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UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DOCENTES UTILIZADAS

NO ENSINO REMOTO

Ana Paula Morais de Sousa1


Julivan Amorim da Silva2
Kevenn José Alves da costa 3

RESUMO

Palavras-chave: Tecnologia, Ensino Remoto, mediação.

INTRODUÇÃO

Nossa sociedade passa por uma das fases mais complicadas da história. Essa
situação é proveniente da propagação em contexto global do COVID-19, Trata-se de um
vírus com alto grau de transmissibilidade e ainda sem uma vacina contra a sua
proliferação, portanto atendendo as exigências da Organização Mundial da Saúde
(OMS) o isolamento social tem sido uma das ações mais utilizadas para minimização da
pandemia e redução do números de indivíduos infectados e mortos. Com isso,

1
Graduando em Licenciatura em Matemática pelo Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do
Maranhão – IFMA,
2
Graduando em Licenciatura em Matemática pelo Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do
Maranhão – IFMA, amorimjulivan@gmail.com
3
Graduando em Licenciatura em Matemática pelo Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do
Maranhão – IFMA, Kevenn.jose08@gmail.com
enfrentamos uma grande dificuldade de desenvolvimento nos diversos âmbitos: sociais,
econômicos, políticos, ambientais etc.

Tais impactos refletiram na educação, provocando a paralisação de aulas


presenciais em mais de 90% da América Latina de acordo com nota técnica emitida pelo
movimento “Todos Pela Educação” (2020). Visando promover a aprendizagem em
tempos de pandemias as escolas optaram pelo uso das tecnologias para mediação do
processo de ensino-aprendizagem nos sistemas de ensino.

Estimular e despertar o interesse nos educandos é um papel extremamente


desafiador, de modo que o processo de ensino e aprendizagem siga uma linha eficaz e
eficiente com a utilização de metodologias adequadas e com a adoção do ensino remoto,
acentuou-se ainda mais essa carência.

A adoção do ensino remoto vem sendo alvo de críticas sobretudo pelo problema
da democratização do acesso as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs),
associada à falta de formação inicial e continuada para boa parte dos profissionais da
educação.

Cabe aos educadores à implementação de metodologias que auxilie os


educandos no âmbito escolar, para que assim o aluno associe a teoria e pratica, sejam
elas educacionais ou pedagógicas. É de suma importância, a maneira que o educando é
inserido no contexto escolar e como é apresentado a essa estrutura social, que influencia
na formação de seu conceito individual.

A exploração de práticas pedagógicas e as teorias propostas no decorrer da


formação do educador, exige uma reflexão e questionamento em relação a dicotomia
que existe entre a prática e a teoria, desde as eventuais barreiras enfrentadas pelos
educadores até o desenvolvimento do conhecimento com utilização de conceitos
prévios.

Visando contextualizar essa problemática buscou-se abordar de maneira sucinta


o papel da tecnologia no ensino remoto, assim como destacar a didática dos docentes
nesse novo cenário. Destarte, este artigo foi elaborado segundo uma abordagem
qualitativa, onde os docentes responderam a algumas questões online, onde exporão a
didática utilizadas por eles durante as aulas remotas.

METODOLOGIA
Baseado nas discursões a respeito da temática escolhida, o presente artigo foi
elaborado a partir de uma abordagem qualitativa, realizada por meio de um questionário
online. Este que foi direcionado para professores do ensino médio, objetivando
evidenciar o ponto de vista dos mesmos quanto as práticas utilizadas para ministrarem
as aulas, e assim gerar discussões a partir de suas percepções sobre as aulas remotas.

É importante ressaltar o papel do professor nesse contexto, este deve se


apresentar como mediador, sendo fundamental a sua participação no processo de ensino
dos estudantes, incentivando-os a buscar novos horizontes e assim romper a premissa
“bancaria” que está enraizada no sistema educacional brasileiro.

Em lugar de comunicar-se, o educador faz “comunicados” e depósitos que os


educandos, meras incidências recebem pacientemente, memorizam e
repetem. Eis a concepção “bancária” da educação, em que a única margem de
ação que se oferecem aos educandos é a de receber os depósitos, guarda-los e
arquiva-los. (PAULO FREIRE, 1987 p. 33).

Por fim, retratou-se a importância da união entre a tecnologia e a educação para


que os alunos assimilem o máximo do ensino remoto perante o momento em que
estamos vivenciando, demostrando as metodologias dos docentes, muito embora as
discussões contemporâneas no campo da didática prescrevam o uso de uma abordagem
sócio-interacionista.

APONTAMENTOS SOBRE AS PRÁTICAS DOCENTES

De acordo com Vygotsky (1998) a linguagem é o espaço de interação e


consequentemente a interação é o próprio processo de aprendizagem, o que favorece a
aprendizagem comunicativa, pois a atividade de discussão estimulará o
desenvolvimento oral do aluno. Nesse contexto, é fundamental a interação entre docente
e discente construindo através do diálogo uma via de conhecimento de mão dupla, assim
o professor aprende enquanto ensina e o estudante ensina enquanto aprende, Saviani e
Duarte ressaltam que:

“Educação é a comunicação entre pessoas livres em graus diferentes de


maturação humana, é a promoção do homem, de parte a parte, isto é, tanto do
educando como do educador” (SAVIANI E DUARTE, 2010, p.423).

O ensino remoto, apesar de estar sendo bastante criticado atualmente, tem um


papel primordial na permanência do estudante na escola e para que a engrenagem entre
professor e aluno funcione, é necessário o engajamento de ambas as partes. Sendo
assim, incentivar professores a aproveitar recursos tecnológicos para dá aulas
potencializa saberes e abrem novas possibilidades para o estabelecimento de uma teoria
consistente em relação aos ganhos da tecnologia no âmbito escolar como material
didático (DULLIUS, 2012).

A dificuldade de muitos educadores em utilizar a tecnologia como metodologia


de ensino, apresenta-se como uma das principais barreiras na inserção do ensino remoto.
Assim, é necessário que o professor se disponha mais uma vez a aprender, o que agrega
cada vez mais a sua didática e o faz um eterno pesquisador.

Para dar conta desta deficiência, durante a formação continuada do professor,


vem crescendo, por todo o País, a criação de grupos de estudos, onde
determinado número dos docentes, com problemas comuns, geralmente
relacionados ao desinteresse do alunado em estudar/aprender determinada
disciplina, resolve compartilhar suas angústias, elaborar novas experiências,
novas metodologias e refletir sobre a sua própria prática (FERREIRA, 2009,
p. 22-23).

Após esse processo o educador estará capacitado a auxiliar os estudantes de


maneira tecnológica. Trata-se de uma linguagem presente no cotidiano da maioria dos
estudantes, o que justifica sua utilização para fins pedagógicos, no entanto é importante
pensar a questão do acesso dos alunos e a formação para o uso dessas tecnologias.

Para Vygotsky (1998) “a aprendizagem ocorre na interação, e não como


resultado dela, ou seja, a interação se constitui como o próprio processo de
aprendizagem”. Assim, a educação não pode ser simplesmente uma absorção de
conteúdo, mais sim, uma serie de habilidades e competências a serem desenvolvidas o
que se dar por meio da interação social.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando as leituras escolhidas e discursões envolvidas acerca da temática,
ficou evidente que muitos profissionais precisaram migrar integralmente para o ensino
remoto. Lucena (2016) destacou que a intensa imersão nas culturas digitais impactam na
necessidade de considerar as habilidades desenvolvidas por estes indispensáveis para a
aprendizagem.
É de suma importância destacarmos as práticas educacionais que estão sendo
utilizadas por muitos professores de modo a proporcionarem um maior engajamento por
partes dos estudantes a participarem das aulas remotas, Delors afirma que:

Aprender a fazer não pode, pois, continuar a ter o significado simples de


preparar alguém para uma tarefa material bem determinada, para fazê-lo
participar do fabrico de alguma coisa. Como consequência, as aprendizagens
devem evoluir e não podem mais ser consideradas como simples transmissão
de práticas mais ou menos rotineiras, embora estas continuem a ter um valor
formativo que não é de desprezar (DELORS, 2001, p. 93).

Dentre os entrevistados, as metodologias mais utilizadas por eles são:

 Aula Invertida, que segundo os docentes “contextualiza o início de um


conteúdo a ser estudado, solicitando que os estudantes criem grupos e
propõe também que eles preparem e gravem aulas explorando o
conteúdo”.
 “Utilização das redes sociais para aprofundar os conteúdos e possibilitar
uma interação social entre os alunos. A partir das redes sociais podemos
complementar o conteúdo e gerar discussões atreves das redes sociais,
como por exemplo livres”.
 Trabalhos em grupo. “Por meio de plataformas totalmente gratuita
podemos enviar conteúdos para os estudantes e orienta-los a estudarem
previamente antes das aulas para levarem tópicos e dúvidas para serem
discutidas no âmbito da aula”.

Com a aplicação dessas metodologias, abre uma gama de opções e o estudante


passa a expressar a sua opinião gerando diálogo entre professor e aluno em uma vertente
que rompe o paradigma da educação bancaria. “Afinal, minha presença no mundo não é
a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para
não ser apenas objeto, mas sujeito também da história.” (FREIRE, 1996, p. 23).

Os professores da rede federal de ensino aos quais foram aplicada a pesquisa,


ressaltaram também que: “Buscam apresentar outras metodologias para os alunos que
não possuem acesso a internet ou um aparelho eletrônico”, pois compreendem que
existem alunos desfavorecidos em relação a democratização ao acesso as tecnologias e
por este e outros motivos ficam impossibilitados de participarem das aulas remotas.
É nítido que para que haja um ensino de fato consistente e que abranja todos os
estudantes, é necessário um processo de transição ao qual estamos nos adaptando de
maneira gradual.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no material apresentado, a educação tende cada vez mais no caminho
da tecnologia com professores que se viram desafiados a alterarem seus métodos de
aula.

É evidente que uma das variáveis que mais impactam positivamente na


aprendizagem dos estudantes é a atratividade e a diversidade das aulas, assim o
professor possui um papel fundamental na mediação entre o aluno e a aprendizagem.
Por fim, a formação continuada do docente é extremamente necessária neste processo,
Rezende destaca que:

Na virada do século, não se trata mais de nos perguntarmos se devemos ou


não introduzir as novas tecnologias da informação e da comunicação no
processo educativo. Já na década de 80, educadores preocupados com a
questão consideraram inevitável que a informática invadisse a educação e a
escola, assim como ela havia atingido toda a sociedade. Atualmente,
professores de várias áreas reagem de maneira mais radical, reconhecendo
que, se a educação e a escola não abrirem espaço para essas novas
linguagens, elas poderão ter seus espaços definitivamente comprometidos.
(REZENDE, 2002, p.01).

Almeja-se no futuro, coletar dados para a comparação da eficácia do uso das


tecnologias e suas metodologias alternativas, levando em consideração as atividades
presencias sem o uso das tecnologias e suas respectivas metodologias.

REFERENCIAS
DELORS, Jacques (org). Educação: um tesouro a descobrir. Editora Cortez.
Brasília,DF:MEC:UNESCO, 6ºedição,2001.

DULLIUS, M. M. Tecnologias no ensino: por que e como?. Caderno pedagógico,


Lajeado, v. 9, n. 1, p. 111-118, 201. Disponível em:
http://www.univates.br/revistas/index.php/cadped/article/view/849/838.
FERREIRA, J.W.S. Grupo de estudos na formação continuada dos professores. In:
DINIZ, L. N.; BORBA, M. C. Grupo EMFoco: diferentes olhares, múltiplos focos e
autoformação continuada de educadores matemáticos. Natal: Flecha do tempo. São
Paulo: Editora Livraria da Física, 2009.

FREIRE, PAULO. PEDAGOGIA DO OPRIMIDO, 17ª. ED. RIO DE JANEIRO, PAZ E TERRA,
1987.

FREIRE, F. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à pratica educativa.


Editora Paz e Terra.São Paulo,1996.

LUCENA, S. Culturas digitais e tecnologias móveis na educação. Educar em Revista,


Curitiba, Brasil, n. 59, p. 277-290, jan./mar. 2016. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/er/n59/1984-0411-er-59-00277.pdf.

REZENDE, Flavia – ensaio pesquisa em educação em ciências - as novas tecnologias


na prática pedagógica sob a perspectiva construtivista, 2002. [Internet] Disponível
em: < http://www.scielo.br/pdf/epec/v2n1/1983-2117-epec-2-01-00070.pdf >. Acesso
em novembro/2016

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Tradução: José Cipolla Neto, Luis


Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. São Paulo-SP: Martins Fontes, 1998.
SAVIANI, Dermeval, DUARTE, Newton. A formação humana na perspectiva
histórico ontológica. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 45, p.
422-433 set./dez. 2010.

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