;
MARSON, Izabel; BREPOHL, Marion (Orgs.). Figurações do outro. Uberlândia: Edufu, 2008.
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