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FACULDADE DE ENGENHARIA
Pemba, 2017
OBSERVAÇÕES:
O RSA é um regulamento que estabelece regras gerais para a verificação de segurança das
estruturas de edifícios, pontes rodoviárias, passadiços e outros tipos de estruturas,
independentemente da natureza ou material estrutural.
Comportamento do aço
Perfís metálicos e construções metálicas
Elementos comprimidos
Elementos tracionados
Elementos flexionados
Dimensionamento de estruturas metálicas
o Vigas e asnas
o Pilares, contraventamentos e bases de fundação
o Treliças
Ligações metálicas
Fabrico e montagem
Trabalho prático
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
2. PROPRIEDADES DO AÇO ................................................................................................................. 2
2.1. Propriedades mecânicas ......................................................................................................... 3
2.2. Resistências mecânicas ........................................................................................................... 4
3. CONSTRUÇÕES METÁLICAS ................................................................................................................. 5
3.1. Perfis metálicos (laminados a quente)......................................................................................... 6
4. ELEMENTOS COMPRIMIDOS, ELEMENTOS TRACIONADOS E ELEMENTOS FLEXIONADOS ........... 10
a) Elementos comprimidos ........................................................................................................... 10
b) Elementos tracionados ............................................................................................................. 12
c) Elementos flexionados .............................................................................................................. 12
5. DIMENSIONAMETO DE PERFIS METÁLICOS COM TABELAS TÉCNICAS (Elementos de pórticos e
coberturas: treliças, asnas, vigas, pilares e fundações) ........................................................................ 14
5.1. Vigas (e asnas) ....................................................................................................................... 14
5.2. Pilares e bases de fundação .................................................................................................. 15
5.3. Treliças .................................................................................................................................. 23
6. LIGAÇÕES METÁLICAS ................................................................................................................... 24
6.1. Parafusos e rebites................................................................................................................ 24
6.2. Ligações soldadas .................................................................................................................. 26
7. REQUISITOS PARA O FABRICO E MONTAGEM .............................................................................. 26
8. TRABALHO PRÁTICO...................................................................................................................... 27
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 28
10. ANEXOS ..................................................................................................................................... 29
A Engenharia Civil tem vindo a enfrentar desafios propostos por diversos projectos de
Arquitectura, onde se verificam edifícios, pontes ou estruturas de longos vãos e
sobrecarregadas, que leva à aplicação do betão e da madeira em peças de grandes secções ou
betão pré-esforçado para alcançar a resistência pretendida. Para além destas soluções antes
mencionadas, a construção civil tem vindo a utilizar as estruturas metálicas como alternativa
estruturalmente segura e economicamente viável já a muitos anos para diversos tipos de
construção.
As estruturas metálicas são constituídas por elementos metálicos como chapas, barras e
perfis, ligados entre si por aparafusamento, rebitagem ou soldadura, onde a qualidade final
destas estruturas depende da correcta aplicação de métodos e procedimentos em todas as
fases do projecto, desde a fase de definição, dimensionamento, fabricação, montagem da
estrutura no terreno até a recepção definitiva
As formas mais usuais de metais ferrosos são o aço, o ferro fundido e o ferro forjado, sendo o
aço, actualmente, o mais importante dos três. O aço e o ferro fundido são ligas de Ferro e
Carbono, com outros elementos de dois tipos: elementos residuais decorrentes do processo de
fabricação, como o Silício, Manganês, Fósforo e Enxofre, e elementos adicionados com o
intuito de melhorar as características físicas e mecânicas do material denominados elementos
de liga.
O aço é a liga ferro-carbono em que o teor de carbono varia desde 0,008% até 2 , 1 1 %.
O carbono aumenta a resistência do aço, porém o torna mais frágil. Os aços com baixo teor
de carbono têm menor resistência à tracção, porém são mais dúcteis. As resistências à ruptura
por tracção ou compressão dos aços utilizados em estruturas são iguais, variando entre
amplos limites, desde 235 MPa até valores acima de 1 200 MPa.
Classificação do Aço
Em função da presença, na composição química, de elementos de liga e do teor de
elementos residuais, os aços são classificados em aços-carbono, que contêm teores
normais de elementos residuais, e em aços-liga, que são aços-carbono acrescidos de
elementos de liga ou apresentando altos teores de elementos residuais.
Ductilidade
Fragilidade
É o oposto da ductilidade. Os aços podem se tornar frágeis pela acção de diversos agentes:
baixas temperaturas ambientes, efeitos térmicos locais causados por exemplo, por solda
eléctrica. O estudo das condições em que os aços se tornam frágeis tem grande importância
nas construções metálicas, uma vez que os materiais frágeis se rompem bruscamente, sem
aviso prévio. Dezenas de acidentes com navios e pontes, foram provocadas pela fragilidade
do aço decorrente de procedimento inadequado de solda.
Resiliência e tenacidade
Estas duas propriedades se relacionam com a capacidade do metal de absorver energia
mecânica.
Resiliência é a capacidade de absorver energia mecânica em regime elástico, ou, o que é
equivalente, a capacidade de restituir energia mecânica absorvida.
Tenacidade é a energia total, elástica e plástica que o material pode absorver por unidade de
volume até a sua ruptura.
Dilatabilidade
É a propriedade que sujeita o aço ao efeito de dilatação em temperaturas elevadas (a cima de
100 ⁰ C.
Fadiga
A resistência à ruptura dos materiais é, em geral, medida em ensaios estáticos. Quando as
peças metálicas trabalham sob efeito de esforços repetidos em grande número, pode haver
ruptura em tensões inferiores às obtidas em ensaios estáticos. Esse efeito denomina-se fadiga
do material.
Corrosão (ferrugem)
Denomina-se corrosão o processo de reacção do aço com alguns elementos presentes no
ambiente em que se encontra exposto, sendo o produto desta reacção muito similar ao
minério de ferro. A corrosão promove a perda de secção das peças de aço, podendo se
constituir em causa principal de colapso.
As construções metálicas são compostas por diversos elementos, desde chapas, barras, tubos,
parafusos, solda, rebites e cabos de aço. Estas devem ser executadas por profissionais
capacitados para a construção da base de fundação e montagem dos perfis, de modo não
comprometer o produto final da obra por efeito de alguma incapacidade na parte dos
operários.
Vantagens
Fabricação das estruturas com precisão milimétrica, possibilitando um alto controle de
qualidade do produto final;
Material resistente a vibração e a choques;
Possibilidade de execução de obra mais rápida e limpa;
Possibilidade de montagem e desmontagem da estrutura a qualquer momento;
Alta resistência estrutural, possibilitando a execução de estruturas leves para vencer
grandes vãos;
Possibilidade de reaproveitamento de materiais ou mesmo sobras de obra.
Desvantagens
Limitação de execução em fábrica, em função do transporte até ao local de obra;
Necessidade de tratamento superficial das peças contra a oxidação;
Necessidade de mão-de-obra e equipamentos especializados para sua fabricação e
montagem.
Alem destes, existem também perfis “Z” e “T” que em alguns casos podem surgir da
combinação de outros perfis soldados em sentidos opostos. Em casos especiais, pretendendo
adicionar enrijecedores ou suportes ao longo da secção pode-se alcançar os perfis compostos.
As verificações de segurança das estruturas de aço para edifícios devem ser efectuadas de
acordo com os critérios estabelecidos no Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas
de Edifícios e Pontes (RSA), atendendo as disposições que constam no presente regulamento
(REAE). Os valores de cálculo a empregar no dimensionamento devem ser obtidos através
das teorias de elasticidade ou de resistência dos materiais, considerando as combinações das
acções e os coeficientes de segurança estabelecidos no RSA para a verificação dos estados
limites pretendidos. O dimensionamento é feito estudando primeiro a direcção mais frágil
entre X e Y do perfil.
Por questões de segurança, nenhum elemento estrutural (que absorve tensões), deve ser
de espessura menor que 4 milímetros num ambiente moderado, ou 7mm num ambiente
corrosivo (REAE, artigo 12⁰).
NB: Os critérios apresentados a seguir, são parte das especificações do REAE, resumidos para direccionar o
estudante da presente disciplina aos objectivos principais de verificação de segurança aos estados limites
últimos. Caso se pretenda aprofundar as informações, recomenda-se a apreciação do REAE.
a) Elementos comprimidos
Nestes elementos, deve ser verificada a resistência das tensões transversais e a resistência
a encurvadura (flambagem);
Nos elementos comprimidos sujeitos ao risco de varejamento, a verificação de segurança
consiste em satisfazer a condição da tensão solicitante ser menor ou igual a tensão
resistente da peça;
A secção a considerar no dimensionamento de uma peça comprimida para os estados
limites últimos, é a secção cheia da peça, mesmo que haja furo;
I. Determinar a área da secção transversal inicial (A') da barra que resiste ao esforço de
𝑁𝑠𝑑
compressão (Nsd), a partir da fórmula A' = , onde fyd é o valor da resistência
𝑓𝑦𝑑
𝑁𝑠𝑑
I. Determinar a área da secção transversal inicial A' = ;
𝑓𝑦𝑑
II. Consultar a tabela de perfis e escolher um valor de A que seja maior ou igual a A' ;
III. Caso existam furos em alguma secção do perfil, deve se descontar as áreas dos furos
para obter a área líquida 𝐴𝑙𝑖𝑞 do seguinte modo: 𝐴𝑙𝑖𝑞 = 𝐴 − (𝑑 ∗ 𝑎) onde:
a - é a espessura da peça na zona perfurada
d - é o diâmetro do furo (se for abertura circunferencial) ou largura do furo (se for
abertura diferente de uma circunferência);
IV. Fazer a verificação de segurança das tensões atendendo a área líquida, para saber se
mesmo com a presença dos furos o perfil ainda suportará a carga actuante, a partir da
𝑁𝑠𝑑
seguinte expressão: 𝜎𝑠𝑑 ≤ 𝜎𝑟𝑑 ↔ ≤ fyd
𝐴𝑙𝑖𝑞
NB: Caso não se verifique esta condição, deve-se escolher outro perfil maior e refazer os cálculos até
alcançar a solução.
c) Elementos flexionados
A verificação de segurança destes elementos deve satisfazer a condição das tensões
normais (𝜎𝑠𝑑 ≤ 𝜎𝑟𝑑) e das tensões tangenciais ( 𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑟𝑑 ), onde 𝝉𝒔𝒅 é a tensão
tangencial actuante, e 𝝉𝒓𝒅 é a tensão tangencial resistente do aço;
As vigas, normalmente, sofrem a flexão simples, causada por esforços perpendiculares ao seu
eixo. Pode ocorrer a flexão composta, devida a actuação de cargas perpendiculares e axiais de
compressão ao eixo. Outro caso é da flexão desviada, raramente ocorre, mas deve-se ao facto
da actuação de três cargas em simultâneo em eixos distintos (Fx, Fy e Fz), onde duas destas
actuam perpendicularmente e uma actua axialmente ao eixo da viga. O método de
dimensionamento das vigas deve atender os requisitos dos elementos flexionados.
Pilares, são elementos estruturais e geralmente verticais, que suportam as vigas, lajes, ou
qualquer carregamento, com o objectivo de absorver todas as cargas acima de si e
encaminha-las para a fundação.
Os pilares em perfis metálicos podem ter qualquer configuração de secção, desde que se
verifique a resistência desta secção ao esforço actuante e as especificações mínimas
estabelecidas pelas normas em vigor. São afixados por meio de chapas e chumbadores por
cima da base de fundação, para evitar o contacto directo entre as superfícies do pilar e o solo,
ou águas e impurezas superficiais.
O dimensionamento destes, pode atender a tracção, compressão ou ainda a flexão (no caso
de bases encastradas sujeitas a forças perpendiculares ou esforço de momento flector).
o Estas bases, são mais económicas para as fundações e mais indicadas para solos sujeitos a
assentamentos excessivos;
o Para armazéns sem pontes rolantes ou outros edifícios em que as cargas das fundações
são de pequena intensidade;
o Recomenda-se um mínimo de 16mm, tanto para a espessura da chapa de base, como para
o diâmetro dos chumbadores neste tipo de bases;
o São admissíveis nos casos em que o pilar não esteja sujeito ao esforço de momento
flector.
As bases encastradas mais simples, são as que o pé do pilar é soldado a uma chapa, com os
chumbadores afastados afixados depois dos banzos (superior e inferior) do pilar;
O betão é somente analisado à compressão a 35% da sua tensão característica (fck) para
a tensão admissível, dependendo da classe do betão (ver anexo D);
O aço é analisado à compressão (40% de fyd), tracção (33% de fyd) e flexão (75% de
fyd).
Para todos efeitos, os valores de cálculo devem ser característicos. Isto é, todas as solicitações
𝑆𝑑
que estiverem majoradas deveram ser minoradas a 50%, ou seja, (𝑠𝑘 = )
1,5
b) Chumbadores
São elementos de secção circular, cuja função é fixar os pilares na base da fundação.
Podem ser submetidos ao esforço de tracção, força cortante ou a combinação destes dois
esforços. O cálculo destes consiste em determinar o diâmetro da barra e o comprimento de
ancoragem. Alem disso, devem ser observados diversos detalhes construtivos que variam em
função do tipo de chumbador, como por exemplo a distância mínima entre o chumbador e o
bordo da chapa de base (que deve ter 3cm no mínimo). Os tipos comuns são os chumbadores
com gancho recto ou curvo, e chumbadores com rosca e porca. A figura abaixo mostra estes
três tipos de chumbadores.
O esforço num único chumbador (𝑯𝟏 ) deve ser obtido dividindo a força cortante (H) total na
base do pilar pelo número de chumbadores (n) previstos a existir zona de actuação da força
total. O esforço pode também actuar nas duas direcções x e y simultaneamente, calculando-se
a resultante (H) pelas seguintes expressões:
𝐻𝑥 𝐻𝑦
𝐻𝑥1 = e 𝐻𝑦1 = , a resultante total em cada chumbador é dada por:
𝑛 𝑛
𝐻1 = √𝐻𝑥12 + 𝐻𝑦12
Estes, estão submetidos à tracção apenas quando o momento flector actua na base causando
inversão de esforços na chapa de base. Nesta actuação, metade de chumbadores estará
submetido a tracção. A força de tracção ( T ) nos chumbadores, pode ser determinada a partir
do equilíbrio de momentos na base do pilar, considerando o ponto de rotação R, como
mostrado na figura abaixo.
2
E a verificação de segurança é dada por: 𝜎 = √𝜎𝑠𝑑𝑡 + 3 ∗ 𝜏𝑐𝑜𝑟𝑡 2 ≤ 0,33𝑓𝑢
Ou seja, a tensão solicitante resultante da combinação dos dois esforços, não deve exceder a
33% da tensão última do aço nos chumbadores.
c) Bloco de base
O bloco de base é estruturado em betão. É o elemento que absorve grande parte das tensões
de compressão, encaminhando-as para o solo. O dimensionamento deste, simplesmente
consiste em determinar as suas dimensões, que dependem das características dos
chumbadores e da chapa de base. Para tal, recorre-se ao método apresentado no anexo F.
Estas ligações consistem em determinar o diâmetro mínimo que os parafusos devem ter
para resistir as solicitações presentes;
A ligação aparafusada pode estar sujeita a três casos de esforços (corte, tracção,
esmagamento) e o diâmetro a escolher para os parafusos é o maior entre os calculados
nos três casos.
𝑇𝑠𝑑 𝑇𝑠𝑑
Corte simples: 𝜏𝑠𝑑 = ≤ 0,7𝑓𝑦𝑑 Corte duplo: 𝜏𝑠𝑑 = ≤ 0,7𝑓𝑦𝑑
𝐴 2∗𝐴
As ligações rebitadas assumem os mesmos critérios dos parafusos, variando nas tensões
admissíveis em cada um dos três casos de segurança anteriormente vistos, assumindo
tensões admissíveis apresentadas na tabela abaixo.
VI. Desenhos de Projecto – São desenhos preparados pelo Projectista que mostram a
concepção da estrutura, sua locação, níveis, eixos e filas, com a locação e todas as
principais dimensões. Estes desenhos incluem: plantas de base, plantas de níveis,
elevações, vistas laterais e frontais, secções, indicação e especificação de materiais,
indicação de bitolas, tipos de ligação, detalhes típicos, peso estimado e notas
explicativas. Estes desenhos geralmente fazem parte dos documentos contratuais.
VIII. Montagem – União de todas as peças fabricadas da estrutura no local da obra, com o
objectivo de formar todo o seu conjunto de maneira estável de acordo com os
desenhos de projecto e de montagem.
8. TRABALHO PRÁTICO
(Dimensionamento de um projecto em estrutura metálica)