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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CURSO DE DIREITO
 CAMPUS MORRINHOS

DIREITO CIVIL III

ESTUDO DIRIGIDO

ALUNO – MOZART VIEIRA JÚNIOR

PROFESSOR (ª) – ME. RODRIGO PEREIRA MOREIRA

MORRINHOS

2021
MOZART VIEIRA JÚNIOR

ESTUDO DIRIGIDO

Estudo Dirigido da leitura do artigo: “As cláusulas de


não indenizar nas relações de consumo e nos contratos
de adesão em relações civis”, orientado pelo professor
Rodrigo Moreira, para a composição da nota, da
disciplina de Direito Civil III, da Universidade Estadual
do Goiás, no curso de Direito.

Prof. (ª) ME. RODRIGO PEREIRA MOREIRA

MORRINHOS

2021
1. Em que consiste a cláusula de não indenizar?

As cláusulas de não indenizar exemplifica sobre os riscos decorrentes


de relação contratual específica e impõe vantagens e desvantagens recíprocas.
Por não se tratar de normativa específica, trata-se de instrumentos comuns na
prática contratual para a gestão de riscos, em expressão de exercício
merecedor de tutela da autonomia negocial. Desse modo, tem o objetivo de
identificar proibições esparsas na legislação.

2. Quais são as possibilidades de aplicação da cláusula de não indenizar no


direito do consumidor?

As possibilidades de aplicação da cláusula de não indenizar em relação


ao direito do consumidor deverão ser analisadas em cada caso concreto,
analisando-se o equilíbrio da equação negocial. Vejamos como isso é
analisado em Lei trazendo dois artigos que especificam melhor a aplicação da
cláusula de não indenizar.

O artigo 51, I, do CDC (LGL\1990\40), lista, dentre as cláusulas abusivas,


o ajuste de não indenizar e complementa o tratamento da matéria ao
diferenciar a disciplina incidente para o consumidor pessoa física e para o
consumidor pessoa jurídica. Segundo o dispositivo, afiguram-se nulas de
pleno direito “as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
produtos e serviços que impossibilitem, exonerem ou atenuem a
responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos
produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos”. De
outro giro, prevê que “nas relações de consumo entre o fornecedor e o
consumidor pessoa jurídicas, a indenização poderá ser limitada, em
situações justificáveis”.

Em seu artigo 25, o CDC (LGL\1990\40) dispõe que: “é vedada a


estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores”, alcançando,
assim, as Seções I, II e III do Capítulo IV do Título I, relativas,
respectivamente, à proteção à saúde e à segurança, à responsabilidade por
fato do produto e do serviço e à responsabilidade por vício do produto e do
serviço.
3.  Quais são as possibilidades de aplicação da cláusula de não
indenizar  nas relações civis?

Em suma, a previsão do ajuste de não indenizar nas relações civis gera


como efeito a limitação ou a exclusão de apenas um dos efeitos do
inadimplemento contratual, relativo à reparação por perdas e danos,
permanecendo hígidos os demais direitos do credor. De mais a mais, a
reparação por perdas e danos não constitui direito resultante da natureza de
determinado negócio, mas um dos efeitos do inadimplemento de qualquer
contrato, de sorte que a aposição do pacto limitativo ou excludente em
contrato de adesão em relação civil não viola o artigo 424 do Código Civil
(LGL\2002\400).

4. Qual a razão de diferenciação entre as relações civis e de direito do


consumidor?

A razão de diferenciação entre as relações civis e de direito do consumidor


demanda a dessemelhança da disciplina incidente. Nas relações de consumo,
como visto, o legislador previu as cláusulas limitativas e excludentes como
abusivas, com exceção do pacto limitativo diante de consumidor pessoa jurídico
em situação justificável (art. 51, I, CDC (LGL\1990\40)). Assim, tratando-se de
convenção limitativa ou excludente em face de consumidor pessoa física ou de
cláusula de exoneração diante de consumidor pessoa jurídica, o ajuste é a priori
vedado, independentemente da existência de negociação ou de concordância por
parte do consumidor ou de má-fé do fornecedor.
De outro giro, se o consumidor for pessoa jurídica e a convenção for
limitativa, abre-se espaço à autonomia negocial, mas acompanhado de rigoroso
controle a respeito do equilíbrio da relação contratual.
Nos contratos de adesão em relação civil, diversamente, a inexistência de
vulnerabilidade apta a caracterizar como consumidor o aderente afasta a vedação
apriorística do ajuste de não indenizar. Seja a convenção limitativa, seja
excludente, seja a aderente pessoa física, seja pessoa jurídica, não há
fundamento para se impedir, em abstrato, o exercício da autonomia negocial.
Dito diversamente deve-se franquear ao aderente a possibilidade de concordar
com a cláusula de não indenizar aposta pela contraparte.

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