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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA

O RECALQUE EM FREUD
Problematização

JEROCÍLIO MACIEL DE O. JÚNIOR 20901594

MANAUS-AM

2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA

JEROCÍLIO MACIEL DE O. JÚNIOR 20901594

O RECALQUE EM FREUD
Problematização

Trabalho apresentado ao
Departamento de Clínica Médica,
Faculdade de Medicina, da
Universidade Federal do
Amazonas, como requisito para a
obtenção de nota parcial na
disciplina de Psicologia Médica.

Orientador: Profº Msc. Waieser Matos de Oliveira Bastos

MANAUS – AM

2011
O RECALQUE EM FREUD

A teoria do recalcamento é essencial para a compreensão e análise do homem, visto


que para Freud é “a pedra angular da psicanálise”, pois a operação do recalque que funda o
inconsciente, sendo o recalcado o nada, o furo que funda a estrutura e que retorna no retorno
do recalcado. Como definição, recalque é um saber que não se sabe que sabe mas que nada
quer saber.

Em relação ao recalque originário, constituição de um ser a partir do nada, que nada


mais é que o momento primeiro e fundante de um processo que dura a vida toda, diz respeito
ao ser da criança, e é o ser desta que se afronta com a linguagem, e é este o ser que é
recalcado.

Para Freud, há uma distinção entre “ser” e “sujeito” delimitados pela iniciação da
linguagem. Aquele é anatômico, biológico, e reage à incidência da voz do outro, porém
através do contato com o outro (materno) e da linguagem, o “ser” é recalcado em detrimento
de se tornar “sujeito”. Para a psicanálise, o “sujeito” é uma coisa, a coisa em questão, e ao pé
da letra, simplesmente porque o sujeito é uma questão. O “sujeito” é alguém que foi marcado
pelo recalque e que agora vai ter que produzir significantes para representar aquela parte
subtraída pelo recalque. Essa representação, na clínica, dá-se através de sintomas.

O recalque, segundo Freud, advém da manifestação pulsional, impulso energético


interno que direciona o comportamento do indivíduo, com desprazer maior que o prazer.
Assim, funcionalmente, o recalque visa afastar da consciência algo que se apresenta como
insuportável. Ao se diferenciar defesa e recalque, tem-se que o mecanismo de defesa antecede
o recalque, já que se lança de técnicas para burlar a passagem de representação para a
consciência; porém quando há falha nesse mecanismo de defesa, o recalque ocorre a fim de
interromper representações intoleráveis ao “eu”, logo recalque e inconsciente estão
correlacionados estreitamente.

Parte censurada  Recalque  Condição do inconsciente


Há, a seguir, para uma melhor compreensão, dois esquemas acerca do recalque
primário e do recalque propriamente dito.

Embargar a entrada no Fixação


consciente
Retorno do recalcado
(Recalque originário)

Enlace com
pulsão

Associam-se
Representante Cadeias de
recalcado pensamentos

Recalque
propriamente dito

Então, o retorno do recalque é a junção do que se foi recalcado primordialmente com a


cadeia de pensamentos que estabelecem associações com esse representante. Assim, o retorno
do recalque é um saber que se sustenta no paradoxo do saber e da ignorância, visto que o
inconsciente é um saber que se sustenta na ignorância. Cabe dizer que o psicótico não recalca,
ele delira, pois não tem inconsciente.

Os relatos Freudianos revelam o conceito de representações psíquicas e sociais, É dito


que o individual é ao mesmo tempo coletivo, porque antes do “sujeito” há algo que não
simbolizado originariamente, havendo uma tentativa de representá-lo.

Em seus questionamentos, Ivan Correa (1996) diz que o que é recalcado pelo recalque
originário é o nada sob a forma de falo ou a falta do mesmo, dando assim, a condição da
subjetividade. Já a forma de cada um de singularizar esse nada (subjetividade) vai apontar o
como será representado o recalque originário, para tal deve-se considerar o sujeito singular
em toda a sua complexidade. Por exemplo, a mulher do século 19 detinha uma posição sócio-
cultural fixada para aquela sociedade, e para muitas delas era torturante se manter em tal; em
função disso, as mesmas desenvolviam histeria para expressar o recalque originário.

Um ponto importante é sobre as representações artísticas e o recalque, pois para Freud,


o artista expressa o seu desejo e referencia o originário através da arte. Portanto, as expressões
artísticas psicanalizaram a psicanálise, pois a arte inscreve aquilo que a linguagem não dá
conta de dizer.

Como já dito, as cadeias de pensamentos influenciam a relação com o objeto e a via


econômica trabalha no sentido de homeostase psíquica, onde procura uma regulação entre
prazer/desprazer e a idealização do objeto, portanto, o objeto idealizado sofre intervenção de
toda uma estrutura de proteção psíquica.

Criou-se técnicas para a suspensão temporária do recalque. Uma é os “chistes” que


objetiva, através da comunicação (sujeito da ação, objeto do chiste, sujeito que escuta), gerar
prazer ao que era desprazeroso. Outra técnica é o sonho que pode promover o encontro mais
além da representação, o desejo, o real (novas formações psíquicas no inconsciente,
despistando a força do recalque); o maior medo é dos pesadelos (confronto com o temível),
logo despertamos para evitar o encontro com aquilo que nos causa dor e reencontrar na
realidade a fantasia que vela o choque do real.

Os afetos de Freud

Freud afirma que só é possível recalcar a representação e que para o afeto não há
recalque, pois, para ele, o afeto é a pulsão, impossível de silenciar e que visa o objeto, porém
nenhum a satisfaz. Diz, ainda, que o afeto desloca-se sem a interferência do recalque e o seu
destino é o que importa.

Exemplifica-se com três casos: o primeiro é do pequeno Hans que na tentativa de


preservar o amor pelo pai, desloca o afeto de ódio ao cavalo e, em consequência, apresenta
quadro de fobia a cavalos. O segundo é a histeria em que o afeto é alojado em um órgão, visto
que não há representação de substitutos. O terceiro é a neurose obsessiva em que se desloca o
afeto de ódio para o afeto amoroso numa tentativa de tornser-se socialmente aceito, porém o
retorno do recalcado sintomatiza fobia social.

Parte censurada  Recalque  Inconsciente  Retorno do recalcado  Sintoma

Através da fala  Produção de saber

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