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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE MARINGÁ

– ESTADO DO PARANÁ

ADOLFO RODRIGUES, brasileiro, solteiro, maior, portador da CTPS n. 653.621-0002-PR,


PIS n. 635.251.452-87, CPF n. 254.268.458-89, residente e domiciliado à Rua da Glória,
n. 34, Maringá–PR, CEP 87040-670 através de sua procuradora judicial, ao final
nominada, advogada inscrito na OAB/PR n. 46.953, com escritório à Rua Pandiá
Calógeras, n. 151, Maringá-PR, vem à ilustre presença de Vossa Excelência, propor:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA – Procedimento Sumaríssimo, em face de:

MERCEARIA ALVORADA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o
número 65.399.898/0001-23, código de atividade n. 200, com sede à Rua Chile, n. 443,
Maringá-PR, CEP 87020-220, pelos fatos e fundamentos jurídicos abaixo expendidos.
I- DOS FATOS:

O Reclamante, que começou a trabalhar na data de 01/06/2009, foi contratado


pela Reclamada para exercer a função de repositor de mercadorias, sendo
estabelecido que o mesmo receberia como salário a quantia de R$ 465, 00
(quatrocentos e sessenta e cinco reais).
Ao final do primeiro mês, no entanto, no dia 30/06/2009, o Reclamante foi
demitido sem justa causa, recebendo somente o valor acima mencionado, sendo que a
Reclamada argumentou tratar-se apenas de período de experiência e que o mesmo
não havia sido aprovado.
Insta salientar que não foi feito qualquer contrato de experiência, e que o
Reclamante foi contratado sem que tivesse sido feita a devida anotação na CTPS. Além
disso, o mesmo exerceu sua atividade regularmente, de segunda à sexta-feira, das 6h
às 12h e das 13h às 19h, somando 10 (dez) horas diárias, e aos sábados das 8hs às
13hs, somando 05 (cinco) horas.
Diante disso, o Reclamante vem a este juízo buscar a satisfação daquilo que lhe
é devido, bem como o reconhecimento de seu vínculo junto a CTPS, conforme os
fundamentos expostos a seguir:

II- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

a) Do reconhecimento do vínculo de emprego e da anotação na CTPS:

Conforme salientado no item anterior, o Reclamante foi contratado pela


Reclamada e exerceu sua função, de forma regular e subordinada, no período entre
01/06/2009 a 30/06/2009, trabalhando 10 (dez) horas diárias de segunda à sexta-
feira, e 05 (cinco) horas diárias aos sábados, sendo despedido ao final do período.
Da análise de tais informações, percebe-se que houve a formação do vínculo
empregatício entre Reclamante e Reclamada. Isso porque é possível verificar a
presença dos elementos elencados pelo art. 3º da CLT, caracterizadores de tal vínculo.
São eles: a pessoalidade, percebida pelo fato de que somente a pessoa do Reclamado
realizava a tarefa para a qual foi contratado; a habitualidade, na medida em que o
mesmo tinha uma jornada de trabalho pré-estabelecida que devia cumprir; a
subordinação, já que não havia qualquer autonomia por parte do Reclamante; e,
finalmente, a onerosidade, caracterizada pela remuneração no valor de R$ 465,00
(quatrocentos e sessenta e cinco reais) recebida pelo mesmo.
Ainda, o art. 29 da CLT exige que, na existência do vínculo empregatício, seja
feita sua anotação junto à CTPS, fato que não foi observado pela Reclamada.
Diante do exposto, pede-se a Vossa Excelência que DECLARE a existência do
vínculo empregatício entre as partes e DETERMINE que a Reclamada realize a devida
anotação na CTPS, de modo a se adequar aos requisitos legais concernentes às
relações trabalhistas vigentes em todo o território nacional.

b) Da diferença salarial:
O Reclamante, ao ser despedido sem justa causa ao final do período de um mês
de trabalho, recebeu apenas a quantia de R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cinco
reais), salário que a Reclamada se dispôs a pagar por seu trabalho.
Ocorre que o mesmo foi contratado para exercer a função de repositor de
mercadorias, sendo que a CCT, a qual possui caráter normativo conferido pelo art. 611
da CLT, estabelece como piso salarial para tal categoria o valor de R$ 620,00
(seiscentos e vinte reais).
Tendo em vista que o art. 620 da CLT dispõe que as condições estabelecidas na
CCT, quando mais favoráveis, prevalecem sobre as estipuladas em acordo, o piso
salarial acima mencionado deveria ter sido observado pela Reclamada, fato que não
ocorreu.
Diante disso, requer o Reclamante que este juízo CONDENE a Reclamada ao
pagamento da diferença salarial entre o salário efetivamente pago e aquele que
deveria ter sido considerado, no valor de R$ 155,00 (cento e cinqüenta e cinco reais),
conforme o disposto no art. 7º, V da CF/88, bem como nos arts. da CLT acima
mencionados.

c) Das horas extras:


Segundo o disposto na CF/88, em seu art. 7º, XIII e na CLT, no art. 58,
considera-se Hora Extra tudo aquilo que ultrapassa as 08 (oito) horas diárias ou as 44
(quarenta e quatro) horas semanais, devendo tal período ser remunerado com 75%
(setenta e cinco por cento) de acréscimo, conforme prevê a CCT para o caso em tela.
Da análise dos fatos, percebe-se que o Reclamante trabalhava das 8hs às 12hs e
das 13hs às 19hs de segunda a sexta-feira, e das 8hs às 13hs aos sábados, sendo,
portanto, 02 (duas) horas a mais que o limite durante a semana, e 01 (uma) hora a
mais nos sábados, totalizando 10 (dez) horas diárias semanais e 05 (cinco) horas diárias
aos sábados.
Tendo em vista que o Reclamante trabalhou o período de 21 (vinte e um) dias
de semana e 04 (quatro) sábados, verifica-se que foram feitas 46 (quarenta e seis)
horas-extras, devendo o mesmo ser ressarcido por tal excesso de trabalho, com os
75% (setenta e cinco por cento) de acréscimo acima mencionados.
Portanto, o Reclamante requer a CONDENAÇÃO da Reclamada ao pagamento
das horas que excedem a 8ª (oitava) diária e 44ª (quadragésima quarta) semanal, na
quantia de 46 (quarenta e seis) horas, com acréscimo de 75 % (setenta e cinco por
cento), perfazendo o valor de R$ 227,24 (duzentos e vinte e sete reais e vinte e quatro
centavos), conforme o disposto na CF/88, art. 7º, XIII e na CLT, art. 58.

d) Do reflexo das horas extras no descanso semanal remunerado:

O art. 67 da CLT dispõe que a todo empregado deve ser assegurado 24 (vinte e
quatro) horas consecutivas de descanso semanal, devendo este ser remunerado por
força do art. 7º, XV da CF/88.
Ainda, a Súmula 172 do TST, tratando do assunto, regulamenta que, havendo
horas extras habitualmente prestadas, como ocorre no caso em tela, estas devem ser
computadas no cálculo do descanso semanal.
Tendo em vista que, durante o período de trabalho do Reclamante, houve 04
(quatro) domingos e mais 01 (um) feriado, deve ser acrescida a remuneração o valor
de R$ 9,09 (nove reais e nove centavos) por dia de descanso, em regime de horas
extras, totalizando a quantia de R$ 45,45 (quarenta e cinco reais e quarenta e cinco
centavos).
Diante disso, o Reclamante requer a CONDENAÇÃO da Reclamada ao
pagamento do Reflexo das Horas Extras no Descanso Semanal Remunerado, no
importe de R$ 45,45 (quarenta e cinco reais e quarenta e cinco centavos), conforme o
art. 67 da CLT, art. 7º, XV da CF/88 e súmula 172 do TST.

e) Da indenização pelo aviso prévio:

O Reclamante foi demitido, sem justa causa, no dia 30/06/2009, de modo que,
conforme o disposto no art. 7º, XXI da CF/88, o mesmo deveria ter recebido o aviso
prévio proporcional ao tempo de serviço, no caso, trinta dias.
A Reclamada, alegando tratar-se de período de experiência, não observou a
obrigação de se efetuar o pagamento de tal aviso. Entretanto, não foi firmado
qualquer contrato de experiência entre as partes, não havendo nem mesmo a devida
anotação na CTPS, motivo pelo qual o Reclamante faz jus à referida indenização pelo
aviso prévio, a qual, já acrescida da diferença salarial, das horas extras e do reflexo das
horas extras no descanso semanal remunerado, totaliza o valor de R$ 892,69
(oitocentos e noventa e dois reais e sessenta e nove centavos).
Diante do exposto, Reclamante requer a CONDENAÇÃO da Reclamada ao
pagamento do aviso prévio indenizável no valor de R$ 892,69 (oitocentos e noventa e
dois reais e sessenta e nove centavos), bem como a contar o tempo do aviso como
período trabalhado.

f) Do 13º salário indenizável:

Tendo em vista que o Reclamante trabalhou para a Reclamada pelo período de


01 (um) mês, o mesmo tem o direito a receber o 13º salário indenizável, conforme o
disposto no art. 7º, VIII da CF/88 e na Lei 4.090/62. Tal indenização deve ser
proporcional a dois meses de trabalho, haja vista que computa-se, neste caso, não só o
tempo de trabalho, mas também o aviso prévio, totalizando a quantia de R$ 148,78
(cento e quarenta e oito reais e setenta e oito centavos).
Dessa forma, o Reclamante requer a CONDENAÇÃO da Reclamada ao
pagamento do 13º salário proporcional, baseado em sua remuneração e nos 02 (dois)
meses trabalhados, no valor correspondente a R$ 148,78 (cento e quarenta e oito reais
e setenta e oito centavos).
g) Da indenização pelas férias e seu terço:

Tendo em vista o disposto no art. 7º, XVII da CF/88, e nos arts. 129, 142 e 147
da CLT, o Reclamante ainda tem direito ao recebimento das férias e de seu terço,
baseados no valor da remuneração.
Portanto, o Reclamante requer a CONDENAÇÃO da Reclamada ao pagamento
da indenização pelas férias, bem como seu terço, com base na respectiva
remuneração, no importe de R$ 198,38 (cento e noventa e oito reais e trinta e oito
centavos), conforme os arts. acima mencionados.

h) Do fundo de garantia pelo tempo de serviço:

Diante do contido no art. 7º, III da CF/88, o Reclamante tem direito, ainda, ao
recebimento do Fundo de Garantia pelo Tempo de Serviço, o qual deve ser calculado
sobre o valor da Remuneração, do Aviso Prévio e do 13º salário
Tendo em vista que este fato este não foi observado pela Reclamada, a Lei
8.036/90 ainda dispõe que o valor do FGTS deve ser acrescido de 40% (quarenta por
cento) como multa pela demissão do Reclamante ter sido feita sem justa causa.
Assim sendo, o Reclamante requer a CONDENAÇÃO da Reclamada ao
pagamento do valor do FGTS, acrescido da multa de 40% (quarenta por cento), no
valor total de R$ 216,62 (duzentos e dezesseis reais e sessenta e dois centavos),
conforme os arts. acima mencionados.

i) Da multa aplicada pela CCT:

Tendo em vista que a Reclamada deixou de cumprir as regras estabelecidas


pela Convenção Coletiva do Trabalho, ou seja, não remunerou o Reclamante com o
salário piso de sua categoria, não observou o pagamento das horas extras, do 13º
salário proporcional, das férias proporcionais, do aviso prévio e do FGTS, a mesma
deve pagar multa referente ao valor de 01 (um) mês de salário, no piso da categoria
em questão, conforme o disposto no art. 477 da CLT.
Portanto, o Reclamante vem a juízo e requer a Vossa Excelência que CONDENE
a Reclamada a efetuar o pagamento com relação à multa prevista pela CCT, no valor
de um salário de acordo com o piso da categoria, no caso, R$620,00 (seiscentos e vinte
reais).

j) Da multa pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias:

Diante do fato de que o Reclamante foi dispensado pelo Reclamado, sem aviso
prévio, e sem recebimento das Verbas Rescisórias, o mesmo tem o direito de receber
multa pelo atraso no pagamento das mesmas, conforme o disposto no art. 477, §§ 6º e
8º da CLT, no valor de um salário mínimo do piso da categoria.
Assim, o Reclamante requer a CONDENAÇÃO da Reclamada ao pagamento da
Multa pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias, no importe de R$ 620,00
(seiscentos e vinte reais), que é o valor do salário do Reclamante.

II- DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que:


1- DECLARE a existência de vínculo empregatício entre as partes e determine que
a Reclamada faça as devidas anotações na CTPS;
2- CONDENE a Reclamada a pagar as seguintes verbas:
2.1- Diferença salarial entre o salário efetivamente pago e aquele estabelecido
pela CCT como piso da categoria do Reclamante, no importe de R$ 155,00 (cento e
cinqüenta e cinco reais);
2.2- Horas extras trabalhadas, as quais excedem a 8ª (oitava) diária e 44ª
(quadragésima quarta) semanal, na quantia de 46 (quarenta e seis) horas, com
acréscimo de 75 % (setenta e cinco por cento), perfazendo o valor de R$ 227,24
(duzentos e vinte e sete reais e vinte e quatro centavos);
2.3- O Reflexo das Horas Extras no Descanso Semanal Remunerado, no importe
de R$ 45,45 (quarenta e cinco reais e quarenta e cinco centavos);
2.4- O aviso prévio indenizável no valor de R$ 892,69 (oitocentos e noventa e
dois reais e sessenta e nove centavos), bem como a contar o tempo do aviso como
período trabalhado;
2.5- O 13º salário proporcional, baseado em sua remuneração e nos 02 (dois)
meses trabalhados, no valor correspondente a R$ 148,78 (cento e quarenta e oito reais
e setenta e oito centavos);
2.6- A indenização pelas férias, bem como seu terço, com base na respectiva
remuneração, no importe de R$ 198,38 (cento e noventa e oito reais e trinta e oito
centavos);
2.7- O valor do FGTS, acrescido da multa de 40% (quarenta por cento), no valor
total de R$ 216,62 (duzentos e dezesseis reais e sessenta e dois centavos);

2.8- A multa prevista pela CCT, no valor de um salário de acordo com o piso da
categoria, no caso, R$620,00 (seiscentos e vinte reais);
2.9- A Multa pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias, no importe de
R$ 620,00 (seiscentos e vinte reais), que é o valor do salário do Reclamante.

III- DOS REQUERIMENTOS:

Diante do exposto, requer digne-se Vossa Excelência a:

1- Mandar notificar o Reclamado, no endereço descrito no preâmbulo da Exordial,


de todos os termos da presente Reclamatória, para que compareça à audiência que for
designada por este Juízo, querendo, a defesa que tiver, sob pena de revelia e de serem
presumidos como verdadeiros os fatos articulados pelo Reclamante.
2- Conceder ao Reclamante a gratuidade da Justiça, haja vista que o mesmo não
tem condições de arcar com as despesas jurídicas do processo sem prejuízo de seu
sustento, sendo pobre na acepção jurídica do termo;
3- Fazer uso de todos os meios de prova a fim de demonstrar o alegado.

IV- DO VALOR DA CAUSA:


Atribui-se a causa o valor de R$ 3.124,16 (três mil cento e vinte e quatro reais e
dezesseis centavos).

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Maringá, 06 de julho de 2009.

________________________
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
OAB/PR nº 00.000
Advogado
MEMÓRIA DE CÁLCULO

Reclamante: ADOLFO RODRIGUES


Reclamado: MERCEARIA ALVORADA LTDA
Período: 01/06/2009 a 30/06/2009
Remuneração: piso da categoria: R$620,00

1) DIFERENÇA SALARIAL:

 Mês: 06/2009
 Valor recebido: R$465,00
 Valor devido: R$620,00
 Diferença: R$155,00

2) HORAS EXTRAS E REFLEXO NO DESCANSO SEMANAL REMUNERADO

 Jornada: segunda a sexta: das 8h às 12h e das 13h às 19h


Sábados: das 8h às 13h
 Mês: 06/2009
 Número de horas extras: 46h
 Salário-base/ 220 + adicional das horas extras = valor da hora extra
(620/220 + 75% = 4,94)
4,94 x 46 = R$227,24

 Valor das horas extras/ número de dias úteis x número de dias não úteis =
Reflexo
227,24/ 25 x 5 = R$45,45

3) VERBAS RESCISÓRIAS

Remuneração: R$620,00 + 227,24 + 45,45 = R$ 892,69


a) Aviso Prévio:
Remuneração: R$ 892,69
b) 13º Salário:
Remuneração/ 12 x 2 = R$148,78

c) Férias e seu terço:


Remuneração/12 x número de meses + 1/3 = 148,78 + 1/3 = R$198,38

d) FGTS e multa:
892,69 + 148,78 + aviso prévio (892,69) = 1934,16 (8%) = 154,73 (FGTS) + 40%
de multa = 154,73 + 61,89 = R$216,62

e) Multa da CCT:
Piso da categoria: R$620,00

f) Multa pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias:


Piso da categoria: R$620,00

RESUMO DAS VERBAS


1) DIFERENÇA SALARIAL___________________R$155,00
2) HORAS EXTRAS________________________R$227,24
3) REFLEXO DAS HORAS EXTRAS____________ R$45,45
4) AVISO PRÉVIO________________________ R$892,69
5) DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO_____________ R$148,78
6) FÉRIAS PROPORCIONAIS________________ R$198,38
7) FGTS E MULTA________________________ R$216,62
8) MULTA DA CCT________________________ R$620,00
9) MULTA DA CLT________________________ R$620,00

TOTAL R$ 3124,16

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