Você está na página 1de 24

00

Nº 47 – 20 de dezembro de 2019

Sumário
Vale afasta condenação por morte de técnico a caminho do novo emprego.......................................................................................................................................1
Gestão eficiente da saúde e segurança do trabalho gera economia ............................................................................................................................................................2
Terceirização no setor público: cabe ao contratante comprovar fiscalização do contrato.........................................................................................................4
Negado adicional de periculosidade a operador que passava poucas vezes em frente a bomba de combustíveis..........................................5
Lei 13.932/2019: extinta a multa adicional de 10% do FGTS a partir de janeiro de 2020.....................................................................................................6
'Vamos acabar não distinguindo mais segunda de domingo', diz Maria Cristina Peduzzi...........................................................................................................7
Governo quer excluir afastamento do cálculo das aposentadorias do INSS......................................................................................................................................13
Microempresa do ES é condenada por pagar salários abaixo do mínimo..............................................................................................................................................16
Montadora não é responsável por dívida trabalhista de fabricante de matéria-prima .............................................................................................................17
Inspetor não receberá indenização por dano existencial por excesso de horas extras...........................................................................................................17
Empresa consegue dispensa do recolhimento do adicional de 10% sobre FGTS.........................................................................................................................19
Norma coletiva que estabelece hora noturna de 60 minutos é válida....................................................................................................................................................20
Morte do empregado não acarreta extinção de ação rescisória....................................................................................................................................................................21
Operador de equipamentos receberá indenizações cumulativas por danos morais e estéticos.....................................................................................22
Caldeireiro incapacitado por três doenças relativas ao trabalho tem indenização majorada..............................................................................................22
Alteração na NR 16 confirma: tanques de combustível de caminhões excluídos dos limites das operações de transporte de
inflamáveis .....................................................................................................................................................................................................................................................................................................23
Pedido de demissão de trabalhadora com deficiência intelectual é anulado ....................................................................................................................................24

Vale afasta condenação por morte de técnico a caminho do novo emprego


(fonte: TST)

Ele dirigia seu próprio carro e ia de casa para o trabalho.

A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho entendeu que não foi demonstrada a culpa da Vale S.A.

GERÊNCIA TÉCNICA E DE SUPORTE AOS CONSELHOS TEMÁTICOS – GETEC


Conselho de Relações do Trabalho – CONTRAB
Fone: (51) 3347–8632
E-mail: contrab@fiergs.org.br
na colisão de um automóvel que resultou na morte de um empregado quando estava a caminho da empresa
para assumir o novo emprego. Desse modo, isentou a empresa do pagamento de indenizações por danos
morais e materiais decorrentes do acidente.

Carro próprio

O empregado havia sido contratado como analista de qualidade na região do Triângulo Mineiro e se
deslocava, em carro próprio, de Araguari (onde morava) até Belo Horizonte, onde iria iniciar a prestação de
serviços à empresa. Na zona rural de Araújos (MG), o veículo colidiu frontalmente com uma camioneta, e ele
morreu por politraumatismo.

Indenização

Na reclamação trabalhista, ajuizada na 1ª Vara do Trabalho de Araguari, a viúva do empregado pediu a


condenação da Vale e da Ferrovia Centro Atlântica S. A. ao pagamento da indenização.
As empresas foram condenadas a pagar indenizações por danos morais (R$ 500 mil), materiais (R$ 150 mil)
e securitária (R$ 176 mil), além de auxílio-funeral. O Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG)
manteve a condenação, mas reduziu o valor arbitrado a título de indenização por danos morais para R$ 100
mil.

Fatalidade

No exame do recurso de revista, o relator, ministro Cláudio Brandão, explicou que o acidente ocorrido
durante o deslocamento do empregado para o exercício de suas atividades profissionais ou para assumir o
novo cargo, em regra, é considerado acidente de trabalho e atrai a responsabilidade do empregador em
caso de culpa (responsabilidade subjetiva). “No caso, porém, o quadro fático registrado na decisão do TRT
revela a ocorrência de uma lamentável fatalidade, mas não evidencia a culpa da empresa”, assinalou.

Para o relator, não se discute a responsabilidade do empregador de garantir a segurança e a integridade


dos empregados, mas essa exigência deve se restringir aos limites do que está ao seu alcance, como
providências relacionadas a local de trabalho, equipamentos, normas de repouso e meio ambiente saudável
e seguro, de forma geral. “Não é possível afirmar que a ocorrência de uma fatalidade, como a relatada no
caso, seja suficiente para concluir que o empregador falhou no seu dever”, concluiu.

A decisão foi unânime.

Processo: RR-521-38.2013.5.03.0047.

Gestão eficiente da saúde e segurança do trabalho gera economia


(fonte: Revista Cipa)

Dados mais recentes do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho (OSST), órgão ligado ao
Ministério Público do Trabalho, mostram que no ano passado voltou a crescer número de acidentes de
trabalho sem óbitos notificados no município de São Paulo, ficando em 54.528. Os números indicam uma
reversão da tendência de queda que vinha sendo observada desde 2009, quando foram registrados
67.481 incidentes.

Diante dos dados, especialistas do Seconci-SP (Serviço Social da Construção) chamam a atenção das
companhias para a importância da adoção das técnicas de prevenção em todos os estágios das obras.

O engenheiro de Segurança do Trabalho da entidade, Ricardo Marcon, comenta a lei que regulamentou as
profissões de Técnico e Engenheiro de Segurança há 31 anos, com muitas conquistas a serem celebradas.
“Neste período, a atuação destes especialistas foi fundamental para mitigar os acidentes, principalmente
nos canteiros de obras, e ampliar os programas de promoção da segurança dos trabalhadores”, explica.

Pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Armênio Crestana (Iepac), do
Seconci-SP, corroboram a afirmação do engenheiro quanto à ampliação dos cuidados com a saúde dos
trabalhadores construção civil. Segundo o estudo, que analisou mais de 65,3 mil consultas médicas não
ocupacionais realizadas na Unidade Central do Seconci-SP, houve uma queda no número de atestados
médicos de afastamento, ficando em 9,8% em 2018, contra 12,8%, do levantamento anterior.

Wahyne Rodrigues de Lima, também engenheiro de Segurança do Trabalho no Seconci-SP, ressalta que
hoje os empresários e os trabalhadores estão mais conscientes quanto à importância da prevenção. “As
empresas já perceberam que aplicar recursos para evitar acidentes no ambiente laboral é um investimento
e não um gasto, pois o impacto financeiro resultante de um incidente é muito maior do que a quantia
destinada à prevenção”, compara. “Já os funcionários entendem que as iniciativas visam exclusivamente
preservar as suas vidas e evitar acidentes”.

O engenheiro Marcon complementa que, além do fator financeiro, existe ainda a questão do impacto
emocional que poderá atingir os demais funcionários de uma determinada empresa em um ambiente que
presencia um acidente de trabalho. Segundo o especialista, isso sem dúvida impactará na produtividade.
Além disso, existe a questão social com a perda de um trabalhador em plena idade produtiva, e o impacto
afetivo em seus familiares.

Gestão de riscos

Os especialistas ressaltam que para uma prevenção eficiente, principalmente na área de construção civil, é
fundamental que a gestão dos riscos seja realizada desde a fase de projeto, pois assim é possível
implementar sistemas eficazes que evitam o gasto com ajustes posteriores na obra, e prevenir prováveis
punições dos agentes fiscalizadores.

“Nem todas as empresas conseguem dispor da equipe necessária para realizar esta prevenção e, neste
ponto, o Seconci-SP também consegue apoiá-las. Isso porque a entidade possui um setor de Saúde e
Segurança do Trabalho estruturado, com médicos, engenheiros e técnicos, prontos para apoiar as
companhias, em todo o Estado de São Paulo, na elaboração de laudos, planos de gerenciamento de riscos,
atendimentos às Normas Regulamentadoras etc.”, pontua Lima.
Já Marcon destaca a existência atualmente de 35 Normas Regulamentadoras (NRs) vigentes que definem
procedimentos que devem, obrigatoriamente, ser aplicados para proteção da saúde e segurança dos
profissionais. Em muitos casos, a correta verificação do cumprimento da NR exige a utilização de aparelhos
específicos, que possuem valor elevado, seja para medir a emissão de ruídos ou vibrações, por exemplo.

Terceirização no setor público: cabe ao contratante comprovar fiscalização do


contrato
(fonte: TST)

Para o TST, o tomador de serviços tem melhores condições de produzir as provas.

A Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho decidiu, nesta
quinta-feira (12), que, nos casos em que o prestador de serviços não cumpre suas obrigações trabalhistas,
cabe ao órgão público tomador dos serviços demonstrar que fiscalizou de forma adequada o contrato, para
que não seja responsabilizado. O fundamento da decisão é o chamado princípio da aptidão para a prova,
que vincula o ônus a quem possui mais e melhores condições de produzi-la. “Certamente não é o
trabalhador, que sequer consegue ter acesso à documentação relativa à regularização das obrigações
decorrentes do contrato”, assinalou o relator, ministro Cláudio Brandão.

O caso julgado envolve uma empregada da Contrate Gestão Empresarial Ltda., de Lauro de Freitas (BA),
contratada para prestar serviços ao Estado da Bahia. O juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional do
Trabalho da 5ª Região (BA) entenderam que o estado era responsável subsidiariamente pelas parcelas
devidas à empregada prestadora de serviços, relativas à aplicação de normas coletivas.

Prova

No entanto, a Terceira Turma do TST, ao julgar recurso de revista, afastou a responsabilidade da


administração pública, com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a matéria. No
julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 760931, em 2017, o STF fixou a tese de repercussão geral (de
observância obrigatória nos processos que tratem do mesmo tema) de que o inadimplemento das
obrigações trabalhistas em favor dos empregados da empresa prestadora de serviço não transfere
automaticamente ao poder público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, “seja em caráter
solidário ou subsidiário”. No caso, a Turma concluiu que, de acordo com a tese do STF, não havia nenhuma
prova que permitisse concluir que houve culpa do Estado da Bahia na fiscalização.

Nos embargos à SDI-1, a defesa da reclamante argumentou que é da administração pública tomadora dos
serviços o ônus de provar a efetiva fiscalização do contrato e das medidas adotadas a fim de evitar dano ao
trabalhador.

Fiscalização
O relator, ministro Cláudio Brandão, assinalou que, desde a fixação da tese pelo STF, o TST passou a adotar
o entendimento seguido pela Terceira Turma de que a ausência de provas isentaria o tomador de serviço
da responsabilidade pelas obrigações oriundas do contrato de trabalho. No entanto, a seu ver, o STF não
fixou balizas a respeito das regras de distribuição do ônus da prova, ficando a definição a cargo do TST.

Segundo o ministro, a mesma lei (Lei 8.666/1993) que estabelece a ausência de responsabilização
automática da administração pública pela falta de cumprimento da obrigação atribui ao tomador de serviço
a prerrogativa da fiscalização do contrato (artigo 58, inciso III) e estabelece que é dele o dever de
fiscalização, a ser executada por pessoa especialmente designada (artigo 66). A lei ainda prevê como causa
de extinção do contrato o desatendimento das determinações da autoridade designada para fiscalizá-lo
(artigo 78, inciso VII) e autoriza a retenção de parcelas resultantes de convênio se não forem observadas
as recomendações da fiscalização.

“No caso, o Tribunal Regional consignou que os documentos juntados aos autos pelo estado são
insuficientes para provar que houve diligência no cumprimento do dever de fiscalização relativamente ao
cumprimento das obrigações trabalhistas da empresa terceirizada. Ou seja, não se desincumbiu do ônus
que lhe cabia”, concluiu.

O voto do relator foi seguido pelos ministros Maria Cristina Peduzzi, Renato de Lacerda Paiva, Lelio Bentes
Corrêa, Vieira de Mello Filho, Aloysio Corrêa da Veiga, Márcio Amaro, Walmir Oliveira da Costa, Augusto
César, José Roberto Pimenta e Hugo Scheuermann. Ficaram vencidos os ministros Brito Pereira, Breno
Medeiros e Alexandre Ramos.

Processo: E-RR-925-07.2016.5.05.0281.

Negado adicional de periculosidade a operador que passava poucas vezes em frente


à bomba de combustíveis
(fonte: TRT4)

A 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) negou adicional de periculosidade a um


operador de máquina de bombear concreto, empregado de uma empresa do ramo. A decisão manteve, no
aspecto, sentença da juíza Neusa Libera Lodi, da 2ª Vara do Trabalho de Sapucaia do Sul.

O trabalhador alegou que ao chegar e ir embora da empresa, bem como ao entrar e sair com o caminhão-
lança, cruzava área de risco acentuado, onde ficava localizada uma bomba de combustíveis.

Os desembargadores citaram a Súmula nº 364 do Tribunal Superior do Trabalho. O dispositivo prevê que
apenas a exposição permanente ou intermitente do trabalhador a condições perigosas dá direito ao
adicional de periculosidade, sendo indevida a sua concessão quando o contato com o agente perigoso dá-se
de forma eventual ou, ainda, habitual, mas por tempo extremamente reduzido, como o caso em questão.

Em seu depoimento, o autor afirmou que realizava por volta de cinco entregas de concreto por dia e que
quem entra e sai do estabelecimento fica, independentemente do tempo, exposto a risco acentuado de
explosão. Disse, ainda, que o fato de permanecer durante minutos por dia na área configura trabalho em
situação de risco iminente e imprevisível, já que não há como saber o momento em que haverá um
acidente.

A juíza Neusa destacou que o reclamante não trabalhava no local em que estava presente o risco, mas
apenas passava diariamente e por poucos segundos. “Inviável concluir pela exposição ao risco de forma
sequer intermitente”, concluiu. O autor recorreu ao TRT-RS e os desembargadores da 5ª Turma mantiveram
a sentença.

A relatora do acórdão, desembargadora Angela Rosi Almeida Chapper, destacou que o tempo máximo de
exposição diário, considerando sua chegada e saída na empresa, não superaria 2 minutos. “Com efeito, a
circunstância de o reclamante passar pelo local no período equivalente a 0,2% da sua jornada diária, ou
seja, 1 minuto, caracteriza a hipótese da última parte do entendimento contido na Súmula 364 do TST”,
disse. “Assim, mostra-se correta a sentença ao indeferir o pedido de pagamento de adicional de
periculosidade”, concluiu.

A decisão da Turma foi unânime. Também participaram do julgamento os desembargadores Manuel Cid
Jardon e Cláudio Antônio Cassou Barbosa.

Lei 13.932/2019: extinta a multa adicional de 10% do FGTS a partir de janeiro de


2020
(fonte: CNI)

Publicada no último dia 12 de dezembro, a Lei 13.932/2019 que extingue, a partir de janeiro de 2020, a
contribuição social de 10% sobre o saldo do FGTS, também chamada de multa adicional de 10%.

Oriunda da conversão em lei da Medida Provisória (MP) 889/2019, a Lei 13.932/2019 institui o saque
aniversário das contas do FGTS, e entre outras medidas, extingue a multa adicional de 10% a partir de 1º
de janeiro de 2020, conforme disposto em seu artigo 12:

Art. 12. A partir de 1º de janeiro de 2020, fica extinta a contribuição social


instituída por meio do art. 1º da Lei Complementar nº 110, de 29 de junho de
2001.

Dessa forma, a contribuição adicional de 10% devida pelo empregador em caso de demissão somente será
devida nas demissões de empregados, sem justa causa, ocorridas até 31 de dezembro de 2019. Depois
dessa data, deixa de ser exigida.

O texto integral da Lei 13.932/2019 pode ser acessado aqui.


'Vamos acabar não distinguindo mais segunda de domingo', diz Maria Cristina
Peduzzi
(fonte: Folha de São Paulo)

Primeira mulher eleita para presidir o TST (Tribunal Superior do Trabalho), a ministra Maria Cristina Peduzzi
se diz honrada. O feito, segundo ela, é importante para “materializar a igualdade formal prevista na lei”.

Escolhida na segunda (9) por seus pares —22 homens e 4 mulheres—, assumirá o posto em 19 de fevereiro
de 2020, para um mandato de dois anos.

À Folha Peduzzi afirma que os movimentos feministas foram importantes para romper barreiras, reconhece
a existência de assédio, mas diz que não foi vítima de machismo.

Segundo ela, o mundo do trabalho mudou. “No mundo todo o comércio abre aos domingos. Vamos acabar
qualquer dia desses não distinguindo mais segunda de domingo”, afirma.

A ministra assumirá o cargo passados pouco mais de dois anos da reforma trabalhista de Michel Temer
(MDB). “Eu penso que, se a lei foi editada, o juiz tem o dever de aplicá-la.”

Quando estiver à frente da Justiça do Trabalho, uma nova reforma entrará em discussão. O governo
pretende revisar as leis trabalhistas.

Para ela, mudanças são necessárias. “[A CLT, Consolidação das Leis do Trabalho] Precisa de muita
atualização. A considerar a revolução tecnológica, a reforma foi tímida.”

Tribunais superiores já foram presididos por mulheres. Qual a importância de pela primeira vez uma mulher
chegar a esse posto no TST?

Por uma circunstância cronológica, o TST ainda não teve uma mulher presidente, enquanto o Supremo
Tribunal Federal já teve duas excepcionais presidentes [Ellen Gracie e Cármen Lúcia], e o Superior Tribunal
de Justiça já teve a ministra Laurita [Vaz].

Sinto-me honrada por ser pioneira. O principal é a mulher poder mostrar a todos que é capaz de exercer seu
ofício, sua arte em absoluta igualdade de condições com os homens. A importância é comprovar a
igualdade, é materializar a igualdade formal prevista na lei.

Quais desafios enfrentam as juízas?

Quando me perguntam se a mulher tem uma maneira diferente de julgar, eu digo: “Eu não tenho”. O
compromisso com a jurisdição, com a celeridade na prestação jurisdicional, com a efetividade da prestação
jurisdicional é comum, não tem gênero.

A mulher tem particularidades que não podem ser negadas, como a maternidade.
Na iniciativa privada, se uma jovem e um jovem comparecem disputando a mesma vaga de trabalho, há uma
tendência em admitir o homem porque temos uma legislação que devidamente protege a condição da
mulher, dando-lhe garantia de emprego até cinco meses após o parto e até seis meses de licença-
maternidade.

Como se corrigiu isso em países que têm prosperidade econômica maior? É estimular a licença-paternidade.

No serviço público, nós não temos nenhum tipo de discriminação no ingresso. No acesso a cargos de
direção, quando não é por antiguidade, isso pode ocorrer, e ainda ocorre, não tenho dúvida.

A sra. já sofreu com o machismo? É feminista?

Fui durante 27 anos advogada, e advoguei intensamente. Estou há 18 anos e meio no TST. Pode ser
decepcionante dizer isso, mas eu não fui discriminada, felizmente.

Sempre privilegiei na minha vida o lado profissional. Sempre fui tratada como igual pelos colegas. Mas não
é comum.

Ouço muitos casos, estudo bastante sobre o tema de assédio moral nas organizações.

Acho até que se banalizou o instituto, mas, tirando alguns exageros, ocorre mesmo.

O assédio moral é uma forma frequente de discriminação da mulher, ou para a admissão, ou para uma
promoção, ou muitas vezes porque se quer induzir ao fim do vínculo de emprego.

Qual sua opinião sobre o feminismo?

Se não fossem os movimentos feministas, nós estaríamos provavelmente hoje bem aquém da igualdade
que nós já conquistamos pelo menos no plano formal.

Esses movimentos foram para romper com barreira, para mostrar ao mundo o papel da mulher. São
fundamentais para nós, hoje, conquistarmos posições na sociedade e no Judiciário.

Saindo da questão de gênero, como estão juízes, desembargadores e ministros na relação com a reforma
trabalhista?

Penso que, se a lei foi editada, o juiz tem o dever de aplicá-la, exceto se houver declaração de
inconstitucionalidade.

Não posso dizer que há uniformidade, não. Há ainda muita controvérsia a respeito de alguns tópicos porque
não houve tempo de o TST uniformizar divergências.

A minha opinião pessoal é a de que o juiz não pode reclamar, ele pode nos autos declarar uma
inconstitucionalidade incidental.
O STF é o último a dizer sobre a matéria constitucional, que provoca efeito imediato, como no caso da
contribuição sindical, que era obrigatória e a lei da reforma excluiu. O STF imediatamente instado disse: “É
constitucional”. Isso promove segurança jurídica.

Associações de juízes argumentam que a reforma traz precarização. Como a sra. vê essa crítica?

Precarização pode haver, sem dúvida. Só que nós vivemos hoje a Quarta Revolução Industrial. Convivemos
com modos de produção que eram impensáveis à época em que a CLT foi editada.

Hoje nós temos a economia “on demand”. Nós temos o consumidor realizando o trabalho, não é o autônomo
realizando o trabalho que antes só era realizado perante vínculo de emprego.

Você faz movimentos bancários pelo celular, compra sua passagem aérea, faz a reserva do hotel. É outra
realidade.

Amazon e Uber são plataformas que diversificaram o comércio. A legislação deve se adaptar.

Teletrabalho no serviço público hoje é uma realidade. O trabalho intermitente, que é tão impugnado, veio
colocar no mercado de trabalho categorias que antes estavam à margem. O trabalho em tempo parcial não
é uma invenção brasileira.

No principal, se objetivou atualizar a legislação às novas realidades econômicas.

A Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943, consegue com atualizações dar respostas a essas novas
realidades?

Precisa de muita atualização ainda. A considerar a revolução tecnológica, a reforma foi tímida.

Olha os litígios que existem, não só no Brasil, mas no mundo, a propósito da Uber. A legislação que virá
certamente vai disciplinar esses institutos.

Penso que o investimento hoje deve se centrar na capacitação dos empregados, para o exercício das novas
demandas, requalificando-os. A perda de empregos tradicionais será compensada por novas modalidades
de trabalho.

Uma reforma está em estudo pelo governo Jair Bolsonaro.

Está em estudo, e inclusive três ministros do TST integraram o grupo.

Não conheço o conteúdo, nem foi divulgado, mas penso que temos muitos institutos que serão
disciplinados, porque a realidade é muito mais célere do que o direito, e o direito não pode pretender parar
a realidade.

Por isso a importância da legislação e a importância da participação de juízes nessas comissões, porque
todos os segmentos da sociedade devem levar sua contribuição.

É pouco tempo ou é tempo razoável alterar a CLT de novo?

Se é pouco, se é muito, sabe que eu já não sei. O tempo é tão relativo. Dois anos voam. E cada vez a
celeridade é maior. A tecnologia é assustadoramente veloz. Presumo que essa nova proposição deverá
tentar corrigir algumas questões que estão se identificando como inadequadas, vai se aperfeiçoar o que foi
feito.

O governo apresentou a medida provisória do Emprego Verde e Amarelo, com a justificativa de estimular a
geração de empregos para jovens. Há quem a chame de nova reforma trabalhista. A sra. vê uma reforma
trabalhista?

Ela não tem nada a ver com reforma. Ela foi pontual, quis-se estimular a empregabilidade. O máximo do
tempo do contrato é de dois anos, incluindo a prorrogação, e só para empregos novos de jovens, de 18 a 29
anos. E tem um limite que é 20% do total de empregados. Ela não permite substituição, despedir um
empregado para admitir.

Mas nessa MP tem o trabalho aos domingos. Qual sua avaliação?

O que fez foi permitir para todas as categorias, porque não era proibido. E havia, quando não houvesse
compensação, o pagamento em dobro. Hoje realmente o leque abriu, mas ainda há condicionantes. Para o
comércio, o máximo são quatro semanas, tem de cair uma folga no domingo. Na indústria, são sete
semanas.

O mundo mudou mesmo. No mundo todo o comércio abre aos domingos. Vamos acabar qualquer dia desses
não distinguindo mais segunda de domingo. Sei lá, talvez [o trabalhador] pode até preferir.

Estou indo até adiante, porque tem outros fatores, como os religiosos aos domingos, os filhos não têm
escola aos domingos, e isso pode ser fator talvez muito relevante, e o empregado não teria efetivamente
como exigir [o descanso] com a medida provisória.

Concordo que não beneficia o trabalhador. Ela tem uma visão pragmática de não excluir o trabalho aos
domingos porque as atividades todas funcionam aos domingos. É a realidade.

Mas, enfim, vamos testar talvez essa realidade, ver como ela funciona. Eu efetivamente não estudei o caso
em termos de constitucionalidade ou não.
Com a reforma trabalhista de 2017, cai o número de novos processos na primeira instância, diminui o
estoque de ações pendentes nas varas e cresce o estoque de recursos pendentes nos tribunais regionais.
Governo quer excluir afastamento do cálculo das aposentadorias do INSS
(fonte: Folha de São Paulo)

O projeto de lei enviado pelo governo Jair Bolsonaro para mudar a lei de cotas para trabalhadores com
deficiência quer mexer também no valor das aposentadorias de quem ficou afastado da atividade.

A proposta revoga um trecho da Lei de Benefícios da Previdência Social que prevê a inclusão dos valores
recebidos como benefício por incapacidade nos cálculo da média salarial.

O efeito para a aposentadoria dependerá de quanto tempo o trabalhador passou afastado do trabalho.
Quanto maior a duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, maior o efeito sobre o cálculo
da média salarial.

“Os salários de benefícios contam para o cálculo, para a definição dessa média. Se eu ficar dois anos
recebendo R$ 3.000 de auxílio, esses valores e o período entram no cálculo como se fossem os meus
salários”, diz a advogada Carolina Centeno, do Arraes e Centeno.

Como a proposta do governo não mexe no artigo que prevê a inclusão do período de afastamento como
tempo de contribuição, a regra, se aprovada, criará uma situação excepcional na qual os meses ou anos
serão considerados para o cumprimento do requisito, mas os valores, não.

Para Carolina Centeno, a mudança só não afetará o trabalhador que ficar afastado por pouco tempo, como
um ou dois meses. “Mas tem gente que fica muito tempo afastado, que trabalhou dois, três anos e passou
por vários afastamentos”, afirma.
A legislação previdenciária estabelece que o período de afastamento, seja por um auxílio-doença, seja por
uma aposentadoria por invalidez, pode ser contado como tempo de serviço, desde que tenha sido
intercalado com contribuições. É o caso do trabalhador que fica afastado e volta ao trabalho um tempo
depois.

O advogado Roberto de Carvalho Santos, do Ieprev (Instituto de Estudos Previdenciários), diz que o
prejuízo no cálculo dependerá da duração do afastamento, pois pode deixar um buraco de contribuições.
“Cria uma situação na qual a pessoa teria que fazer o recolhimento ao INSS para evitar essa falha na média
salarial”, afirma.

Como é hoje:

Exemplo:

 Trabalhador fica afastado seis meses


 O auxílio-doença é de R$ 2.000
 Essas seis parcelas de R$ 2.000 entrarão no cálculo da aposentadoria como salário
 Se o afastamento for intercalado com trabalho, os seis também valem na contagem do tempo.

O que o governo propõe

 Os seis meses de afastamento, se intercalado com trabalho, valerão na contagem do tempo mínimo
para a aposentadoria;
 As seis parcelas de R$ 2.000, no entanto, não serão consideradas.

Por que isso é ruim

 A nova média salarial não considera todos os salários desde julho de 1994
 Como o valor estará zerado, isso reduzirá o valor final.

Um mecanismo que pudesse restringir o efeito dos afastamentos nas aposentadorias já era estudado
desde janeiro, quando o governo enviou a medida provisória (depois convertida em lei) que renovou o
pente-fino nos benefícios por incapacidade e criou um programa de revisão nas aposentadorias, pensões e
benefícios assistenciais.

Na época, porém, o plano era que o período não valesse na carência, que é o tempo em que efetivamente
são feitas contribuições ao INSS. Essa conceituação não fazia muita diferença para quem se aposentava
por tempo de contribuição, mas, em muitos casos, impedia a concessão do benefício por idade.

Para o INSS, a carência – esse tempo mínimo de recolhimentos efetivamente pagos– é de 15 anos para as
aposentadorias por idade ou por tempo de contribuição. No benefício por idade, esse entendimento importa
porque um período de afastamento muito longo que ficasse fora da contagem representava mais tempo na
ativa.

Incapacidade para o trabalho em números

 Auxílio-doença previdenciário
1.029.514 benefícios pagos em setembro

 Aposentadoria por invalidez


3.452.639 benefícios pagos em setembro

Uma mulher que tenha ficado afastada por dois anos após um período de dez anos de atividade, ao voltar
ao trabalho ainda precisará de cinco anos de contribuição, pois os dois anos não serão contados como
carência.

Na Justiça Federal, o INSS perde. Em mais de uma ação civil pública, a decisão foi pela contagem mais
favorável aos trabalhadores.

Isso aconteceu em ações da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro e na Paraíba, e do Ministério
Público Federal em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. No STJ (Superior Tribunal de Justiça), o instituto
também perdeu.

Em São Paulo, o IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), no início deste ano, pediu que a Justiça
Federal obrigasse o INSS a cumprir decisão da 6ª Vara Previdenciária.

Os números em 2018

 46,6 milhões de trabalhadores


 486 mil eram pessoas com deficiência

O PL 6.159 foi enviado com urgência, mas o governo aceitou o trâmite normal.

Com isso, o projeto será discutido em comissões antes de ir ao plenário.

Microempresa do ES é condenada por pagar salários abaixo do mínimo


(fonte: TST)

A empresa também descontava o valor do exame admissional.

Uma microempresa de São Gabriel da Palha (ES) foi condenada ao pagamento de R$ 100 mil por danos
morais coletivos pelo descumprimento de normas trabalhistas. Entre as ilegalidades apuradas estavam o
pagamento de salário inferior ao mínimo previsto em lei e o desconto do valor do exame médico
admissional. A decisão é da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que acolheu o recurso do
Ministério Público do Trabalho (MPT) para aumentar a condenação fixada em segunda instância.

Enriquecimento

A microempresa, que atuava no ramo de confecção e tinha cerca de 75 empregados, negou todas as
irregularidades apuradas e sustentou que as testemunhas haviam mentido para o MPT. Para o órgão, no
entanto, a conduta da empresa “visava baratear custos e enriquecer à custa dos direitos dos
trabalhadores”.

Capacidade financeira

Condenada pelo juízo da Vara do Trabalho de Nova Venécia (ES) ao pagamento de R$ 200 mil por dano
moral coletivo, a microempresa recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, que acolheu o
argumento da falta de proporcionalidade entre a sua capacidade financeira e os danos causados e reduziu a
indenização para R$ 30 mil. Para o TRT, o novo valor atendia à função compensatória e pedagógica da
medida sem desrespeitar a capacidade econômica das partes, uma vez que se tratava de microempresa.

Dignidade

Todavia, para a ministra Maria Helena Mallmann, relatora do recurso de revista do MPT, a microempresa
descumpriu uma série de normas trabalhistas, “com locupletamento indevido da empresa, em atentado à
dignidade dos seus empregados”. Segundo a ministra, o desrespeito à norma constitucional do pagamento
de salário mínimo (artigo 7º, inciso VI), somada a outras irregularidades, revela ofensa à dignidade da
pessoa humana e ao valor social do trabalho como fundamentos do Estado Democrático de Direito.
A decisão foi unânime.

Processo: RR-42200-77.2014.5.17.0181.

Montadora não é responsável por dívida trabalhista de fabricante de matéria-prima


(fonte: TST)

O contrato tinha natureza comercial.

A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho afastou a responsabilidade da Toyota do Brasil Ltda. pelo
pagamento de parcelas devidas a um metalúrgico da Proema Automotiva S.A., fabricante de matéria-prima.
Para a Turma, o contrato entre as duas empresas era de natureza comercial.

Falência

A Proema fabricava peças automotivas especializadas exclusivamente para a FCA Fiat Chrysler Automóveis
Brasil Ltda. durante determinado período e, depois, para a Toyota. Com a falência da fabricante, a Toyota
foi condenada, de forma subsidiária, ao pagamento das parcelas devidas ao metalúrgico.

Segundo o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), por ter se beneficiado do trabalho executado
pelo metalúrgico e por ter adquirido o maquinário pertencente à Proema, a montadora teria terminado por
terceirizar o serviço prestado por ele.

Compra e venda

No recurso de revista, a empresa sustentou que havia ocorrido mera transação comercial autorizada e
homologada judicialmente, com a anuência do sindicato da categoria profissional.

O relator, ministro Breno Medeiros, assinalou que, ao contrário do entendimento do TRT, o contrato firmado
entre as empresas, tendo como objeto a venda de equipamentos utilizados para realizar o fornecimento de
peças para a Toyota, tem natureza estritamente comercial. Essa circunstância afasta a aplicação da Súmula
331 do TST, que trata da terceirização de mão de obra.

A decisão foi unânime.

Processo: RR-10328-83.2016.5.03.0142.

Inspetor não receberá indenização por dano existencial por excesso de horas extras
(fonte: TST)
Para a 7ª Turma, o dano existencial não pode ser presumido.

A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho excluiu da condenação imposta à SGS do Brasil Ltda., de
Santos (SP), o pagamento de indenização por dano existencial a um inspetor que argumentava que a
jornada excessiva havia prejudicado seu convívio social e familiar. Segundo a Turma, para que o empregado
tenha direito à reparação, é necessária a demonstração efetiva dos danos alegados, o que não ocorreu no
caso.

Na reclamação trabalhista, o empregado disse que atuava em navios e usinas e trabalhava, em média,
quase 14 horas extras por dia, inclusive em horário noturno. Ao pedir indenização, sustentou que o
trabalho extraordinário excessivo em jornadas estafantes potencializa o risco de acidente e afeta a vida
social do empregado.

O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) deferiu o pedido de indenização. Embora as horas extras
tenham sido devidamente quitadas, o TRT entendeu que a jornada a que o inspetor fora submetido era
extenuante e limitava sua vida fora do ambiente de trabalho.

Comprovação

O relator do recurso de revista da empresa, ministro Vieira de Mello Filho, afirmou que não ficou
demonstrado que as condições de trabalho comprometeram os projetos de vida do inspetor ou
prejudicaram as suas relações sociais. Ele explicou que o dano moral e o dano existencial não se
confundem. Embora uma mesma situação de fato possa ter por consequência as duas formas de lesão, os
pressupostos e a demonstração probatória se fazem de forma peculiar e independente.

“Quando demonstrado o prejuízo às relações sociais e a ruína do projeto de vida do empregado, tem-se
comprovado a dor e o dano à sua personalidade”, afirmou. “O que não se pode admitir é que, comprovadas
as horas extraordinárias habituais, se extraia daí automaticamente que as relações sociais foram rompidas
ou que seu projeto de vida foi suprimido do seu horizonte”.

De acordo com o relator, o dano existencial não pode ser reconhecido na ausência de prova específica do
efetivo prejuízo pessoal, social ou familiar do empregado. “Embora a possibilidade abstratamente exista, é
necessário que ela seja constatada no caso concreto”, concluiu.

A decisão foi unânime.

Processo: ARR-927-97.2015.5.02.0441.
Empresa consegue dispensa do recolhimento do adicional de 10% sobre FGTS
(fonte: Migalhas)

O juiz Federal Tiago Bitencourt de David, da 13ª vara Cível de SP, desobrigou uma empresa de recolher
adicional de 10% sobre FGTS nas rescisões contratuais sem justa causa. O magistrado ainda reconheceu o
direito da empresa à compensação/restituição dos valores indevidamente recolhidos nos últimos cinco
anos.

A empresa ajuizou ação contra o Gerente Regional do Trabalho e Emprego em SP e a União alegando que a
contribuição foi criada para a recomposição dos saldos das contas vinculadas ao FGTS, mas sua finalidade já
foi exaurida nos dias de hoje. Argumentou que, mesmo assim, ainda é cobrada.

Ao analisar o caso, o magistrado entendeu que, uma vez equilibrado o sistema, não se admite a cobrança da
contribuição desvinculada de uma conta particular, ainda que a verba arrecadada seja destinada a
programas sociais. Ou seja, o dinheiro vertido ao FGTS deve efetivamente ser revertido em favor do
trabalhador.

Além disso, magistrado frisou que tal espécie de tributo dificulta a contratação regular e pressiona o
empreendedorismo e o emprego na informalidade.

Assim, concedeu a segurança para afastar a cobrança de alíquota de 10% nas rescisões contratuais sem
justa causa da empresa, autorizando-se a compensação após o trânsito em julgado.

Os advogados Gilberto Theodoro, Marina Xavier e Mateus Salgado, do escritório Gilberto Theodoro
Advogados, atuam na causa pela empresa.

 Processo: 5018982-24.2019.4.03.6100.

Veja a íntegra da decisão.

STF

O tema está no STF por meio do RE 878.313. O plenário vai decidir se é constitucional a manutenção de
contribuição social depois de atingida a finalidade que motivou sua criação.

O recurso foi interposto por uma empresa contra acórdão do TRF da 4ª região, que assentou a exigibilidade
da contribuição social geral prevista na LC 110/01. Segundo o acórdão questionado, não é possível
presumir a perda de finalidade da contribuição para justificar o afastamento da incidência. Inconformada, a
empresa recorreu ao STF sustentando que a contribuição tornou-se indevida, pois a arrecadação estaria
sendo destinada a fins diversos do que, originariamente, justificou sua instituição.

Relator é o ministro Marco Aurélio e o tema já foi liberado para pauta do plenário.
Norma coletiva que estabelece hora noturna de 60 minutos é válida
(fonte: TST)

Em contrapartida, o adicional era superior ao previsto em lei.

A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho considerou válida a norma coletiva firmada pela
Companhia Paranaense de Energia (atual Copel Geração e Transmissão S/A) que estabelecia a hora noturna
de 60 minutos. A retirada do benefício da hora noturna reduzida, no caso da Coopel, foi compensada com o
pagamento de um valor adicional noturno maior que o previsto em lei.

Hora noturna

De acordo com o artigo 73 da CLT, é considerado noturno o trabalho realizado entre as 22h e às 5h. Nesse
período, a remuneração deve ter um acréscimo de 20% sobre a hora diurna e, para fins de cálculo, a hora
noturna é reduzida para 52 minutos e 30 segundos.

No caso da Copel, as convenções coletivas de trabalho não aplicavam a redução da hora noturna e
estabeleciam o adicional em 40%.

Trabalho penoso

Na reclamação trabalhista, um técnico de usina pretendia que fosse considerada a hora reduzida prevista
na CLT. O pedido foi julgado improcedente pelo juízo de primeiro grau, mas o Tribunal Regional do Trabalho
da 9ª Região (PR) considerou que a cláusula coletiva era inválida e condenou a empresa ao pagamento das
diferenças.

Segundo o TRT, a redução da hora noturna (em que sete horas noturnas equivalem a oito diurnas) visa não
apenas propiciar maior remuneração, mas tornar menos desgastante a jornada noturna, em razão do maior
desgaste físico, psíquico e emocional que acarreta ao empregado.

Contrapartida

O relator do recurso de revista da Copel, ministro Augusto César, explicou que a jurisprudência do TST tem
se firmado no sentido de considerar válida a norma coletiva que fixa a hora noturna para os empregados da
Copel em 60 minutos, diante da contrapartida do pagamento do adicional noturno em percentual maior.

Ele citou diversos precedentes em que as Turmas e a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais
(SDI-1) do TST, que uniformiza as decisões do TST, consideram que não há renúncia a direito indisponível
nesse caso, pois a negociação coletiva atendeu ao objetivo do inciso XXVI do artigo 7º da Constituição da
República de assegurar ao empregado condição mais benéfica do que a estabelecida na legislação
trabalhista.
A decisão foi unânime.

Processo: RR-353-85.2013.5.09.0009.

Morte do empregado não acarreta extinção de ação rescisória


(fonte: TST)

A viúva deve ser habilitada para que a ação prossiga.

A Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal Superior do Trabalho determinou


que o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) dê seguimento à ação rescisória ajuizada pelo
Município de Guarulhos que havia sido extinta em razão da morte do empregado. Por maioria, o colegiado
decidiu que o vício processual relativo ao nome da parte deve ser sanado e o processo deve prosseguir com
a habilitação da viúva para o polo passivo da ação.

Caso

O empregado, ajudante de eletricista, ajuizou reclamação trabalhista em fevereiro de 2008, pedindo o


pagamento de quinquênios. O pedido foi julgado procedente e, após a rejeição de todos os recursos do
município, a decisão tornou-se definitiva em outubro de 2013.

Herdeiros

Em setembro de 2015, o município ajuizou a ação rescisória, visando à anulação da sentença, sem saber
que o empregado havia falecido quatro meses antes. O TRT, sob o fundamento de que a ação rescisória
fora ajuizada contra parte inexistente, decidiu extinguir o processo. Diante disso, o município interpôs
recurso ao TST, sustentando que seria possível suprir esse vício processual, redirecionando a ação para a
viúva e os demais herdeiros.

Sanabilidade

Prevaleceu, no julgamento, o voto do ministro Douglas Alencar. Ele observou que o município desconhecia
o falecimento do empregado no momento do ajuizamento da ação rescisória. No entanto, o problema pode
ser facilmente resolvido mediante a retificação do polo passivo (parte contrária), em que a viúva do
empregado passaria a constar no processo. “A sanabilidade dos defeitos que possam impedir o exame do
mérito é a regra adotada pelo CPC de 2015 (arts. 139, IX, e 317)”, afirmou.

A decisão foi por maioria, vencido o relator, ministro Emmanoel Pereira.

Processo: RO-1001448-87.2015.5.02.0000.
Operador de equipamentos receberá indenizações cumulativas por danos morais e
estéticos
(fonte: TST)

Ele teve quatro dedos amputados em razão de acidente de trabalho.

A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu a um operador de equipamentos da Multserv


Comércio e Serviços Ltda., de Curionópolis (PA), o direito de receber de forma cumulativa indenizações por
danos moral e estético pelo acidente de trabalho sofrido. Segundo a Turma, embora a origem seja o mesmo
fato, há possibilidade de cumulação porque os direitos tutelados são distintos.

Amputação

O operador foi contratado pela Multserv em novembro de 2011 para trabalhar com equipamentos pesados.
Em acidente ocorrido em janeiro de 2012, ele perdeu três dedos da mão direita na polia do trator agrícola
que operava. Na reclamação trabalhista, o empregado, então com 21 anos, disse que a empresa não havia
observado as normas de segurança do trabalho e que as amputações lhe causaram dor, sofrimento e
vergonha.

A 2ª Vara do Trabalho de Parauapebas (PA) julgou procedente o pedido de indenização, mas o Tribunal
Regional do Trabalho da 8ª Região reformou a sentença para excluir da condenação a indenização por dano
estético. Segundo o TRT, não cabe a cumulação de danos moral e estético, pois este seria uma espécie
daquele.

Acumulação

O relator do recurso de revista do empregado, ministro Caputo Bastos, observou que a jurisprudência do
TST admite a cumulação das duas reparações, pois os direitos tutelados são distintos. Ele explicou que a
reparação por dano moral visa compensar o abalo psicológico infligido à vítima, enquanto a condenação por
dano estético busca compensar as consequências visíveis na imagem e no corpo da vítima decorrentes do
acidente de trabalho. Com a decisão, o processo deverá retornar ao TRT para que prossiga no exame do
recurso em relação ao dano estético e ao respectivo valor.

Processo: ARR-1917-03.2012.5.08.0126.

Caldeireiro incapacitado por três doenças relativas ao trabalho tem indenização


majorada
(fonte: TST)

Embora de grupos diversos, as moléstias foram adquiridas no trabalho.


A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho elevou para R$ 100 mil o valor da indenização por dano
moral em razão da incapacidade total e definitiva para o trabalho de um caldeireiro da Enterpa Engenharia
Ambiental (atual Qualix Serviços Ambientais Ltda.), de São Paulo (SP). O empregado sofre de doença
pulmonar, perda auditiva e tendinite, todas adquiridas no ambiente de trabalho.

Ruídos e produtos tóxicos

O empregado contou que era submetido a intensa carga de ruídos emitidos pelas caldeiras e ao contato
direto com produtos tóxicos, como óxido de ferro, manganês, cromo e cobre, na realização de soldas na
parte interna de tanques sem uso de equipamentos de proteção. O juízo de primeiro grau arbitrou a
indenização em R$ 50 mil, importância que foi considerada adequada pelo Tribunal Regional do Trabalho da
2ª Região (SP).

No recurso de revista, o empregado argumentou que o valor deferido era ínfimo, sobretudo diante da
gravidade das lesões sofridas e do porte econômico das empresas.

Doenças

O relator do recurso, ministro Agra Belmonte, assinalou que o laudo pericial apontou a coexistência de
moléstias de três grupos absolutamente diversos, todas adquiridas no ambiente de trabalho: doença
pulmonar obstrutiva decorrente da inalação de gases e fumos metálicos emanados de solda; perda auditiva
proveniente da exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora; e tendinite do supraespinhoso,
o que leva a crer que havia submissão a movimentos repetitivos.

Segundo o relator, a concomitância das três moléstias revela um ambiente de trabalho extremamente
insalubre, e essa premissa deve ser considerada tanto na valoração da extensão do dano quanto na
quantificação do grau de culpabilidade das empresas. Por unanimidade, a Turma considerou que a
importância de R$ 100 mil é mais condizente com a realidade dos fatos apresentados no processo.

Processo: ARR-101600-83.2006.5.02.0063.

Alteração na NR 16 confirma: tanques de combustível de caminhões excluídos dos


limites das operações de transporte de inflamáveis
(fonte: CNI)

A Portaria nº 1.357, de 9 de dezembro de 2019 (DOU 10/12/2019, Seção 1, Pág. 66), expedida pelo
Secretário Especial de Previdência e Trabalho no Ministério da Economia, promoveu alteração na Norma
Regulamentadora nº 16 – Atividades e Operações Perigosas - para adicionar o item 16.6.1.1, que dispõe
que “Não se aplica o item 16.6 às quantidades de inflamáveis contidas nos tanques de combustível
originais de fábrica e suplementares, certificados pelo órgão competente.”.

Saiba mais neste RT Informa.


Pedido de demissão de trabalhadora com deficiência intelectual é anulado
(fonte: Migalhas)

Para juíza, o pedido e a própria homologação não poderiam ter sido feitos sem a assistência dos
representantes legais.

A juíza do Trabalho Ângela Castilho Rogêdo Ribeiro, da 14ª vara do Trabalho de Belo Horizonte/MG, anulou
pedido de demissão feito por uma empregada com deficiência intelectual.

Contratada para vaga destinada a trabalhador com deficiência, nos termos do decreto 3.298/99, a mulher
atuou na confecção de uniformes por cerca de um ano até pedir demissão.

A magistrada entendeu que o pedido de demissão e a própria homologação não poderiam ter sido
realizados sem a assistência dos representantes legais, por se tratar de relativamente incapaz.

Ao perito a reclamante revelou que decidiu pedir demissão porque queria submeter-se a um procedimento
estético não especificado e acreditou que pedido demissão receberia "acerto" que viabilizaria o pagamento
de procedimento. Ao analisar o fato, a magistrada apontou:

“Tratou-se de uma decisão que se poderia dizer quase infantil, que reputo
tomada exatamente por causa do retardo mental que a reclamante porta,
que impede o real dimensionamento da decisão de pedir demissão.”

A julgadora considerou que apesar de não ser incapacitada para o trabalho e para o convívio em sociedade,
o perito concluiu que a mulher não possui capacidade adequada de dimensionar as consequências de suas
decisões.

“Apesar de o limite cognitivo não a incapacitar física ou emocionalmente para trabalhar em tarefa simples
tal como exercia na ré, certamente, haveria incapacidade para exercer atividades mais complexas, que
exigissem decisões com correlação de causa e efeito”, registrou, considerando a mulher relativamente
incapaz, conforme inciso III, do artigo 4º, do CC.

A magistrada explicou que o contrato de trabalho tende à continuidade e seu encerramento exige que a
vontade do trabalhador seja manifestada de forma válida. No caso, isso não ocorreu, aplicando-se, por
analogia, o artigo 439 da CLT, que prevê que a rescisão do contrato do menor de 18 anos só é válida se
realizada com assistência dos responsáveis legais pelo trabalhador.

Assim, a empregadora foi condenada a pagar as diferenças de verbas rescisórias. Foi autorizada a dedução
dos valores comprovadamente recolhidos e determinada a entrega das guias para levantamento do FGTS e
recebimento do seguro-desemprego, bem como determinada a retificação da baixa na carteira de trabalho.

A empresa recorreu da decisão, mas o recurso não foi conhecido, por deserto.

Processo: 0010846-98.2018.5.03.0014. Veja a sentença.

Você também pode gostar