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INTEIRO TEOR DA DELIBERAÇÃO

27ª SESSÃO ORDINÁRIA DO PLENO REALIZADA EM 04/08/2021

PROCESSO TCE-PE N° 21100097-8


RELATOR: CONSELHEIRO VALDECIR PASCOAL
MODALIDADE - TIPO: Consulta - Consulta
EXERCÍCIO: 2021
UNIDADE JURISDICIONADA: Prefeitura Municipal de Ibirajuba

INTERESSADOS:
Maria Izalta Silva Lopes Gama

DESCRIÇÃO DO OBJETO

Consulta sobre atos da gestão anterior que resultaram aumento de despesa


com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do
titular do executivo.

RELATÓRIO

Trata-se de Consulta formulada por Maria Izalta Silva Lopes Gama, Prefeita
do Município de Ibirajuba, que solicita o posicionamento deste Tribunal de
Contas a respeito das seguintes questões:

O escopo da presente consulta é saber como deveria a


administração agir diante de atos que resultaram aumento de
despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias
anteriores ao final do mandato do titular do executivo.

Se em tese o ato foi praticado aumentando a despesa


mediante contratação de pessoal efetivo, comprometendo o
equilíbrio fiscal da gestão vindoura, deveria o prefeito anular
os atos que resultaram no mencionado recrudescimento,
mesmo os servidores já estando em exercício?

De salientar que o presente Processo foi instaurado no contexto da


pandemia do coronavírus reconhecido pela Organização Municipal de
Saúde.
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A Coordenadoria de Controle Externo (CCE) deste TCE-PE, instada a se
manifestar a respeito da presente Consulta, emitiu Parecer notadamente
pela análise do Núcleo de Auditorias Especializadas (NAE), transcrito a
seguir:

I – Introdução

Trata-se da análise de questionamentos levantados, em tese, pela


Excelentíssima Prefeita do Município de Ibirajuba, no tocante ao aumento de
despesa de pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato
mediante nomeação de pessoal efetivo.

II - Questionamentos

Como deveria a administração agir diante de atos que resultaram aumento de


despesa de pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato
do titular do executivo? Se em tese o ato foi praticado aumentando a despesa
mediante contratação de pessoal efetivo, comprometendo o equilíbrio fiscal da
gestão vindoura, deveria o prefeito anular os atos que resultaram no mencionado
recrudescimento, mesmo os servidores já estando em exercício?

Preliminarmente, entende-se o termo “contratação de pessoal efetivo em


decorrência de concurso público” como sendo “nomeação de pessoal efetivo em
decorrência de concurso público”.

Diante do cenário de pandemia mundial, o Governo Federal editou a Lei


Complementar (LC) nº 173, de 27 de maio de 2020, que estabeleceu o Programa
Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus SARS CoV-2 (Covid-19), alterou a
Lei Complementar no 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) e deu outras
providências.

A LC 173/2020, pelo seu artigo 7o alterou o artigo 21 da Lei de Responsabilidade


Fiscal, deixando mais rigorosos os critérios para que um ato que aumenta a
despesa de pessoal seja considerado válido, a saber :

“Art. 21. É nulo de pleno direito:

I - o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não


atenda:

a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o


disposto no inciso XIII do caput do art. 37 e no § 1o do art. 169 da
Constituição Federal;

b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com


pessoal inativo;
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II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180
(cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular de
Poder ou órgão referido no art. 20;

III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que


preveja parcelas a serem implementadas em períodos posteriores
ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;

IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder


Executivo, por Presidente e demais membros da Mesa ou órgão
decisório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de
Tribunal do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da
União e dos Estados, de norma legal contendo plano de alteração,
reajuste e reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição
de ato, por esses agentes, para nomeação de aprovados em
concurso público, quando:

a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e


oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular do Poder
Executivo; ou

b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja


parcelas a serem implementadas em períodos posteriores ao final
do mandato do titular do Poder Executivo.

§ 1º As restrições de que tratam os incisos II, III e IV:

I - devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondução


ou reeleição para o cargo de titular do Poder ou órgão autônomo; e

II - aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo


dos Poderes referidos no art. 20.

§ 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos de


nomeação ou de provimento de cargo público aqueles referidos no
§ 1o do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que, de
qualquer modo, acarretem a criação ou o aumento de despesa
obrigatória.” (NR)

Em seu artigo 8º, a Lei Complementar no 173/2020 apresenta vedações


administrativas, especialmente no âmbito da gestão de pessoal, a todos os entes
federativos cujo Poder Legislativo decrete calamidade pública com base no art.
65 da LC no 101/2000.

Art. 8º Na hipótese de que trata o art. 65 da Lei Complementar no


101, de 4 de maio de 2000, a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios afetados pela calamidade pública decorrente da
pandemia da Covid-19 ficam proibidos, até 31 de dezembro de
2021, de:
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(...)

II - criar cargo, emprego ou função que implique aumento de


despesa;

III - alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - admitir ou contratar pessoal, a qualquer título, ressalvadas as


reposições de cargos de chefia, de direção e de assessoramento
que não acarretem aumento de despesa, as reposições
decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios, as
contratações temporárias de que trata o inciso IX do caput do art.
37 da Constituição Federal, as contratações de temporários para
prestação de serviço militar e as contratações de alunos de órgãos
de formação de militares;

V - realizar concurso público, exceto para as reposições de


vacâncias previstas no inciso IV;

(...)

Na primeira parte do inciso IV do artigo 8º, a referida Lei Complementar


proíbe admitir ou contratar pessoal, a qualquer título. No entanto, em sua
segunda parte, estabelece as exceções, dentre elas a que permite realizar
concursos públicos e nomear para provimento efetivo, desde que sejam
reposições decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios,
independente do ato resultar em aumento de despesa.

Importante ressaltar que durante o período de calamidade pública, qualquer que


seja a época em que houver efetivamente uma vacância, estará autorizado a sua
reposição, uma vez que a Lei no 173/2020 não faz distinção nem corte temporal
que limita as possibilidades de reposição a partir da consideração do momento
em que o cargo efetivo ou vitalício se tornou vago. No entanto, a autorização
legal não abrange o primeiro provimento de cargos públicos criados e nunca
preenchidos, não podendo ser entendido como reposição de cargos que jamais
foram providos .

Quanto às restrições relativas ao aumento de despesa com pessoal, em linhas


gerais, pode-se dizer que a modificação trazida pela LC 173/2020 é segmentada
em duas partes: a) uma restrição com critérios permanentes de nulidade para
atos que provoquem aumento da despesa com pessoal, por força da modificação
do art. 21 da LRF, dada pelo art. 7o da LC 173/2020 e b) uma restrição
temporária de aumento de despesa com pessoal, para os entes que declararam
situação de calamidade pública com base no artigo 65 da LRF, encontrada no art.
8º e incisos da LC 173/2020, com prazo de vigência estendido até 31 de
dezembro de 2021.

Um ato é nulo quando afronta a lei, quando foi produzido com alguma ilegalidade.
Pode ser declarada pela própria Administração Pública, no exercício de sua
autotutela, ou pelo Poder Judiciário. Entre as partes, não gera direitos ou
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obrigações, não constitui situações jurídicas definitivas, nem admite
convalidação. A administração pública pode rever seus atos ilegalmente
praticados. Entretanto, se de tais atos já decorreram efeitos concretos,
seu desfazimento deve ser precedido de processo administrativo, assegurado o
contraditório e ampla defesa. Esse foi o posicionamento do Supremo Tribunal
Federal, que, ao julgar o RE 594.296-RG

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO.


EXERCÍCIO DO PODER DE AUTOTUTELA ESTATAL. REVISÃO
DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO E DE QUINQUÊNIOS
DE SERVIDORA PÚBLICA. REPERCUSSÃO GERAL
RECONHECIDA.

1. Ao Estado é facultada a revogação de atos que repute


ilegalmente praticados; porém, se de tais atos já decorreram efeitos
concretos, seu desfazimento deve ser precedido de regular
processo administrativo. 2. Ordem de revisão de contagem de
tempo de serviço, de cancelamento de quinquênios e de devolução
de valores tidos por indevidamente recebidos apenas pode ser
imposta ao servidor depois de submetida a questão ao devido
processo administrativo, em que se mostra de obrigatória
observância o respeito ao princípio do contraditório e da ampla
defesa. 3. Recurso extraordinário a que se nega provimento.

Cabe ainda ressaltar o artigo 10 da LC 173/2020 e a possibilidade de cada ente


federativo editar lei própria para suspender os prazos de validade dos concursos
públicos, homologados e vigentes.

Art. 10. Ficam suspensos os prazos de validade dos concursos


públicos já homologados na data da publicação do Decreto
Legislativo no 6, de 20 de março de 2020, em todo o território
nacional, até o término da vigência do estado de calamidade
pública estabelecido pela União.

§ 1o (VETADO).

§ 2o Os prazos suspensos voltam a correr a partir do término do


período de calamidade pública.

§ 3o A suspensão dos prazos deverá ser publicada pelos


organizadores dos concursos nos veículos oficiais previstos no
edital do concurso público.

A suspensão do concurso não impede a nomeação de aprovados para reposição


de cargos vagos. Com essa medida também fica resguardado o direito subjetivo
à nomeação e se preserva o interesse social do preenchimento da vaga, ao
término da pandemia.

Por fim, em relação à Lei Geral das Eleições (Lei Eleitoral no 9.504, de 30 de
setembro de 1997), segundo inciso V do artigo 73, é vedada a admissão de
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servidores públicos, sob qualquer forma, no período de três meses antes do pleito
até a posse dos eleitos, impondo nulidade de pleno direito aos atos exarados em
desacordo com tal regra.

(...)

V – nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem


justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios
dificultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio,
remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição
do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos
eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados:

(...)

c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos


homologados até o início daquele prazo;

d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao


funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com
prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;

Em razão da pandemia do novo coronavírus, o Congresso Nacional aprovou


a Emenda Constitucional no 107, de 2 de julho de 2020 alterando as datas do
calendário eleitoral deste ano para 15 de novembro o primeiro turno, a saber:

Art. 1º As eleições municipais previstas para outubro de 2020


realizar-se-ão no dia 15 de novembro, em primeiro turno, e no dia
29 de novembro de 2020, em segundo turno, onde houver,
observado o disposto no § 4o deste artigo.

Sendo assim, após 15 de agosto (03 meses antes da votação), e até a posse dos
eleitos, a Lei Eleitoral proíbe a nomeação ou contratação ou qualquer forma de
admissão, ressalvados dentre outros, a nomeação dos aprovados em concursos
públicos homologados até 15/08/2020 e a nomeação ou contratação necessária à
instalação ou ao funcionamento

inadiável de serviços públicos essenciais.

Registre-se que os pronunciamentos nos processos de Consulta são


confeccionados sempre em tese, razão pela qual não cabe analisar e opinar
diante do caso concreto apresentado, notadamente em face ao questionamento
de “como deveria a administração agir diante dos atos”, pois as consultas não se
prestam a “substituir a Administração na atividade de promover a gestão pública,
de modo a dizer previamente qual é a melhor alternativa que o gestor público
deve adotar.” (TCU - Acordão 222/2018-Plenário, 07.02.2018)

III - Conclusão
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Por todo o exposto, em conclusão aos questionamentos da autoridade
consulente, quanto à nomeação de pessoal efetivo que resultaram aumento de
despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do
mandato, e considerando as demais restrições impostas, tem-se que:

- Considerando a nova redação do artigo 21 da Lei de Responsabilidade Fiscal,


alterado pelo artigo 7° da Lei Complementar n°173/2020, a partir de 28/05/2020,
é nulo de pleno direito edição de ato, por Chefe do Poder Executivo, por
Presidente e demais membros da Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder
Legislativo, por Presidente de Tribunal do Poder Judiciário e pelo Chefe do
Ministério Público, da União e dos Estados, para nomeação de aprovados em
concurso público, quando esse ato resultar em aumento da despesa com pessoal
nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular do Poder
Executivo. Entretanto, durante a vigência da pandemia provocada pelo Covid-19
e até o dia 31/12/2021, pode a administração realizar nomeações de cargos
efetivos, independente do aumento de despesa, desde de que estas sejam para
provimentos de cargos efetivos vagos, anteriormente ocupados, em conformidade
com as restrições impostas no inciso IV do art. 8º da Lei Complementar no 173
/2020.

- Conforme previsto no inciso V do artigo 73 da Lei Eleitoral no 9.504, de 30 de


setembro de 1997, também são nulos de pleno direito a admissão de
servidores qualquer forma, no período de três meses antes do pleito até a posse
dos eleitos, excetuando-se as nomeações dos aprovados em concursos públicos
homologados até até o início daquele prazo e as nomeações necessárias à
instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com
prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo.

- A nulidade do ato nulo pode ser declarada pela própria Administração Pública,
no exercício de sua autotutela, entretanto, se de tais atos já decorreram efeitos
concretos, seu desfazimento deve ser precedido de processo administrativo,
assegurado o contraditório e a ampla defesa.

- É possível a suspensão dos prazos de validade dos concursos públicos,


homologados e vigentes, com a edição de lei própria de cada ente federativo.
Com essa medida também fica resguardado o direito subjetivo à nomeação e se
preserva o interesse social do preenchimento da vaga, ao término da pandemia.
A suspensão não impede a nomeação de aprovados para reposição de cargos
vagos.

Enviei, em seguida, a Consulta ao Ministério Público de Contas, retornando


com o Parecer MPCO nº 149/2021 (Doc. 8), da lavra do Procurador de
Contas Gilmar Severino de Lima, transcrito a seguir:

1. DA CONSULTA

Cuida-se de consulta formulada pela prefeita do município de Ibirajuba, Sra.


Maria Izalta Silva Lopes Gama, nos seguintes termos:
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O escopo da presente consulta é saber como deveria a
Administração agir diante de atos que resultaram aumento de
despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao
final do mandato do titular do executivo.

Se em tese o ato foi praticado aumentando a despesa mediante


contratação de pessoal efetivo, comprometendo o equilíbrio fiscal
da gestão vindoura, deveria o prefeito anular os atos que
resultaram no mencionado recrudescimento, mesmo os servidores
já estando em exercício?

Consta nos autos despacho emitido pela assessoria técnica da Presidência do


Tribunal (PETCE 5613/2021) no sentido de acatar a formalização da presente
consulta, tendo em vista o preenchimento dos requisitos previstos nos arts. 198,
inciso IX, e 199, incisos I e II, do Regimento Interno da Casa, em especial,
legitimidade da parte, consulta formulada articuladamente e em tese. Sobre o
parecer jurídico, não há a necessidade tendo em vista que a população do
município está abaixo dos

50.000 habitantes.

Acrescenta-se que a presente Consulta seguiu para parecer técnico da


Coordenadoria de Controle Externo (Doc. 5), que concluiu pelo seguinte:

a) à luz do que dispõe o art. 21 da LRF, é nulo de pleno direito ato


de nomeação de aprovados em concurso público, praticado por
Chefe do Poder Executivo, por Presidente e demais membros da
Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder Legislativo, por
Presidente de Tribunal do Poder Judiciário e pelo Chefe do
Ministério Público, da União e dos Estados, quando resultar em
aumento da despesa com pessoal nos 180 dias anteriores ao final
do mandato do titular do Poder Executivo. Entretanto, durante a
vigência da pandemia provocada pela Covid-19 e até o dia 31/12
/2021, pode a Administração realizar nomeações de cargos
efetivos, independente do aumento de despesa, desde que estas
sejam para provimentos de cargos efetivos vagos, anteriormente
ocupados, em conformidade com as restrições impostas no inciso
IV do art. 8º da Lei Complementar 173/2020;

b) conforme previsto no inciso V do artigo 73 da Lei Eleitoral 9.504


/97, também é nula de pleno direito a admissão de servidores
públicos, sob qualquer forma, no período de três meses antes do
pleito até a posse dos eleitos, excetuando-se as nomeações dos
aprovados em concursos públicos homologados até o início
daquele prazo e as nomeações necessárias à instalação ou ao
funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com
prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;

c) a nulidade do ato pode ser declarada pela própria Administração


Pública, no exercício de sua autotutela, entretanto, se de tais atos
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já decorreram efeitos concretos, seu desfazimento deve ser
precedido de processo administrativo, assegurado o contraditório e
a ampla defesa;

d) é possível a suspensão dos prazos de validade dos concursos


públicos, homologados e vigentes, com a edição de lei própria de
cada ente federativo. Com essa medida, também fica resguardado
o direito subjetivo à nomeação e se preserva o interesse social do
preenchimento da vaga, ao término da pandemia. A suspensão não
impede a nomeação de aprovados para reposição de cargos vagos.

É o relatório.

2. DO CONHECIMENTO DA CONSULTA

Quanto aos pressupostos de admissibilidade da consulta, previstos na Resolução


TC 15/2010 e alterações, observa-se que:

a) a prefeita municipal detém legitimidade para a consulta (art. 198, IX);

b) a indagação contém indicação precisa de seu objeto e foi realizada em tese


(art. 199, I e II);

c) a consulta não precisa estar acompanhada de parecer jurídico tendo em vista o


tamanho da população (art. 199, III).

Pelo conhecimento.

3. ANÁLISE

Questiona a Consulente sobre as seguintes problemáticas:

a) como deveria agir a Administração diante de atos que resultaram em aumento


de despesa com pessoal praticados nos 180 dias anteriores ao final do mandato
do titular do Poder Executivo;

b) em caso de ter havido o aumento de despesa decorrente da admissão de


servidores efetivos, se deve a Administração anular os atos correspondentes,
mesmo que os servidores já estejam em exercício.

A abordagem do tema requer uma análise que perpassa pela verificação de


alguns conceitos, em especial, o que significa aumento de despesa com pessoal,
para fins de apuração de limites legais, de algumas questões afetas à legislação
eleitoral (Lei 9.504/97), da vedação específica constante do art. 21 da Lei de
Responsabilidade Fiscal e da atual flexibilização promovida pela Lei
Complementar 173/2020.

3.1. Considerações iniciais


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De início, salienta-se que a Constituição Federal (CF/88) estabelece que a
despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em
lei complementar (art. 169). Traz a Carta Magna, inclusive, as medidas a serem
adotadas nos casos em que os referidos limites sejam superados, a saber, a
redução em 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança
e exoneração de servidores não estáveis (art. 169, § 3º).

A regulamentação do mencionado artigo constitucional foi promovida pela Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF), a qual estabeleceu, em especial nos arts. 18, 19
e 20, os percentuais afetos a cada Ente Federativo e a cada esfera de Poder.
Também determinou a LRF o balizamento acerca do controle a ser implementado
sobre a despesa com pessoal, nos termos do art. 21.

Dentro desse contexto, surge a necessidade de se delimitar corretamente o que


vem a ser considerado como “aumento de despesa com pessoal”. Trata-se de um
conceito que deve ser analisado sob o prisma da relativização dos valores, em
fração da receita corrente líquida, e não em termos puramente nominais.

Nesse contexto, a vedação presente na LRF especificamente quanto aos gastos


com pessoal realizados nos últimos 180 dias do mandato, conforme consta no
art. 21, inciso II, não pode ser analisada sob a ótica da generalidade aparente da
norma, devendo ser interpretada de maneira adequada para atingir seu objetivo
prático e coerente.

Constata-se que a finalidade de tal norma não é a vedação por completo de


execução de atos que impliquem gastos, até porque se assim o fosse
inviabilizaria o funcionamento regular da gestão pública, impedindo, em
determinadas situações, a prestação de serviço à coletividade.

Na verdade, o intuito primordial do artigo é o de evitar o endividamento


indiscriminado em final de mandato, comprometendo o orçamento subsequente e
legando maiores dívidas advindas, muitas vezes, de atos praticados no exclusivo
interesse pessoal do antecessor.

Ou seja, a legislação visa a impossibilitar a utilização do final de mandato para


satisfação de vontade pessoal, exigindo para tanto maior seriedade no exercício
do poder de gasto, à vista do princípio da moralidade pública. Diante do exposto,
o que se depreende é o objetivo da lei em incentivar a responsabilidade na
gestão fiscal, principalmente no fim do mandato, e não promover o
“engessamento da administração”

Nesse sentido, tornam-se até possíveis aumentos nominais na despesa de


pessoal desde que, com isso, não se produza um percentual de despesa com
pessoal maior do que o registrado no período tomado como base, qual seja, o
mês imediatamente anterior aos 180 dias do final da gestão. Como se trata de
despesa obrigatória, salienta-se que seu comparativo deve ser sempre realizado
com receitas de natureza continuada, afastando-se as eventuais ou temporárias,
conforme se depreende dos termos do art. 17 da LRF:
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Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa


corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo
normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução
por um período superior a dois exercícios.

§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o


caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I
do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

§ 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompanhado


de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido
no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos
seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita
ou pela redução permanente de despesa.

§ 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de


receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base
de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 4o A comprovação referida no § 2o , apresentada pelo


proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo
utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa
com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes
orçamentárias.

§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada antes


da implementação das medidas referidas no § 2o , as quais
integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.

§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao


serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de
pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.

§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela


criada por prazo determinado.

Devem ser adicionalmente observados, por evidente, o atendimento ao limite


prudencial para as referidas despesas (art. 22 da LRF) e também as restrições
impostas pela legislação eleitoral (Lei 9504/97).

Feitas estas considerações, passamos à análise das vedações

existentes, quanto à admissão de servidores, atreladas ao período de final de


mandato.

3.2. Vedação imposta pela Lei 9.504/97


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A legislação eleitoral, em especial, a Lei 9.504/97 (art. 73), a fim de assegurar a
isonomia do pleito eleitoral, prescreve aos agentes públicos a adoção de uma
série de medidas, com destaque, no inciso V, para a admissão e a demissão sem
justa de causa de servidores entre os três meses que antecedem o pleito até a
diplomação dos eleitos, in verbis:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as


seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de
oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

[..]

V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem


justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios
dificultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio,
remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição
do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos
eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados:

[...]

c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos


homologados até o início daquele prazo;

d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao


funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com
prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;

Vale ressaltar que em resposta a consulta, a Corte de Contas já emitiu


posicionamento quanto à possibilidade de realização de concurso no ano das
eleições, contudo, ficando a nomeação dos candidatos postergada se o concurso
for homologado durante os três meses que antecedem o pleito até a posse dos
eleitos (Processo TCE-PE 1000665-5, Decisão 676/10).

Tendo por norte o que fora destacado e considerando que o escopo da presente
consulta trata do aumento de despesa decorrente de nomeações para cargos
efetivos, salienta-se que deve a Administração atentar, quanto aos atos de
nomeação de servidores concursados, para o

momento em que foi homologado o concurso público. Estando a homologação


realizada antes do período de vedação, não há óbice às admissões no que se
refere à legislação eleitoral.

Acrescenta-se que a referida lei, conforme se verifica nos dispositivos transcritos,


também traz mais uma ressalva afeta às nomeações, que se traduz na situação
de serem necessárias à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços
públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder
Executivo.
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3.3. Vedação imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal e as alterações
promovidas pela Lei Complementar 173/20

A LRF, buscando a promoção da responsabilidade na gestão fiscal e o equilíbrio


das contas públicas, estabeleceu regras para impedir a prática de atos que
importassem o aumento de despesa com pessoal que colocassem em risco os
limites nela dispostos. As limitações existem para todo o período de gestão,
quando ultrapassados determinados limites, mas

algumas são direcionadas especialmente para o final de mandato. Neste caso, o


que se pretende, como já referido no presente parecer, é não onerar a folha para
os gestores futuros, mediante assunção de compromissos ao apagar das luzes
da gestão anterior, ou seja, a transferência de compromissos que onerem
orçamentos de mandatos posteriores.

Destaca-se, nesse contexto, o disposto no art. 21 da LRF, que sofreu recentes


alterações promovidas pela Lei Complementar 173/2020 (estabelece o Programa
Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus). Vejamos a nova redação do artigo:

Art. 21. É nulo de pleno direito:

I - o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não


atenda:

a) às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar e o


disposto no inciso XIII do caput do art. 37 e no § 1º do art. 169 da
Constituição Federal;

b) ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com


pessoal inativo;

II - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal nos 180


(cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular de
Poder ou órgão referido no art. 20;

III - o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal que


preveja parcelas a serem implementadas em períodos posteriores
ao final do mandato do titular de Poder ou órgão referido no art. 20;

IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder


Executivo, por Presidente e demais membros da Mesa ou órgão
decisório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de
Tribunal do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da
União e dos Estados, de norma legal contendo plano de alteração,
reajuste e reestruturação de carreiras do setor público, ou a edição
de ato, por esses agentes, para nomeação de aprovados em
concurso público, quando:
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a) resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e
oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular do Poder
Executivo;

b) resultar em aumento da despesa com pessoal que preveja


parcelas a serem implementadas em períodos posteriores ao final
do mandato do titular do Poder Executivo.

§ 1º As restrições de que tratam os incisos II, III e IV:

I - devem ser aplicadas inclusive durante o período de recondução


ou reeleição para o cargo de titular do Poder ou órgão autônomo; e

II - aplicam-se somente aos titulares ocupantes de cargo eletivo


dos Poderes referidos no art. 20.

§ 2º Para fins do disposto neste artigo, serão considerados atos de


nomeação ou de provimento de cargo público aqueles referidos no
§ 1º do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles que, de
qualquer modo, acarretem a criação ou o aumento de despesa
obrigatória.

Com efeito, evidencia-se na LRF a vedação à prática de atos que promovam o


aumento de despesa com pessoal, quando praticados nos últimos 180 dias de
mandato.

Mas qual o alcance de tal vedação?

Importa salientar que é possível a edição de atos que aumentem a despesa com
pessoal, mesmo no período vedado pelo inciso II do artigo 21 da LRF, desde que
tais atos sejam vinculados e decorrentes de direitos já assegurados
constitucionalmente ou legalmente, ou provenientes de situações jurídicas
consolidadas. Nesse sentido já se pronunciou a Corte de Contas, em sede de
consulta (Processo TCE-PE 0803771-1, Decisão 1.054/10), conforme se verifica:

[...] Não significa dizer que está vedado qualquer aumento


remuneratório. Há situações em que é possível a concessão de
vantagens financeiras. Por exemplo: a vedação não alcança atos
vinculados decorrentes de direitos já assegurados
constitucionalmente ou legalmente, independentes da vontade do
gestor, a exemplo de férias, quinquênios e salário-família [...]

No mesmo sentido, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, nas


Consultas 660.552 e 652.796, ao se debruçar sobre a interpretação do art. 21 da
LRF, manifestou-se sobre o que não estaria abarcado pela vedação. Destacam-
se os trechos pertinentes da decisão:

Consulta 660552
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[...] despesa nova de pessoal para esse fim não pode alcançar
aqueles atos que são praticados em decorrência de autorização
legal preexistente aos 180 (cento e oitenta) dias finais do mandato,
para a garantia do exercício de situações jurídicas já consolidadas,
e até mesmo para evitar a descontinuidade da prestação de serviço
público, e.g., o provimento de cargos, a concessão de promoções e
vantagens funcionais e a declaração de direitos preexistentes,
alicerçadas nos mais éticos princípios, dos quais não se pode furtar
a Administração Pública de prestar obediência irrestrita. [...]

Consulta 652.796

[...] O que veda o legislador é assunção de despesa nova. E um


conceito de despesa nova para esse fim não pode alcançar
aqueles atos que são praticados em decorrência de autorização
preexistente aos 180 dias finais do mandato. O provimento de um
cargo não constitui despesa nova, por exemplo, se esse cargo já
está criado em lei anterior, se essa despesa já está prevista no
plano plurianual de investimentos, na Lei de Diretrizes
Orçamentárias.

Por relevante, salienta-se manifestação do Tribunal de Contas do Rio Grande do


Sul, no Parecer 51/2001, na qual são arrolados vários outros casos que não
resultam em aumento de despesa, estando as situações referidas, desse modo,
fora da abrangência da limitação imposta pela LRF, a saber:

1) provimento de cargos efetivos vagos, preexistentes, quer em

substituição de servidores inativos, falecidos, exonerados, ou seja


qual for a causa da vacância;

2) provimento de cargos efetivos vagos, seja qual for a causa da


vacância, inclusive por vagas que venham a ser concretizadas no
período de vedação, desde que a respectiva autorização legislativa
para sua criação tenha sido encaminhada, pelo titular de Poder ou
órgão competente, ao

Poder Legislativo, antes do início daquele prazo e, isto, porque a


demora, aqui, cabe ao Legislativo, não se podendo, por isso,
imputar ao administrador ilegitimidade para a prática de tais atos;

3) nomeação para cargos em comissão pré-existentes que


vagarem, no período;

4) nomeação para cargos em comissão cujas vagas venham a ser


concretizadas no período de vedação, desde que a iniciativa
legislativa para sua criação tenha sido exercida pelo respectivo
titular de Poder ou órgão e encaminhada ao Poder Legislativo
antes do início daquele prazo, pelas razões expostas no nº 2, supra;
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5) contratação temporária de pessoal, porque autorizada pela
própria Constituição Federal, no inciso IX do art. 37, sempre que
necessária para ‘atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público’, devendo estar caracterizada a emergência
legitimadora desta forma de contratação;

6) designação de funções gratificadas e suas substituições, bem


como atribuição de gratificações de representação, criadas por
legislação anterior ao período de vedação;

7) designação de funções gratificadas ou suas substituições, bem


como atribuição de gratificações de representação, quando sua
instituição for concretizada posteriormente, desde que o respectivo
projeto de lei para sua criação tenha sido encaminhado pelo Poder
ou órgão, a quem cabe sua iniciativa legislativa, ao Poder
Legislativo, antes do início do prazo excepcionado pela LRF;

8) realização de concurso público, até porque esta é a forma


constitucional regular de provimento de cargos públicos (inciso II,
art. 37 da Constituição Federal);

9) concessão de vantagens, inclusive as temporais - ex facto


temporis - reguladas em lei editada anteriormente ao período de
vedação, porque estes são benefícios pessoais do servidor, já
adquiridos; [...]

De forma mais recente, também o STF, debruçando-se sobre as alterações


promovidas na LRF pela LC 173 (art. 7º), no âmbito da ADI 64422, salientou que
a grande questão quanto ao controle da despesa com

pessoal no final do mandato é a necessidade de uma gestão fiscal transparente e


planejada, impedindo que atos que atentem contra a responsabilidade fiscal
sejam transferidos para o próximo gestor. Destaca-se trecho pertinente:

[...] 4. O art. 7º, primeira parte, da LC 173/2020, reforça a


necessidade de uma gestão fiscal transparente e planejada,
impedindo que atos que atentem contra a responsabilidade fiscal
sejam transferidos para o próximo gestor, principalmente quando
em jogo despesas com pessoal. A norma, assim, não representa
afronta ao pacto federativo, uma vez que diz respeito a tema
relativo à prudência fiscal aplicada a todos os entes da federação.

Ressalta-se ainda que, na atual situação de pandemia, a vedação expressa no


art. 21 da LRF deve ser analisada em conjunto com o regramento constante do
art. 8º da LC 173/2020, declarado constitucional pelo STF (ADIs 64423 , 6447,
6450 e 6525). Nele consta limitação direcionada a atos de admissão e
contratação de pessoal objetivando, também, a contenção de aumentos da
despesa com pessoal. Para além das vedações, destacam-se, por relevante,
algumas ressalvas, in verbis
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Art. 8º Na hipótese de que trata o art. 65 da Lei Complementar nº
101, de 4 de maio de 2000, a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios afetados pela calamidade pública decorrente da
pandemia da Covid19 ficam proibidos, até 31 de dezembro de
2021, de:

I - conceder, a qualquer título, vantagem, aumento, reajuste ou


adequação de remuneração a membros de Poder ou de órgão,
servidores e empregados públicos e militares, exceto quando
derivado de sentença judicial transitada em julgado ou de
determinação legal anterior à calamidade pública;

II - criar cargo, emprego ou função que implique aumento de


despesa;

III - alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - admitir ou contratar pessoal, a qualquer título, ressalvadas as


reposições de cargos de chefia, de direção e de assessoramento
que não acarretem aumento de despesa, as reposições
decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios, as
contratações temporárias de que trata o inciso IX do caput do art.
37 da Constituição Federal, as contratações de temporários para
prestação de serviço militar e as contratações de alunos de órgãos
de formação de militares;

V - realizar concurso público, exceto para as reposições de


vacâncias previstas no inciso IV;

(...)

Considerando os dois normativos referidos, LRF e LC 173/2020, evidencia-se


situação de impedimento à elevação da despesa com pessoal

nos últimos 180 dias de mandato (LRF) e de vedação independente do momento


em que se encontra o mandato, mas em virtude da situação de pandemia (LC 173
/2020), embora com ressalvas. Enfatiza-se que a ressalva que trata da situação
de reposição de servidores decorrente de vacância dos cargos não faz juízo de
valor acerca do aumento da despesa com pessoal. Saliente-se que por se tratar
de reposição, a ressalva não se aplica a cargos novos.

Destaca-se que nesse mesmo sentido foram os apontamentos realizados pela


Coordenadoria de Controle Externo em seu parecer técnico acostado aos
presentes autos (Doc. 5). Relembre-se ainda a resposta à consulta apresentada
no Processo 20100585-2, relator Conselheiro Marcos Loreto, lançada nos
seguintes termos:

I. Caso haja concurso público homologado e seja do interesse


municipal, é possível, nos termos e atendidas as condições do
artigo 8º, inciso IV, da Lei Complementar nº 173/2020 (dispõe
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sobre o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus
SARS-CoV-2 - Covid-19), proceder às convocações e nomeações,
desde que sejam voltadas a reposições decorrentes de vacâncias
de cargos efetivos ou vitalícios e que sejam observadas as
disposições do artigo 21 da Lei de Responsabilidade Fiscal. As
nomeações para cargos efetivos ou vitalícios criados por lei, mas
que nunca foram providos, encontram-se excluídas da autorização
legal;

II. Em virtude do § 1º do artigo 8º da Lei Complementar nº 173


/2020, a vedação do inciso IV não se aplica a medidas de combate
à calamidade pública decorrente da pandemia da Covid-19, cuja
vigência e efeitos não ultrapassem a sua duração;

III. É possível a nomeação para reposições de cargos de chefia, de


direção e de assessoramento que não acarretem aumento de
despesa;

IV - A Resolução TC nº 92, de 03 de junho de 2020, aprovou a


Cartilha Orientativa Sobre Atos de Admissão de Pessoal Durante o
Enfrentamento da Covid-19 (2020), orientando que, entre 28/05
/2020 e 31 /12/2021, a Lei Complementar n° 173/2020 proibiu a
nomeação de novos servidores, exceto para reposições
decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios;

V - Não cabe a interpretação do termo “vacância”, presente no


inciso IV do artigo 8º da Lei Complementar nº 173/2020, como
“uma possibilidade de convocação em cargos cuja necessidade
seja aparente”. As situações que ensejam vacância de cargos
públicos efetivos e vitalícios encontram se disciplinadas nos
respectivos estatutos de regência dos entes federativos.

Ante o exposto, a resposta ao questionamento levantado pelo consulente relativo


a “como a Administração deve agir diante de atos de admissão de pessoal
realizados nos 180 dias finais do mandato” deve ser balizada pelas seguintes
considerações:

a) a verificação dos reflexos ocasionados na despesa com pessoal, ante o

que dispõe o art. 21 da LRF, bem como a observância da legislação eleitoral;

b) a identificação de situações enquadradas nas ressalvas postas pela lei, em


especial, quando se tratar de reposição em caso de vacância de cargos

públicos anteriormente ocupados por servidores efetivos, nos termos postos pelo
art. 8º da LC 173/2020.

Sob o foco da LRF, analisados os mencionados aspectos, caso constatado pela


Administração que de fato os atos de admissão resultaram em aumento do
percentual de despesas com pessoal (art. 21 da LRF) e não se enquadram nos
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permissivos legais de substituição de cargos vagos (art. 8º da LC 173/20), deve
ser declarada a sua nulidade. No entanto, antes da declaração de nulidade dos
atos de admissão, imprescindível a instauração de processo administrativo, em
respeito aos princípios da ampla defesa e do contraditório, dispostos no artigo 5º,
LVI e LV da CF/88.

4. CONCLUSÃO

Ante o exposto, preenchidos os requisitos de admissibilidade e reconhecendo


que o tema é relevante, opina-se pelo conhecimento da consulta para que se
responda à Consulente nos seguintes termos:

a) por expressa disposição de lei, é vedada a prática de ato que resulte em

aumento da despesa com pessoal nos 180 dias anteriores ao final do mandato do
titular de Poder (art. 21 da LRF), embora, por imperativo lógico, situações
específicas estejam fora da abrangência da limitação imposta pela LRF;

b) no entanto, em conformidade com o disposto no art. 8º, inciso IV, da Lei


Complementar 173/2020, regramento válido até 31/12/2021, a Administração
Pública pode, independente de aumento de despesa, admitir ou contratar pessoal
nos casos de reposições de cargos de chefia, de direção e de assessoramento
que não acarretem aumento de despesa, de reposições decorrentes de
vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios e de contratações temporárias
elencadas no referido inciso;

c) também é vedada a admissão de servidores públicos, sob qualquer forma, no


período compreendido entre os três meses anteriores ao pleito eleitoral e a posse
dos eleitos, ressalvadas: i) as nomeações daqueles aprovados em concurso
público homologado antes dos referidos três meses; ii) e as nomeações
necessárias à instalação ou ao funcionamento

inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do


Chefe do Poder Executivo (art. 73, inciso V, da Lei Eleitoral 9.504/97);

d) caso constatado pela Administração que de fato os atos de admissão


resultaram em aumento de despesas com pessoal (art. 21 da LRF) e não se
enquadram nos permissivos legais de previstos no art. 8º, inciso IV, da LC 173
/20, imprescindível a prévia instauração de processo administrativo, em respeito
aos princípios da ampla defesa e do contraditório, dispostos no artigo 5º, LVI e LV
da CF/88, para que se possa, então, declarar a nulidade dos atos
correspondentes.

É o parecer.

É o Relatório.

VOTO DO RELATOR
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DA ADMISSIBILIDADE

A presente Consulta deve ser conhecida, haja vista que atendeu aos
requisitos de admissibilidade previstos na Lei Orgânica e no Regimento
Interno deste Tribunal. O Município de Ibirajuba não possui mais de 50.000
(cinquenta mil) habitantes, não precisando, pois, anexar parecer de órgão de
assistência técnica ou jurídica do Município.

DO MÉRITO

Acompanho, no mérito, o percuciente opinativo do Ministério Público de


Contas e o Parecer emitido pelo Núcleo de Auditorias Especializadas (NAE),
porquanto elucidam as indagações da Interessada.

Ante o exposto,

VOTO pelo que segue:

CONSULTA. PANDEMIA DA
COVID19. LRF. PROIBIÇÃO DE
AUMENTO DE DESPESAS COM
PESSOAL NOS ÚLTIMOS 180 DIAS
MANDATO. PROIBIÇÃO PERÍODO
ELEITORAL NOMEAÇÃO.
EXCEÇÕES. PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO PRÉVIO PARA
NULIDADE DE ATOS QUE
RESULTEM AUMENTO DE
PESSOAL.

1. É vedada a prática de ato que


resulte em aumento da despesa com
pessoal nos 180 dias anteriores ao
final do mandato do titular de Poder,
ex vi artigo 21, inciso II, da Lei
Complementar nº 101/2000, com
redação alterada pela Lei
Complementar nº 173/2020, embora,
por imperativo lógico, situações
específicas estejam fora da
abrangência da limitação imposta
pela LRF.
2. Por outro lado, conforme o art. 8º,
§1º, da Lei Complementar nº 173
/2020, durante a vigência da
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pandemia provocada pela Covid-19,
até o dia 31/12/2021, associada a
medidas de combate à pandemia,
pode a administração nomear
servidores para cargos efetivos,
independente do aumento de
despesa, desde de que essas
nomeações sejam para provimentos
de cargos efetivos vagos,
anteriormente ocupados, em
conformidade com as restrições
impostas no inciso IV do art. 8º da Lei
Complementar nº 173/2020.
3. Também é vedada a admissão de
servidores públicos, sob qualquer
forma, no período compreendido
entre os três meses anteriores ao
pleito eleitoral e a posse dos eleitos,
ressalvadas: i) as nomeações
daqueles aprovados em concurso
público homologado antes dos
referidos três meses; ii) e as
nomeações necessárias à instalação
ou ao funcionamento inadiável de
serviços públicos essenciais, com
prévia e expressa autorização do
Chefe do Poder Executivo (art. 73,
inciso V, da Lei Eleitoral nº 9.504/97).
4. Caso constatado pela
Administração que de fato os atos de
admissão resultaram em aumento de
despesas com pessoal (art. 21 da
LRF) e não se enquadram nos
permissivos legais de previstos no
art. 8º, inciso IV, da LC nº 173/2020,
imprescindível a prévia instauração
de processo administrativo, em
respeito aos princípios da ampla
defesa e do contraditório, dispostos
no artigo 5º, LVI e LV, da CF/88, para
que se possa, então, declarar a
nulidade dos atos correspondentes.

CONSIDERANDO que a presente Consulta atende aos pressupostos de


admissibilidade;

CONSIDERANDO o Parecer do Núcleo de Auditorias Especializadas (Doc.


05);
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CONSIDERANDO o Parecer do Ministério Público de Contas nº 149/2021
(Doc. 08);

CONSIDERANDO o que dispõe o artigo 2°, XIV, da Lei Estadual n° 12.600


/04 (Lei Orgânica do TCE/PE),

Em conhecer e responder o presente processo de Consulta, nos


seguintes termos:

1. É vedada a prática de ato que resulte em aumento da


despesa com pessoal nos 180 dias anteriores ao final do
mandato do titular de Poder, ex vi artigo 21, inciso II, da Lei
Complementar nº 101/2000, com redação alterada pela Lei
Complementar nº 173/2020, embora, por imperativo lógico,
situações específicas estejam fora da abrangência da
limitação imposta pela LRF;

2. Por outro lado, conforme o art. 8º, § 1º, da Lei


Complementar nº 173/2020, durante a vigência da pandemia
provocada pelo Covid-19 e até o dia 31/12/2021 e associada
a medidas de combate à pandemia, pode a administração
realizar nomeações de cargos efetivos, independente do
aumento de despesa, desde de que estas sejam para
provimentos de cargos efetivos vagos, anteriormente
ocupados, em conformidade com as restrições impostas no
inciso IV do art. 8º da Lei Complementar nº 173/2020.

3. Também é vedada a admissão de servidores públicos, sob


qualquer forma, no período compreendido entre os três
meses anteriores ao pleito eleitoral e a posse dos eleitos,
ressalvadas: i) as nomeações daqueles aprovados em
concurso público homologado antes dos referidos três
meses; ii) e as nomeações necessárias à instalação ou ao
funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais,
com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder
Executivo (art. 73, inciso V, da Lei Eleitoral nº 9.504/97);

4. Caso constatado pela Administração que de fato os atos


de admissão resultaram em aumento de despesas com
pessoal (art. 21 da LRF) e não se enquadram nos
permissivos legais de previstos no art. 8º, inciso IV, da LC nº
173/2020, imprescindível a prévia instauração de processo
administrativo, em respeito aos princípios da ampla defesa e
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do contraditório, dispostos no artigo 5º, LVI e LV, da CF/88,
para que se possa, então, declarar a nulidade dos atos
correspondentes.

É o Voto.

OCORRÊNCIAS DO PROCESSO

NÃO HOUVE OCORRÊNCIAS.

RESULTADO DO JULGAMENTO

Presentes durante o julgamento do processo:

CONSELHEIRO DIRCEU RODOLFO DE MELO JÚNIOR , Presidente


da Sessão : Não Votou

CONSELHEIRO VALDECIR PASCOAL , relator do processo

CONSELHEIRO CARLOS PORTO : Acompanha

CONSELHEIRA TERESA DUERE : Acompanha

CONSELHEIRO MARCOS LORETO : Acompanha

CONSELHEIRO RANILSON RAMOS : Acompanha

CONSELHEIRO CARLOS NEVES : Acompanha

Procurador do Ministério Público de Contas: GILMAR SEVERINO DE


LIMA

Houve unanimidade na votação acompanhando o voto do relator

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