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Cultura
Organizacional
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Por isso, o autor que se propõe a escrever sobre Cultura – no caso, eu – precisa se munir
de certas habilidades para:
HUMILDADE
Para reconhecer que o tema é maior do que a nossa capacidade de compreendê-lo e que
ninguém terá capacidade de dominar inteiramente assunto algum. “A quantidade de coi-
sas que não sei é infinita”.
CAPACIDADE DE SÍNTESE
Para dizer o que precisa ser dito, nada mais, nada menos.
FOCO
Para manter-se no tema e não se perder em assuntos paralelos, nem se aprofundar muito
e nunca mais voltar à tona.
EMPATIA
Para criar um vínculo com os que leem e para tornar este momento agradável.
Missão difícil, mas prometo me comportar de acordo. Com este compromisso assumido
por mim perante vocês, vamos ao que interessa.
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CULTURA
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Em geral, os executivos que querem conhecer ou se aprofundar no ção. Como se forma, como se modifica, como se expressa e o que a
tema “Cultura” buscam respostas para três questões essenciais. causa são aspectos que trazem conhecimento sobre o que é Cultu-
Estas questões não se apresentam na ordem em que serão abor- ra.
dadas aqui, mas é preciso tratar uma por vez para que haja sentido
no todo e para que as respostas sejam suficientemente satisfató- Saber qual caminho seguir, quais passos dar e em qual sequên-
rias. cia ir é necessário para transformar o conhecimento (“O que é?”)
em ação (“Como gerenciar?”). “O conhecimento ilumina, mas é a
A primeira questão tem a ver com o jeito como adultos se mobili- AÇÃO que transforma”.
zam para algo. Sem significado, sem que as pessoas compreendam
o sentido e se identifiquem com algo, não haverá mobilização. No Mas a pergunta mais importante de todas é esta. Por que geren-
caso da Cultura Organizacional, é preciso dar relevância ao tema e ciar a Cultura Organizacional?
mostrar sua conexão com outros temas importantes da organiza-
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Certa vez, um CEO me disse o vida das pessoas e a perfor- seja, o tema é mesmo irrelevan- visão (a visão da SER) sobre
seguinte sobre cultura: “Nunca mance da empresa, mesmo?” te. Cultura: o que é, como implan-
perdi tempo com isso, nunca fiz tar e por que gerenciar. Vou
nada nessa direção, não enten- Que é apenas a pergunta de um É importante que saibamos por deixar a pergunta de um milhão
do o que é isso, para mim esse milhão de dólares! que gerenciar a cultura é rele- de dólares (“no que isso melho-
assunto é aquele monte de coi- vante para os negócios, mas o ra a vida das pessoas e a per-
sinhas tolas (blá-blá-blá do RH) Se nós, do RH, não soubermos fundamental é termos compe- formance da empresa?”) para
e não leva a nada”. responder de modo inequívo- tência para demonstrar essa o final. Deveria ser a primeira a
co a pergunta feita, o assunto importância em toda sua pleni- ser respondida, mas vou criar
Outro CEO foi mais direto: Cultura Organizacional, de fato, tude para a organização. suspense para manter a aten-
“Bacana esse tema de Cultura! deve retornar para o lugar de Este artigo tentará responder ção de todos...
Mas... no que isso melhora a onde não deveria ter saído. Ou as três perguntas sobre a nossa
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Em um trabalho de consultoria,
identificou-se que uma determina-
da empresa valorizava mais o rela-
cionamento harmonioso entre as
pessoas do que a integridade. Esta
conclusão veio da cultura da em-
presa que se refletia, por exemplo,
na avaliação de desempenho. A alta
administração não gostou muito
da conclusão e argumentou que a
integridade era mais valorizada que
o relacionamento harmonioso. Mas
o comportamento dizia o contrário.
O comportamento enviava uma
mensagem que dizia o contrário. A
Cultura é a manifestação do que é
realmente valorizado.
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Há dois tipos de valores. O primeiro tipo é familiar a todos nós e Este conjunto de valores nos inspira. Nossa intenção é tê-los
engloba Valores Enriquecedores. São aqueles que beneficiam o como guias de como deveríamos ser e agir. Eles devem nos dizer
todo e que as empresas gostariam que fossem seus. o que é aceitável e o que não é. Eles nos beneficiam a todos.
VALORES ENRIQUECEDORES
O outro grupo de Valores ajuda a completar o quadro. É o grupo a outra. São atributos que nem sempre produzem os melhores
do que cada um de nós realmente valoriza. Normalmente não resultados para todos. Mas, como nós sabemos, eles fazem parte
são tratados como Valores, mas é o que eles são, porque nós os da vida das organizações. O tempo todo. Quando olhamos para
valorizamos. as pessoas vemos indivíduos com comportamentos influenciados
pelas duas listas. Quando as pessoas olham para nós, elas veem o
Esta lista é mais focada em nossos próprios interesses do que mesmo.
VALORES EGOÍSTAS
Assim, os comportamentos dos indivíduos, principalmente, mas Os Valores sustentam a Cultura Organizacional, mas não são a
não somente os da alta administração, os símbolos e sistemas mesma coisa. A Cultura é o que se cria por meio das mensagens
são expressões dos Valores. Nem sempre, dos valores que a recebidas que traduzem Valores. O ideal é que discurso e prática
organização declara e comunica. coincidam.
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O comportamento
É preciso ter clareza sobre o sejada, normalmente expressa
efeito dos comportamentos em documentos e discursos, e a
O comportamento
Durante a mudança de Cultura,
todos (principalmente a Alta
O comportamento
Se os líderes NÃO são vistos
como coerentes entre o que
Exemplos:
É necessário planejar ações que mudem o comportamento das
pessoas, começando pelos líderes. No sistema de Gestão de Pessoas, COMPORTAMENTO DOS
é necessário que o desenvolvimento de lideranças esteja alinhado à LÍDERES (MENSAGEM ENVIADA) CULTURA PRODUZIDA
Cultura que a empresa deseja. Além disso, as ações de desenvolvimento
das demais pessoas, nos aspectos comportamentais, também precisam
prever educação voltada para a cultura planejada. Esse enfoque precisa Humildade, compreensão Abertura, aprendizado;
ser dado em todos os conteúdos, começando por toda a estratégia para admitir erros;
de EVP da empresa, passando pela ambientação e demais eventos
educacionais. O reforço precisa ser constante e contínuo. Cobrança, follow-up de Entrega, Accountability;
compromissos;
Em um trabalho recente de gestão da Cultura Organizacional, alertei
o board de uma empresa de que a maior parcela de esforço necessária “Mata” o mensageiro; Medo (encobrir);
para gerenciar a cultura deveria vir justamente daquele grupo com
quem me reunia. Quase todo o esforço requerido deve partir da alta Líder busca e ouve as visões Foco no cliente;
administração. Porque seus comportamentos são mensagens enviadas da linha de frente;
com maior alcance dentro da empresa.
Os líderes, comportando-se sistematicamente de uma determinada Aceita justificativas de baixa Permissividade;
maneira produzem cultura compatível com esses comportamentos em performance;
sua área de abrangência.
Diz não e aceita não como resposta; Controle de Risco, disciplina;
ABORDAGEM
analítico-racional
VS
perceptiva-social-política
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MUDANÇA TRANSFORMAÇÃO
Ocorre quando as mesmas coisas surgem de um mes- É quando uma larva vira borboleta. Não é possível re-
mo processo. Há o advérbio de intensidade “mais” em conhecer o que surgiu a partir do que existia antes. O
frente de sua descrição. Mais barato, mais rápido, mais tamanho da mudança precisa ser conhecida antes de o
eficiente. Isto é mudança. trabalho iniciar.
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PORQUE É
DIFÍCIL?
PORQUE SÃO 7. 1.
MUITOS OS
FATORES A
CONSIDERAR 6. 2.
CULTURA
ORGANIZA-
CIONAL
5. 3.
4.
1. NÍVEIS
2. EXTENSÃO
3. IMPLÍCITO
4. HISTÓRIA
5. PLURALIDADE
6. POLITÍCIO
7. INTERDEPENDÊNCIA
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A cultura existe e se expressa em diferentes níveis da empresa. O nível mais Há um componente político na cultura. Refere-se a conexão entre a cultura
superficial se refere aos sistemas administrativos, a estrutura organizacional organizacional e a distribuição de poder na empresa. Grupos de poder não
e demais aspectos visíveis. O nível mais profundo atinge as crenças e pres- estarão facilmente dispostos a abrir mão de suas convicções e correr o risco
supostos, como a empresa se coloca frente ao ambiente externo e como de perder poder.
funciona como organismo.
Pluralidade - Não há apenas uma Cultura, mas uma série de subculturas (di-
A cultura não é apenas profunda, mas também extensa. Não se refere ape- ferentes conjuntos de crenças e pressupostos). Há a cultura do Comercial, a
nas às pessoas e suas crenças. Mas também ao seu ponto-de-vista, em do Rh, a do Financeiro...
como as mensagens os alcançam e como interferem em seus comportamen-
tos. A cultura tem interdependência. Está conectada às políticas e práticas exis-
tentes, aos sistemas de trabalho em funcionamento, aos fóruns de discus-
Muito da cultura é aceito implicitamente (taken for granted). O tema “reu- são, às pessoas de todos os níveis, às prioridades definidas pela direção etc.
nião” diz muito sobre o implícito. Por exemplo, ver e responder mensagens Peter Senge resume a dois pontos as razões de falha na implantação de
em notebooks e smartphones durante reuniões, faltar sem avisar e sem mudanças nas organizações. Para ele, “1 - as pessoas não mudam seu modo
indicar substituto, atrasar início e término programados para a reunião. Em de pensar e as mudanças realizadas não geram benefícios que justifiquem
determinadas culturas, este comportamento é aceito implicitamente, deno- os esforços realizados e 2 - líderes não dedicam tempo suficiente para
tando a cultura existente. entender as barreiras que impedem que as mudanças necessárias se con-
cretizem.”
Grande parte da cultura tem raízes na história da organização. Os mitos, as
lendas, os heróis e vilões explicam e justificam parte da cultura.
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Guilherme Junqueira e Guilherme Luiz Bechuetti publicaram artigo que está Os autores concordam no aspecto-chave da mudança da Cultura
na bibliografia deste artigo, identificando cinco passos para ter sucesso em Organizacional. É o conjunto de crenças e pressupostos dos principais
uma mudança tomadores de decisão, daqueles que podem inibir ou acelerar as mudanças
necessárias.
1. Visão da mudança
Nasce na Alta Administração. Pode ser completada com o tempo, mas Andrew Pettigrew concentra o aspecto-chave na seguinte frase:
orienta toda a organização. “A maior parte dos casos de mudança revela uma clara e consistente
pressão da alta administração”.
2. Abordagem simples com a mudança gradual da cultura da empresa
Todos precisam entender claramente. As questões centrais devem ser A responsabilidade dos líderes expressa em uma frase:
priorizadas. “Para que as coisas mudem, primeiro eu preciso mudar.”
3. Envolvimento adequado da organização Por todas essas dificuldades, tratamos a implantação de uma nova cultura
Lideranças em 1° lugar, demais na sequência imediata. É necessário envolver ou a gestão de uma cultura que precisa ser mantida ou mudada como uma
a todos no processo. jornada. Não é algo para ser feito com pressa nem superficialmente. Em
geral, é uma jornada de três a cinco anos. Depois disso, é necessário esforço
4. Comunicação objetiva para todos os níveis organizacionais de manutenção e correções de percurso.
Pode ser diferente por nível hierárquico. Devem ser usados todos os
meios disponíveis. Algumas comunicações precisam ser presenciais. Isso é
fundamental!
A JORNADA
implementação
das ações
+/- 6 meses
Três fatores críticos de sucesso para a implantação 2. Os Valores! Os Valores nos dão um senso
da Cultura: de identidade.
1. A cultura planejada deve ser aquela que assegure 3. A Missão, que nos dá um senso de propósito.
a implantação da Estratégia de Negócio.
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Há um evento que costuma ser esclarecedor sobre o tema Cultura Quesada – 2009) propicia três conclusões:
nas organizações: Fusões e Aquisições.
1. Após a F&A é mais comum haver perda do que ganho de merca-
Estudo da Bain & Company (Fusões e aquisições: a importância do do. No médio prazo, o risco de perda piora com o tempo.
elemento humano. Jean-Claude Ramirez, Franz Bedacht e Felipe
Participação Participação
de mercado de mercado
3 meses após 9 meses após
a fusão a fusão
33%
ganharam
67% 90%
perderam perderam
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2. O Capital Humano costuma ser subestimado em F&A. 3. Nas F&A bem sucedidas, a maioria das empresas preocupou-se
com o elemento humano antes ou durante o fechamento.
32%
67%
Gostaria de exemplificar com uma experiência própria. mada tratando a fusão, ninguém gerenciou a cultura. Nos eventos
de gestão (reuniões, projetos, atuações institucionais e no mer-
Vou citar a fusão das empresas têxteis da Santista Têxtil e da São cado, com os clientes), a questão era apenas uma: como demons-
Paulo Alpargatas em 1994. No processo de fusão entre as duas trar aos que vieram da “outra” empresa que os “nossos” métodos,
empresas ambas teriam metade do controle acionário. Decidiu-se processos, tecnologias e conhecimentos eram melhores e maiores
que metade das diretorias executivas ficaria com cada empresa. que os dos “outros”! Em suma, os dois “lados” queriam provar que
Nos primeiros dois anos, o CEO seria de uma das empresas e o suas “pessoas” eram melhores que as do outro. As duas metades
presidente do Conselho de Administração seria da outra. Depois se tratavam como “inimigos” a serem destruídos ou subjugados.
desses dois anos haveria uma troca de posições entre chairman e Não era fusão, era confusão!
CEO. A Santista Têxtil possuía cerca de 30% de Market share no
segmento jeansware e a Alpargatas, 10%. A fusão garantiria uma Resumo da ópera: a empresa perdeu a liderança do mercado para
supremacia absoluta no mercado nacional. nunca mais retomar, foi perdendo valor de mercado e terminou
vendida por uma fração do que valia nos tempos áureos.
Pois bem. Seis meses após a fusão, o Market share da nova com-
panhia era de... pouco mais de 20%! O que aconteceu? Em meu A Cultura pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de
diagnóstico, embora houvesse uma consultoria internacional reno- um empreendimento.
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BIBLIOGRAFIA
CONARH 2010 - Uma janela para o novo. Anotações das palestras. 17ª 20/08/2010.
RAMIREZ, Jean-Claude; BEDACHT, Franz e QUESADA, Felipe - Bain & Company. Fusões e
aquisições: a importância do elemento humano, 2009.
LAB SSJ. Geração Y. Perspectivas sobre o ambiente multigeracional. Pocket Learning. LAB SSJ,
SP, 2009.
FLEURY, Maria Tereza Leme e FISCHER, Rosa Maria - Coordenadores. Cultura Poder nas
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BARRET, Richard. Criando uma organização dirigida por valores. Willis Harman House, 2008.
TAYLOR, Carolyn. Walking the talk. Building a Culture for Success. Random House, 2005.