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O autor, portanto, é a entidade material que cria a narrativa. É o ser que por
meio de sua voz enquanto sujeito da enunciação não ficcional pode dar voz aos demais
sujeitos, sejam eles da enunciação ou do enunciado. Já o narrador é aquele que é
agregado na voz do autor, mas que ao mesmo tempo é distinto dele. O narrador também
deve ser entendido como uma categoria textual que não apenas enuncia o discurso,
como também o delimita a partir de um determinado ponto de vista. É importante
também notar que a figura do narrador não necessariamente se limita à figura do sujeito
da enunciação, visto que o narrador pode participar do texto como personagem e,
portanto, ele também pode ser um sujeito do enunciado.
Assim como o narratário, outra entidade ficcional que merece ser estudada
dentro das narrativas e que fundamentalmente se relaciona com os demais elementos é o
elemento do personagem. Os personagens são representações de seres construídas por
meio de signos verbais. Como dito anteriormente, este elemento é um sujeito do
enunciado e, portanto, é ele que movimenta a narrativa por meio de suas ações ou
estados.
Por fim, cabe ressaltar o relacionamento do autor e do leitor. Para isso pode
ser útil citar mais um estudo: ‘A literatura e a vida social’ de Antônio Candido. Para
Candido, é preciso entender que o autor desempenha um determinado papel na
sociedade em que vive. Há uma espécie de articulação entre o autor, o seu texto e o
público. Portanto, apesar do fato de que cada autor é guiado por forças pessoais, como a
opção do gênero literário a ser adotado, a opção do modo como vai configurar a figura
do narrador e até mesmo a opção de como será modelada a narrativa, o autor também é
guiado por forças sociais, já que, embora seja o autor que desencadeie o processo, é o
público que dá sentido à obra.