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Psicopatologia Geral II

Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. Ed. – Porto


Alegre: Artmed, 2008. 440p.

Aula 10 – As vivências do tempo e do espaço e suas alterações

As vivências do tempo e do espaço constituem-se como dimensões fundamentais


de todas as experiências humanas. O ser, de modo geral, só é possível nas dimensões
reais e objetivas do espaço e do tempo. Portanto, o tempo e o espaço são, ambos,
condicionantes fundamentais do universo e estruturantes básicos da experiência
humana.

É inquestionável que a vida psíquica, além de ocorrer e se configurar no tempo,


tem ela mesma um aspecto especificamente temporal e, por isso, é legítima a distinção
do tempo em:

Tempo subjetivo (interior, pessoal);

Tempo objetivo (exterior, cronológico, mensurável).

Muitas vezes, ocorre certo descompasso entre o tempo subjetivo e o cronológico.


Tal discrepância pode ser tanto um fenômeno primário, uma legítima alteração da
consciência do tempo, como um fenômeno secundário, decorrente de alterações da
consciência, da memória, do pensamento, etc.

Anormalidades da vivência do tempo: vivência do tempo e ritmo psíquico nas


síndromes depressivas e maníacas

De modo geral, a passagem do tempo é percebida como lenta e vagarosa nos


estados depressivos, e rápida e acelerada nos estados maníacos. O ritmo psíquico
também é oposto nesses dois transtornos: na mania, há taquipsiquismo 1 geral, com
aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento, psicomotricidade, linguagem,
1
Taquipsiquismo é a aceleração do ritmo do pensamento ou do psiquismo geral. Trata-se de um estado
afetivo comumente encontrado na hipomania ou mania, ou seja, na euforia. Seria como se a eloqüência na
produção de idéias superasse a capacidade de verbalizá-las.
etc.), e, na depressão, ocorre bradipsiquismo 2, com lentificação de todas as atividades
mentais.

Anormalidades da vivência do espaço

A vivência do espaço no indivíduo em estado maníaco é a de um espaço


extremamente dilatado e amplo, que invade o das outras pessoas. O maníaco
desconhece as fronteiras espaciais e vive como se todo o espaço exterior fosse seu. Esse
espaço não oferece resistências ao seu eu.
Nos quadros depressivos, o espaço exterior pode ser vivenciado como muito
encolhido, contraído, escuro e pouco penetrável pelo indivíduo e pelos outros.
O indivíduo com quadro paranóide vivencia o seu espaço interior como invadido
por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do mundo. O espaço exterior é, em
princípio, invasivo, fonte de perigos e ameaças. No caso do indivíduo com agorafobia, o
espaço exterior é percebido como sufocante, pesado, perigoso e potencialmente
aniquilador.

2
Nos estados de bradipsiquismo, a passagem do tempo é percebida de modo lento e vagaroso. 

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