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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SANTA CATARINA

CURSO DE PSICOLOGIA

Alex Matheus Machado Raasch


Betina Kepler Schorn
Lucia Ruths Veras
Sueli Aparecida Belter Da Cruz
Vinicius Campos da Silva

CRIANÇAS, ADOLESCENTES E A PSICOLOGIA DO ESPORTE

SÃO JOSÉ
MAIO, 2020
Alex Matheus Machado Raasch
Betina Kepler Schorn
Lucia Ruths Veras
Sueli Aparecida Belter Da Cruz
Vinicius Campos da Silva

CRIANÇAS, ADOLESCENTES E A PSICOLOGIA DO ESPORTE

Trabalho para av.1 apresentado ao curso


de psicologia, como parte dos requisitos
necessários à obtenção de uma avaliação
parcial do semestre letivo.

Professor(a): Diogo Picchioni Soares


Disciplina: Psicologia Aplicada ao Esporte

SÃO JOSÉ
MAIO, 2020
Resumo

O presente artigo aborda a questão da Psicologia do Esporte aplicada a cri-


anças e adolescentes. Inicialmente veremos a questão psicológica do ponto de vista
psicanalítico, tendo como pano de fundo as teorias de Sigmund Freud. Nesse sentido
percebemos que, dependendo da idade, as abordagens na aplicação das atividades
de educação física têm seus objetivos básicos modificados, uma vez que a criança
tem interesses diferentes dos interesses do adolescente. Veremos que a participação
dos pais e do profissional tem um papel muito importante na questão da motivação
para a prática de atividades físicas na infância e na adolescência, pois dependendo da
maneira como for abordada, esse hábito saudável poderá perdurar pela vida inteira.
A questão da prática de atividades físicas é também uma ferramenta poderosa na
prevenção da drogadição e um incentivo a fortalecimento de vínculos de amizade entre
seus praticantes. Estudos comprovam inúmeros benefícios da prática de atividades
físicas durante cada fase da vida. Nesse sentido, concluímos que é preciso respeitar o
gosto da criança e do adolescente procurando a modalidade que seja mais atraente
para ele.

Palavras-chave: Criança. Esporte. Psicólogo do Esporte. Professor de Educa-


ção Física. Pais, Superego.
Abstract

This article addresses the issue of Sport Psychology applied to children and
teenagers. Initially we see the psychological point of view psychoanalysis, with the
backdrop of Sigmund Freud’s theories. In this sense, we realize that, depending on
the age, the approaches to the application of physical education activities have their
basic objectives modified, since the child has different interests than the teenager’s
interests. We will see that the participation of parents and the professional has a very
important role in the question of motivation to practice physical activities in childhood
and adolescence, because depending on the way it is approached, this healthy habit can
last for a lifetime. The issue of physical activity is also a powerful tool in preventing drug
addiction and an incentive to strengthen bonds of friendship between its practitioners.
Studies have shown numerous benefits of physical activity during every stage of life. In
this sense, we conclude that the taste of children and adolescents must be respected,
seeking the modality that is most attractive to them.

Keywords: Kids. Sport. Sport Psychologist. Physical Education Teacher. Par-


ents. Super Ego.
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 PAPEL DA ATIVIDADE FÍSICA NA VIDA DA CRIANÇA E DO ADO-


LESCENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1 ESPORTE COLETIVOS OU EM DUPLAS . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 ESTRESSE E BURNOUT NO ESPORTE COMPETITIVO INFANTO
- JUVENIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3 A TRÍADE PROFESSOR-FAMÍLIA-CRIANÇA . . . . . . . . . . . . . 8

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

5 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
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1 INTRODUÇÃO

Segundo a perspectiva psicanalítica, o ser humano é um animal dependente


de outro para se desenvolver, sejam em questões de sobrevivência psíquicas ou
motoras. De acordo com Sigmund Freud, a personalidade de um indivíduo é formada
por três elementos: ID, Ego e Superego. O Id se refere pelo princípio de inconsciente do
prazer, e também atende aspectos fisiológicos. O Ego tem como princípio a realidade
consciente, e o Superego é composto por padrões morais, regidos pela realidade do
meio de convivência do indivíduo.
Com um Ego iniciante, sua interação com o meio se dá por formas inconsciente.
O exercício físico logo na 1° infância, contribui para o desenvolvimento do ego cons-
ciente, onde seus desejos se tornam conscientes, atrelado também ao crescimento
físico e mental. Entre três e cinco anos de idade, o esporte atrelado com atividades que
exijam competição, estará diretamente ligado na estruturação do superego. A evidência
se torna visível na adolescência, onde os impulsos agressivos e sexuais se tornam
mais explícitos e equilibrados.
A interação harmoniosa entre ego e superego quando equilibrada, não causa
alertas, porém, quando as falhas e a descompensação entre as duas estruturas se
tornam evidentes isso se transforma em um verdadeiro conflito, é como se os dois siste-
mas entrassem em atrito, o que podemos nomear de adolescência patológica, se o ego
não se conecta equilibradamente com o superego, podem aparecer distúrbios de con-
duta, ou em casos mais graves doenças psicossomáticas, problemas comportamentais
ou drogadição.
Em contrapartida, uma criança ou adolescente que pratica atividade física, e tem
em conjunto uma relação direta com seus pais, família e sociedade, têm a estruturação
de um superego e ego equilibrado, ajudando a ambos a se estruturam internamente ,
favorecendo assim, o processo de aprendizagem, socialização, valores morais, valores
éticos, disciplina, compromisso e criatividade, é como se a atividade física favorecesse
um crescimento sadio.
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2 PAPEL DA ATIVIDADE FÍSICA NA VIDA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

A atividade física, quanto na infância ou na adolescência tem valores de suma


importância, ela está diretamente relacionada com as condutas e comportamentos que
fazem emergir a responsabilidade e os ideais de um ser humano. Atividades em grupo
também podem atuar de forma terapêutica.
A atividade esportiva tem papel fundamental no crescimento, desenvolvimento
e na estruturação psíquica da criança e do adolescente, sejam elas de forma lúdica
na infância, ou competitiva na adolescência, ambos são fatores relevantes para a
saúde mental desses indivíduos. A estabilidade emocional, assim como evitar déficits
escolares, uso de drogas e a violência, são questões consideradas e relacionadas com
a prática esportiva na infância e adolescência.
O esporte é uma das poucas áreas na vida infantil, onde as crianças podem
participar de uma atividade física, onde usualmente as consequências são positivas,
tanto para elas, como para seus amigos e família. A iniciação a atividade física e ao
esporte pode ocorrer através da escola, projeto social ou na escolinha de esportes.
Algumas das principais razões para essa iniciação é: Divertir-se , fazer algo em que
ele seja bom ,melhorar habilidades, excitação da competição, ficar em forma , fazer
parte de um time ,aprender novas habilidades , vencer , chegar a um nível mais alto
de competição ,praticar exercícios ,fazer algo em que eu seja bom , estabelecer novas
amizades, senti o espírito de uma equipe.
Segundo o estudo em psicologia do desenvolvimento, onde sugere que o auge
da idade de 12 anos e a época anterior a ela, são períodos críticos para as crianças,
com importantes consequências na autoestima e no desenvolvimento social. Portanto,
a experiência esportiva das crianças pode ter efeitos valiosos para todo o decorrer
da vida, atuando sobre a personalidade e o desenvolvimento psicológico. A maioria
das crianças que praticam esportes com a intenção de se divertir e por outras razões
incluem praticar algo nas quais se identificam e que fazem bem, também no intuito de
melhorar suas habilidades. A participação das crianças nos esportes abrange idades
entre 10 a 13 anos, e declina consistentemente a partir daí até os 18 apenas uma
pequena porcentagem da continuidade ao esporte. Seus argumentos para desistência
são; Ter outras coisas para fazer, mudanças de interesses , não ser mais divertido,
querer praticar outro esporte, não gostar da pressão, sentir tédio, não gostar do técnico,
ter um treino muito exigente, se sentir fracassado, falta de diversão e ênfase excessiva
em vencer, como influências importantes na decisão de retirar-se do esporte. A iniciação
esportiva pode ser definida como um processo de aprendizagem e capacidade de
praticá-lo, passando por um processo de socialização que inclui determinados valores,
conhecimento, condutas, rituais e atitudes, próprio do grupo social, e que conta com
três objetivos: O esporte competitivo, o esporte educativo e o esporte recreativo.
Esporte recreativo: Realizado pelo prazer e diversão dos seus participantes, não
Capítulo 2. PAPEL DA ATIVIDADE FÍSICA NA VIDA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 7

centraliza em resultados. Esporte educativo: Respeita os estágios de desenvolvimento


humano, o esporte educativo leva em consideração aspectos do âmbito afetivo, cogniti-
vos e sociais, reage no desenvolvimento psicomotor, promovendo atividades físicas
educativas. Contribui para a cidadania e futuro sadio.
Esporte Competitivo: A técnica e o resultado são os principais objetivos. Esta
prática pode levar a criança a ser vista como um adulto e a exigir rotinas exaustivas e
rígidas. Visto que a maioria não obtém o sucesso almejado, gerando frustrações. Rubio
e Katia (2000) descrevem que “. . . a especialização esportiva na infância, substitui
o lúdico pela competência e a recreação, torna-se competição inserindo a criança
precocemente no mundo adulto”. A criança em um estado repetitivo e exaustivo, pode
desenvolver a síndrome de Burnout.

2.1 ESPORTE COLETIVOS OU EM DUPLAS

As relações entre pares estão relacionadas com senso de aceitação, autoestima


e motivação da criança. Podem ser identificadas dimensões positivas como: Companhia,
passar tempo juntos, associação lúdica agradável, aumento da autoestima, intimidade
sentimentos mútuos de proximidade, vínculos pessoais, lealdade e responsabilidade
no esporte

2.2 ESTRESSE E BURNOUT NO ESPORTE COMPETITIVO INFANTO - JUVENIL

Uma preocupação crescente no esporte competitivo infanto juvenil, parece ocor-


rer quando as crianças perdem o interesse, em consequência da especialização em
um esporte específico, numa idade muito precoce e por praticá-lo por longas horas, sob
intensa pressão, durante vários anos. Situações podem aumentar o nível de estresse,
derrota, as crianças experimentam mais estado de ansiedade ao perder do que ao
vencer. Importância do evento, quanto mais importância é dada a uma competição,
maior o estado de ansiedade experimentado pelos participantes, atitude de vencer a
qualquer custo, pressão dos pais, treinos longos e repetitivos sem qualquer variação
práticas de treinamento inconsistentes ,lesões de uso excessivo por treinamento em
excesso, exigências excessivas. Afeto dos outros dependente de vitórias ou derrotas,
perfeccionismo mal adaptado. Conclui-se que burnout é um caso especial de afasta-
mento do esporte, em que um jovem atleta interrompe o envolvimento nos esportes
numa reação a estresse crônico.
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3 A TRÍADE PROFESSOR-FAMÍLIA-CRIANÇA

O papel do professor de educação física fundamenta toda a parte de apren-


dizagem da criança, não possuindo uma fórmula específica, o esporte é aquilo que
fizer dele, saudável e/ou educativo. Quando a criança está inserida em um esporte,
ela poderá ser uma importante ferramenta para o desenvolvimento das atitudes da
criança, aprimorando sua socialização, autoconfiança, autonomia e auto imagem. De-
senvolvendo assim, habilidades motoras, aspectos biológicos, psicológicos e sócio
afetivos.
O papel da família é crucial, tanta para iniciação, motivação, prática e perma-
nência no esporte, é na família que a criança desenvolve habilidades de aspectos
psicomotores como engatinhar, andar, subir ou até mesmo correr. Os pais podem ter
efeito positivo nas experiências esportivas dos filhos quando usam práticas adequadas
e evitam a criação de um ambiente negativo. Estudos afirma que os pais desempe-
nham um papel fundamental como socializadores, modelos, provedores e intérpretes
da experiência esportiva dos filhos.

É de responsabilidade da família inserir a criança em hábitos saudáveis como o


sono, alimentação e a atividade física. Entre 6 á 8 anos quem normalmente opta pela
prática do esporte na criança, é os pais, interferindo também na escolha do esporte.
Os motivos podem ser dos mais variados, como educacionais, recomendação médica,
ascensão social, medo de envolvimento com a drogadição ou mesmo para preencher o
tempo livre da criança. O papel da criança começa em formas de brincadeiras, toda
a parte lúdica aprimora e aflora a imaginação da criança, contribuindo assim para o
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social. Com o brincar se promove saúde,
habilidades comportamentais e motoras, aflora a mecanismos como espontaneidade,
autonomia e criatividade. Em consequência disso, a educação física utiliza da brin-
cadeira para aproximar a criança de uma iniciação esportiva. O ambiente em que a
criança está inserida, influencia diretamente em tais benefícios e resultados, desde
uma visão exossistema, até mesmo nas microssistemas onde a criança está inserida.

O psicólogo do esporte possui um vasto campo de trabalho, atuando em um


contexto interdisciplinar, sua empregabilidade pode ser na educação, intervenção
e pesquisa. A parte que atua ativamente com o esporte e indivíduo, é a área de
intervenção. Classificados em alto rendimento, reabilitações, esporte escolar, recreação,
clínica e iniciação esportiva.

O psicólogo auxilia na compreensão e nas necessidades de cada criança. sendo


fundamental, pois trabalha em busca da identificação das expectativas, diminuição da
ansiedade, e contextos que abrangem fracassos, derrotas, medo e euforia decorren-
Capítulo 3. A TRÍADE PROFESSOR-FAMÍLIA-CRIANÇA 9

tes das atividades competitivas, circulando entre a tríade professor- criança-família.


Desta maneira o psicólogo pode estar presente e intervir, seja em uma prática de alto
rendimento, no esporte escolar, projetos sociais ou na recreação.

No trabalho em conjunto com outros profissionais, o psicólogo pode acompanhar


a criança em seu desenvolvimento, como atividades motoras e no desenvolvimento de
habilidades sociais, cognitivas e psicológicas, auxiliando desde fatores físicos como
emocionais, tendo como objetivo a busca da autonomia do indivíduo.
A criança sempre será o principal foco, desta maneira todos os trabalhos só
podem ser concluídos de maneira eficaz, se a criança estiver de acordo com as normas
e estiver disposta a caminhar nesse mundo, pois ocorrerá frustrações, alegrias, e
desentendimentos, temos em vista que o esporte no início para essas crianças deve
ser algo em que elas encontrem diversão e que seja valoroso para seu futuro, pois é
na infância que boa parte do desenvolvimento de um indivíduo acontece.

O Profissional de educação física, assim como o psicólogo do esporte, a criança


e os pais, devem sempre caminhar em harmonia, pois se um desses elementos não
estiverem de forma sólida e presente, poderá haver complicações e traumas futuros.

Uma intervenção prática poderia ser em um âmbito escolar, onde o psicólogo do


esporte atuaria juntamente com o professor de educação física, aplicando dinâmicas,
testes ou até mesmo o diálogo aberto, onde a criança poderia se expressar a seu
modo, e o profissional da psicologia identificar em qual atividade ou esporte a criança
se adequaria melhoR.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas teorias de Sigmund Freud percebemos o quão importante para o
ser humano de forma geral é a prática da atividade física. O equilíbrio físico e emocional
pode ser determinante em relação ao futuro da criança ou do adolescente. Questões
como valores éticos e morais, disciplina, aprendizagem e criatividade são conquistadas
em um ambiente favorável, onde a família, os amigos e os professores representam
um papel muito importante. Jogos, competições, dança ou simplesmente uma corrida
no parque tem o poder de melhorar a qualidade de vida das pessoas. A atuação do
psicólogo no esporte auxilia na descoberta da melhor atividade para cada criança ou
adolescente, respeitando seus gostos e preferências.
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5 REFERÊNCIAS

RUBIO, K. (2000b) Quem sou? De onde vim? Para onde vou?

K. Rubio (Org.) Encontros e desencontros: descobrindo a Psicologia do


Esporte. São Paulo: Casa do Psicólogo..

WEINBERG,S.R.;GOULD,D.Fundamentos Da Psicologia Do Esporte e Do Exer-


cício.6 ed.Porto Alegre: Dieimi Deitos,2017.622p.

GABARRA LM. Psicologia para América Latina, A PSICOLOGIA DO ESPORTE


NA INICIAÇÃO ESPORTIVA INFANTIL, 2009 disponível em<http://pepsic.bvsalud.or
g/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-350X2009000200004> Acesso em 11 de
Maio de 2020.

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